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sábado, 12 de janeiro de 2013

O MENEAR DA GANGORRA EDUCACIONAL! ("Susto na colheita: em vez do cupuaçu, cai a casa de vespas." — Aníbal Beça)



Crônica

O MENEAR DA GANGORRA EDUCACIONAL! ("Susto na colheita: em vez do cupuaçu, cai a casa de vespas." —  Aníbal Beça)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          No atual sistema educacional público, os bons ficam ruins e os ruins raramente ficam bons, isso na esfera discente. Agora, na esfera docente, só sei de uma coisa: sou ruim sim, apenas o suficiente, sem me importar com os que se acham bons demais fazendo só e exatamente o mesmo que nos é permitido fazer, e ousam ainda me chamar de fraco! Tecnicamente, o sistema nos obriga a sermos semelhantes demais, unificando o diverso. Não há quem possa fazer a diferença. Assim, brincamos de trabalhar criativamente na gangorra profissional do professorado sem a qualidade devida. O aluno desempenha o papel de professor, e o professor, de aluno (que o diga, Paulo Freire). Qual será o nosso "senhor" futuro?! Essa troca de papel é a justa ironia do destino, para os que têm muita sede de inovação. Às vezes, tenho me calado, sufocado pela garganta, diante dos alunos desrespeitosos: Na escola de meus trabalhos rotineiros, os alunos gritam comigo, xingam-me e mando eu tomar no c... Hoje uma aluna do sétimo ano "B" até falou em bater na minha cara. Seria assim que eles pretende ser educados? Você está rindo? Que tipo de aluno leva baralho à escola e pede o professor para jogar truco na hora da aula? É esse tipo atraído à escola pública pela a superfluidade do momento de modernização!? Então, você ri porque nunca esteve na situação de ouvir quieto tamanhos desaforos, do jeito como enfrento todos os dias, esperando a intervenção de Deus, por que creio estar dentro do plano dEle, cumprindo bem intencionado minha missão social. Depois, já em casa, ligo o computador, leio o comentário de mais um "Zoilo" , analfabeto funcional, difamando-me na net, por que leu mal a minha crônica, minha única maneira de desabafo para não morrer sufocado: escrevo terapeuticamente. Eita, vida de professor... Já com 58 anos de educação, descobri que a maioria que passa pelos bancos da escola só tem uma saída: ser mão-de-obra barata! Isso justifica meu salário. 
          Tentei, para meu prejuízo moral, encaminhar alguns desses desrespeitosos à Coordenação, na esperança que fossem advertidos de alguma forma, mas, lá, eles se defenderam com tantos argumentos acusatórios verdadeiros, falsos e retorcidos, e o errado ficou sendo eu. Em quem os inspetores de professor acreditam mais? "O cliente sempre tem razão"! Ou não?! Toda vez que isso ocorre fica negativamente um relatório meu nas pastas da escola, então deixei de denunciar aluno à coordenação. 
          Meu posto alto da gangorra é quando encontro um ex-aluno meu, que prosperou; então finjo ter participado de sua conquista, e agradeço seus elogios. Na verdade, deve fazer isso mesmo, pois, alguma coisa fiz a seu favor, contribui sim, pelo menos, não fui barreira, aplicando as inúteis regras da escola, quebrando sua resistência para os embates com o "senhor" futuro. Porém, por outro lado, sofrerei a mesma dor de hoje, sendo chamado à atenção pela diretora, pressionada por mães sem brio, reclamando de mim para ganhar o direito de deixar seu filho fazer o que bem entender na escola. "Ninguém merece"!!!
          Quando revejo um ex-aluno, desses irresponsáveis desrespeitadores, fracassado, chamando-me de professor, então entendo que sempre teve um Deus se importando comigo, conferindo-me agora esse insólito prazer em ver a colheita maligna do vizinho que plantou abrolhos.
Claudeko Ferreira
Enviado por Claudeko Ferreira em 17/08/2012
Reeditado em 12/01/2013
Código do texto: T3835460
Classificação de conteúdo: seguro


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