"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

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MINHAS PÉROLAS

terça-feira, 16 de agosto de 2022

A DÁVIDA CORROMPE O DOADOR. ("Deem dinheiro, não emprestem. Dar só faz ingratos, emprestar faz inimigos." — Alexandre Dumas - filho)


 

A DÁVIDA CORROMPE O DOADOR. ("Deem dinheiro, não emprestem. Dar só faz ingratos, emprestar faz inimigos." — Alexandre Dumas - filho)

A Secretaria de Educação recomenda a aprovação automática para evitar a evasão escolar, e as escolas, correndo atrás dos alunos, parecem alinhar-se a esse propósito: um lado se acomoda, e o outro colabora com a acomodação. Ainda assim, os conselhos de classe, de forma incoerente, verificam se o aluno pode ou não avançar de ano com base nas notas obtidas em atividades. Um trabalho de fachada. Práticas antigas não geram resultados novos. Talvez seja apenas a última tentativa do professor de fingir que ainda mantém o controle da turma. Não consigo, porém, discernir de que lado está a coordenadora pedagógica… como se, de fato, tivéssemos poder de reprovação, contrariando as ordens das Secretarias ávidas por estatísticas vistosas.

O ano de 2020 foi perdido para os alunos da rede pública, vítimas da pandemia e do distanciamento pedagógico. Já em 2021, os que aguardavam ansiosos o retorno às aulas presenciais tiveram de equiparar-se à maioria que nada fez durante o ensino remoto, mesmo havendo uma minoria que se manteve dedicada e obteve algum progresso. Surge, então, a questão: o nivelamento será por baixo, seguindo o padrão dos desleixados, ou por cima, tomando como referência os que, apesar de tudo, avançaram? Temo que, a partir daqui, nada será como antes.

O presente corrompe o doador. Ao premiar os estudantes dedicados, dá-se a eles a mesma visibilidade concedida aos descuidados, que recebem os mesmos benefícios sem qualquer penalidade. Aqueles que cumpriram apenas sua obrigação são supervalorizados pelo contraste com os que nada fizeram, e estes, mesmo omissos, também são recompensados. Será que Deus nos trata assim na escola da vida?

Digam aos que administram a educação que já basta de inventar futilidades! O suposto “plano perfeito” já está em curso: distribuir lanche, livro, bicicleta, uniforme, transporte, áreas de recreação, bolsa escola, salário escola, poupança universitária, aprovação sem mérito, vale-gás, cesta básica, minha casa minha vida — “pão e circo”. Se, mesmo assim, não funciona, precisamos de uma escola excludente e mais seletiva, com alunos comprometidos e professores preparados; não parasitas dependentes dos favores políticos, mas profissionais com dignidade. Talvez seja necessário resgatar práticas do passado.

Contudo, é preciso reconhecer que romper esse ciclo exige mais do que denunciar seus equívocos. É fundamental criar mecanismos que elevem a qualidade sem nivelar por baixo, como avaliações rigorosas, acompanhamento individualizado e formação docente contínua que vá além de treinamentos burocráticos. A escola deve voltar a ser um espaço de exigência intelectual, onde mérito e esforço sejam valorizados, e não mascarados sob estatísticas artificiais. A gestão educacional precisa ouvir quem está na sala de aula antes de impor modismos pedagógicos. Se quisermos evitar a falência completa, é hora de firmar um pacto pela excelência, mesmo que isso cause desconforto inicial. Não se trata de excluir por crueldade, mas de incluir pela via da competência. Só assim a educação deixará de ser promessa e voltará a ser transformação.


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O texto que acabamos de ler nos traz uma série de reflexões importantes sobre os desafios da educação pública no Brasil, especialmente no contexto pós-pandemia. Para aprofundarmos essa discussão com um olhar sociológico, preparei cinco questões para vocês pensarem e discutirem.


1 - O texto aborda a aprovação automática como uma estratégia para evitar a evasão escolar. Do ponto de vista da sociologia da educação, quais são os possíveis benefícios e os riscos dessa política para o aprendizado dos alunos e para a percepção do mérito acadêmico na escola?

2 - A pandemia gerou um "nivelamento" dos alunos, com o texto sugerindo que isso pode ocorrer "por baixo". Discuta como as desigualdades sociais preexistentes foram (e ainda são) evidenciadas e aprofundadas pelo ensino remoto e pela necessidade de nivelamento no retorno às aulas presenciais.

