CARÁTER CORROÍDO (Cuidado com o vício do não querer saber para não ter responsabilidade.)
É exaustivo insistir nas tentativas de aconselhamento coletivo aos alunos, quando o propósito é dissuadi-los de comportamentos contrários à educação. Eles respondem com desdém, zombam das máximas filosóficas que cito e me desanimam com ironias. Expressões como “Momento do Claudeko” e “Cala a boca Claudeko” – esta última, uma paródia criativa de “Cala a boca Galvão”, em referência ao locutor esportivo da Rede Globo – tornaram-se frequentes.
Denominei essa perturbação mental de: “vício do não querer saber para não ter responsabilidade.”
Por princípio de justiça, não se pode exigir mais de alguém do que aquilo que lhe foi ensinado. Contudo, de quem muito se ensina, muito se deve cobrar — eis o equilíbrio justo.
O conhecimento toma posse do indivíduo e passa a determinar seu modo de viver: sábio ou tolo. Embora a responsabilidade ocupe um papel central na vida, sua medida é proporcional ao saber do julgado. O ponto crucial, portanto, está no bom uso do conhecimento adquirido. A responsabilidade, em si, não é o mal; o mal surge no seu mau exercício, que corrompe o caráter.
Quem se propõe a fazer algo deve fazê-lo bem, utilizando todo o conhecimento disponível. Nesse sentido, não há distinção entre quem aprendeu muito ou pouco: seja perfeito na sua esfera.
Há, essencialmente, dois tipos de alunos: o sedento por aprender e o indiferente. Nós, professores, naturalmente preferimos o primeiro. Os desinteressados nos desanimam, pois reduzem o sentido do nosso trabalho e nos fazem desperdiçar energias que poderiam ser dedicadas a quem deseja crescer.
São como o Jeca Tatu de Monteiro Lobato, cujo principal cuidado é “espremer todos os ditames da lei do menor esforço.” Esses alunos furtam nossa paciência, abalam a vocação e, por vezes, a própria vontade de continuar, subtraindo o respeito e a atenção que nos são devidos enquanto educadores.
Além disso, procuram atrair a atenção dos colegas promissores — aqueles com objetivos nobres — por meio de suas gracinhas. Carentes de reconhecimento, esforçam-se em desviar os olhares para si, apenas para perturbar o andamento das aulas e atender suas carências, msd acabam conquistando admiradores.
Isso se transforma em um vício perigoso, pois perverte um desejo natural de prestígio.
Infelizmente, não posso ilustrar meu argumento com um caso específico, porque são tantos que se fundem em minha memória.
É verdade que minhas aulas talvez não sejam tão estimulantes; se nem os benefícios do governo e um lanche gostoso os motivam, eu não consigo. Mas, uma coisa leva à outra: o desânimo deles realimenta o meu. E, mesmo assim, a culpa recai totalmente sobre mim — justo quando exerço meu dever, suportando ainda colegas de trabalho movidos pela carência de poder.
O quadro é de adversidades. Esses alunos desperdiçam o tempo ao fugir das responsabilidades e traem o próprio senso de justiça ao negligenciar suas obrigações. Ou, como disse John Lennon: “A ignorância é uma espécie de bênção. Se você não sabe, não existe dor.”
-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-//
Com base nas ideias centrais do texto, que abordam questões de responsabilidade social, ética do conhecimento, e o papel do indivíduo no ambiente educacional, preparei 5 questões discursivas simples. O objetivo é fazer com que os alunos reflitam sobre a Sociologia da Educação presente no relato.
1. O Vício da Irresponsabilidade e o Papel do Conhecimento
O professor menciona o conceito de "vício do não querer saber para não ter responsabilidade." De uma perspectiva sociológica, explique o que essa ideia sugere sobre a relação entre a aquisição de conhecimento e as expectativas sociais que a sociedade impõe aos indivíduos.
2. Lei do Menor Esforço e a Socialização Escolar
O texto faz uma alusão ao personagem Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, citando a busca por "espremer todos os ditames da lei do menor esforço." Como esse comportamento se manifesta no ambiente escolar e quais são as consequências sociais e éticas para o processo de socialização dos alunos (e para o trabalho do educador)?
3. Busca por Prestígio e Desvio Comportamental
O professor afirma que alguns alunos, "carentes de reconhecimento," procuram atenção "apenas para perturbar o andamento das aulas," pervertendo um desejo natural de prestígio. Utilizando a Sociologia, discuta como a carência de status ou reconhecimento positivo pode levar a comportamentos de desvio (ou antissociais) dentro de uma instituição formal como a escola.
4. O Equilíbrio entre Cobrança e Ensino (Justiça Social)
O autor argumenta: "Por princípio de justiça, não se pode exigir mais de alguém do que aquilo que lhe foi ensinado. Contudo, de quem muito se ensina, muito se deve cobrar — eis o equilíbrio justo." Analise essa afirmação sob a ótica da justiça social na educação. Qual é o papel da escola, segundo o texto, em nivelar a base de conhecimento para que a cobrança de responsabilidade seja considerada ética e justa?
5. A Ignorância como "Bênção" e a Condição Docente
A citação de John Lennon ("A ignorância é uma espécie de bênção. Se você não sabe, não existe dor.") é colocada em um contexto onde o professor sente seu desânimo "realimentado" pelo desinteresse dos alunos. Como a indiferença e a "escolha pela ignorância" por parte dos alunos afetam a saúde mental e a vocação do educador, e por que o professor se sente injustamente culpabilizado nesse quadro de adversidades?
