"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

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MINHAS PÉROLAS

sexta-feira, 24 de março de 2023

JÉSSICA, MINHA LILITH! ("O que falta para eu entender que acabou? Que dor falta sentir?" — Tati Bernardi)

 

JÉSSICA, MINHA LILITH! ("O que falta para eu entender que acabou? Que dor falta sentir?" — Tati Bernardi)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Eu aqui, escrevendo e pensando no Jardim do Éden, fui assaltado pelo "meme" viral: "Já acabou, Jéssica?". O contraste entre a pureza bíblica e a impaciência digital me colocou num ponto intermediário — onde vive a minha própria Jéssica. Ela é uma figura mitológica do conforto, aquela que nunca termina o que começa e que refrigera o coração cansado. Para mim, ela talvez seja o que Lilith foi para Adão: uma força irresistível, autônoma e indomável. Quem se envolve com uma Jéssica deseja que o tempo pare; quanto mais demorar, melhor, pois o "espancamento da vida" já não significa mais nada.

Todos nós temos uma Jéssica que nos conduz a um otimismo perigoso. A de Sansão chamava-se Dalila; a de Davi, Bate-Seba. É preciso estar vigilante, atento aos rivais e aos "donos das Jéssicas" — aqueles que, frustrados, tentam interromper a diversão alheia, ignorando que todo sucesso cobra um preço alto.

Essa dualidade inevitável entre o prazer desejado e o risco iminente transforma a existência num jogo de submissão e dominação, em que se aprende a valorizar o obstáculo. O envolvimento com a "Jéssica" revela o lado masoquista de quem a ama, pois aceita o sofrimento e a perseguição como parte intrínseca do deleite — um prazer que só se completa na iminência do perigo. Já o rival, que tenta interromper essa felicidade, encarna o lado sádico da inveja, buscando controlar o tempo e o desejo alheios.

A vida, então, torna-se mais feliz para os masoquistas — aqueles que escolhem viver perigosamente. Nada mais importa, desde que a jornada seja intensa, repleta de obstáculos e contratempos, diferentes formas de prazer disfarçadas em dor. Ainda assim, para nossos propósitos mais sensatos, vale a pena resistir às intempéries e lutar pela vida edênica de outrora.

Que os proprietários das Jéssicas as eduquem para não nos ferirem tanto. E que nós, ao definirmos novas prioridades — talvez as prioridades dos sádicos — saibamos comunicá-las com clareza. Não podemos permitir que nossas emoções desequilibradas sequestren nossos objetivos, pois a mente desocupada é a oficina da Tentação.

A Jéssica é, no fundo, um anjo caído — aquele que, ao cair, arrasta os outros consigo. Minha Lilith.


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Como professor de Sociologia, vejo neste texto uma análise fascinante sobre o desejo, o controle social e a construção dos papéis de gênero e poder. O autor usa figuras mitológicas e bíblicas para falar sobre a dinâmica da sedução, da inveja e da satisfação pessoal em contraste com a norma. Para estimularmos a discussão sobre como essas relações se manifestam na sociedade, preparei 5 questões discursivas simples.


Questão 1: Contraste Cultural e Apropriação de Mitos

O autor mistura o mito bíblico do Jardim do Éden e Lilith com o "meme" digital "Já acabou, Jéssica?".

Explique como a Sociologia da Cultura enxerga essa apropriação e contraste entre o mito religioso tradicional e a cultura de internet. Qual é o efeito social de usar a "Jéssica" como um símbolo moderno do prazer irresistível e proibido, como foi Lilith?

Questão 2: Controle Social e Inveja

O texto menciona os "donos das Jéssicas" que, frustrados, tentam "interromper a diversão alheia".

Analise o papel desses "donos" sob a ótica do Controle Social. De que forma a tentativa de interromper o prazer e o sucesso de terceiros (o "rival") manifesta um esforço para manter a ordem moral ou o status quo?

