"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sábado, 28 de julho de 2012

(RE)POSIÇÃO DE AULAS DA GREVE ( "Vi ontem professores fazendo greve pelo TER. Fiquei em dúvida se se tratava de professores, pois estes têm consciência de seu papel que é despertar o SER nos seus discípulos, dando a eles o exemplo" — Francis Iacona)



Crônica

(RE)POSIÇÃO DE AULAS DA GREVE ( "Vi ontem professores fazendo greve pelo TER. Fiquei em dúvida se se tratava de professores, pois estes têm consciência de seu papel que é despertar o SER nos seus discípulos, dando a eles o exemplo" — Francis Iacona)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          O último elemento norteador, de que as greves de professor resultam no faz-de-conta crônico da educação, condiz exatamente com o propósito da comunidade escolar: é que, dessa vez, a "reposição", dos dias não trabalhados, começa antes mesmo da assembleia avaliativa dos sinais de cumprimento do governo. Pelo menos, descobri que é preciso muita imaginação para o faz-de-conta prevalecer! Aliás, a palavra "reposição" também reforça a lambança. Vem do Latim "repositio, onis"- voltar a pôr ou colocar algo ou alguém no lugar ou estado que tinha antes. Como pôr novamente algo que ainda não foi posto nenhuma vez? Então, acho mais adequado chamar esse intento de cumprimento das aulas do calendário letivo.
         Esse cumprimento proposto das aulas da greve cheira-me punição apenas. O calendário oficial de "reposição" discrimina só a quantidade de aulas, as quais o professor tem que pagar a qualquer custo, mas em que turma, quais conteúdos, a quais alunos, isso não se fala, não lhe interessa. Uma vez dessas, o SINTEGO resolveu assim: "A reposição começará no dia 14 de abril e haverá reposição aos sábados, tendo como limite as 18 horas, o que significa que os alunos que estudam no período da noite poderão ter aulas no final de semana em outro turno". Ora, no sábado, o transporte escolar municipal não funciona, e os religiosos (Adventistas) não trabalham, diga-se de passagem! Isso prova que o foco é o professor devedor não o aluno perdedor. Aqui o que importa à lei é a quantidade. A turma do mal, ou melhor, a banda podre já fala até de fazer um evento de jogos interclasses para valer como cumprimento das aulas da greve; passeios. E que  tal, uns trabalhos extraclasse para contar também?  Com o anúncio do corte de ponto aleatoriamente, será que o governo quer que os servidores que, por motivos tais como: licença maternidade, licença saúde e férias-prêmio, pague pelo o prejuízo que não causaram?
          E se o alunado não quiser aulas aos sábados? Eu até gostaria de presenciar uma revolta de aluno, por esse motivo, para eu ver a inédita  atitude do governo, como ele devolveria os "pontos cortados". Aí, as aulas não aconteceriam, e o que os professores grevistas iriam fazer? E os tutores das subsecretarias (duplas pedagógicas) iriam fazer o quê? Aliás, a presença destes na Unidade Escolar subestima a competência do grupo gestor. E oprime os talentos para que as inovações bem intencionadas, em consonância com a realidade particular, venham à tona. Talvez a Unidade Escolar tenha uma ideia melhor!!! E sempre tem, porém não pode praticá-la o cabresto é apertado. 
          Há outra coisa engraçada, nas aulas vagas do professor que não veio hoje, porque estava de atestado médico, o outro devedor da greve soma para si. Então dois professores ganham por uma aula só. "Bola de neve"!
          Uma greve gera outra greve, esta que, por sua vez, já acontece continuamente com o nome de "operação tartaruga"!
Claudeko
Enviado por Claudeko em 31/03/2012
Reeditado em 26/07/2012
Código do texto: T3586115
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quarta-feira, 25 de julho de 2012

OS AVISOS DA MORTE (Envelhecer ainda é a única maneira que se descobriu de viver muito tempo. — Charles Saint-Beuve)



