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MINHAS PÉROLAS

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

ABRAÇANDO PALMEIRAS: Insanidades na Pandemia de Covid-19 ("Minha terra não terá mais palmeiras se a humanidade não cuidar." — Daniel Ricarte)

 


ABRAÇANDO PALMEIRAS: Insanidades na Pandemia de Covid-19 ("Minha terra não terá mais palmeiras se a humanidade não cuidar." — Daniel Ricarte)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A Covid-19 afetou o cérebro, gerando cenas tragicômicas que espelham a insanidade coletiva: um idoso, com a saúde comprometida, anunciou-se em um site de namoro em busca de um relacionamento duradouro, movido pela confiança em sua vacinação privilegiada e descrevendo-se como saudável e rico. Essa cena resume o país: o Brasil, em coma induzido, tentava justificar sua paralisia moral com o pretexto de um impeachment. Nesse teatro, a realidade corroborou o texto bíblico: “Os justos florescerão como a palmeira, crescerão como o cedro do Líbano.” (Salmos 92.12).

O “tsunami” veio e as “casas” ruíram, derrubando não apenas estruturas físicas, mas também as máscaras — tanto as de pano quanto as sociais. As “palmeiras” permaneceram de pé, símbolos de resistência silenciosa, como na Indonésia, onde pessoas se salvaram do afogamento agarrando-se a elas. A água, apesar de destrutiva, purifica: arrasta o supérfluo e prepara o novo solo.

Entre a ruína política e o silêncio das ruas, a solidão agiu como um espelho, revelando que a pior contaminação era a indiferença e a crença cega em falsos salvadores. A fé se dividiu, e a razão foi tomada por paixões políticas, expondo uma epidemia moral caracterizada pelo colapso da empatia e da lucidez. O isolamento revelou quem sabia verdadeiramente estar só — aqueles que não precisavam fugir de si mesmos. Neste cenário de medo e esperança, pensar se tornou um ato de resistência, e a lucidez, uma forma de coragem discreta.

Durante a quarentena, trancado em casa, senti a falta de alguém com sensibilidade espiritual e boa formação cultural para partilhar reflexões sobre o medo e o sentido da vida. No lugar dessa presença, encontrei apenas discussões tolas e fanatismos disfarçados de opinião. Permaneço atento, não para afirmar independência, mas para preservar a sanidade que ainda resiste em quem ousa pensar, mesmo que o mundo ao redor tenha enlouquecido.


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A seguir, apresento 5 questões discursivas e simples, elaboradas com foco em conceitos sociológicos relevantes ao Ensino Médio, a partir do texto que trata das crises moral e social reveladas pela pandemia.

1. Individualismo e Desigualdade Social na Crise: O texto descreve o idoso que, confiante em sua “vacinação privilegiada”, busca um relacionamento duradouro. Analise este episódio sob o ponto de vista sociológico, discutindo como a desigualdade de acesso a recursos essenciais (como a vacina) pode reforçar atitudes de individualismo hedonista em meio a uma crise coletiva.

2. A Queda das Máscaras Sociais e Anomia: O autor afirma que o “tsunami” da pandemia fez cair as “máscaras sociais”. Explique o significado dessa metáfora na perspectiva da Sociologia. Que tipo de fenômeno social ou moral a queda dessas máscaras pode ter revelado sobre a coesão social ou a ética de convivência na sociedade brasileira?

3. O Colapso da Empatia e a Polarização: O texto diagnostica uma “epidemia moral” caracterizada pelo “colapso da empatia” e pela tomada da razão por “paixões políticas”. Discuta como a polarização ideológica e a indiferença (ou falta de empatia) podem minar a capacidade de uma sociedade de enfrentar um desafio comum, como uma crise sanitária, e se relacionam com o conceito de anomia (ausência de normas sociais claras).

4. Isolamento e a Crítica ao Fanatismo: O narrador, em isolamento, critica a superficialidade das discussões e o “fanatismo disfarçado de opinião” que encontrou. Como a digitalização e o isolamento durante a quarentena podem ter intensificado a formação de bolhas sociais e o fanatismo, dificultando a partilha de reflexões lucídas e o debate racional?

5. Pensar como Ato de Resistência: A reflexão final sugere que, no cenário de “insanidade coletiva”, “pensar se tornou um ato de resistência” e a lucidez, uma “forma de coragem discreta”. Em que sentido, para a Sociologia Crítica, o ato de manter o pensamento autônomo e lúcido pode ser considerado uma forma de resistência individual contra as forças de manipulação e padronização da sociedade em crise?

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