Questão 3: Poder e Subversão de Gênero

O autor descreve a Jéssica como uma força "irresistível, autônoma e indomável" e a compara a Dalila e Bate-Seba, figuras femininas que detinham um poder de sedução e destruição.

Discuta como o texto subverte a noção de que essas figuras femininas (as "Jéssicas") são meramente objetos de desejo masculino. Identifique qual é o tipo de poder (social ou simbólico) que essas mulheres exercem sobre os homens e sobre as narrativas.

Questão 4: Sadismo, Masoquismo e Relações Sociais

O texto utiliza os conceitos de masoquismo (aceitar o sofrimento pelo prazer) e sadismo (controlar o desejo alheio) para descrever as relações em torno da "Jéssica".

Explique como essa dualidade de submissão e dominação (masoquismo/sadismo) pode ser transposta das relações interpessoais para as relações de classe ou de poder político, onde o risco e o sofrimento são aceitos como parte do jogo social.

Questão 5: A Mente Desocupada e a Tentação

A frase "A mente desocupada é a oficina da Tentação" sugere uma necessidade de disciplina para manter os objetivos e resistir ao desequilíbrio emocional.

Relacione essa afirmação com a ética protestante e o espírito do capitalismo (abordados por Max Weber). De que forma a disciplina e a dedicação ao trabalho (e não à "Tentação" ou ao prazer da "Jéssica") são vistas como mecanismos para alcançar uma vida "edênica" ou de sucesso na sociedade moderna?

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quinta-feira, 23 de março de 2023

PROVA DE RECUPERAÇÃO ("Na escola da vida sempre tem prova surpresa, e quem não está preparado acaba sendo reprovado pela dura realidade!" — Anahyas Lopes)

 


PROVA DE RECUPERAÇÃO ("Na escola da vida sempre tem prova surpresa, e quem não está preparado acaba sendo reprovado pela dura realidade!" — Anahyas Lopes)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O despreparo e a incompetência gera o subemprego de mão-de-obra barata. Assim, escravizam-se os distraídos e dependentes dos programas desmoralizantes do governo. Vivemos no tempo auge da irresponsabilidade social, são tantas ajudas governamentais que poucos se preocupam em trabalhar e produzir alguma coisa. A internet está cheia de cursos ignorados. Ou esta formação a distância não vale nada?

             Outros também estão procurando a felicidade fácil, estes esperam receber muito pelo pouco esforço que fazem na vida. Usam de atalhos e métodos espúrios para faturar alto e rapidamente, maior recompensa com menor esforço: são os que querem indenização por alguma causa arranjada.  Outros ainda usam o sexo deles como uma estratégia para melhor militar. Os negros, pela sua cor; os velhos, pela sua idade;  os jovens, pela sua juventude. Já, nordestinos, deficientes, índios, e muitos outros culpam fatores incontroláveis para a sua falta de  posição na vida. Mas, o verdadeiro problema, na maioria das vezes, é a incompetência, a insensatez, ou a preguiça daquele que está choramingando os programas sociais: viciados no comodismo. Agora faça bem sua prova, uma redação dissertativa com o seguinte tema: "Por que desempregado tem raiva de feriado?" CiFA.

QUANTO CUSTA UM CHEFE? ("Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar." — Friedrich Nietzsche)

 


QUANTO CUSTA UM CHEFE? ("Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar." — Friedrich Nietzsche)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Uma pessoa inteligente odeia cumprir ordem de quem só manda, somente para evidenciar quem é que manda. Um líder dá razões para a aplicação de suas ordens e, no convencer, motiva à obediência. Porque o líder faz parte da equipe e procura o crescimento de todos da equipe. Não teme a superação, cresce junto. O ambiente pede o líder. O chefe não tem lugar que o queira, apenas o suporta.

