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sábado, 9 de janeiro de 2010

QUEM LUCRA MAIS? (E as greves na educação são reincidentes)




Crônica

QUEM LUCRA MAIS? (E as greves na educação são reincidentes)

Claudeci Ferreira de Andrade

                Deixei de receber minhas diárias, no direito de cursista/tutor, no curso “Profuncionário”, realizado no IFG, último encontro/2009. Anexei algumas notas e preenchi todo o formulário, especialmente no espaço apropriado que dizia: “Assine por extenso”. A princípio, tive dificuldade para entender a orientação, pois minha assinatura da carteira de identidade é uma rubrica. Mas, desta vez, num novo formulário, resolvi escrever meu nome com letras cursivas, falsificando, dessa forma, minha própria assinatura! Ficou assim: Claudeci F. de Andrade. Fiz esta abreviatura do sobrenome “Ferreira”, considerando que o espaço era reduzido. A "responsável" da Secretaria de Educação recusou meu formulário, outra vez, legivelmente preenchido, e com um gesto ríspido, deu-me, pela terceira vez, mais um formulário em branco, recomendando que eu passasse a limpo. Por isso, maltratou-me com palavras diminuidoras, porque já tinha feito isso três vezes, por ter rubricado a primeira folha. Agora, envergonhado resolvi me retirar com meus “cuponzinhos fiscais” de baixo valor, só para credenciar mérito para receber as tais diárias. Assim, abri mão de um direito que não sei de onde veio e nem sei para onde foi!
                Por que tenho que lutar ferrenhamente por um direito que já me pertence? Pagar novamente para usufruir de um benefício já adquirido! Ainda hoje, somos conduzidos a legalizar posse de nossos direitos, atendendo a burocracia insana da educação pública, não como heróis conquistadores para recebê-los honradamente do sistema, mas como penitentes e pedintes. O sistema nos carrega de um sentimento de incompetente, desmerecedor demais. E não encontramos o caminho da prosperidade a não ser o da fuga mediante as imposições a nós mesmos conferidas. Quisera eu ir e vir sem nenhuma exigência dessa natureza. Ah, se tivesse alguém justo que viabilizasse meus direitos no sistema, uma vez que cumpro meus deveres para com o mesmo! Se não o faço por merecê-los que me diga com profissionalismo e competência, serei educado o suficiente para receber instruções. 
                 A requisição do usufruto de direitos sempre foi um sacrifício de sindicato. O caminho dessa categoria (Professorado) sempre foi penoso, especialmente quando seu sindicato se considera autossuficiente e de reputação considerável. Já cheguei a pensar que não deveriam existir sindicatos, bastando-nos apenas cumprir bem os nossos deveres, e nossos direitos advinham automaticamente. Mas, não, eu não compreendia o quão perigosa pode ser a confiança própria nessa questão. Só podemos desfrutar de nossos direitos quando os saqueamos com muitas brigas, só trabalhar honestamente não é o suficiente para ter qualidade de vida nessa educação. Assim, somos ensinados a fugir da independência pessoal; todos “mamam” um pouquinho. E as greves são reincidentes. 
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 09/01/2010
Código do texto: T2019649


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