3 - O autor critica a ideia de "presentear" alunos não dedicados com os mesmos benefícios dos que se esforçam. Com base na teoria da meritocracia, como essa prática pode impactar a motivação dos estudantes e a valorização do esforço individual no ambiente escolar?

4 - A expressão "pão e circo" é utilizada para criticar a distribuição de benefícios assistenciais na educação sem o foco na qualidade acadêmica. Como a sociologia do Estado e das políticas públicas pode analisar a relação entre o assistencialismo e o compromisso com a excelência educacional?

5 - O texto defende a necessidade de uma escola mais "seletiva" e "excludente", com alunos comprometidos e professores preparados. Utilizando seus conhecimentos sobre os papéis sociais na educação, explique como a falta de compromisso de alguns alunos e a desvalorização do professor podem afetar a dinâmica de sala de aula e a qualidade do ensino para todos.

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Representatividade Feminina e Profecia Política ("Cuidado com o homem que louva a liberação feminina; está prestes a se demitir do emprego." — Erica Jong)

 


Representatividade Feminina e Profecia Política ("Cuidado com o homem que louva a liberação feminina; está prestes a se demitir do emprego." — Erica Jong)

É neste emaranhado de observações que a força do pensamento se revela — não como um acervo de certezas absolutas, mas como um convite à reflexão sobre as interconexões ocultas que regem o mundo. Ao entrelaçar política, história e profecia, o autor do Apocalipse demonstra habilidade rara em desafiar a linearidade dos fatos, conduzindo-nos à suspeita de que eventos aparentemente díspares possam ser faces de uma mesma moeda. Assim, somos instigados a ultrapassar as narrativas oficiais e a mergulhar numa análise crítica mais profunda da atualidade.

A minha interpretação, para alguns, é evidente: Joe Biden assumirá, mas logo transferirá o comando à vice-presidente. Há meios constitucionais claros para isso, pois “o vice-presidente exerce o mandato de presidente de forma imediata quando este morre, renuncia ou é afastado do cargo por decisão judicial”. Eu, porém, vejo Biden como mero fantoche. Por isso, acredito que Kamala Harris será a primeira mulher a presidir os EUA, momento em que “a besta do Apocalipse 13 se estabelecerá para o mundo”: a que surgiu do mar, com a ferida de morte restabelecida, conferirá poder à que surgiu da terra — o “cordeirinho de dois chifres” — que se apossará de sua imagem: feminina. “A morte é a pessoa feminina de Deus” (Teixeira Pascoaes).

A obrigatoriedade das vacinas — especialmente aquelas acusadas de alterar o DNA —, ou de quaisquer outras substâncias, deixará marcas visíveis, na testa e/ou nas mãos, nos acometidos por síndromes diversas. Deus, diz a Bíblia, não permitiria que isso ficasse obscuro, mesmo para os leigos. A restrição do comércio e das transações apenas a quem comprovar a vacinação, tendência que se repetirá em pandemias cada vez mais frequentes, de agora em diante, é vista como sinal dos assinalados. O distanciamento social será ainda mais severo e prejudicial para os que se opuserem a essa obrigatoriedade.

No Brasil, medidas como o bônus para atrair mais mulheres à política configuram vantagens sobre vantagens. Nesse cenário, Bolsonaro ironiza ao afirmar que a vacina pode transformar a pessoa em “jacaré ou falar fino”, talvez aludindo à desmasculinização do país. A esse respeito, Andrés Kogan Valderrama (2020) observa: “É por isso que para desmasculinizar o mundo, é necessário coletar toda a diversidade de olhares e experiências existentes em muitos mundos da vida, que vão desde a Agroecologia, Amor Queer, Biocivilização, Agdales, Decrescimento, Direitos da Natureza, Democracia Ecológica, Ecoaldeias, Agaciro, Movimento Slow, Sumak Kawsay, Suma Qamaña, Küme Mongen, Ubuntu, Teko Kavi, Shiir Waras, Permacultura, Soberanía Energética, Minobimaatasiiwin, Nayakrishi Andolon, Novos Matriarcados, Kyosei, Swaraj, Kametsa Asaike e muitas outras formas de viver sustentáveis e ecocêntricas necessárias para esses tempos.” [https://www.ihu.unisinos.br/categorias/596783-desmasculinizar-o-mundo (acessado em 02/03/2020)]

Os mais de 716 mil mortos no país sustentam a urgência da vacinação em massa ou do aumento no número de doses, mesmo sem o tempo adequado para testes. A postura de Bolsonaro é ambígua: é direita com um pé na esquerda, sem absolutismos. Já Lúcifer, dizem, é o pai da esquerda e padrasto da direita, liderando o primeiro movimento oposicionista da história — e, desde então, esquerdistas “inovam” com frequência, inspirados pelos os poderes espirituais.