Crônica

OS AVISOS DA MORTE (Envelhecer ainda é a única maneira que se descobriu de viver muito tempo. — Charles Saint-Beuve) 

Por Claudeci Ferreira de Andrade

      Sempre pensei sobre a morte como algo compulsório, mas compulsório mesmo é o desejo de morrer. Seria uma agonia tremenda a morte, se não tivéssemos o estágio da velhice, com mil motivos, para desejar a morte. "A morte parece menos terrível quando se está cansado", disse Simone de Beauvoir.  E quando uma pessoa jovem morre, em uma missão perigosa, antes ela assumiu o risco de morrer, de certa forma estava preparada. E as doenças nunca nos pegam de surpresa, porém com a mesma lentidão que elas desaparecem, elas também aparecem. O ritmo é o mesmo. Deus seria injusto demais se nos dessem a morte repentina, sem primeiro nos conscientizar sobre ela como sendo Seu maior ato de amor para o nosso bem supremo, descansando-nos de uma vida cheia de pecados e consequências ruins. A maior justificativa divina é que, se ninguém morresse, então teria de parar os nascimentos! Quando uma fruta amadurece e cai, está se doando ao consumo. Amadurecer é preciso, e apodrecer é automático!
         Quando uma pessoa se nega pensar na morte, ela está senão mostrando indisposição para amar a vida e se negando ao preparo, pedindo a imediata culminância de  tudo, a fim de acabar a inquietação; isso jamais significa que ela está isenta do processo de maturação natural, melhor é aceitar em paz, não há como burlar as leis da natureza, "Envelhecer ainda é a única maneira que se descobriu de viver muito tempo." — Charles Saint-Beuve. À noite, com a cabeça no travesseiro, a reflexão acontece. "É na hora de dormir que os problemas acordam". E a conclusão óbvia: morte é uma benção para os sobreviventes.
          As razões para matar tornam-se também razões para morrer, aquelas provocam estas! Quem mata sempre avisa. Ninguém morre sem consciência da morte, pode até ignorar os motivos, mas nunca deixará de receber justamente o aviso do depósito, pois "a morte é salário do pecado". Disse Epicuro: "A morte não é nada para nós, pois, quando existimos, não existe a morte, e quando existe a morte, não existimos mais." 
Código do texto: T3561177
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segunda-feira, 16 de julho de 2012

ESCOLA, UM ESPAÇO HOSTIL ("Amor: um sentimento acolhedor." — Edna Frigato)


Crônica
ESCOLA, UM ESPAÇO HOSTIL ("Amor: um sentimento acolhedor." — Edna Frigato)

