Coleção 61 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)
Por Claudeci Andrade
1 A inspiração do autor não se apaga por falta de vocação, mas pelas cicatrizes de um ensinar que se fez ato de resistência.
2 O professor teme a visita dos pais, pois a sombra da nota zero converte o aprender em vigilância e o diálogo em campo de confronto.
3 Critico o sábado letivo por expor a incoerência de um sistema que, ao planejar em excesso o supletivo, esquece a própria essência da síntese.
4 O professor, certo de sua competência, vê sua autoconfiança vacilar ao reconhecer-se nas fragilidades dos alunos e, ao ser questionado por uma aluna sobre sua formação, tem sua credibilidade silenciosamente colocada à prova.
5 O celular nas mãos dos alunos torna-se um instrumento de vigilância disfarçada que mais sabota do que promove o aprendizado.
6 Se os professores renunciarem ao compromisso e às virtudes sociais, tornar-se-ão servos de uma nova escravidão moral, formando os próprios algozes que os condenarão.
7 A educação formal fracassa em sua promessa de libertação ao formar indivíduos que, após anos de estudo, continuam cativos da ignorância funcional e da servidão econômica.
8 Os zumbis representam os que, corroídos pela inveja, alimentam-se da vitalidade alheia para manter viva a própria miséria.
9 O mal se autodestrói, mas antes de ruir força o bem a seus extremos, sustentando o desequilíbrio até que o pêndulo cesse e a harmonia retorne.
10 Reconheço-me como um cronista desvairado, que converte banalidades em crítica e medianos em heróis, costurando carapuças estreitas demais para cabeças que raramente pensam.
11 A primeira falha deveria ensinar o recuo, mas o homem, iludido pela sorte, persiste e descobre, tarde demais, que a certeza nasce do erro repetido.
12 Quem persegue a justiça em excesso aprisiona-se aos próprios critérios, pois até a conduta mais irrepreensível deixa rastros que podem virar prova contra si.
13 O sistema obriga um representante das minorias a falar incoerentemente em nome da igualdade, uma prática que escraviza e enfraquece, pois a falsidade dessa representação é sempre efêmera.
14 A mediocridade se alastra quando não contida, pois os hábitos expõem nossas fraquezas; o problema não é senti-las, mas a incapacidade de escondê-las.
15 Explico meu alto salário pela escassez de minhas qualidades, sustentando que o que é raro e valioso é justamente o que mais se ausenta.
16 Abandonei as "Palavras Cruzadas" nas aulas após críticas e acusações de malandragem, concluindo que quem ignora os méritos de um método vê toda inovação como ameaça, mas, no fim, os críticos se neutralizam; “cobra engole cobra”.
17 Comparo-me a Balaão, percebendo que, ao criticar a Educação, acabo por abençoá-la involuntariamente, e identifico-me com a jumenta falante, que intercede pelo bem enquanto sofre para se calar, questionando a ausência de um protetor.
18 O pensamento envenenado pelo ressentimento gera planos de vingança que inevitavelmente se voltam contra o próprio arquiteto, pois a obsessão vindicativa corrompe a razão e transforma o planejador em vítima de sua própria máquina de destruição.
19 Estudantes retribuem a infantilização institucional com omissão calculada: quando a escola os reduz a estereótipos no Dia do Estudante, eles respondem no Dia dos Professores negando homenagens, devolvendo silenciosa e criticamente a mesma condescendência que receberam.
20 O prazer é condição ontológica da vida humana; criminalizá-lo equivale a criminalizar a própria existência, e religiões mercantilizadas que impõem culpa transformam a corporalidade em instrumento de controle e lucro.
Por Claudeci Andrade
1 A inspiração do autor não se apaga por falta de vocação, mas pelas cicatrizes de um ensinar que se fez ato de resistência.
2 O professor teme a visita dos pais, pois a sombra da nota zero converte o aprender em vigilância e o diálogo em campo de confronto.
3 Critico o sábado letivo por expor a incoerência de um sistema que, ao planejar em excesso o supletivo, esquece a própria essência da síntese.
4 O professor, certo de sua competência, vê sua autoconfiança vacilar ao reconhecer-se nas fragilidades dos alunos e, ao ser questionado por uma aluna sobre sua formação, tem sua credibilidade silenciosamente colocada à prova.
5 O celular nas mãos dos alunos torna-se um instrumento de vigilância disfarçada que mais sabota do que promove o aprendizado.
6 Se os professores renunciarem ao compromisso e às virtudes sociais, tornar-se-ão servos de uma nova escravidão moral, formando os próprios algozes que os condenarão.
7 A educação formal fracassa em sua promessa de libertação ao formar indivíduos que, após anos de estudo, continuam cativos da ignorância funcional e da servidão econômica.
8 Os zumbis representam os que, corroídos pela inveja, alimentam-se da vitalidade alheia para manter viva a própria miséria.
9 O mal se autodestrói, mas antes de ruir força o bem a seus extremos, sustentando o desequilíbrio até que o pêndulo cesse e a harmonia retorne.
10 Reconheço-me como um cronista desvairado, que converte banalidades em crítica e medianos em heróis, costurando carapuças estreitas demais para cabeças que raramente pensam.
11 A primeira falha deveria ensinar o recuo, mas o homem, iludido pela sorte, persiste e descobre, tarde demais, que a certeza nasce do erro repetido.
12 Quem persegue a justiça em excesso aprisiona-se aos próprios critérios, pois até a conduta mais irrepreensível deixa rastros que podem virar prova contra si.
13 O sistema obriga um representante das minorias a falar incoerentemente em nome da igualdade, uma prática que escraviza e enfraquece, pois a falsidade dessa representação é sempre efêmera.
14 A mediocridade se alastra quando não contida, pois os hábitos expõem nossas fraquezas; o problema não é senti-las, mas a incapacidade de escondê-las.
15 Explico meu alto salário pela escassez de minhas qualidades, sustentando que o que é raro e valioso é justamente o que mais se ausenta.
16 Abandonei as "Palavras Cruzadas" nas aulas após críticas e acusações de malandragem, concluindo que quem ignora os méritos de um método vê toda inovação como ameaça, mas, no fim, os críticos se neutralizam; “cobra engole cobra”.
17 Comparo-me a Balaão, percebendo que, ao criticar a Educação, acabo por abençoá-la involuntariamente, e identifico-me com a jumenta falante, que intercede pelo bem enquanto sofre para se calar, questionando a ausência de um protetor.
18 O pensamento envenenado pelo ressentimento gera planos de vingança que inevitavelmente se voltam contra o próprio arquiteto, pois a obsessão vindicativa corrompe a razão e transforma o planejador em vítima de sua própria máquina de destruição.
19 Estudantes retribuem a infantilização institucional com omissão calculada: quando a escola os reduz a estereótipos no Dia do Estudante, eles respondem no Dia dos Professores negando homenagens, devolvendo silenciosa e criticamente a mesma condescendência que receberam.
20 O prazer é condição ontológica da vida humana; criminalizá-lo equivale a criminalizar a própria existência, e religiões mercantilizadas que impõem culpa transformam a corporalidade em instrumento de controle e lucro.

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