"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

Pesquisar neste blog ou na Web

MINHAS PÉROLAS

sábado, 11 de janeiro de 2025

Do Silêncio ao Grito: Reflexões sobre Violência, Indisciplina e a Falta de Afeto ("Precisamos aprender a conviver ou a perecer juntos." – Martin Luther King Jr.)

 

  • Do Silêncio ao Grito: Reflexões sobre Violência, Indisciplina e a Falta de Afeto ("Precisamos aprender a conviver ou a perecer juntos." – Martin Luther King Jr.)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    A notícia, fria e distante, chegou como um impacto: “Estudante é presa no Japão após ataque com martelo em universidade”. A manchete, por si só, já carregava uma violência intrínseca, mas a descrição dos detalhes tornava a cena ainda mais perturbadora: oito estudantes feridos em um ambiente que deveria ser sinônimo de aprendizado e convívio pacífico. A reportagem da g1 detalhava o ocorrido na Universidade Hosei, em Tóquio, envolvendo uma jovem sul-coreana de 22 anos. A agência Kyodo acrescentava um elemento crucial: a confissão da agressora, que alegava sentir-se “frustrada” por ser ignorada e assediada pelos colegas. A palavra “frustrada” ecoou em minha mente, revelando um abismo de sofrimento e solidão.

    Imediatamente, a tragédia japonesa me remeteu a outra questão, também relacionada à violência, embora em um contexto diferente: a indisciplina escolar. Reflexões sobre esse tema apontam, frequentemente, para a ausência de afeto familiar como um fator determinante. A falta de diálogo, de limites claros e de uma educação responsável no ambiente familiar contribui para o comportamento indisciplinado dos alunos. A escola, enquanto instituição social, precisa estar preparada para lidar com esses reflexos, buscando a participação da família e trabalhando para desenvolver nos alunos a capacidade de expressar ideias e opiniões de forma crítica e construtiva.

    A cena da universidade japonesa, com cerca de 150 estudantes em uma aula rotineira interrompida pela violência, intensificou essa reflexão. O relato de um aluno à Agência Kyodo, sobre a agressora movendo o martelo sem direção aparente, atingindo aqueles sentados na última fileira, transmitia uma sensação de caos e desespero. Outro descreveu o rosto inexpressivo da jovem, como se ela estivesse agindo sob uma força incontrolável. A reportagem também mencionava a discriminação sofrida por coreanos no Japão, adicionando uma complexidade social e histórica à tragédia.

    A violência, seja o ataque com um martelo em uma universidade, seja a indisciplina em sala de aula, revela uma profunda carência: a falta de escuta atenta, de diálogo e de afeto. O martelo, um instrumento de construção, transformado em arma, simboliza essa inversão de valores. Da mesma forma, a indisciplina, muitas vezes, é um grito silencioso por atenção, por reconhecimento, por um espaço onde a voz possa ser ouvida.

    Acredito que tanto a violência extrema quanto a indisciplina cotidiana têm raízes profundas na falta de limites e, principalmente, na falta de afeto. Os limites, contudo, não devem ser meramente impostos, mas construídos em conjunto pela criança, pela família e pela escola, utilizando o diálogo como ferramenta principal. A família precisa procurar compreender a criança, oferecendo afeto, atenção e estabelecendo limites com respeito. A escola, por sua vez, deve gerar atividades que incentivem a participação da família, mostrando aos pais a importância de seu envolvimento na vida escolar dos filhos.

    Acredito que, ao trabalhar valorizando e reconhecendo a história de vida de cada aluno, há um despertar para o processo de ensino-aprendizagem. Uma boa conversa, onde o professor expõe seus objetivos e acolhe as sugestões dos alunos, mostrando a eles que fazem parte da sociedade e que existem regras para o bom convívio, pode ajudar a amenizar muitos problemas. A construção conjunta das regras da turma pode ser uma solução eficaz, fazendo com que o aluno se sinta parte do processo e, consequentemente, mais propenso a obedecê-las.