Por Claudeci Ferreira de Andrade


           O professor trabalha em um ambiente hostil por natureza, indesejado em seu próprio espaço de trabalho, ainda mais "chato" como eu sou! Chegando à escola, os alunos me perguntam: — por que o senhor veio hoje? (A maior desgraça de um professor é ter de ensinar aluno que desconhece seu papel na escola). 
           Na sala dos professores, os colegas querendo "subir ou descer aula" e continuar saindo mais cedo, ficam torcendo pela falta de um (que adoeça ou morra...). E quando eu chego, olham em mim e se decepcionam. Se vou à secretaria, as auxiliares pensam que vou incomodá-las, dando-lhes mais trabalho e me tratam com indiferença ou com chacotas e desdéns repelentes, a fim de me desanimar de suas prestimosidades. — Olhe, à secretaria da escola, só vou lá tirar algumas cópias de folhas para os alunos e não é todo dia, assinar o ponto sim. O pessoal da limpeza de forma alguma gosta de me ver transitando por ali, nos corredores, para jamais sujar o piso. Para os estranhos olhamos com medo! Sabemos que escola pública não gera receita para o estado, talvez por essa razão, o governo sempre passa por longe. E o bom senso também faz curvas! Mas, a desassistência política escorraça a clientela séria de lá. 
            Em todos estes anos de trabalho, mesmo assim, não gosto de faltar às aulas e reuniões de trabalho, porém não me lembro de alguma sugestão que eu dei, em alguma atividade da rotina escolar, ser aceita pelo o grupo, mesmo bem intencionado como estou agora. Sou muito ruim mesmo ou há uma resistência descarada à viabilização do meu pensamento qualificador. No meu caso, é uma experiência desperdiçada. Aí, para completar, uma aluna do 7º ano me perguntou se sou formado mesmo! Só pode ter sido orientada! E suspeito de colegas "intelectuais" que sentindo-se ameaçados com minha "burrice", então preferiram somar-se aos "ingênuos". Por isso, deduzo que eles nem leem minhas crônicas da vida escola, para continuarem zelando do próprio conforto. Todavia, não me calarei até porque aqui, no mínimo, curo minhas depressões, falando com meu caderno de anotações e treino minha escrita!
           Contudo, exite o dia da acolhida para alunos e funcionários. Como é irônico! No início do ano, fazemos festa com a finalidade de recepcionar os alunos e nós mesmos, com as boas primeiras impressões. É a vez dos novatos, eles frequentam uma semana de aula e desaparecem! Nunca sei se estavam só nos testando ou... Talvez seriam eles os intelectuais do progresso! Um ambiente de educação jamais deveria ser assim tão rotativo! Porém, devia, sim, ser o mais aconchegante de todos os lugares da terra, como merecem pessoas educadas! Todavia o é para alguns. Recebemos aqueles que já quase reprovado em outra escola, então se transferem para cá, no final do bimestre, não importa, e a gente faz o milagre sobre pressão. Mas, não se explica o porquê de os funcionários da escola baterem em retirada, às carreiras, ainda mergulhados no último sonido da sirene, e, dois minutos depois, ninguém se encontrará mais ali, nenhum atendente de plantão!
           Qual minha contribuição nesta situação calamitosa? Pelo menos alimento esta utopia: A escola é educadora. É pena que sou passivo, sofro quieto e assim fica difícil melhorar. Se chiado valesse alguma coisa, "Sonrisal" não morria afogado! Quando o espírito de Dalai Lama baixar em mim, e, na minha esquizofrenia, ouvir sua voz, dizendo-me de dentro para fora: "Se descobrirmos que não podemos ajudar os outros, o mínimo que podemos fazer é desistir de prejudicá-los." Então, eu vou desistir do sistema educacional, repetindo as palavras de Bob Marley: "Eu desisti. Mas não pense que foi por não ter coragem de lutar, e sim por não ter mais condições de sofrer".


Enviado por Kllawdessy Ferreira em 10/03/2012
Reeditado em 20/06/2012
Código do texto: T3546275 
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12/03/2012 09:12 - flavoide

Velhinho caduco...gostei muito do seu texto, pois ele reflete exatamente o que de modo geral a sociedade pensa sobre esta profissão decadente. Hoje pude presenciar uma mãe desabafando:- " Esses vagabundos não querem trabalhar, tem tanta gente precisando de emprego e esse povim na porta da escola fazendo greve." Falar o que? Somos realmente alvos de críticas, uma classe abandonada e sem representatividade... Perfil indefinido. Não temos valor para a sociedade e nem nos damos o valor, pois a qualquer momento a diretoria/diretor nos convoca para uma reunião e daí os furões da greve retomam as atividades. Somos assim mesmo, nos deixamos levar e nos familiarizamos com um bom dircurso.