Historicamente, “a bolchevique promoveu o conceito de uma ‘nova mulher’, uma mulher livre da opressão do casamento, do trabalho doméstico e da criação de filhos — todas essas tarefas deveriam ser assumidas pela sociedade e pelo Estado”. Esse ideal se espalhou, impulsionado pelos integrantes do Partido Operário Social-Democrata Russo, liderados por Lênin, que promovia festas de travestis e defendia a liberdade sexual, despertando a atenção e a inveja de outras nações. [https://br.rbth.com/historia/84557-revolucao-sexual-sovietica (acessado em 06/01/2021)]

Falar de mulher, hoje, é quase sempre remeter às questões sexuais e de gênero, num ambiente em que qualquer manifestação masculina corre o risco de ser imediatamente rotulada como machismo. [http://impresso.dm.com.br/edicao/20210508/pagina/8?fbclid=IwAR38CGDneYyANETDnsYqwaUJysULGvm6lMwP_ZmKO8v_xH-ld3DtJtuQxX8 (acessado em 08/05/2021)]


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O texto que acabamos de ler nos provoca a pensar sobre a sociedade de uma forma bem complexa, misturando política, religião e gênero. Para tentarmos organizar essas ideias e aplicar nosso olhar sociológico, preparei algumas questões.


1 - O autor conecta a ascensão de uma mulher à presidência dos EUA a uma profecia bíblica. Como a Sociologia da Religião pode nos ajudar a entender a busca por interpretações religiosas de eventos políticos, e qual o impacto disso na visão de mundo das pessoas?

2 - O texto discute a suposta "desmasculinização do mundo" e o papel do movimento feminista. De uma perspectiva sociológica, discuta como as mudanças nos papéis de gênero e as novas discussões sobre sexualidade podem ser interpretadas como uma evolução social ou como uma ameaça aos valores tradicionais.

3 - O autor ironiza a postura política de Bolsonaro e sua relação com a direita e a esquerda, citando Lúcifer como o "pai da esquerda". Com base na Teoria Política e Social, explique como a polarização política moderna frequentemente utiliza metáforas religiosas para deslegitimar o adversário.

4 - O texto menciona a obrigatoriedade da vacina e as restrições ao comércio como "sinal dos assinalados". Como a Sociologia da Saúde e a Teoria da Sociedade de Controle podem analisar a relação entre políticas de saúde pública, a liberdade individual e a resistência a essas medidas?

5 - O autor faz uma crítica histórica ao movimento bolchevique e ao feminismo, sugerindo que a busca pela liberdade feminina seria uma "inovação" de grupos de esquerda. Utilizando seus conhecimentos de Sociologia Histórica, discuta as diferentes ondas do feminismo e como elas desafiaram as estruturas sociais em diferentes momentos da história.

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domingo, 14 de agosto de 2022

CONTROLE VIRTUAL ("O homem que não sabe dominar os seus instintos, é sempre escravo daqueles que se propõem satisfazê-los." — Gustave Le Bon)

 


CONTROLE VIRTUAL ("O homem que não sabe dominar os seus instintos, é sempre escravo daqueles que se propõem satisfazê-los." — Gustave Le Bon)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A educação apelou loucamente: a frequência vale nota, mas as aulas não são presenciais? O movimento dos alunos na internet, através de links recomendados, é simulado como presença. A grande questão é: e se o aluno participa virtualmente, mas não entrega as atividades propostas, ele será promovido? Se não, como justificar uma possível reprovação se ele, mesmo entregando atividades erradas, “estava presente” virtualmente? Não se pode controlar ninguém no ensino a distância, ainda mais quando as mentiras são facilmente justificáveis.