          O incompetente não conseguindo fazer outra coisa, é colocado ali como chefe para incomodar menos os donos da causa. Quando o chefe está nessa posição é porque não cabe em outro lugar, ele manda sem razão, e o negócio não cresce.  Virou as costas, é boicotado. O objetivo deste é o destaque pessoal. Ninguém inovador acerta para um chefe, tudo que faz é condenado; porém, ninguém erra para um líder, tudo é aproveitado. "A raça que acredita nos chefes sempre me pareceu a mais estúpida de todas as espécies humanas." (Jean Guéhenno).

           A escola mostrou-se fraca na pandemia da Covid-19 por que tem chefe demais e poucos dispostos a obedecê-los cegamente; pois é um lugar de educação. Não se aprende a voar seguindo manual; não se aprende a nadar só seguindo manual. Como aprender a distância? Ah! já estava me esquecendo que ninguém é pássaro e nem peixe. Mas, daquele fura-lhe os olhos para cantar melhor na gaiola; e para estes põe-se iscas no anzol de aço para pescá-lo.  Editei esta crônica só para incluir a conclusão de Marise Castro:  "Grita o chefe, dirige um líder!"   CiFA

quarta-feira, 22 de março de 2023

REPESCANDO ALUNOS DISPERSOS PELA PANDEMIA ("Não existe mau aluno, só mau professor. Professor diz, aluno faz." — Senhor Miyagi)

 


REPESCANDO ALUNOS DISPERSOS PELA PANDEMIA ("Não existe mau aluno, só mau professor. Professor diz, aluno faz." — Senhor Miyagi)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Observo que quase tudo na Educação é simulacro! Simula-se prova, austeridade, letividade, legalidade, amistosidade e até as greves de professor! A Escola prepara a sociedade com ficção sobre si mesma: o entretenimento idiotizador da sociedade como estratégia de dominação: Enfeitam as crianças de índio; de coelho que bota ovo; e chamam de trilhas de aprofundamento do conhecimento. Toda reunião de professor é elaboração de estratégia, porque o peixe não morde o anzol sem isca. Quem dera os anzóis fossem de "picanha" e não ferissem a boca dos peixes. O que não descobriram ainda é que para viabilizar uma estratégia, precisa-se de outra, e mais outra novamente, e tudo se resume em elaborar estratégias, em uma reunião estratégica que também vai precisar de estratégia para segurar os ouvintes. Finalmente, eis um veredicto final, vamos tirar do papel as estratégias, e colocar o plano em ação: correr atrás de aluno discente no sistema educacional público que a pandemia dispersou; ou melhor, buscá-los em casa. https://www.youtube.com/watch?v=IORUXSpeT1I

A visita de um professor à casa de um aluno é no mínimo mal vista, ainda mais se os pais não estiverem; incluo nessa circunstância as anuências de um professor adulto ligar para o de menor... Visita agradável é a que se convida. Porém, é certo que o filho pródigo voltará à "casa do pai", depois das pressões sociais, para colhermos juntos sua semeadura maligna e fazer outros também beberem respingos da lavagem do seu "trapo de imundícia".

O distanciamento pandêmico que devastou o mundo. Parece-me que destruiu até o bom senso! "Ora, todos nós estamos na mesma condição do impuro! Todos os nossos atos de justiça se tornaram como trapos de imundícia. Perdemos o viço e murchamos como folhas que morrem, e como o vento as nossas próprias iniquidades nos empurram para longe." — Isaías 64:6. Quem trabalha com estratégia tem muita competência, mas não é honesto. E a escola mostrou-se fraca diante da pandemia. (Cifa

O "CÂNCER" É CONTAGIOSO! ("Engraçado! Ninguém quer ficar gripado da gripe alheia, mas poucos se cuidam para evitar o contágio da estupidez coletiva." — Luiz Carlos Prates psicólogo)

 


O "CÂNCER" É CONTAGIOSO! ("Engraçado! Ninguém quer ficar gripado da gripe alheia, mas poucos se cuidam para evitar o contágio da estupidez coletiva." — Luiz Carlos Prates psicólogo)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O pecado é contagioso, transferimos nossas doenças físicas, morais e espirituais para OS OUTROS sem o menor escrúpulo; mas não, saúde! MAUS amigos NOS corrompem; e nossas orações não curam ninguém. Nosso exemplo nem se fala...! Nunca, VAMOS converter nossos amigos ruins em bons. Esta é uma lei da natureza: a enxurrada da rua carrega as sujeiras da face da terra para o fundo dos rios. E o leopardo não pode colorir as suas manchas, mas o tempo pode desbotá-las.

