"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

Pesquisar neste blog ou na Web

quarta-feira, 12 de julho de 2023

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (43): O Milagre de Cuidar do Próximo.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (43): O Milagre de Cuidar do Próximo.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma manhã ensolarada, dessas que trazem consigo a promessa de um dia especial. Enquanto caminhava pelas ruas movimentadas da cidade, meus pensamentos se voltavam para as palavras sábias proferidas por Jesus. Ele, o mestre dos mestres, nos ensinou que cada vez que estendemos a mão ao nosso próximo humilde, estamos servindo a Ele mesmo. Uma afirmação poderosa que ressoa em meu coração até os dias de hoje.

Através dessas palavras, Jesus nos convida a enxergar além das aparências, a transcender as divisões impostas pela sociedade e a reconhecer a divindade presente em cada ser humano. Ele nos mostra que o verdadeiro propósito de nossa existência está em cuidar uns dos outros, em sermos canais de amor e compaixão.

Lembro-me de um momento marcante em minha vida, um instante em que tive a oportunidade de testemunhar o poder transformador dessas simples ações. Em um dia como qualquer outro, deparei-me com um homem desamparado, de olhos cansados e alma desgastada pela dureza da vida. Seu semblante refletia a solidão e a desesperança que o consumiam.

Sem pensar duas vezes, estendi minha mão a ele, oferecendo um sorriso acolhedor e uma palavra de conforto. Foi como se um milagre acontecesse dentro de mim. Os ombros caídos se ergueram, um brilho tímido voltou a iluminar meus olhos e um suspiro de alívio escapou de meus lábios.

Não era apenas o fato de ter oferecido um gesto de bondade, mas sim a consciência de que, naquele momento, eu estava tocando a vida de Jesus de maneira tangível. Eu me vi como um instrumento nas mãos divinas, uma extensão de Seu amor misericordioso.

A partir desse encontro, minha visão de mundo mudou para sempre. Percebi que cada encontro, por mais fugaz que seja, é uma oportunidade divina de deixar uma marca positiva na vida de alguém e mais na nossa própria vida. Afinal, não se tratava apenas de prestar assistência material, mas de estar presente, de oferecer um ombro amigo, de compartilhar uma palavra de esperança.

A lição de Jesus é clara: quando atendemos as necessidades do próximo humilde, estamos honrando a presença do divino em cada ser humano. Somos chamados a ver além das aparências, a reconhecer o potencial de transformação que cada pessoa carrega consigo. E, ao fazer isso, somos agraciados com a oportunidade de testemunhar milagres diários, de experimentar a plenitude que só o amor desinteressado pode proporcionar. Fez muito bem para mim.

Que essas palavras ecoem em seu coração, querido leitor, como um chamado para despertar o poder do cuidado em sua própria vida. Que possamos enxergar as oportunidades diárias de fazer a diferença, de oferecer uma mão estendida, de ser o raio de luz na escuridão do mundo.

Pois, no final das contas, o bem que fazemos nos autentica como verdadeiros cristãos, luz e sal na terra.

terça-feira, 11 de julho de 2023

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (42): Como Valorizar o Ministério Individual?

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (42): Como Valorizar o Ministério Individual?

Por Claudeci Ferreira de Andrade

No turbilhão da vida, somos constantemente desafiados a refletir sobre nosso papel no mundo. Afinal, o que significa ser um mordomo de Deus? Essa indagação me conduziu por um caminho de descobertas, revelando a importância de valorizarmos o ministério individual que nos foi confiado.

Somos agraciados com o privilégio de administrar pessoalmente os bens divinos, o que nos permite estabelecer uma conexão genuína com nossos semelhantes. É nesse espaço íntimo e particular que podemos experimentar, de forma real, o poder transformador da presença de Deus em nossas vidas.

Lembro-me das palavras sábias de Heppenstall, que ressoam em minha mente como um eco inspirador. Ele nos lembra que aqueles que verdadeiramente experimentam o poder salvador de Deus não podem se contentar em ser meros espectadores. Somos chamados a participar ativamente da vida daqueles que nos cercam, compartilhando não apenas as bênçãos recebidas, mas também tomando sobre nós as necessidades e encargos daqueles que ainda não conhecem a Cristo.