Em meio a esse caos, no mês do azar — agosto pandêmico —, o pagamento da maioria dos professores do estado veio errado, prejudicando a todos. É notável que erros nunca beneficiem os funcionários, e que o contracheque de quem cometeu a falha não tenha problema algum. Ele se beneficia de alguma forma.

Nesse novo cenário, os bimestres deram lugar aos ciclos, e o professor é obrigado a elaborar um portfólio, trabalhando mais. A situação se inverteu: professores são avaliados por alunos e pais, e o aluno se autoavalia. É o retrato mais fiel da inversão: o aluno virou juiz, e o professor, réu.

Pais se transformam em avaliadores ocasionais, baseando-se mais no humor do filho do que no mérito do ensino. O mesmo estudante que não cumpre tarefas assume a caneta da sentença, enquanto o professor, exaurido, precisa justificar cada decisão como se fosse um réu em um tribunal improvisado. É como se um paciente desse notas ao cirurgião antes mesmo de sair vivo da mesa de operação. O resultado é um teatro onde o mérito se dissolve na popularidade, e a exigência se confunde com opressão.

Tudo isso é apenas uma extensão do que já acontecia no velho normal: um barbarismo total. Todos os dias, um aluno com uma folha da secretaria pedia trabalho de dependência. Isso já era uma prova de incoerência: o estudante, que já havia atrapalhado suas próprias aulas, agora atrapalhava a dos outros.

A direção ainda cobrava qualidade do professor no trabalho extraclasse, nas horas de descanso, no refúgio da família. Aí o professor cobrava a atividade, e o aluno dizia: “Num vim, num fiço”, e ficava por isso mesmo. A culpa era do professor, que não dera nota favorável em trabalhos anteriores. O castigo da recuperação sempre recaía sobre o professor. É por isso que, hoje, os professores do novo normal já não deixam seus alunos de recuperação.


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O texto que acabamos de ler é uma crítica muito rica e cheia de provocações sobre a educação e a sociedade. Para continuarmos nossa reflexão sociológica, preparei cinco questões que nos ajudarão a aprofundar as ideias apresentadas.


1 - O texto descreve uma situação em que a "frequência vale nota", mas é baseada na participação virtual. Na sociologia, como podemos analisar a diferença entre a presença física e a presença digital no ambiente escolar e quais são os impactos sociais dessa mudança na dinâmica de poder entre professor e aluno?

2 - O autor utiliza a metáfora "o aluno virou juiz, e o professor, réu" para descrever a inversão de papéis na educação. Discuta como essa subversão da hierarquia tradicional afeta a autoridade do professor e a percepção de mérito e esforço por parte dos estudantes.

3 - O texto argumenta que a prática de pais e alunos avaliarem professores, em vez de se basearem em méritos, está alinhada ao "humor do filho". De uma perspectiva sociológica, como a popularidade e a subjetividade na avaliação podem comprometer a qualidade do ensino e a seriedade da profissão docente?

4 - A crítica do texto sugere que as problemáticas do "novo normal" no ensino são apenas uma extensão do "velho normal". Analise, à luz da sociologia da educação, a ideia de que a progressão parcial e a cobrança excessiva de trabalhos extraclasse já indicavam um sistema educacional que priorizava a aprovação em detrimento do aprendizado real.

4 - O autor conclui que, no cenário atual, o professor já não deixa alunos de recuperação. Explique, sob a ótica das relações de poder e de trabalho, por que essa decisão, embora pareça benéfica para os alunos, na verdade pode ser uma forma de autoproteção do professor diante das pressões administrativas e das expectativas dos pais.

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sábado, 13 de agosto de 2022

LIVRE-ARBÍTRIO SE APRENDE NA ESCOLA ("O professor só pode ensinar quando está disposto a aprender."— Janoí Mamedes)

 


LIVRE-ARBÍTRIO SE APRENDE NA ESCOLA ("O professor só pode ensinar quando está disposto a aprender."— Janoí Mamedes)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Quando alguém tem um conceito distorcido sobre qualquer aspecto da vida, todas as suas outras ideias acabam comprometidas. Como um "terraplanista" cristão pode convencer alguém de que “Jesus voltará nos ares e todo olho o verá”? Para sustentar tal ideologia, precisará recorrer a justificativas frágeis. Da mesma forma, que credibilidade tem um professor fumante e alcoólatra ao aconselhar: “Não faça o que eu faço”? Essa contradição, por si só, já o descredencia.

