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MINHAS PÉROLAS

⁠UM PRAZER LEVA AO OUTRO ("O que não dá prazer não dá proveito." — William Shakespeare)
           Sou portador de sentidos e sensibilidades com os cinco sentidos bem intermediadores, sou a razão do prazer que sinto. Se o prazer é pecado; então, a existência de todo ser humano é pecado. O medo do pecado é exatamente o maior bloqueador da felicidade, como não ter prazer de existir? Portanto, é do forte desejo do prazer proibido que a religião se aproveita e vende a paz de consciência para os compradores de Deus com dízimos. E o pecado que o Céu condena tem na igreja: As relações sexuais e ambição! Mas, são os do inferno que nos ensinam que tudo é pecado, divulgando o inferno! Há, sim, maneiras diferentes de gozar a vida. Saborear cada consequência prazerosa tanto para vida como para a morte, o gozo último deve ser o real sentido do viver. Isto é, o prazer que traz a vida é o mesmo que traz a morte! Na região mais profunda da língua está a percepção do amargo, pois no corpo pronto para morrer ainda desperta sensações desconhecidas. Quem pode dizer que também não é prazer, se a dor pode viciar! Tudo realizado no limite é prazeroso em dobro: escapar do perigo ileso é bom demais. Ruim não é a morte, é o que mata. (CiFA

Claudeci Ferreira de Andrade

domingo, 1 de fevereiro de 2009

FLORES ANTES DO FUNERAL ( “Professor destaque")


Crônica

FLORES ANTES DO FUNERAL ( “Professor destaque")

Claudeci Ferreira de Andrade


          Eu nunca recebi flores e minha única chance de recebê-las, antes de meu funeral, seria se um dia fosse eleito o “Professor destaque" em minha unidade escolar. Mas, para ser eleito o destaque é preciso fazer milagres. Coisa que ainda não aprendi.

          Por que somos tão impressionados com coisas miraculosas? Damos toda a nossa atenção àquilo que faz nosso coração bater e acelera a nossa respiração. Quando o chefe vê o espetacular, ele baixa a faculdade de discriminação e perde a razão simplesmente pelo gozo do evento e mostra toda a sua fraqueza, elegendo o funcionário destaque.
          Não é de surpreender, portanto, que muitos recorram a testificar de atos deveras impressionantes na escola: índice de reprovação zero, promoção de passeio, aulas de campo, projeto de dança, entrega de diários e relatórios antecipados, nenhuma falta com o livro de ponto, assinado quinze minutos antes do horário. Tem uns que recorrem até a métodos desonestos para se evidenciar, como inspecionar a vida alheia para apresentar a mais quente fofoca, “verdadeiros milagres”.
          A maioria de nós talvez não sejamos capazes de jactar-nos de tão magnífico portfólio avaliativo como o deles, mas podemos lembrar-nos de que seríamos capazes de Produzir milagres menores. Pensamos na inundação de sentimentos que tivemos durante o chamado à coordenação, isso produziu até lágrimas, e permanecermos firmes. Pensamos na ocasião em que falamos com alguém importante para ajudar adquirir alguma coisa para facilitar a fluência do trabalho, recebendo um não. E que dizer da ocasião em que conduzimos algum aluno “trapalhão” à coordenação e ouvirmos dela que esse é um aluno especial? Não constitui tudo isto prova de que estamos entre os dignos de destaque, também?
          Mas, o resultado final nos adverte de que tudo isto simplesmente é um grande problema. O poder miraculoso pode impressionar-nos; mas somos gratificados mesmos somente por um salário que nos dignifique à vida. Podemos livrar-nos de alguns maus hábitos de professor; dar boas aulas; podemos até mesmo levar pessoa a passarem no vestibular. Entretanto, os únicos impressionados são os outros. O que realmente necessitamos é de ser impressionados com uma vida digna de um profissional que se preze. De outro modo estaremos ainda influenciados por aquele velho mito de que a felicidade está fundamentada no bom desempenho em vez de no poder aquisitivo lato.
          Mas, a história de vida de qualquer pessoa (porque todos passam pela Escola) confirma que isto produz servidores atrofiados. Por melhores, miraculosas e rotuladas que sejam as ações, feitas com o seco propósito de vencer o concurso: “professor destaque”, são ações atrofiadas. Não porque as ações em si sejam sinistras, mas porque são feitas por pessoas alienadas.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 07/06/2009
Código do texto: T1636134

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Comentários

Um comentário:

Escrevendo na Pele disse...

Querido mestre Claudeko, você não tem noção de como admiro o trabalho de um professor. Sei que a trajetória é difícil, pois numa sociedade que valoriza apenas a "casca", um pseudo-governo, fora outras situações constrangedoras, fica inviável ser o mestre! Mas sei que assim como eu, existem milhares de pessoas que também amam esse ofício de Amor! Ser professor, ser gente, ser humilde não é pra qualquer um não! E sei também que apesar de todas as dificuldades, são vocês professores que nos dão o alento de uma vida digna e respeitosa. Acredito no ensino e na boa vontade de mestres e alunos, e prezo pela continuidade!! Beijão, professor.