O homem se volta para o pecado com facilidade; todavia, nunca, para a virtude facilmente. Amizade e associação com pessoas más é o que mais acontece, elas vão ensinar-nos maus hábitos e manter NOSSA alma nos vícios em nome do prazer e felicidade. E assim somos o reflexo das COMPANHIAS que ESCOLHEMOS. "Quem segue pelo caminho da justiça encontrará a vida e nunca precisará ter medo da morte." Pv. 12:28 BV). "Eu não tenho medo da morte, mas tenho medo de morrer". (Gilberto Gil).

Jesus não andava com Judas, era Judas que andava com Jesus. Isso faz toda diferença, quando falamos de contaminação tridimensional. CiFA

terça-feira, 21 de março de 2023

A VIDA É (CU)RTA, MAS (PICA)NTE! ("A felicidade que o homem pode alcançar, não está no prazer, mas no descanso da dor." — John Dryden)

 


A VIDA É (CU)RTA, MAS (PICA)NTE! ("A felicidade que o homem pode alcançar, não está no prazer, mas no descanso da dor." — John Dryden)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Nenhum homem é abominação para Deus em seu estado natural, e todos são motivos de Sua alegria quando estão realizando a vontade do Senhor. Apenas de vez em quando, acontece dEle ralhar merecidamente mais com uns do que com outros. Esta desigualdade com que Deus trata os desobedientes é uma forma de amar. Contudo, o destino não abandona ninguém, pois me reserva a dor quase constantemente, por isso sejam valorizadas, em dobro, as poucas pausas no sofrimento, isso é momentos de prazer! A vida é (Cu)rta, mas (pica)nte! Disse Martha Medeiros: "Tentamos superar uma dor antiga e não conseguimos. Procuramos ficar amigos de quem já amamos e caímos em velhas ciladas armadas pelo coração. Oferecemos nosso corpo e nosso carinho para quem já não precisa nem de um nem de outro. Motivos nobres, mas os resultados são vexatórios." Assim, vivemos esta gangorra existencial, representada por uma MASTURBAÇÃO: uma hora de esforço físico e psicológico para obter  cinco segundos de orgasmo.            

Quem lhe ensinou a gemer, tanto para expressar a dor, bem como o gozo! O que me embaraça não são as questões complexas, mas ter que ouvir  as interjeições que expressam essas vibrações desequilibradas. "É preciso relaxar para gozar" (Marta Suplicy), e eu digo: é preciso também calejar para aguentar a dor. Isso é felicidade: o torpor da vida! Também, se a vida fosse um orgasmo constante, eu iria preferir um pouco de dor. Que venham as dores e os lampejos de alívio.

(CiFA

segunda-feira, 20 de março de 2023

A HOSTILIDADE DE QUEM ENSINA ("Divergência de opinião jamais deve ser motivo para hostilidade". — Mahatma Gandhi)

 