O conhecimento influencia o comportamento, assim como o comportamento molda o conhecimento; quando ambos se entrelaçam de forma incoerente, tornam-se inúteis. Somos definidos tanto por nossas ações quanto por nossas palavras. Aprende-se mais pelo exemplo e pela prática. “A árvore boa dá bons frutos, e os frutos bons revelam a bondade da árvore.”

A verdadeira liberdade de escolha só existiria se não houvesse possibilidade de arrependimento pelo que decidimos. O livre-arbítrio, portanto, é uma ilusão. “O satanás ensina isso, porque as pessoas também querem ser Deuses.”

Quando a ilusão do livre-arbítrio se infiltra na educação, cria-se o estudante que se acredita soberano, julgando-se autorizado a decidir quando aprender, o que respeitar e até a quem obedecer. Nas salas de aula, isso se traduz no aluno que negocia notas como se fossem mercadorias, que exige aprovações automáticas e que se recusa a cumprir tarefas porque “tem direito” a passar de ano. Nesse cenário, o professor deixa de ser mestre para se tornar refém das vontades do discente, temendo represálias de pais e gestores que, em vez de mediar, acatam as demandas mais absurdas. A hierarquia natural do saber é subvertida, e a autoridade do educador, que deveria ser instrumento de crescimento, é tratada como obstáculo a ser removido.

No campo da educação, o maior equívoco é tratar o aluno como patrão do professor. É “abominável a escrava que toma o lugar da sua senhora”! Mas o problema não se limita à metáfora bíblica: ele se materializa no cotidiano, quando a palavra do professor é constantemente colocada em dúvida e o mérito acadêmico é trocado por um falso conceito de inclusão. Ainda há quem jure que “paga” o meu salário, ignorando que, se um aluno da rede pública custa ao Estado 3 mil reais por ano, sou eu — e todos os demais contribuintes — quem financia a sua permanência ali. O termo “dar aula” torna-se irônico, pois, no fundo, pagamos para trabalhar, e, não raramente, para sermos maltratados por aqueles que deveriam ser nossos parceiros no processo educativo. No fim, a educação se transforma num campo onde até quem planta é impedido de colher, e onde a colheita, quando vem, já está contaminada pela indiferença e pela ingratidão.


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O texto que acabamos de ler é uma crítica muito rica e cheia de provocações sobre a educação e a sociedade. Para continuarmos nossa reflexão sociológica, preparei cinco questões que nos ajudarão a aprofundar as ideias apresentadas.


1 - O autor defende que a coerência entre o que se diz e o que se faz é fundamental para a credibilidade, usando o exemplo do professor fumante e alcoólatra. Na sociologia, como podemos analisar a importância do exemplo e da prática na formação das normas sociais e no processo de socialização?

2 - O texto aborda a ideia de que a crença no livre-arbítrio, quando mal interpretada, pode levar o aluno a se ver como "soberano" na sala de aula. Discuta como essa atitude impacta a hierarquia natural do saber e o papel da autoridade do professor como facilitador do aprendizado.

3 - O texto compara a relação professor-aluno a uma situação onde "a escrava que toma o lugar da sua senhora". Pensando nas relações de poder na sociedade, como a subversão da autoridade do professor pode ser um reflexo de mudanças mais amplas nas estruturas sociais e familiares?

4 - O autor critica a troca do mérito acadêmico por um "falso conceito de inclusão". Explique, a partir de uma perspectiva sociológica, as possíveis consequências para a qualidade da educação e para a valorização do conhecimento quando o mérito individual é desconsiderado em nome de outras prioridades.

5 - O texto conclui que o professor, no sistema de ensino público, "paga para trabalhar" e é "maltratado". Com base nas ideias apresentadas, analise como o financiamento da educação (pago pelos contribuintes) e a dinâmica de sala de aula (com a "indiferença e ingratidão" dos alunos) criam um cenário de desvalorização profissional.

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FORMADOR DE OPINIÃO ("Eu prefiro ser uma metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo..." — Raul Seixas)


FORMADOR DE OPINIÃO ("Eu prefiro ser uma metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo..." — Raul Seixas)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O Brasil, ao que parece, compactuou com a China: "O dragão baforou em São Jorge sem máscara!". A vida e seus eventos são, em essência, previsíveis, pois se não fossem, não existiriam profetas. Nesses cenários, as supostas "vitórias" muitas vezes se resumem a empates, e até mesmo os cegos conseguem perceber as tendências ao ouvir os noticiários.