Essa tarefa nobre não é apenas uma obrigação, mas uma oportunidade de crescimento e amadurecimento espiritual. Ao nos envolvermos na vida daqueles que cruzam nosso caminho, adquirimos uma compreensão mais profunda das lutas, das alegrias e das esperanças que permeiam a existência humana.

Ao nos tornarmos mordomos atentos e engajados, descobrimos que não estamos sozinhos nessa jornada. Somos parte de uma grande família, unida pelo amor e pela fé. E é através da expressão prática desse amor que podemos transmitir a mensagem transformadora do evangelho.

Valorizar o ministério individual não se resume a cumprir uma tarefa ou desempenhar um papel institucional. É um chamado para sermos agentes de mudança em um mundo sedento de esperança. É um convite para nos comprometermos com a causa do próximo, estendendo a mão aos necessitados, consolando os aflitos e compartilhando a alegria da salvação.

Portanto, que possamos abraçar essa missão com fervor e dedicação. Que nossas ações falem mais alto que palavras vazias, e que nossa presença seja um reflexo do amor incondicional de Deus. Ao valorizarmos o ministério individual, nos tornamos instrumentos poderosos nas mãos do Criador, capazes de impactar vidas e transformar realidades.

Que essa mensagem ecoe em nosso coração, inspirando-nos a agir e a compartilhar o amor divino com o mundo ao nosso redor. Pois, no fim das contas, é através de nossa dedicação e serviço que manifestamos a verdadeira essência da fé e construímos um legado que perdurará além de nós mesmos.

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (41): Comete Pecado Quem não Paga Dízimos?

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (41): Comete Pecado Quem não Paga Dízimos?

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Ao observar o cenário religioso que nos cerca, é impossível ignorar as controvérsias e debates acalorados que surgem em torno do tema dos dízimos. Afinal, seria pecado não contribuir financeiramente com a igreja? Essa questão complexa fez-me mergulhar nas escrituras em busca de respostas e compreensão.

Na essência da visão evangélica de Paulo, encontrei uma perspectiva intrigante. Para ele, cobrar o dízimo era um obstáculo para o avanço do Evangelho, e por isso ele próprio optou por não exigi-lo. Essa postura desafiadora nos faz refletir sobre o verdadeiro propósito por trás dessa prática.

Imaginemos, por um instante, um "crente" dirigindo-se aos apóstolos, seus pastores, para entregar seu dinheiro. E, para sua surpresa, os apóstolos o informam que nunca exigiram pagamento de qualquer espécie. Seria o "crente" considerado um pecador por retornar para casa com seu dinheiro? Se o ato de não pagar o dízimo fosse de fato um pecado, o apóstolo Paulo certamente não hesitaria em recebê-lo, temendo incentivar a inadimplência. "Se outros participam deste poder sobre vós, por que não, e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo". (1 Coríntios 9:12).

Essa atitude "antimissionária" não era exclusiva de Paulo, mas compartilhada pelos outros apóstolos também. Evidência disso está presente no verso mencionado anteriormente, no qual os verbos estão flexionados na primeira pessoa do plural: usamos, atendemos, exigimos, fizéssemos. Todos eles compreendiam claramente as implicações morais na vida dos dizimistas farisaicos, que, como dizem as escrituras, "parecem por fora justos aos homens".

A pergunta que surge diante desse panorama é: qual é o verdadeiro retorno esperado da sistemática do dizimar? O que motiva as pessoas a contribuírem? É a ostentação? A busca por reconhecimento social? Essas reflexões nos convidam a questionar nossas motivações e examinar se o ato de pagar o dízimo está realmente alinhado com o propósito mais elevado da fé.

Em vez de transformar essa questão em um julgamento moral, devemos buscar compreender a mensagem mais profunda do Evangelho. A generosidade, o cuidado com o próximo e o amor incondicional são princípios fundamentais que devem orientar nossas ações. Não se trata apenas de entregar uma porcentagem de nossos recursos financeiros, mas de viver uma vida de integridade, compaixão e serviço ao próximo.