A HOSTILIDADE DE QUEM ENSINA ("Divergência de opinião jamais deve ser motivo para hostilidade". — Mahatma Gandhi)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Uma aluna do 7º ano perguntou-me se era formado mesmo para dar aulas para ela! Só podia estar orientada! A maioria deles não se importa com isso, aliás nem querem aula. Em outra ocasião, do Ensino Médio um professor fez-me a mesma pergunta, ele também duvidava de minhas credenciais: Por isso, pareceu-me um método dos que querem parecer maior; então fui obrigado a falar-lhe de meus diplomas. No caso da menina, suspeito de um colega "pseudointelectual" sentindo-se ameaçado por minha "caipiraneidade" e com melhor projeção social que ele, o justiceiro social usou intermediário. Porém, não continuou anônimo, pois se valeu dos "pseudoingênuos", entregadores de qualquer um por um simples presentinho. Ela usou o segredo, também, em desfavor dele, quando fingi ser amigo dela.              Agora, medindo-me com os objetivos da escola, admito, sim, ser muito ruim mesmo, devido às circunstâncias adversas e já conto com muitos anos de experiência perdida, tudo é novo a cada segundo! E os meus 30, trabalhados na educação, não servem para aposentadoria para eles se livrarem de mim,  a burocracia precisa me castigar! Em todos esses anos, nunca presenciei a viabilização, nem mesmo parcial,  de uma sugestão minha em uma reunião de trabalhos escolares, apesar de minhas boas intenções para melhorar o sistema. Por isso, digo: A escola é um espaço hostil para mim.            Os alunos perguntam-me todos os dias: — por que o senhor veio hoje? Na sala dos professores, os colegas ficam torcendo pela falta de um, todos querendo sair mais cedo. Se um de nós adoecer ou morrer não importa, outros vão ter folga. A unidade escolar deveria ser o lugar mais aconchegante da terra por ser um ambiente de educação! Na verdade o é sim; mas, aliás, só para aqueles alunos que foram expulsos de outra unidade escolar: acolhidos incondicionalmente, com o pão e o circo, gerando verbas para a unidade escolar. (CiFA

domingo, 19 de março de 2023

A TERRA É LÉS(BI)CA SEM ZANGÕES ("Opção é escolher entre um sapato azul ou vermelho. Ser Gay, lésbica, trans... nunca foi opção e sim, uma condição imposta." — Leônia Teixeira)

 


A TERRA É LÉS(BI)CA SEM ZANGÕES ("Opção é escolher entre um sapato azul ou vermelho. Ser Gay, lésbica, trans... nunca foi opção e sim, uma condição imposta." — Leônia Teixeira)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma manhã de domingo quando me deparei com as manchetes alarmantes sobre a superpopulação mundial. Sentado à mesa da cozinha, com minha xícara de café fumegante, folheava as páginas do jornal, cada vez mais perplexo com as notícias que saltavam diante de meus olhos. O contraste entre o aroma reconfortante do café e o peso das palavras que lia era quase palpável.

Lembrei-me de como, há não muito tempo, interpretávamos as palavras bíblicas com otimismo. "Sede fecundos, multiplicai-vos, povoai a terra e dominai-a!", dizia o Gênesis. Era um chamado à vida, à expansão, ao progresso. Quantas vezes não ouvi essa passagem em casamentos, celebrando a formação de novas famílias? O mundo parecia uma página em branco, pronta para ser preenchida com novas gerações e possibilidades.

Mas agora, neste novo normal que se desenha diante de nós, as mesmas escrituras sagradas parecem ganhar um tom sombrio. "Felizes as estéreis, os ventres que jamais geraram e os seios que nunca amamentaram!" A profecia de Lucas, antes vista como um alerta distante, agora ecoa como um presságio perturbador do futuro que nos aguarda.

Enquanto sorvo meu café, agora morno, observo pela janela o movimento da rua. Famílias passeiam com seus filhos, casais de mãos dadas, idosos caminhando lentamente. A vida segue seu curso, aparentemente alheia às previsões apocalípticas. Mas por quanto tempo?

Os ambientalistas, outrora vistos como alarmistas, ganham cada vez mais voz. Suas advertências sobre a capacidade populacional da Terra, antes recebidas com ceticismo, agora ressoam com uma urgência inegável. A ideia de que poderíamos enfrentar escassez de alimentos e até mesmo de oxigênio já não parece tão absurda. A imagem de um planeta saturado e em colapso torna-se um lugar comum, e a ideia de procriar ganha uma nova perspectiva.