11/03/2012 11:30 - Professor Machado [não autenticado]

Muito bom seu texto, descreve com precisão nosso cotidiano no universo escolar. Se não bastasse todo a nossa desvalorização externa a escola, ainda existem dentro do espaço de trabalho aqueles indivíduos que nos tem como um forasteiro indesejado. O nosso local de trabalho é tão ?pesado? que quando percebemos um sorriso no rosto de algum profissional ou este encontra-se falando mal de um colega ou o salário saiu....rrsssssssssss

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sábado, 7 de julho de 2012

"PEDOFILIALIZAÇÃO" (Só é possível ensinar uma criança a amar, amando-a." — Johann Goethe)



Crônica

  "PEDOFILIALIZAÇÃO" (Só é possível ensinar uma criança a amar, amando-a." — Johann Goethe) 

Por Claudeci Ferreira de Andrade

         Antigamente um adulto conduzindo uma criança era o ideal, hoje, é fatal! Nunca ouvi falar que os índios estuprassem suas crianças, talvez seja por isso que estão em extinção!!!! Será se uma Educação segura precisa de delatores e de uma turba do "pega e lincha" de plantão? Qual destas três posições é raiz para uma sociedade saudável: adulto estuprador, criança molestada, turba de linchadores? Disse Contardo Galligari: "A turba do 'pega e lincha' representa, sim, alguma coisa que está em todos nós, mas que não é o anseio de justiça. A própria necessidade enlouquecida de se diferenciar dos assassinos presumidos aponta essa turma como representante legítima da brutalidade com a qual, apesar de estatutos e leis, as crianças podem ser e continuam sendo vítimas dos adultos." (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2404200826.htm) — acessado em 16/10/2017.
          Vira e mexe, estamos vendo na TV casos de religiosos pedófilos, professores também! Bem pudera, a erotização está em todos os lugares abundantemente. Anos atrás a educação era um sacerdócio, hoje o sacerdócio é uma deseducação! Ou não é isso que crianças e adultos aprendem nos noticiários, novelas, filmes, desenhos animados e jogos eletrônicos, senão erotizarem-se? Já diziam os mais velhos que inversão de valores é perigoso! Atualmente na crise das definições, se um adulto curtir no facebook uma foto de uma "de menor" já é julgado como pedófilo! Porém aí está a grande ironia, desta geração hipersexualizada, pois a internet adotou as crianças do mundo se deixando mergulhar, enquanto os adultos só navegam! "Tudo é puro para os que são puros; mas nada é puro para os impuros e descrentes, pois a mente e a consciência deles estão sujas." (Tito 1:15).
             Do outro lado, as mães brigando para serem reconhecidas e independentes no papel de mulher, usando qualquer tema da moda para fortalecerem sua causa. Então quando é conveniente, a sociedade amortece as sensibilidades morais com as artes, festividades e comemorações: Dia Internacional da Mulher e Dia Nacional da Mulher, Dia da Secretária, Dia das Mães, Dia das Bruxas, Dia das Avós, Dia da Farra e do Beijo, Dia da Mulata, Dia da Rendeira, dia da Cachaça, então, não lhe sobra tempo para a coerência. No carnaval é assim, só funciona com mulheres e homens nus! Por falar nisso, pensou Carlo Dossi: "O pudor inventou a roupa para que se tenha mais prazer com a nudez". E nos bailes muitas bebidas e drogas! Quem vai se responsabilizar e repassar os verdadeiros valores para as crianças? Só sei que as mulheres não precisam pedir autorização aos homens, fazendo o pior que eles fazem, para mostrar-se igualmente a eles. 
            Uma coisa leva à outra! Deus não criou espírito homem nem espírito mulher. Devemos ser seres superiores, do mundo espiritual, com atitudes dignificantes. Por que tenho que ficar ouvindo e lendo "balela" sobre igualdade de gênero? Por isso digo: apenas, mulheres, sejam o que precisam ser realmente: mães, esposas amoráveis e guardiães de suas crianças!!! Se mulher é tudo o que dizem, e até de forma exageradamente, nas mensagens distribuídas em seu dia, devem ser muito mais também na educação das crianças. (Tenho muitos alunos, todavia a maioria nem parece ter mãe!).
          Sendo mais claro, acho que os movimentos em defesa da igualdade de gênero e a liberdade para a orientação sexual, têm propiciado um ambiente morno para desenvolver a pedofilia. E defendo que a pobreza financeira não foi causa de exploração sexual infantil. A outra pobreza sim, a de brio! As lutas feministas têm tido o mesmo espírito das greves, nesse ponto, a turba mendiga minha simpatia para marcar bem as diferenças, excitando a guerra maniqueísta: Elas se agitam para me levar na dança com todo mundo, mas eu não quero ir, servem para minar através do cansaço a resistência dos conservadores. 
          Uma operação agressiva das autoridades em combate  a esse mal que corrói os incapazes de decidir por si só. talvez chamasse: Tempestade "solar", título inspirado nestes dias de muito calor, podendo subir a temperatura. Que presentão para a "mãe terra", esquentando a geografia e os temas moralistas. Aí, então, finalmente ficará provado que o bem é tão mal quanto o mal, e o mal é tão bem quanto o bem. A razão está com quem precisa dela. O tolo não acha a verdade em nada. "Eu, que tenho mais consciência, terei menos liberdade!" (Pedro Barca).
Claudeko
Enviado por Claudeko em 09/03/2012
Reeditado em 07/07/2012
Código do texto: T3544175