Portanto, a resposta para a pergunta inicial não está em afirmar se é pecado ou não pagar dízimos. O cerne da questão reside em examinarmos nossas atitudes e motivações, em compreender que nossa conexão com o divino não pode ser reduzida a transações monetárias. É na vivência do amor, na busca pela justiça e na sinceridade do coração que encontramos a verdadeira essência da fé.

Que possamos refletir sobre o que realmente importa e, assim, caminhar em direção a uma espiritualidade prelibada.

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (40): A Empresa da Fé Ridicularizando o Dom da Pregação.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (40): A Empresa da Fé Ridicularizando o Dom da Pregação.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Havia um tempo em que a fé e a religião eram encaradas como algo sagrado, puro e intocável. Mas, ao olhar ao redor nos dias de hoje, percebo uma transformação que me inquieta e desperta questionamentos profundos em minha alma. Por que aderir e apoiar um sistema religioso que mais se assemelha a uma empresa ávida por lucro do que a um espaço de conexão divina?

A igreja, outrora um refúgio espiritual, parece ter adotado os moldes de uma firma convencional. Seleção de obreiros, sindicalização, férias remuneradas, aposentadorias por tempo de serviço e salários executivos! É como se o sagrado se tornasse profano, uma estúpida mordomia que desvirtua a verdadeira essência da mensagem divina.

É intrigante observar como até mesmo concursos foram realizados para empregar aqueles que desejam se empenhar na obra da pregação. Mas, como desclassificar alguém que genuinamente deseja dedicar sua vida a espalhar a palavra de Deus? Infelizmente, muitos foram oficialmente excluídos simplesmente por não possuírem a proteção de parentes, amigos ou poderosos "departamentais" já inseridos nessa estrutura organizacional.

Contrariando tais práticas, a própria natureza do Evangelho nos remete a uma pregação criativa e personalizada, desvinculada de qualquer entidade empregatícia. Os anjos, exemplo divino de dedicação, são voluntários por excelência. E todos nós que nascemos no Reino de Deus carregamos a sublime obrigação de sermos voluntários, testemunhando as Boas Novas de Salvação. Nada nem ninguém pode nos impedir; pois, o conteúdo é o que realmente importa, e todos estamos devidamente habilitados para exercer um trabalho missionário brilhante.

Quantos servos de Deus, mesmo sendo simples e humildes, têm impressionado o mundo com o poder de suas palavras! Eles não estão atrelados a uma estrutura empresarial, mas são livres para expressar sua fé de forma autêntica e impactante. Suas vidas são testemunhos vivos da mensagem que carregam, e suas obras transcendem qualquer formalidade institucional.

É tempo de refletir sobre a essência da religião, sobre o propósito mais profundo da fé. Devemos resgatar a simplicidade e a humildade que foram deixadas de lado nessa busca desenfreada por poder e lucro. A verdadeira pregação não pode ser ridicularizada por uma empresa da fé, pois sua força reside na conexão direta com o divino, na sinceridade do coração e no amor ao próximo.

Que possamos resgatar a pureza do dom da pregação, sem amarras ou interesses mesquinhos. Que possamos encontrar a liberdade espiritual que transcende as estruturas institucionais e nos permite ser verdadeiros mensageiros da palavra de Deus. Que nossa voz ecoe com a simplicidade e a verdade que somente a fé genuína pode oferecer.

E assim, com o coração inflamado pela paixão divina, concluo esta crônica evangelística.

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (39): Além das Sacolas e Bordões.

 

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (39): Além das Sacolas e Bordões.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma tarde tranquila, dessas em que o sol parece sorrir timidamente entre as nuvens, iluminando os caminhos com um brilho suave. Enquanto meus passos vagavam pelas ruas da cidade, os versículos das palavras de Jesus ecoavam em minha mente, despertando questionamentos profundos sobre o verdadeiro significado da missão religiosa.

