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domingo, 10 de setembro de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico I(28) Amigos ou Inimigos? Uma Análise Crítica da Visão Egoísta da Amizade

 




CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico I(28) Amigos ou Inimigos? Uma Análise Crítica da Visão Egoísta da Amizade

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A amizade é um valor fundamental para a vida humana, mas nem sempre é compreendida em sua plenitude. Alguns podem ver os amigos como uma fonte de problemas ou de gastos desnecessários, motivados pelo orgulho ou pelo impulso. No entanto, essa visão é simplista e ignora os benefícios da amizade sincera, que se baseia na confiança, na reciprocidade e no sacrifício mútuo. Neste ensaio, pretendo defender que a amizade é uma virtude que deve ser cultivada com sabedoria, sem medo de prejuízos materiais ou morais.

A ideia de que os amigos representam um perigo financeiro por conta de orgulho ou impulso é fruto de uma concepção egoísta e individualista da vida. Quem pensa assim não entende o verdadeiro significado da amizade, que é uma relação de afeto, de apoio e de crescimento mútuo. Como disse o filósofo Aristóteles, "a amizade é uma virtude ou implica a virtude, e é além disso extremamente necessária para a vida" (ÉTICA A NICÔMACO, Livro VIII). Sem amigos, o homem se torna solitário, triste e incompleto.

A visão do texto também ignora que a verdadeira amizade se baseia em confiança e reciprocidade. Os amigos não são pessoas que nos exploram ou nos manipulam, mas sim que nos acompanham e nos ajudam nas dificuldades. Como afirma Mario Sergio Cortella, “amigo de verdade é aquele que caminha conosco, lado a lado, ombro a ombro. Não à frente, puxando nem atrás, empurrando” (FELICIDADE AUTHÊNTICA, 2010, p. 67). Os amigos são parceiros de jornada, que compartilham sonhos e desafios.

Além disso, os riscos citados podem ser evitados com planejamento e maturidade. Não se trata de gastar mais do que se pode ou de se exibir para os amigos, mas sim de saber equilibrar as necessidades e os desejos. O filósofo romano Cícero dizia: "A amizade não pode ser exercida com arrogância nem com orgulho" (LÉLIO - DIÁLOGO SOBRE A AMIZADE, 44 a.C.). Cabe ao homem prudente ponderar suas ações e respeitar seus limites.

Não se deve temer a amizade sincera por medo de prejuízos materiais. Pelo contrário, deve-se valorizar a amizade como um bem maior do que qualquer riqueza. Como disse Jesus Cristo, “ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida pelos seus amigos” (JOÃO 15:13). O verdadeiro amigo está disposto ao sacrifício mútuo, pois sabe que o amor é mais forte do que a morte.

Portanto, reduzir a amizade a cálculos egoístas é desvirtuar seu significado. Devemos cultivar nossos relacionamentos com sabedoria, mas sem desconfiança ou individualismo. Pois como disse o poeta John Donne, “nenhum homem é uma ilha” (MEDITAÇÃO XVII). Somos seres sociais que precisam uns dos outros para viver plenamente.

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