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MINHAS PÉROLAS

terça-feira, 16 de agosto de 2022

A DÁVIDA CORROMPE O DOADOR. ("Deem dinheiro, não emprestem. Dar só faz ingratos, emprestar faz inimigos." — Alexandre Dumas - filho)


 

A DÁVIDA CORROMPE O DOADOR. ("Deem dinheiro, não emprestem. Dar só faz ingratos, emprestar faz inimigos." — Alexandre Dumas - filho)

A Secretaria de Educação recomenda a aprovação automática para evitar a evasão escolar, e as escolas, correndo atrás dos alunos, parecem alinhar-se a esse propósito: um lado se acomoda, e o outro colabora com a acomodação. Ainda assim, os conselhos de classe, de forma incoerente, verificam se o aluno pode ou não avançar de ano com base nas notas obtidas em atividades. Um trabalho de fachada. Práticas antigas não geram resultados novos. Talvez seja apenas a última tentativa do professor de fingir que ainda mantém o controle da turma. Não consigo, porém, discernir de que lado está a coordenadora pedagógica… como se, de fato, tivéssemos poder de reprovação, contrariando as ordens das Secretarias ávidas por estatísticas vistosas.

O ano de 2020 foi perdido para os alunos da rede pública, vítimas da pandemia e do distanciamento pedagógico. Já em 2021, os que aguardavam ansiosos o retorno às aulas presenciais tiveram de equiparar-se à maioria que nada fez durante o ensino remoto, mesmo havendo uma minoria que se manteve dedicada e obteve algum progresso. Surge, então, a questão: o nivelamento será por baixo, seguindo o padrão dos desleixados, ou por cima, tomando como referência os que, apesar de tudo, avançaram? Temo que, a partir daqui, nada será como antes.

O presente corrompe o doador. Ao premiar os estudantes dedicados, dá-se a eles a mesma visibilidade concedida aos descuidados, que recebem os mesmos benefícios sem qualquer penalidade. Aqueles que cumpriram apenas sua obrigação são supervalorizados pelo contraste com os que nada fizeram, e estes, mesmo omissos, também são recompensados. Será que Deus nos trata assim na escola da vida?

Digam aos que administram a educação que já basta de inventar futilidades! O suposto “plano perfeito” já está em curso: distribuir lanche, livro, bicicleta, uniforme, transporte, áreas de recreação, bolsa escola, salário escola, poupança universitária, aprovação sem mérito, vale-gás, cesta básica, minha casa minha vida — “pão e circo”. Se, mesmo assim, não funciona, precisamos de uma escola excludente e mais seletiva, com alunos comprometidos e professores preparados; não parasitas dependentes dos favores políticos, mas profissionais com dignidade. Talvez seja necessário resgatar práticas do passado.

Contudo, é preciso reconhecer que romper esse ciclo exige mais do que denunciar seus equívocos. É fundamental criar mecanismos que elevem a qualidade sem nivelar por baixo, como avaliações rigorosas, acompanhamento individualizado e formação docente contínua que vá além de treinamentos burocráticos. A escola deve voltar a ser um espaço de exigência intelectual, onde mérito e esforço sejam valorizados, e não mascarados sob estatísticas artificiais. A gestão educacional precisa ouvir quem está na sala de aula antes de impor modismos pedagógicos. Se quisermos evitar a falência completa, é hora de firmar um pacto pela excelência, mesmo que isso cause desconforto inicial. Não se trata de excluir por crueldade, mas de incluir pela via da competência. Só assim a educação deixará de ser promessa e voltará a ser transformação.


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O texto que acabamos de ler nos traz uma série de reflexões importantes sobre os desafios da educação pública no Brasil, especialmente no contexto pós-pandemia. Para aprofundarmos essa discussão com um olhar sociológico, preparei cinco questões para vocês pensarem e discutirem.


1 - O texto aborda a aprovação automática como uma estratégia para evitar a evasão escolar. Do ponto de vista da sociologia da educação, quais são os possíveis benefícios e os riscos dessa política para o aprendizado dos alunos e para a percepção do mérito acadêmico na escola?

2 - A pandemia gerou um "nivelamento" dos alunos, com o texto sugerindo que isso pode ocorrer "por baixo". Discuta como as desigualdades sociais preexistentes foram (e ainda são) evidenciadas e aprofundadas pelo ensino remoto e pela necessidade de nivelamento no retorno às aulas presenciais.

3 - O autor critica a ideia de "presentear" alunos não dedicados com os mesmos benefícios dos que se esforçam. Com base na teoria da meritocracia, como essa prática pode impactar a motivação dos estudantes e a valorização do esforço individual no ambiente escolar?

4 - A expressão "pão e circo" é utilizada para criticar a distribuição de benefícios assistenciais na educação sem o foco na qualidade acadêmica. Como a sociologia do Estado e das políticas públicas pode analisar a relação entre o assistencialismo e o compromisso com a excelência educacional?

5 - O texto defende a necessidade de uma escola mais "seletiva" e "excludente", com alunos comprometidos e professores preparados. Utilizando seus conhecimentos sobre os papéis sociais na educação, explique como a falta de compromisso de alguns alunos e a desvalorização do professor podem afetar a dinâmica de sala de aula e a qualidade do ensino para todos.

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