Jesus, o Mestre dos mestres, falou com clareza sobre o sustento daqueles que se dispõem a pregar a mensagem divina. Sua recomendação era simples, mas carregada de significado. Não era para levar sacolas, carregar roupas e calçados em excesso. E ali, naquelas palavras, ficava claro como cristal que acumular riquezas materiais em nome do Evangelho não era o propósito verdadeiro.

A ambição, traiçoeira e ardilosa, poderia se tornar um tropeço para aqueles que se dedicam à causa de Deus. Os discípulos, os doze escolhidos, receberam instruções precisas: não levar malas pesadas, nem bordões. Aqueles que eles ajudassem deveriam cuidar de seu sustento, alimentando-os e provendo suas necessidades básicas. Foi como se Jesus dissesse: vocês estão indo para a missão com o propósito de estabelecer lares sólidos, não para erguer construções grandiosas, templos pomposos.

E os exemplos se multiplicam. Os setenta enviados também receberam orientações claras: não levar dinheiro, nem sacolas, nem mesmo um par de calçados extra. A ênfase estava na simplicidade, na confiança em Deus e na plena dedicação à tarefa que lhes fora confiada. Não havia espaço para preocupações mundanas, para distrações no caminho.

Contemplando essas palavras sagradas, minha mente se encheu de reflexões sobre a realidade atual. A obra de Deus, a pregação do Evangelho, não pode se tornar um cabide de "empregos". Nada causa mais desordem e perturbação do que transformar o caminho espiritual em uma busca incessante por benefícios materiais, em um comércio, vendendo promessas vazias.

A mensagem é clara e poderosa. O chamado divino não deve ser manchado pela ganância e pela busca desenfreada por lucros. O Evangelho, a mensagem de amor e redenção, deve ser oferecido gratuitamente, como um presente divino que transcende qualquer valor terreno. Aqueles que se dedicam à causa de Deus devem encontrar no desapego material e na simplicidade a verdadeira força para cumprir sua missão.

Que possamos refletir sobre essas palavras profundas, sobre a essência da fé e sobre a responsabilidade de cada um de nós no contexto religioso. Que possamos resgatar a pureza e a autenticidade do serviço espiritual, deixando de lado os interesses egoístas e abraçando o propósito maior de iluminar os corações e transformar vidas.

Que a crônica de nossos dias seja escrita com a tinta da verdade, da humildade e da devoção sincera. Que cada um de nós encontre em si mesmo a coragem para viver o puro evangelho.

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (38): A Inversão dos Valores no Serviço Religioso.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (38): A Inversão dos Valores no Serviço Religioso.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma manhã de domingo, daquelas que a brisa acaricia suavemente o rosto e o sol surge no horizonte, iluminando cada canto da cidade. Um dia que, à primeira vista, poderia ser apenas mais um dia comum na agitação urbana, mas que guardava segredos e reflexões em seu cerne. Era o dia em que tudo acontecia ao contrário, em que os rumos se invertiam e os conceitos se distorciam.

Os "pastores", figura central, em suas vestes imponentes, dedicavam todo o seu tempo, com uma dedicação duvidosa em termos de qualidade, exigindo, em contrapartida, um teto salarial que os colocasse no patamar de Very Important Person, como se fossem verdadeiras celebridades. O sagrado se mesclava com o mundano, e aqueles que deveriam ser guias espirituais terminavam por trabalhar arduamente para conquistar adeptos para si mesmos, seguindo a lógica insensata de que quanto mais dizimistas, melhor.

O que antes era um chamado divino, uma missão para guiar almas em busca de paz espiritual, parecia ter se transformado em uma busca desenfreada por reconhecimento e poder. Os valores morais se perdiam em meio a ambição desmedida, e os interesses pessoais obscureciam a verdadeira essência do serviço religioso.

Caminhando pelas ruas, eu observava essa realidade paradoxal que se apresentava diante dos meus olhos. Os templos majestosos e repletos de fiéis, cujas vozes se uniam em cânticos de louvor, agora pareciam ter uma sombra pairando sobre eles. Os sorrisos forçados e os discursos ensaiados ecoavam em minha mente, contrastando com a simplicidade e a autenticidade que devia permear a vida religiosa.