    A tragédia no Japão e as reflexões sobre a indisciplina escolar me levam a concluir que a violência, em qualquer de suas formas, é um sintoma de uma sociedade que precisa urgentemente resgatar valores como o diálogo, o afeto e o respeito. Precisamos construir espaços mais acolhedores e inclusivos, onde a frustração não se transforme em violência e onde o silêncio ensurdecedor seja substituído por vozes que clamam por paz e compreensão. Educar, afinal, significa ajudar o aluno a construir sua autonomia, disciplina, ordem, liberdade, amor e paz. E essa construção só é possível com a parceria entre família e escola, com muita escuta, afeto e diálogo.


    Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:


    1. De que maneira o texto estabelece uma conexão entre o ataque ocorrido na universidade no Japão e a questão da indisciplina escolar?

    2. Segundo o autor, qual o papel do afeto familiar no desenvolvimento de comportamentos violentos ou indisciplinados?

    3. Como o texto aborda a importância da escola enquanto instituição social na prevenção da violência e na promoção do diálogo?

    4. Quais as propostas apresentadas no texto para lidar com a indisciplina escolar e construir um ambiente mais acolhedor?

    5. Em síntese, qual a principal mensagem que o autor busca transmitir ao conectar os eventos no Japão com a problemática da indisciplina escolar?

    ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VIII(3) "Sabedoria e Poder: Uma Reflexão Sobre as Dinâmicas do Conhecimento"

     Ensaio 


    ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VIII(3) "Sabedoria e Poder: Uma Reflexão Sobre as Dinâmicas do Conhecimento"

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    O acesso universal à sabedoria é uma ideia que merece uma análise crítica. A sabedoria, como afirmado em Provérbios 2:6, é um dom divino: "Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca procedem o conhecimento e o entendimento". No entanto, a construção social do conhecimento, como destacado por Foucault e hooks, sugere que a sabedoria é moldada por sistemas de poder.

    Essa discussão se amplia ao considerarmos a desigualdade no acesso à educação, tema abordado por Bourdieu. Mateus 25:29 ilustra essa disparidade: "Porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado". Isso sugere que a sabedoria pode ser inacessível para aqueles marginalizados socialmente.

    A visão eurocêntrica do conhecimento é desafiada por pensadores como Mbembe, que enfatiza a natureza situada e performativa do conhecimento. Colossenses 2:3 ressalta a diversidade de fontes de sabedoria: "Em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência".

    Finalmente, Said destaca a interseção entre conhecimento e poder. Eclesiastes 7:12 sugere que a sabedoria pode servir como um escudo contra as injustiças do poder: "Porque a sabedoria é uma proteção, como o dinheiro é uma proteção, mas a vantagem do conhecimento é que a sabedoria preserva a vida de quem a possui".

    Em suma, embora a sabedoria possa ser vista como universalmente acessível, é crucial reconhecer as barreiras e complexidades que moldam seu acesso. A sabedoria não é apenas um objeto dado, mas uma prática situada e performativa, influenciada por relações de poder e dominação. Ao considerar essas nuances, podemos buscar caminhos mais equitativos e inclusivos para a sabedoria.

    ALINHAMENTO CONSTRUTIVO

    1. Como a citação de Provérbios 2:6 se relaciona com a ideia de que a sabedoria é um dom divino? Explique a importância dessa perspectiva na compreensão da sabedoria.

    2. Com base na análise de Bourdieu sobre desigualdade no acesso à educação, discuta como a citação de Mateus 25:29 ilustra a disparidade no acesso à sabedoria.

    3. Como a visão de Mbembe sobre a natureza situada e performativa do conhecimento desafia a visão eurocêntrica do conhecimento? Use a citação de Colossenses 2:3 para apoiar sua resposta.

    4. Explique a interseção entre conhecimento e poder conforme destacado por Said. Como a citação de Eclesiastes 7:12 sugere que a sabedoria pode servir como um escudo contra as injustiças do poder?

    5. Com base no ensaio, discuta a ideia de que a sabedoria é universalmente acessível. Quais são as barreiras e complexidades que moldam o acesso à sabedoria? Como podemos buscar caminhos mais equitativos e inclusivos para a sabedoria?

    quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

    A Era da Inocência Digital ("Nem tudo que reluz é ouro." - Provérbio popular)

     

  • A Era da Inocência Digital ("Nem tudo que reluz é ouro." - Provérbio popular)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    Navegando pelas redes sociais outro dia, deparei-me com uma cena que me gelou a espinha: uma criança, não mais que doze anos, exibia maços de notas de cem reais enquanto proclamava sua independência do sistema educacional. "Ganho mais que meus professores!", vangloriava-se ela, com a ingenuidade de quem ainda não aprendeu o verdadeiro valor das coisas.

