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MINHAS PÉROLAS

A prontidão do perdão, viabiliza a repetição do erro. Por isso, não se perdoa completamente, nem deve restaurar a confiança!
Claudeci Ferreira de Andrade

sábado, 7 de fevereiro de 2009

A Comida Sem Sabor da Educação ("A educação é a capacidade de ouvir quase tudo sem perder a calma ou a autoconfiança." — Robert Frost)



A Comida Sem Sabor da Educação ("A educação é a capacidade de ouvir quase tudo sem perder a calma ou a autoconfiança." — Robert Frost)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Já sentiu o gosto amargo de comer sem fome, engolindo sem prazer, até se sentir cheio, mas sem satisfação? É exatamente assim que me sinto todas as sextas-feiras, ao ministrar minha sexta aula de Língua Portuguesa, semana após semana, na mesma sala de aula, como se um horário letivo mal planejado fosse a única alternativa. O ensino, que deveria ser um processo de troca e aprendizagem, transforma-se em um gesto mecânico, onde a paixão pela educação se perde no trajeto. A sala de aula, em vez de ser um espaço de transformação, se torna uma repetição sem fim, como a ingestão de comida sem gosto, sem vida.

Para que um ano letivo seja bem-sucedido, é preciso dar atenção aos elementos mais essenciais, frequentemente negligenciados. O sistema educacional, em sua estrutura falha, oferece aos professores e alunos uma "educação sem sabor". Muitos de nós, professores, nos vemos obrigados a engolir essa comida estragada, dia após dia, como se fosse inevitável. Não podemos esperar um bom resultado se começamos mal. Em qualquer processo, o início é crucial, e a educação não é exceção: um começo mal estruturado jamais levará a um fim feliz.

Na minha visão, uma educação ideal repousa sobre três pilares fundamentais: uma gestão escolar organizada, conteúdos adequados e material didático atualizado. Esses são os alicerces que sustentam o sistema educacional e que devem atrair a comunidade escolar para enfrentar, de forma unificada, os desafios de uma educação que luta para sobreviver às crises. Quando esses pilares faltam, a edificação do ensino se torna frágil, como tentar construir uma casa sem alicerces sólidos. A mudança começa na base, e é fundamental reconhecermos isso.

Você já parou para pensar se deseja algo melhor do que aquilo que vivencia no cotidiano escolar? Se a resposta for sim, então há uma centelha de esperança. Isso mostra que, mesmo diante de tantas dificuldades, ainda carregamos em nós o desejo de fazer mais, de ir além do que o sistema nos impõe. Esse desejo é movido por uma competência que, mesmo abalada, permanece latente em muitos de nós. Pode ser difícil admitir, mas esse impulso é o que nos leva a buscar um ensino de qualidade, a lutar contra a mediocridade e a procurar algo mais do que simplesmente seguir protocolos.

Contudo, a realidade é dura: muitos se conformam, ocupam seus cargos e seguem cumprindo tarefas sem questionar, sem inovar. Ser educador vai muito além de simplesmente preencher uma função. A diferença entre ser um bom profissional e apenas ocupar um cargo é enorme. Conhecer os preceitos teóricos é importante, mas entender a realidade da sala de aula, conhecer as necessidades reais dos alunos e do sistema, é o que realmente faz a diferença. Muitos se prendem às formas exteriores e ao cumprimento do regimento, sem perceber que a verdadeira essência da educação está em compreender e atender às demandas do momento.

Não somos professores por acaso. Somos vocacionados para um propósito maior, com um potencial imenso que, muitas vezes, se perde em meio à burocracia e à falta de estrutura. Nossa missão é levar o saber adiante, com dedicação e amor, e não apenas cumprir uma função. O sistema educacional, em sua rotina desgastante, muitas vezes nos reduz a um ciclo mecânico, onde nossa função é quase animalizada, sem espaço para a verdadeira criação e transformação. Mesmo assim, precisamos nos esforçar para manter acesa a chama que nos impulsiona a melhorar, a lutar por um ensino que não seja apenas funcional, mas transformador.

Estudos científicos demonstram que o alimento consumido sem prazer não é aproveitado da mesma forma que o alimento ingerido com satisfação. O mesmo se aplica ao ensino: quando não encontramos prazer em ensinar, o impacto no aprendizado dos alunos e na nossa própria capacidade de ensinar é devastador. A motivação genuína é o que faz a diferença, e sem ela, o processo de ensino-aprendizagem se torna vazio e sem sentido. A educação não pode ser uma obrigação sem gosto; deve ser uma fonte de prazer, troca e crescimento mútuo.

É urgente que entendamos que, para educar de verdade, não basta cumprir regras e protocolos. É necessário mais do que isso: é preciso paixão, dedicação e, principalmente, respeito. O momento de transformar a educação é agora. Devemos lutar para que nossa profissão não seja um simples ato mecânico, mas um verdadeiro chamado para a transformação. O conhecimento deve ser compartilhado, não guardado apenas para nós. Como educadores, somos responsáveis por criar, por transmitir o que há de melhor, e é assim que poderemos resgatar a verdadeira essência da educação.


Com base no texto apresentado, elaborei 5 questões que exploram diferentes aspectos da experiência do professor e da dinâmica escolar:


O autor compara o ensino a uma refeição sem sabor. Quais são os elementos que, segundo o texto, tornam o ensino "sem sabor" e como isso impacta a aprendizagem dos alunos?

Essa questão leva os alunos a refletir sobre os fatores que desmotivam professores e alunos, e como isso influencia a qualidade do ensino.


O texto destaca a importância de uma gestão escolar organizada como base para uma educação de qualidade. De que forma uma gestão eficiente pode contribuir para um ambiente de aprendizado mais favorável?

A questão busca que os alunos compreendam a importância da organização e do planejamento na escola e como isso impacta o dia a dia dos alunos e professores.


O autor menciona que muitos professores se conformam com a situação atual. Quais os fatores que podem levar os professores a se conformarem com um sistema educacional que consideram insatisfatório?

Essa questão incentiva os alunos a refletir sobre as dificuldades que os professores enfrentam e as razões que podem levar à falta de engajamento em suas atividades.


O texto destaca a importância da paixão pela educação para o sucesso do processo de ensino-aprendizagem. Como a paixão dos professores pode influenciar a motivação dos alunos e a qualidade do ensino?

A questão leva os alunos a analisar a importância da relação entre professor e aluno e como o entusiasmo do professor pode impactar a aprendizagem dos estudantes.


O autor propõe uma reflexão sobre o papel do professor na sociedade. Qual a importância de que os professores busquem constantemente se aperfeiçoar e inovar em suas práticas pedagógicas?

Essa questão estimula os alunos a refletir sobre o papel social do professor e a importância da formação continuada para a melhoria da educação.


2 comentários:

Escrevendo na Pele disse...

Oi, queridão, endosso daqui tudo que você expôs. E sei o quanto é difícil dar continuidade a esse respeitoso trabalho já que não se conta com uma estrutura bem equipada para tal. Mais uma vez nos deparamos com a falta de interesse e vemos o desprezo pela educação. Mas, continue, continue e continue! Como disse à você, ainda acredito no ensino e valorizo por demais os educadores. Mil beijinhos.

NANAMOURA disse...

Oi, Professor Claudeci, tudo bem?
Sempre estou lendo suas crônicas e, fiquei tua fã, pois comungo das tuas idéias. Também estou insatisfeita com nosso sistema educacional brasileiro. Mesmo não tendo a devida valorização, sabemos que só a educação é o canal para a transformação e melhoria da sociedade. Acredito no ser humano! Abraços!