É exaustivo insistir nas tentativas de aconselhamento coletivo aos alunos, quando o propósito é dissuadi-los de comportamentos contrários à educação. Eles respondem com desdém, zombam das máximas filosóficas que cito e me desanimam com ironias. Expressões como “Momento do Claudeko” e “Cala a boca Claudeko” – esta última, uma paródia criativa de “Cala a boca Galvão”, em referência ao locutor esportivo da Rede Globo – tornaram-se frequentes.
Denominei essa perturbação mental de: “vício do não querer saber para não ter responsabilidade.”
Por princípio de justiça, não se pode exigir mais de alguém do que aquilo que lhe foi ensinado. Contudo, de quem muito se ensina, muito se deve cobrar — eis o equilíbrio justo.
O conhecimento toma posse do indivíduo e passa a determinar seu modo de viver: sábio ou tolo. Embora a responsabilidade ocupe um papel central na vida, sua medida é proporcional ao saber do julgado. O ponto crucial, portanto, está no bom uso do conhecimento adquirido. A responsabilidade, em si, não é o mal; o mal surge no seu mau exercício, que corrompe o caráter.
Quem se propõe a fazer algo deve fazê-lo bem, utilizando todo o conhecimento disponível. Nesse sentido, não há distinção entre quem aprendeu muito ou pouco: seja perfeito na sua esfera.
Há, essencialmente, dois tipos de alunos: o sedento por aprender e o indiferente. Nós, professores, naturalmente preferimos o primeiro. Os desinteressados nos desanimam, pois reduzem o sentido do nosso trabalho e nos fazem desperdiçar energias que poderiam ser dedicadas a quem deseja crescer.
São como o Jeca Tatu de Monteiro Lobato, cujo principal cuidado é “espremer todos os ditames da lei do menor esforço.” Esses alunos furtam nossa paciência, abalam a vocação e, por vezes, a própria vontade de continuar, subtraindo o respeito e a atenção que nos são devidos enquanto educadores.
Além disso, procuram atrair a atenção dos colegas promissores — aqueles com objetivos nobres — por meio de suas gracinhas. Carentes de reconhecimento, esforçam-se em desviar os olhares para si, apenas para perturbar o andamento das aulas e atender suas carências, msd acabam conquistando admiradores.
Isso se transforma em um vício perigoso, pois perverte um desejo natural de prestígio.
Infelizmente, não posso ilustrar meu argumento com um caso específico, porque são tantos que se fundem em minha memória.
É verdade que minhas aulas talvez não sejam tão estimulantes; se nem os benefícios do governo e um lanche gostoso os motivam, eu não consigo. Mas, uma coisa leva à outra: o desânimo deles realimenta o meu. E, mesmo assim, a culpa recai totalmente sobre mim — justo quando exerço meu dever, suportando ainda colegas de trabalho movidos pela carência de poder.
O quadro é de adversidades. Esses alunos desperdiçam o tempo ao fugir das responsabilidades e traem o próprio senso de justiça ao negligenciar suas obrigações. Ou, como disse John Lennon: “A ignorância é uma espécie de bênção. Se você não sabe, não existe dor.”
-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-/-//
Com base nas ideias centrais do texto, que abordam questões de responsabilidade social, ética do conhecimento, e o papel do indivíduo no ambiente educacional, preparei 5 questões discursivas simples. O objetivo é fazer com que os alunos reflitam sobre a Sociologia da Educação presente no relato.
1. O Vício da Irresponsabilidade e o Papel do Conhecimento
O professor menciona o conceito de "vício do não querer saber para não ter responsabilidade." De uma perspectiva sociológica, explique o que essa ideia sugere sobre a relação entre a aquisição de conhecimento e as expectativas sociais que a sociedade impõe aos indivíduos.
2. Lei do Menor Esforço e a Socialização Escolar
O texto faz uma alusão ao personagem Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, citando a busca por "espremer todos os ditames da lei do menor esforço." Como esse comportamento se manifesta no ambiente escolar e quais são as consequências sociais e éticas para o processo de socialização dos alunos (e para o trabalho do educador)?
3. Busca por Prestígio e Desvio Comportamental
O professor afirma que alguns alunos, "carentes de reconhecimento," procuram atenção "apenas para perturbar o andamento das aulas," pervertendo um desejo natural de prestígio. Utilizando a Sociologia, discuta como a carência de status ou reconhecimento positivo pode levar a comportamentos de desvio (ou antissociais) dentro de uma instituição formal como a escola.
4. O Equilíbrio entre Cobrança e Ensino (Justiça Social)
O autor argumenta: "Por princípio de justiça, não se pode exigir mais de alguém do que aquilo que lhe foi ensinado. Contudo, de quem muito se ensina, muito se deve cobrar — eis o equilíbrio justo." Analise essa afirmação sob a ótica da justiça social na educação. Qual é o papel da escola, segundo o texto, em nivelar a base de conhecimento para que a cobrança de responsabilidade seja considerada ética e justa?
5. A Ignorância como "Bênção" e a Condição Docente
A citação de John Lennon ("A ignorância é uma espécie de bênção. Se você não sabe, não existe dor.") é colocada em um contexto onde o professor sente seu desânimo "realimentado" pelo desinteresse dos alunos. Como a indiferença e a "escolha pela ignorância" por parte dos alunos afetam a saúde mental e a vocação do educador, e por que o professor se sente injustamente culpabilizado nesse quadro de adversidades?





