    O algoritmo, esse maestro invisível de nossas vidas digitais, começou então a me mostrar um universo paralelo habitado por pequenos "empreendedores". Crianças que trocaram a magia do recreio pela ansiedade das métricas, que substituíram as brincadeiras no parque por *lives* sobre marketing digital. "Fature 100 mil em 30 dias!", prometem elas, enquanto seus dedos pequenos deslizam sobre telas de smartphones últimos modelos.

    Uma investigação mais profunda revela um padrão perturbador: plataformas como Kiwify, Cakto e Kirvano servem de palco para esse teatro do absurdo, onde crianças são transformadas em garotos-propaganda de uma fantasia perigosa. Os erros de português parecem propositais, como se a falta de educação formal fosse um distintivo de autenticidade. Algumas até aparecem ao lado dos pais, que sorriem orgulhosos dessa nova forma de exploração infantil.

    Por trás das cortinas digitais, descobri uma engenhosa máquina de ilusões. Os cursos vendidos por essas crianças são, na verdade, ministrados por adultos que as instruem inclusive sobre como burlar as regras das plataformas que proíbem menores de idade. É um ciclo perverso onde crianças são usadas para vender sonhos impossíveis a outras crianças.

    Os especialistas são unânimes em seus alertas: pediatras falam sobre adultização precoce e problemas psiquiátricos; advogados apontam as ilegalidades do trabalho infantil disfarçado; psicólogos preveem as consequências dessa exposição prematura. Mas quem está ouvindo? O barulho das notificações e o tilintar virtual das moedas parecem mais sedutores que qualquer advertência.

    Lembro-me da minha própria infância, quando nossos sonhos de riqueza não passavam de encontrar um tesouro enterrado no quintal ou ganhar na rifa da escola. Hoje, vejo essas crianças presas em uma corrida frenética por *likes* e seguidores, medindo seu valor em métricas e conversões. A educação formal, aquela que ensina não apenas conteúdos, mas valores e pensamento crítico, é ridicularizada como um caminho para a pobreza.

    O mais triste é perceber que estamos criando uma geração que pode nunca conhecer o valor do conhecimento construído tijolo por tijolo, da satisfação de uma descoberta após horas de estudo, da riqueza que existe nas trocas verdadeiras entre alunos e professores. Em vez disso, oferecemos a eles um atalho ilusório, pavimentado com promessas vazias e números fantasiosos.

    Fecho as redes sociais e me pergunto: que sociedade estamos construindo quando permitimos que nossas crianças acreditem que estudar é perda de tempo? A maior pobreza não está em seguir o caminho tradicional da educação, mas em trocar o desenvolvimento integral por um punhado de curtidas e uma conta bancária temporariamente rechonchuda. A verdadeira riqueza da infância não pode ser medida em reais por hora, nem pode ser comprada com qualquer curso milagroso. Ela está nas descobertas diárias, nas amizades construídas no pátio da escola, nas dúvidas que nos fazem crescer, no tempo lento e precioso do aprender. Essa é uma lição que nenhum algoritmo pode ensinar.


    Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas sobre os temas principais do texto, no formato de pergunta simples:


    1. De que forma o texto descreve a relação entre as crianças que atuam no marketing digital e o sistema educacional tradicional?

    2. Quais as críticas apresentadas no texto em relação ao papel das plataformas digitais como Kiwify, Cakto e Kirvano nesse contexto?

    3. Segundo o texto, quais as possíveis consequências negativas para o desenvolvimento das crianças envolvidas com o marketing digital precoce?

    4. Como o texto contrapõe a busca por sucesso rápido e financeiro com a importância da educação formal e do desenvolvimento integral da infância?

    5. Qual a reflexão central proposta pelo autor sobre a sociedade que permite que crianças acreditem que estudar é perda de tempo?

