NA GANGORRA DA VIDA (" - Que é que eu faço? É de noite e estou viva. Estar viva esta me matando aos poucos, e eu estou toda alerta no escuro." — Clarice Lispector
Nenhum homem é abominação para Deus. A existência de cada um é, por si só, motivo de alegria para Ele. Apenas de tempos em tempos, acontece d’Ele ralhar com alguém. Essa aparente desigualdade no modo como trata os desobedientes é, paradoxalmente, uma forma de amar.
Neste momento, sou eu o ralhado da vez. Ainda assim, duvido que o destino tenha me abandonado. Ele me vigia quase constantemente por meio da dor. Por isso, valorizo profundamente as raras pausas que me são concedidas — esses breves momentos de prazer. Afinal, a vida é “(Cu)rta, mas (pica)nte!”
Mas, por que esse "ralho", esse aparente castigo? Seria uma forma de a própria vida nos esculpir, de nos forçar a buscar um sentido que o prazer constante não revelaria? Talvez a dor não seja apenas um fardo, mas a mola propulsora que nos impele ao crescimento, à resiliência. Pensemos nos gemidos que escapam não só do prazer, mas também do esforço exaustivo em uma corrida, do choro de alívio após uma longa espera, ou do suspiro profundo ao finalmente entender algo complexo. Em todos eles, ecoa a humanidade em seu estado mais cru e verdadeiro.
Vivemos, assim, nessa gangorra existencial: uma metáfora que bem poderia ser representada por uma relação sexual — uma hora de esforço físico e psicológico em troca de cinco segundos de orgasmo. Quem nos ensinou a gemer tanto na dor quanto no prazer? O que me desconcerta é que, em ambos os casos, ouvimos as mesmas interjeições.
“É preciso relaxar para gozar” (Marta Suplicy), dizem. E eu acrescento: é preciso também calejar para suportar a dor. Isso, sim, é a felicidade — o torpor da vida!
Se a vida fosse um orgasmo constante, confesso: preferiria sentir um pouco de dor. Que venham, então, as dores e os relampejos de alívio. No fim das contas, tudo vai acabar bem!
QUESTÕES DISCURSIVAS - SOCIOLOGIA
Tema: Dor, Prazer e Construção Social da Experiência Humana
QUESTÃO 1
O texto apresenta uma reflexão sobre como a dor pode ter uma função social e pessoal na formação do indivíduo. Baseando-se no que estudamos sobre socialização, explique como as experiências de sofrimento podem contribuir para o desenvolvimento da identidade e dos valores de uma pessoa na sociedade.
QUESTÃO 2
O autor utiliza a metáfora da "gangorra existencial" para descrever a alternância entre dor e prazer na vida humana. Na sua opinião, como essa oscilação entre momentos difíceis e momentos de alívio influencia a forma como as pessoas se relacionam umas com as outras e constroem seus laços sociais?
QUESTÃO 3
O texto sugere que "é preciso calejar para suportar a dor" e relaciona isso com a ideia de felicidade. Considerando o que aprendemos sobre desigualdade social, como você acha que diferentes grupos sociais (ricos, pobres, jovens, idosos) desenvolvem diferentes formas de "calejar" diante das dificuldades da vida?
QUESTÃO 4
O autor questiona: "Quem nos ensinou a gemer tanto na dor quanto no prazer?". Essa pergunta nos leva a pensar sobre como aprendemos a expressar nossas emoções. Explique como a família, a escola e os meios de comunicação influenciam a maneira como demonstramos nossos sentimentos na sociedade.
QUESTÃO 5
No final do texto, o autor afirma que "preferiria sentir um pouco de dor" a viver "um orgasmo constante". Relacione essa ideia com o conceito sociológico de que as sociedades precisam de conflitos e tensões para se desenvolverem. Por que você acha que uma sociedade sem nenhum tipo de problema ou desafio poderia ser prejudicial para o crescimento coletivo?
Nenhum homem é abominação para Deus. A existência de cada um é, por si só, motivo de alegria para Ele. Apenas de tempos em tempos, acontece d’Ele ralhar com alguém. Essa aparente desigualdade no modo como trata os desobedientes é, paradoxalmente, uma forma de amar.
Neste momento, sou eu o ralhado da vez. Ainda assim, duvido que o destino tenha me abandonado. Ele me vigia quase constantemente por meio da dor. Por isso, valorizo profundamente as raras pausas que me são concedidas — esses breves momentos de prazer. Afinal, a vida é “(Cu)rta, mas (pica)nte!”
Mas, por que esse "ralho", esse aparente castigo? Seria uma forma de a própria vida nos esculpir, de nos forçar a buscar um sentido que o prazer constante não revelaria? Talvez a dor não seja apenas um fardo, mas a mola propulsora que nos impele ao crescimento, à resiliência. Pensemos nos gemidos que escapam não só do prazer, mas também do esforço exaustivo em uma corrida, do choro de alívio após uma longa espera, ou do suspiro profundo ao finalmente entender algo complexo. Em todos eles, ecoa a humanidade em seu estado mais cru e verdadeiro.
Vivemos, assim, nessa gangorra existencial: uma metáfora que bem poderia ser representada por uma relação sexual — uma hora de esforço físico e psicológico em troca de cinco segundos de orgasmo. Quem nos ensinou a gemer tanto na dor quanto no prazer? O que me desconcerta é que, em ambos os casos, ouvimos as mesmas interjeições.
“É preciso relaxar para gozar” (Marta Suplicy), dizem. E eu acrescento: é preciso também calejar para suportar a dor. Isso, sim, é a felicidade — o torpor da vida!
Se a vida fosse um orgasmo constante, confesso: preferiria sentir um pouco de dor. Que venham, então, as dores e os relampejos de alívio. No fim das contas, tudo vai acabar bem!
QUESTÕES DISCURSIVAS - SOCIOLOGIA
Tema: Dor, Prazer e Construção Social da Experiência Humana
QUESTÃO 1
O texto apresenta uma reflexão sobre como a dor pode ter uma função social e pessoal na formação do indivíduo. Baseando-se no que estudamos sobre socialização, explique como as experiências de sofrimento podem contribuir para o desenvolvimento da identidade e dos valores de uma pessoa na sociedade.
QUESTÃO 2
O autor utiliza a metáfora da "gangorra existencial" para descrever a alternância entre dor e prazer na vida humana. Na sua opinião, como essa oscilação entre momentos difíceis e momentos de alívio influencia a forma como as pessoas se relacionam umas com as outras e constroem seus laços sociais?
QUESTÃO 3
O texto sugere que "é preciso calejar para suportar a dor" e relaciona isso com a ideia de felicidade. Considerando o que aprendemos sobre desigualdade social, como você acha que diferentes grupos sociais (ricos, pobres, jovens, idosos) desenvolvem diferentes formas de "calejar" diante das dificuldades da vida?
QUESTÃO 4
O autor questiona: "Quem nos ensinou a gemer tanto na dor quanto no prazer?". Essa pergunta nos leva a pensar sobre como aprendemos a expressar nossas emoções. Explique como a família, a escola e os meios de comunicação influenciam a maneira como demonstramos nossos sentimentos na sociedade.
QUESTÃO 5
No final do texto, o autor afirma que "preferiria sentir um pouco de dor" a viver "um orgasmo constante". Relacione essa ideia com o conceito sociológico de que as sociedades precisam de conflitos e tensões para se desenvolverem. Por que você acha que uma sociedade sem nenhum tipo de problema ou desafio poderia ser prejudicial para o crescimento coletivo?
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