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domingo, 17 de novembro de 2024

Palavras ao Vento: Reflexões de um Escritor ("Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento." — Clarice Lispector)

 

Palavras ao Vento: Reflexões de um Escritor ("Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento." — Clarice Lispector)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Alguma vez você já se perguntou o que acontece com as palavras que escrevemos? Onde elas pousam, quais corações tocam e quais feridas abrem? Ao longo dos anos, como escritor, tenho refletido muito sobre a jornada das minhas palavras e sobre a complexa relação entre o autor e o leitor. Churchill certa vez disse: "Os cães nos olham de baixo, os gatos de cima, mas os porcos nos olham de igual para igual." Essa frase sempre me intrigou, e ao longo do tempo, ela ganhou novos contornos em minha própria experiência com a escrita.

Ontem, comecei a refletir sobre as diversas reações que recebi ao longo dos anos. Ao vasculhar minhas redes sociais e memórias digitais, deparei-me com um mosaico de opiniões e sentimentos. Foi durante uma tarde de contemplação que essa analogia de Churchill ganhou vida. Observando um gato no muro, mestre da indiferença graciosa, compreendi a complexidade das relações entre quem escreve e quem lê.

Ao longo dos anos, identifiquei três tipos distintos de leitores. O primeiro, representado por pessoas como Pedro, que dissecavam meus textos com precisão cirúrgica. Suas críticas, embora dolorosas, eram presentes valiosos disfarçados de desafios. Foram essas contestações que me fizeram evoluir, repensar e renascer como escritor. Além disso, havia aqueles que traziam apenas ruídos vazios, grunhidos travestidos de argumentos. Lembro-me particularmente de um comentário tão agressivo que me fez questionar se havia cometido algum crime ao escrever. Foi aí que aprendi, como dizia minha avó, que "nem todo café merece açúcar, nem toda provocação merece resposta." O silêncio, nestes casos, tornou-se minha resposta mais eloquente.

No entanto, entre esses extremos, navegam os indiferentes - um terceiro tipo. São como peões no tabuleiro da escrita, que passam por nossas palavras sem deixar rastros, nem marcas. Inicialmente, sua neutralidade incomodava, mas aprendi a vê-la como um convite para aprimorar minha arte de provocar reflexões.

Escrever transformou-se num jogo de xadrez com parceiros invisíveis, onde cada texto é um lance estratégico, cada resposta uma jogada, e cada silêncio uma manobra calculada. Não se trata mais de vencer ou perder, mas de manter a dignidade do jogo e a autenticidade das ideias. Como a rainha, que move-se livremente pelo tabuleiro, nossas palavras podem alcançar lugares inesperados e provocar reações diversas.

Como quem lança pérolas ao vento, aprendi que algumas palavras encontrarão solo fértil, enquanto outras podem cair na lama. Mas isso não diminui seu valor intrínseco. A coragem de continuar escrevendo, independentemente do destino de nossas palavras, é o que verdadeiramente importa.

A você, que chegou até aqui, deixo uma certeza nascida da experiência: não são os aplausos que nos fazem crescer, mas a coragem de permanecermos autênticos diante de todos os tipos de olhares - sejam eles vindos de cima, de baixo ou de igual para igual. Porque no fim, o verdadeiro diálogo acontece não apenas nas palavras trocadas, mas também nos silêncios escolhidos.


Com base na reflexão apresentada no texto, proponho as seguintes questões para estimular um debate aprofundado sobre a escrita, a comunicação e a relação entre autor e leitor:


Qual a importância da frase de Churchill para a reflexão do autor sobre a escrita e a relação com o leitor?

Esta questão direciona os alunos a analisar como a metáfora dos animais ajuda a compreender as diferentes formas de interação com o texto.


De que forma as críticas e os comentários negativos podem influenciar o processo criativo de um escritor?

A pergunta incentiva os alunos a refletir sobre a importância da recepção do público e como lidar com opiniões divergentes.


Qual o papel do silêncio na comunicação entre o escritor e o leitor?

Esta questão leva os alunos a considerar que a ausência de resposta também pode ser uma forma de comunicação e a refletir sobre o significado dos diferentes tipos de leitores.


Como a analogia do jogo de xadrez contribui para a compreensão da dinâmica entre autor e leitor?

A pergunta incentiva os alunos a analisar a escrita como uma atividade estratégica e a considerar os diferentes movimentos e reações envolvidos nesse processo.


Qual a importância da autenticidade na escrita e como ela se relaciona com a coragem de enfrentar diferentes tipos de reações?

Esta questão convida os alunos a refletir sobre o valor da originalidade e da honestidade na expressão de ideias e a importância de lidar com as diversas formas de recepção do público.


Observações:

Abordagem interdisciplinar: As questões podem ser relacionadas a outras disciplinas, como língua portuguesa, filosofia e psicologia, ampliando a perspectiva dos alunos.

Crítica e reflexão: As perguntas estimulam os alunos a pensar criticamente sobre as informações apresentadas no texto e a construir suas próprias opiniões.

Diálogo e debate: As questões podem ser utilizadas como ponto de partida para debates em sala de aula, promovendo o respeito às diferentes perspectivas e a construção de um conhecimento coletivo.

Ao trabalhar com essas questões, é importante que o professor crie um ambiente seguro e acolhedor para que os alunos possam expressar suas ideias e opiniões de forma livre e respeitosa. A partir desse debate, é possível aprofundar a reflexão sobre temas como comunicação, criatividade, identidade e a construção de significado.

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