    O Contracheque e o Pudor ("A educação custa dinheiro. Mas, então, custa menos que uma nação ignorante." – W.E.B. Du Bois)

     Crônica 


    O Contracheque e o Pudor ("A educação custa dinheiro. Mas, então, custa menos que uma nação ignorante." – W.E.B. Du Bois)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    Naquela manhã abafada, a Escola Raimundo Nonato seguia sua rotina habitual. As crianças corriam pelo pátio, enquanto os professores, acostumados à algazarra, preparavam as aulas. Nesse cenário de aparente normalidade, um episódio insólito transformou um dia comum em notícia de escândalo.

    O professor Chico, carinhosamente apelidado de “Amanchu” pelos alunos, era um ícone de popularidade. As crianças adoravam suas aulas de português, repletas de histórias criativas, e os pais admiravam seu empenho em garantir o aprendizado de todos. Chico era daqueles professores que sabiam o nome de cada aluno e se interessavam por seus sonhos. Por isso, ninguém poderia imaginar que o homem conhecido por sua didática e carisma teria seu nome envolvido em uma acusação tão controversa.

    Na sala dos professores, o alvoroço começou quando a diretora, com semblante tenso, pediu silêncio. Um pai acabara de chegar à escola com uma queixa grave: seu filho, Juliano, voltara para casa em estado de choque após presenciar algo “inapropriado” durante a aula. Diante do relato, a diretora prontamente iniciou uma averiguação.

    Chico, com olhar confuso e postura calma, confirmou o ocorrido: “Abri minha bolsa, tirei o contracheque e mostrei. Não pensei que fosse causar todo esse problema.” O contracheque exibia o valor de 875 reais, um salário que muitos considerariam insuficiente para a dedicação exigida pela profissão.

    No entanto, o impacto foi inesperado. Segundo testemunhas, uma das crianças desmaiou ao ouvir o valor. A imagem de um educador tão respeitado apresentando algo tão "desconcertante" ganhou proporções de escândalo. Indignados, os pais consideraram o ato um atentado à inocência dos pequenos. "Como explicar isso para uma criança? Que tipo de exemplo ele está dando?", reclamou Maurício Seixas, pai de Juliano.

    A polícia foi acionada e Chico foi conduzido à delegacia, onde recebeu voz de prisão por “atentado gravíssimo ao pudor”. A acusação, por mais absurda que parecesse a alguns, encontrou eco em outros, que viam na atitude do professor uma quebra de confiança, antiética. Pressionado pela repercussão, o Ministério da Educação cassou a licença do educador.

    Ao revisitar o caso, pergunto-me: em que momento deixamos de enxergar o verdadeiro valor de quem ensina? Chico foi punido por escancarar, sem filtro, uma dura realidade: a desvalorização do professor. Sua atitude pode ter sido mal calculada, mas carregava um grito silencioso por dignidade.

    Ao fim, restam perguntas que ecoam: quem deve proteger a inocência de quem? As crianças foram de fato vítimas, ou o verdadeiro atentado ao pudor foi outro, maior e mais crônico? É irônico pensar que o professor, cuja função é iluminar mentes, foi preso por tentar mostrar o peso que carrega.

    Assim, concluo com a reflexão de que o silêncio nem sempre é sinal de prudência. Às vezes, é o maior erro. Que Chico tenha sua voz ouvida e que, um dia, as verdades difíceis não precisem mais ser escândalo, mas o início de uma mudança.


    https://www.instagram.com/reel/DEdGIGGyBnE/?igsh=amthNW1lOGh4cTV6&fbclid=IwY2xjawHshe5leHRuA2FlbQIxMAABHXS1vgqa8QooPiU7kffqgNU8A3998bb85Hhjfyt4_CBNiaIA2La22bHjxQ_aem_RcMm0KfCPZLiSHCFhWyOaQ


    Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:


    1. Qual o impacto da exposição do contracheque do professor Chico na comunidade escolar, segundo o texto?

    2. De que forma o texto relaciona a atitude do professor Chico com a questão da valorização dos profissionais da educação?

    3. Como o texto aborda a dualidade entre a aparente normalidade do cotidiano escolar e a ocorrência de um evento considerado escandaloso?

    4. O texto utiliza a expressão “atentado gravíssimo ao pudor” para descrever a acusação contra o professor Chico. Qual a sua interpretação sobre o uso dessa expressão no contexto apresentado?

    5. Segundo o texto, qual a relação entre o silêncio e a necessidade de mudança em relação à situação dos professores?