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sábado, 13 de outubro de 2012

SUICÍDIO MORAL ("Imitação é suicídio". — Ralph Waldo Emerson)



Crônicas da vida escolar

SUICÍDIO MORAL ("Imitação é suicídio". — Ralph Waldo Emerson)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Hoje, à tarde, cheguei à escola para trabalhar, e encontrei vários papeizinhos na mesa dos professores, pareceu-me uma campanha, utilizando este recado anônimo: "PROFESSOR COM MUITO ORGULHO! Se um médico, ou um advogado, ou um dentista tivesse, de uma só vez, 45 pessoas no seu gabinete ou consultório, todas elas contendo diferentes necessidades, e até algumas que não querem está ali, e o médico, ou advogado, ou o dentista tivesse que tratá-las com elevado profissionalismo durante dez meses, então, agora vocês poderão fazer uma ideia do que é o trabalho do professor na sala de aula. — continuava o folheto — Se é PROFESSOR, cole isto no seu mural e ORGULHE-SE!!!" 
         Eu não entendi o recado, ou melhor, nunca foi para mim aquela mensagem, apesar de ser professor. E o que aqueles profissionais têm a ver com meu professorado? Será que eles deveriam fazer alguma ideia do que é o trabalho do professor na sala de aula? E por que se esforçariam por isso?
         Pela coerência da notinha, ela faz tanto jus ao meu mural quanto faria a pergunta: Se o gato come carne, por que o cavalo come capim? E quais as ideias que um bicho faz do outro!!!
          Como eu poderia sentir orgulho dessas revelações do desespero, um caçador desesperado atira para todos os lados. Vergonha, sim, mas sou tão sem vergonha que já faz vinte e cinco anos que suporto os dessabores e desencontros dos últimos momentos do sistema educacional público sem largar o "osso". Digo, ainda, sem vergonha por que uma pessoa desrespeitada sem a credibilidade de seus alunos e colegas, fingindo ter autoridade, não tem brio algum.
          Eu tinha acabado de participar de uma reunião, daquelas feitas no intervalo para o recreio, com a direção do colégio, na qual um punhado de nós, os que chegavam um pouquinho atrasado, porém sempre dentro dos dez minutos de tolerância,  para o início das aulas, a cada manhã, fomos taxados de "folgados" , "lerdos". Então revelando-me assim, fica evidente que já não tenho nem o respeito de mim mesmo. É estranho falar assim, mas é uma forma de achar que os outros jamais me condenem por aquilo que eu mesmo já me condenei.
          Este foi um dia gordo de incoerência, ainda tive de ouvir de uma colega de trabalho (professora da rede municipal), que não ler mais o "Diário da Manhã", pois "pertence ao Governo". É incoerente também negar elogios a quem a seu patrão. Com esta resistência querem os professores atrair a simpatia e o respeito do governador, enquanto categoria!
          Mas, não sou idiota, porque já dizia o contador de história: "idiota é quem faz idiotice".

Kllawdessy Ferreira
Enviado por Kllawdessy Ferreira em 14/05/2012
Reeditado em 15/10/2012
Código do texto: T3667979
Classificação de conteúdo: seguro


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