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sábado, 30 de junho de 2012

ABORDAGEM (— "Você já foi preso"?)



Crônica

ABORDAGEM (— "Você já foi preso"?)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Sempre me disseram que os atalhos são perigosos, mas fiz pouco caso do precioso conselho, até que fui achado na economia do caminho e envergonhado. Saindo da escola, lá no Conjunto Valéria Perillo, Senador Canedo, depois do trabalho, no final do dia, porém ainda, não tinham acabado as minhas desgraças daquela quinta-feira. Desci a rampa de saída do postinho de saúde (PSF), com a moto, dali do pé da cerca ensombreada de hibisco, onde estacionava sempre, e cruzei a pracinha em frente pela calçada, já demonstrando meu cansaço de sala de aula, encurtando o trajeto para pegar a pista de volta a meu doce lar. Precavi-me, olhei para todos os lados, não tinha ninguém em perigo, então me atrevi, até porque não tinha visto a viatura da polícia militar vindo à minha direita. Que surpresa desagradável!!!  Abordaram-me aos gritos de comando e mão na arma, parei meio desatinado pela falta de experiência nessas situações; pediram-me meus documentos, estavam todos em ordem, como sempre os mantenho. Anotaram em um bloco oficial muitas coisas, inclusive meu endereço, a que menos me constrangeu, foi a pergunta: — "você já foi preso"? Porque, um fio de felicidade acendeu-se no meu coração, por poder contradizer-lhes respondendo destemidamente, com a força da verdade: — Ainda não, graças a Deus! 
           Bem, mas, depois de ter prometido piamente que aquilo não iria mais acontecer, eles, vendo minha intranquilidade ingênua, liberaram-me, dizendo para eu esquecer aquilo tudo.
          Os que aplicam as leis devem ser iluminados por Deus para terem polidez, destreza, talento e jeito para, no final, darem ao punido a mesma sensação de justiça que Lúcifer terá no final de seu julgamento Divino, motivando-lhe a expressão: — "Minha condenação é um ato de amor"! E aqui, foi mais ou menos o caso! Ou, pelo menos, tenhamos na consciência este pensamento de Friedrich Nietzsche: "O castigo foi feito para melhorar aquele que o aplica."
            Porém, como posso esquecer este terrível trauma moral? Embora merecido, diga-se de passagem! No outro dia, após o ocorrido, Sexta-feira de desforra, agora foi a vez dos alunos enquadrarem-me, quando pisei na entrada do portão, um, o Gabrielzinho, veio logo correndo em minha direção a peguntar, com aquele sorriso debochado: — "É bom ser pego pela polícia, fessor"?  Outros mais,  embora discretamente, abordaram-me com cuidado, contudo sem conseguir esconder a caçoada implícita: — "Os policiais queriam dinheiro, profe"? — "O senhor está importante, né prossô, dando autógrafo para a polícia"!
         Transgressões leves com penalidades máximas, isso fere mais do que cura. Aprendi essa lição, e meus alunos serão duplamente beneficiados...
Claudeko
Enviado por Claudeko em 04/03/2012
Reeditado em 26/06/2012
Código do texto: T3534178