Volto à mesa para reabastecer minha xícara e noto, com ironia, que até mesmo este simples prazer poderia estar ameaçado. Os frutos da terra, incluindo o café que tanto aprecio, dependem cada vez mais de agrotóxicos para sua produção. E as abelhas, essenciais para a polinização, estão desaparecendo a um ritmo alarmante. É como se a natureza estivesse nos enviando sinais que insistimos em ignorar.

Retorno ao jornal e me deparo com uma notícia sobre a mais recente Parada do Orgulho LGBTQIAPN+. As imagens coloridas e festivas contrastam com meus pensamentos sombrios. Reflito sobre como esses movimentos, que celebram a diversidade e o amor em todas as suas formas, também representam, inadvertidamente, uma resposta natural ao desafio populacional que enfrentamos. O número de adeptos e a visibilidade dessas comunidades refletem uma realidade complexa e multifacetada sobre o desejo e o significado da reprodução.

Será que estamos caminhando para um mundo onde a homossexualidade se tornará não apenas uma orientação, mas uma escolha consciente para conter o crescimento populacional? A ideia me parece ao mesmo tempo fascinante e perturbadora. Como conciliar o desejo humano de procriar com a necessidade urgente de preservar nosso planeta?

Ao terminar meu café, percebo que passei horas perdido em reflexões. O sol já está alto no céu, e a vida lá fora continua seu curso implacável. Dez bilhões de habitantes – o número ecoa em minha mente como uma sentença. Será este o limite que a Terra não suportará?

Levanto-me, determinado a não me deixar paralisar pelo pessimismo. Afinal, cada era teve seus desafios, e a humanidade sempre encontrou maneiras de superá-los. Talvez o verdadeiro teste não seja evitar o colapso, mas reinventar nossa relação com o planeta e uns com os outros.

Enquanto lavo a xícara, penso em como cada pequeno gesto, cada escolha individual, pode contribuir para um futuro sustentável. O novo normal não precisa ser um futuro sombrio. Pode ser, ao contrário, uma oportunidade de redescobrir nossa conexão com a natureza e entre nós mesmos.

Saio para uma caminhada, decidido a observar o mundo ao meu redor com novos olhos. O desafio é imenso, mas também o é nossa capacidade de adaptação e inovação. A Terra, com suas belezas e fragilidades, nos exige um olhar mais atento e consciente. A pergunta que resta é: como podemos trilhar um caminho que respeite tanto o desejo humano de viver quanto as necessidades do planeta?

Talvez a resposta resida não em escolher entre multiplicar-se ou não, mas em aprender a coexistir com responsabilidade e sensibilidade. O futuro está em nossas mãos, e a chave pode estar em como escolhemos viver no presente. Quem sabe, em meio a essa crise, não encontraremos um caminho para uma existência mais harmoniosa e consciente? (CiFA

Questões Discursivas:

Questão 1:

O texto apresenta uma reflexão sobre o crescimento populacional e seus impactos ambientais e sociais. Considerando as ideias apresentadas, como a questão da superpopulação pode influenciar a forma como entendemos a família, a reprodução e o papel do indivíduo na sociedade?

Esta questão convida os alunos a refletirem sobre as implicações sociais e culturais do crescimento populacional, explorando temas como planejamento familiar, direitos reprodutivos e a relação entre o indivíduo e o coletivo.

Questão 2:

O autor faz uma comparação entre as interpretações passadas e presentes de textos religiosos sobre a procriação. Como a interpretação de textos sagrados pode ser influenciada pelo contexto histórico e social?

Esta questão incentiva os alunos a pensarem criticamente sobre a relação entre religião e sociedade, explorando temas como a interpretação de textos sagrados, a influência de valores culturais e a adaptação de crenças ao longo do tempo.

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