CONSCIÊNCIA CONCEBÍVEL APÓS A MORTE (Por que um artista só alcança o ápice de sua fama depois de morto?)
Sentado em minha poltrona favorita, com o som suave do jazz ao fundo e uma biografia em mãos, fui tomado por uma reflexão profunda sobre a estranha relação entre fama, arte e mortalidade. É curioso como um artista parece alcançar o ápice de sua fama somente após deixar este mundo, como se a morte fosse um holofote gigante, iluminando de repente toda a obra de uma vida.
Naquele momento, imaginei o espírito desse artista se espalhando como ondas de rádio, encontrando receptores em cada admirador, em cada obra deixada para trás. Nós, seres humanos, somos como pequenas estações transmissoras de ondas eletromagnéticas. Talvez, quando dormimos, nos conectamos a uma frequência universal, essa sabedoria eterna que alguns chamam de Deus. Como explicar, senão, que pessoas em cantos opostos do mundo tenham as mesmas ideias?
A conexão com os artistas que admiro vai além das páginas impressas. É como se seus cérebros, mesmo que há muito tempo silenciados pela morte, tivessem encontrado uma nova cidadela em minha mente. Após a morte, continuamos ativos, transmitindo nossas ideias através de outros "instrumentos". Quem tem mais interesse em meu sucesso do que eu mesmo? Isso é uma prova da vida pré-consciente após a morte e da existência de um Deus magnetizador.
Nossos pensamentos, nossas criações, tudo carrega o DNA de nossos ancestrais. Somos jogadores em uma partida eterna, recebendo e passando adiante a bola da existência. O tempo e o espaço entre o berço e o caixão de uma pessoa são apenas um pontapé na bola que já vem quicando em nossa direção de eternidade a eternidade.
Refletindo sobre nossa relutância em celebrar os vivos, lembrei-me da fábula da cigarra e da formiga. Por que esperamos a morte para prestar homenagens? Talvez os humanos tenham orgulho demais para serem vistos louvando seus ídolos vivos. As formiguinhas inóspitas que rejeitaram a cigarra talentosa não pensavam nas melodias que poderiam alegrar o próximo verão.
A vida é nossa única e verdadeira conexão com o eterno. Após a morte, estaremos disponíveis no etéreo para "download", mas só uma boa conexão é necessária: a própria vida! É hora de celebrarmos mais os artistas vivos, de reconhecermos o brilho antes que ele se torne uma estrela distante no céu da memória.
Nossas ideias e criações podem ecoar pela eternidade. Cada um de nós é uma obra de arte em progresso, merecendo aplausos não apenas no final, mas durante toda a apresentação que chamamos de vida. A morte, longe de ser um fim, é apenas uma transição. Um momento em que o artista, antes limitado pela carne, se liberta e se espalha pelo universo, encontrando novas formas de expressão e conexão. Pura energia quântica para a saúde dos outros!
Continuamos nossa jornada, sabendo que cada pensamento, cada criação, cada ação, é uma pequena contribuição para a sinfonia eterna da existência. Como disse Goethe, "O mais belo estado da vida é a dependência livre e voluntária: e como seria ela possível sem amor?". Que possamos, então, viver e criar com amor, sabendo que, de alguma forma, seremos sempre lembrados e celebrados no grande palco da vida.
Questões Discursivas:
1. O texto apresenta reflexões sobre a fama, a arte e a mortalidade, questionando a relação entre a morte e o reconhecimento artístico. Com base na perspectiva do autor, por que a morte parece ser um momento crucial para o reconhecimento de um artista e o que isso revela sobre a natureza da fama e da apreciação da arte?
2. O autor utiliza metáforas e analogias para ilustrar suas ideias, como a comparação entre artistas e transmissores de ondas eletromagnéticas e a vida como uma partida de futebol. Explique como essas analogias contribuem para a compreensão da mensagem central do texto sobre a vida, a morte e a arte.