Do Silêncio ao Grito: Reflexões sobre Violência, Indisciplina e a Falta de Afeto ("Precisamos aprender a conviver ou a perecer juntos." – Martin Luther King Jr.)
A notícia, fria e distante, chegou como um impacto: “Estudante é presa no Japão após ataque com martelo em universidade”. A manchete, por si só, já carregava uma violência intrínseca, mas a descrição dos detalhes tornava a cena ainda mais perturbadora: oito estudantes feridos em um ambiente que deveria ser sinônimo de aprendizado e convívio pacífico. A reportagem da g1 detalhava o ocorrido na Universidade Hosei, em Tóquio, envolvendo uma jovem sul-coreana de 22 anos. A agência Kyodo acrescentava um elemento crucial: a confissão da agressora, que alegava sentir-se “frustrada” por ser ignorada e assediada pelos colegas. A palavra “frustrada” ecoou em minha mente, revelando um abismo de sofrimento e solidão.
Imediatamente, a tragédia japonesa me remeteu a outra questão, também relacionada à violência, embora em um contexto diferente: a indisciplina escolar. Reflexões sobre esse tema apontam, frequentemente, para a ausência de afeto familiar como um fator determinante. A falta de diálogo, de limites claros e de uma educação responsável no ambiente familiar contribui para o comportamento indisciplinado dos alunos. A escola, enquanto instituição social, precisa estar preparada para lidar com esses reflexos, buscando a participação da família e trabalhando para desenvolver nos alunos a capacidade de expressar ideias e opiniões de forma crítica e construtiva.
A cena da universidade japonesa, com cerca de 150 estudantes em uma aula rotineira interrompida pela violência, intensificou essa reflexão. O relato de um aluno à Agência Kyodo, sobre a agressora movendo o martelo sem direção aparente, atingindo aqueles sentados na última fileira, transmitia uma sensação de caos e desespero. Outro descreveu o rosto inexpressivo da jovem, como se ela estivesse agindo sob uma força incontrolável. A reportagem também mencionava a discriminação sofrida por coreanos no Japão, adicionando uma complexidade social e histórica à tragédia.
A violência, seja o ataque com um martelo em uma universidade, seja a indisciplina em sala de aula, revela uma profunda carência: a falta de escuta atenta, de diálogo e de afeto. O martelo, um instrumento de construção, transformado em arma, simboliza essa inversão de valores. Da mesma forma, a indisciplina, muitas vezes, é um grito silencioso por atenção, por reconhecimento, por um espaço onde a voz possa ser ouvida.
Acredito que tanto a violência extrema quanto a indisciplina cotidiana têm raízes profundas na falta de limites e, principalmente, na falta de afeto. Os limites, contudo, não devem ser meramente impostos, mas construídos em conjunto pela criança, pela família e pela escola, utilizando o diálogo como ferramenta principal. A família precisa procurar compreender a criança, oferecendo afeto, atenção e estabelecendo limites com respeito. A escola, por sua vez, deve gerar atividades que incentivem a participação da família, mostrando aos pais a importância de seu envolvimento na vida escolar dos filhos.
Acredito que, ao trabalhar valorizando e reconhecendo a história de vida de cada aluno, há um despertar para o processo de ensino-aprendizagem. Uma boa conversa, onde o professor expõe seus objetivos e acolhe as sugestões dos alunos, mostrando a eles que fazem parte da sociedade e que existem regras para o bom convívio, pode ajudar a amenizar muitos problemas. A construção conjunta das regras da turma pode ser uma solução eficaz, fazendo com que o aluno se sinta parte do processo e, consequentemente, mais propenso a obedecê-las.
A tragédia no Japão e as reflexões sobre a indisciplina escolar me levam a concluir que a violência, em qualquer de suas formas, é um sintoma de uma sociedade que precisa urgentemente resgatar valores como o diálogo, o afeto e o respeito. Precisamos construir espaços mais acolhedores e inclusivos, onde a frustração não se transforme em violência e onde o silêncio ensurdecedor seja substituído por vozes que clamam por paz e compreensão. Educar, afinal, significa ajudar o aluno a construir sua autonomia, disciplina, ordem, liberdade, amor e paz. E essa construção só é possível com a parceria entre família e escola, com muita escuta, afeto e diálogo.
Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:
1. De que maneira o texto estabelece uma conexão entre o ataque ocorrido na universidade no Japão e a questão da indisciplina escolar?
2. Segundo o autor, qual o papel do afeto familiar no desenvolvimento de comportamentos violentos ou indisciplinados?
3. Como o texto aborda a importância da escola enquanto instituição social na prevenção da violência e na promoção do diálogo?
4. Quais as propostas apresentadas no texto para lidar com a indisciplina escolar e construir um ambiente mais acolhedor?
5. Em síntese, qual a principal mensagem que o autor busca transmitir ao conectar os eventos no Japão com a problemática da indisciplina escolar?
Nenhum comentário:
Postar um comentário