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sábado, 23 de junho de 2012

PEDAGOGIA POR TERRA ("Não existe pedagogia quando o outro está disposto a não aprender a aprender" — Bruno Marinelli)



Crônica

PEDAGOGIA POR TERRA ("Não existe pedagogia quando o outro está disposto a não aprender a aprender" — Bruno Marinelli)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          No calor das reivindicações dos professores do estado de Goiás pelo plano de carreira, fui coagido a refletir no valor do profissional da educação, mais especificamente sobre o pedagogo. Então, perguntei-me por que uma ferrugem corrosiva destrói tanto esse título e trava essa função?
           Um formado em pedagogia do Movimento dos sem-terra, no programa deles,  respondeu-me: “Seria interessante que os cursos superiores dedicados à formação dos assentados não se limitassem à qualificação de educadores e sim fossem estendidos às diferentes áreas do conhecimento humano e necessidades dos assentamentos. Pensamos que são necessários cursos também na área de agricultura, de saúde, de economia, de direito...” (Aluno da Primeira Turma), (http://jeferson.silva.nom.br/js/pedagogia-da-terra-um-estudo-sobre-a-formacao-superior-de-professores-do-mst/amp/) — acessado em 24/09/2017.
          Agora a UFG, também, adotou a "Pedagogia da terra"! Ter um diploma de pedagogia da UFG era um privilégio sem medidas. Só os campeões de uma concorrência exacerbada gozavam dele. Hoje, não, com o advento dos Cursos a distância, cota aos negros, para alunos do colégio público e dos analfabetos funcionais, ENEMs da vida e o descaso do governo desvirtuaram as licenciaturas de lá, todos os sem-terra, sem-teto e sem-...(qualquer coisa) vão ter curso superior em pedagogia facilitada; credenciados a concorrer nos concursos públicos da educação, então teremos uma avalanche de pedagogo na escola pública, logo teremos mais coordenadores que professores. É algo parecido com um desequilíbrio na cadeia alimentar, se matássemos todos as cobras superpovoariam os ratos! Sem esquecermos da "pedagogia parcelada" da UEG e seus efeitos catastróficos à autoestima de muitos que estão fora de sua função. Tudo isso causará uma inchação sem remédio!!
          Ironizando ou não, um amigo professor, um excelente professor de geografia, diga se de passagem, com boa formação, ainda no estágio probatório pela educação estadual, disse-me: —"Claudeko, já pensei até em fazer um curso de pedreiro... De tanto que estou insatisfeito nessa profissão. No último sábado, o rapaz colocou 22 metros de cerâmica na minha casa e levou R$ 212,00...Enquanto que no colégio, num dia inteiro de serviço, jamais me rende 70% desse valor.Tem base?"
          Eu diria que de jeito nenhum tem base, todavia não me assusta, apenas me indigna, pois sempre tivemos alunos bem mais remunerados do que nós! Mas, preocupa-me a questão: Com que status podemos ser os professores deles!? Além dessa humilhação e do desrespeito social à função, acaçapam-nos ainda mais em um lugar de segregação e também derrubam nossa autoestima, apesar de portarmos um diploma de licenciatura da UFG. Quando aumenta a oferta da mão de obra, o trabalho barateia.          
Claudeko
Enviado por Claudeko em 25/02/2012
Reeditado em 23/06/2012
Código do texto: T3518769


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