A liberdade de escolha só existiria se não houvesse nenhuma chance de arrependimento. Afinal, alguém pode, de fato, escolher o arrependimento? O livre-arbítrio é inexistente sem total autonomia. Os demônios propagam a ilusão de que o homem é livre, mas convenientemente lhe escondem as rédeas da lei da causa e efeito. Consequentemente, a desgraça advinda dos resultados de atos errados não é uma escolha de ninguém, mas uma inevitável colheita.
Lúcifer prospera entre os ingênuos, ensinando-os a cultivar o desejo de serem deuses. Ele sabe que um conceito incorreto sobre qualquer aspecto fundamental da vida compromete todas as ideias subsequentes. Essa pessoa se vê obrigada a se justificar de inúmeras maneiras para manter alguma credibilidade, tanto perante os outros quanto a si mesma. No entanto, as incoerências de seu comportamento acabam por denunciá-la.
Por isso, temo a possibilidade de me ver como deus de mim mesmo e, com isso, não necessitar do Deus verdadeiro; ou de ser consumido pela incapacidade de lidar com a própria identidade, transformando-me em um demônio.
Embora eu tenha o dever de incitar os alunos a voarem, não consigo sair do chão, pois minhas asas estão aparadas. E, quando finalmente crescerem, temo estar gordo demais para levitar.
O sistema educacional é ineficiente porque os exemplos falam mais alto que as palavras. O que um professor fumante, alcoólatra, glutão, pederasta e dado a vícios transmite nas entrelinhas de suas aulas? É inútil dizer: “faça o que digo e não faça o que faço”, pois essa falsidade, por si só, descredencia completamente a autoridade e a capacidade de instrução de um guia.
Lembro-me de um professor que, ao apagar o cigarro no chão da escola, falava sobre “autocontrole” com voz rouca e olhar perdido. As crianças, entre risos e tosses, imitavam o gesto de tragar. Ele sabia que estava errado e, ainda assim, prosseguia, preso à própria contradição.
Numa tarde, quando um aluno o encontrou chorando atrás da cantina, ele apenas disse: “não se é exemplo o tempo todo, mas ainda dá pra tentar”. Aquelas palavras, ditas sem pose, ensinaram mais do que todos os sermões que já dera. Ali compreendi que a redenção pode nascer da humildade — que há grandeza no reconhecimento da própria falha. Nem todos os mestres estão perdidos; alguns, mesmo caídos, ainda acendem luzes com a brasa de seus erros.
O conhecimento motiva o bom comportamento, da mesma forma que o bom comportamento incentiva o conhecimento. A Bíblia reforça esse ciclo em Oséias 4:6: “Meu povo perece por falta de conhecimento.” Os eleitos de Deus o são por clamarem pela coerência, pois somos definidos por propósitos, ações e palavras. Desse modo, a aprendizagem se dá melhor pelo exemplo. A árvore boa produz bons frutos, e a qualidade desses frutos atesta a bondade da árvore.
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Eu sou seu professor de Sociologia e o texto que apresento levanta questões cruciais sobre o indivíduo, a sociedade e as instituições. Com base nas ideias de coerência, responsabilidade e o papel do exemplo social, preparei 5 questões discursivas simples para nosso Alinhamento Construtivo. Lembrem-se de usar suas próprias palavras para articular a resposta, mostrando que compreenderam as ideias centrais do texto.
1. Crítica ao Livre-Arbítrio e a Causa e Efeito
O texto argumenta que a lei da causa e efeito (ou a "inevitável colheita") questiona a existência do livre-arbítrio. De que forma o arrependimento, mencionado no início do texto, é usado pelo autor para desafiar a ideia de que temos total liberdade de escolha sobre nossas ações e consequências?
2. Coerência e Reputação Social
O autor afirma que a pessoa que adota um "conceito incorreto sobre qualquer aspecto fundamental da vida" é obrigada a se justificar constantemente. Explique a relação entre a "incoerência de seu comportamento" e a necessidade de manter a credibilidade perante os outros e a si mesmo, conforme o texto.
3. A Crítica à Autoridade no Sistema Educacional
O texto é categórico ao afirmar que "os exemplos falam mais alto que as palavras". Qual é o principal problema de autoridade e credibilidade que o autor aponta ao mencionar a frase "faça o que digo e não faça o que faço" no contexto de um professor incoerente?
4. O Exemplo Positivo da Falha Humana
O que o professor, ao dizer “não se é exemplo o tempo todo, mas ainda dá pra tentar”, ensinou ao aluno? Analise como o texto transforma o reconhecimento da falha em um ato de humildade que, paradoxalmente, se torna um exemplo valioso de redenção.
5. O Ciclo da Aprendizagem e a Coerência Final
De acordo com o texto, qual é o ciclo de interdependência estabelecido entre conhecimento e bom comportamento? Utilizando a metáfora da "árvore boa" e "bons frutos", explique como a coerência entre propósitos, ações e palavras é o fundamento da aprendizagem pelo exemplo.