O pacto entre Brasil e China, mais do que comercial, é simbólico. O "dragão" exala sua influência enquanto fingimos ignorar o cheiro. Essa metáfora ilustra um país que, em vez de defender-se, se encanta com o brilho efêmero de festas e celebrações, surdo ao perigo iminente. Seguimos comemorando sem ponderar o custo, como se a fumaça fosse perfume e a centelha, uma bênção. A cumplicidade silenciosa do povo é o verdadeiro "vírus", do qual nenhuma quarentena pode nos proteger. Entre o altar e o mercado, escolhemos o barulho, para depois nos surpreendermos quando a fatura chega.

Em meio a essa realidade, o povo irreflexivo insiste em homenagear santos com nomes brasileiros. Essa adoração, cheia de estampidos de bombas, me entristece. Afinal, sou como um cachorro: detesto o barulho. Uma dica: por que não usar esse dinheiro em um churrasco? É muito melhor saborear a comida do que queimá-lo em algo que só perturba. O churrasco, pelo menos, cheira bem. Até mesmo São João, do mesmo oratório de São Jorge, parece ter se afastado, mantendo-se em quarentena.

É preciso acordar, POVO ORELHUDO! A solução seria criar "vacinas contra a burrice" e contratar o Papai Noel para distribuí-las.

Contudo, ao pensar nisso, chego a uma conclusão: "O MAIOR BURRO AQUI, SOU EU". Por causa dessas opiniões, muitas pessoas que costumavam falar comigo se afastaram, temendo serem associadas às minhas ideias.

Para esses "observadores da vida alheia e juízes da aparência", tenho uma resposta: quando alguém concorda prontamente comigo, já começo a desconfiar que estou errado. Por isso, e para a segurança dos meus adversários, não aceito discípulos. Chefe é quem gosta de puxa-saco. Eu, sou formador de opiniões.


Questões de Sociologia - Ensino Médio

Análise do Texto: FORMADOR DE OPINIÃO


Questão 1 - Relações Internacionais e Dependência

O autor menciona que "O Brasil compactuou com a China" e usa a metáfora do "dragão que bafora em São Jorge sem máscara".

Explique com suas palavras:

a) O que essa metáfora representa sobre a relação entre Brasil e China?

b) Como você interpreta a expressão "cumplicidade silenciosa do povo"? Dê um exemplo atual dessa situação.

Questão 2 - Cultura Popular e Alienação

O texto critica as festividades populares, sugerindo trocar "fogos por churrasco" e chamando o povo de "irreflexivo".

Reflita e responda:

a) Qual é a crítica social que o autor faz às tradições populares brasileiras?

b) Você concorda que as festividades podem ser uma forma de alienação? Justifique sua resposta com argumentos sociológicos.

Questão 3 - Isolamento do Intelectual Crítico

O autor confessa: "O MAIOR BURRO AQUI, SOU EU" e relata que pessoas se afastaram dele por causa de suas opiniões.

Analise:

a) Por que pensadores críticos muitas vezes se sentem isolados na sociedade?

b) Explique a frase "quando alguém concorda comigo, já penso que estou errado". O que isso revela sobre o processo de formação de opinião?

Questão 4 - Manipulação e Consciência Social

O texto sugere criar "vacinas contra a burrice" e critica o "povo orelhudo".

Discuta:

a) O que o autor quer dizer com "vacinas contra a burrice"?

b) Como a educação pode ser um instrumento de transformação social segundo essa perspectiva? Dê exemplos práticos.

Questão 5 - Liderança e Formação de Opinião

O autor se define como "formador de opiniões" e rejeita ter "discípulos", diferenciando-se de um "chefe que gosta de puxa-saco".

Explique:

a) Qual é a diferença sociológica entre um "líder" e um "formador de opinião" segundo o texto?

b) Por que o autor considera perigoso ter pessoas que concordem facilmente com suas ideias? Relacione sua resposta com conceitos de pensamento crítico e democracia.

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CONFORMADO COM A INUTILIDADE HUMANA ("O certo muitas vezes é o errado conformado." — Renato Freitag)