A cronologia do tempo revelava a inversão dos valores, o desvanecimento da verdadeira vocação em troca de uma fama efêmera e uma conta bancária repleta. O trabalho sagrado, antes visto como uma dádiva, tornou-se uma busca incessante por seguidores, como se o número de adeptos fosse a métrica definitiva para medir o sucesso.

Nesse cenário perturbador, reflito sobre a mensagem que fica para nós, leitores desta crônica vivida e compartilhada. Devemos questionar o rumo que damos à nossa fé, o modo como valorizamos aqueles que nos guiam espiritualmente. Será que estamos buscando o verdadeiro sentido da religião, ou estamos nos deixando seduzir por uma aura de poder e fama?

Que possamos resgatar a simplicidade e a pureza da devoção, valorizando aqueles que genuinamente se dedicam ao serviço religioso por amor às almas. A grandiosidade não está em ter um salário VIP, mas em viver a mensagem de amor, compaixão e esperança que transcende qualquer ganância material.

Que a crônica de nossos dias possa ser escrita com a tinta da autenticidade e da busca pelo divino, desprendendo-se das amarras do ego e abraçando a verdadeira essência do serviço espiritual. Somente assim, poderemos encontrar o caminho de volta à simplicidade.

segunda-feira, 10 de julho de 2023

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (37): A Dualidade do Trabalho Religioso.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (37): A Dualidade do Trabalho Religioso.

Claudeci Ferreira de Andrade

Receber dízimos para sustentar o trabalho "sagrado" dos pastores, anciãos, diáconos e obreiros desperta uma questão intrigante: seria esse um método desonesto? Essa reflexão nos conduz ao universo das atividades religiosas, onde a linha que separa o trabalho profissional da vocação espiritual se torna tênue.

É preciso compreender que o trabalho religioso não se enquadra nos moldes tradicionais de um contrato de emprego. Sua natureza transcende o aspecto técnico e material; pois, seus propósitos são ideais, voltados para o exercício de uma vocação. O objetivo não é meramente profissional; mas, de ordem espiritual. A atividade religiosa deveria ser desenvolvida desinteressadamente, sem buscar benefícios econômicos.

Paul Durand, em suas considerações, ressalta que os religiosos não buscam um salário ao servirem suas ordens. O que é pago a eles não configura um salário propriamente dito; mas sim, uma retribuição pelo serviço prestado. É uma forma de honrar aqueles que compartilham dos mesmos sentimentos religiosos, que se dedicam à comunidade que os remunera.

No entanto, é importante salientar que existem normas regendo as relações entre pastores, fiéis e templos, inspiradas no poder espiritual. É crucial não confundir o ato de contribuir com o dízimo como o pagamento de um salário; pois isso, distorceria a própria essência da crença religiosa. Seria uma farsa aos princípios que norteiam a fé, um reconhecimento equivocado de um trabalho movido por interesses financeiros.

Nesse contexto, a reflexão se torna profunda. O debate sobre a remuneração dos líderes religiosos entrelaça-se com a essência do serviço espiritual e a devoção dos fiéis. É um dilema que confronta a dimensão material e a transcendência espiritual, exigindo um olhar crítico e sensível.

Diante dessa questão, somos desafiados a refletir sobre a natureza do trabalho religioso e a importância de separar os conceitos de funcionário assalariado e vocação. Cabe a nós, como fiéis e membros da comunidade, compreendermos a complexidade desse tema e buscarmos uma visão mais ampla, pautada na busca pela espiritualidade genuína e no respeito aos princípios que regem a religião.

Que possamos encontrar, dentro de nossa jornada de fé, a sabedoria necessária para compreendermos o valor intrínseco do trabalho religioso e, acima de tudo, para preservarmos a pureza de nossas convicções espirituais. Que o zelo pela comunidade e pelo serviço sagrado prevaleça sobre qualquer interesse material.