"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ESPINHOS NA PELE (Entre o berço e caixão, este recorte prepara-te para o quê?)


Crônica

ESPINHOS NA PELE (Entre o berço e caixão, este recorte prepara-te para o quê?)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

         Professor, nunca ouses deslizar mesmo quando pensas, estás falando só às paredes, pois inclusive, elas têm ouvidos! Há na minoria o teu observador, sempre o orgulhoso, arrogante, prepotente e despótico, querendo te provar que és indigno do posto!  Ele é um inútil e luta a fim de te reduzir à medida dele. Jamais significa o fim quando erras, só porque o livro do professor já vem respondido e não tiveste tempo em conferir as respostas do mesmo. Os erros ensinam mais aos errantes, aliás os erros são fatais só para quem se nega aprender com eles. Veneno ou remédio, depende da dose e da frequência! Eles te induzem a acerta na próxima vez!
          Atrasam-te as experiências da vida se cada momento vindouro é inédito? Pelo contrário, entre o berço e caixão, este recorte no tempo, é teu espaço de exploração. Prepara-te, todo instante, objetivando o novo, sê criativo. Se "Tudo que se vê não é Igual ao que a gente viu há um segundo" (Lulu Santos). Tu tampouco és uma pessoa perfeita, só por que tuas experiências sempre estarão com a data de validade vencida? Iludes-te! Depois da morte, olhando daqui, tudo é mais volátil ainda, ou melhor, é desconhecido, intato. Agora só fazes o dever. Nunca temas, pois qualquer fórmula aplicada, para te resguardar do fim, é estacionamento, é regressão, fazendo frente ao pouco da vida estante! O certo é seguires o caminho novo à luz do momento ("quem não arrisca não petisca"). O combustível da vida está nos erros. Quando tu erras é porque acertaste muito: felicidade igual por etapas vencidas. O especialista é aquele que já errou em todos os pontos perante sua carreira.
           Vejas, os mandacarus, os quais plantei, ao longo do caminho, têm flores, porque se tornaram parte da natureza! Mas, também, produzem espinhos grossos, fortes e pontiagudos, muito mais ainda, é bem verdade, ferirão outros, pois me furaram primeiro. Foram preparados e ganharam resistência, todavia de jeito nenhum estarei mais ali, quiçá estivesse, para eu te mostrar minha dor educativa. Todavia a dor dos ferimentos dos espinheiros também espinhados, dessa nem tomarei parte mais, jamais desta distância. Outrossim, dói mais agora a dor das furadas dos espinhos plantados pelos outros, tais quais os encontro em meu caminho! Porém, ainda assim, é bom por não ter o sabor de suicídio, pelo contrário, estimulam-me o caminhar fazendo curvas, desviando-me de quase todos, eles são muitos. Assim como caminhar é viver, prossigo, a dor impulsiona o movimento, é o importante.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 27/09/2010
Código do texto: T2523534

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
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sábado, 25 de setembro de 2010

PROFESSOR IMATURO ("...a única solução apaziguadora será o suicídio ?")








CRÔNICA

PROFESSOR IMATURO ("...a única solução apaziguadora será o suicídio ?")

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Não há um só dia em que o retorno para casa não venha acompanhado de cansaço físico e, sobretudo, de exaustão emocional. A alma parece carregar o peso de um dever inacabado — a sensação constante de transgressão ou, mais precisamente, de inadequação. É o incômodo de sentir-se um professor imaturo, ferido pelo desrespeito e pelo descumprimento de acordos no ambiente escolar. O anseio é por um tempo em que já não seja necessário defender-se, justificar obrigações ou mendigar aceitação e reconhecimento; um tempo em que o conhecimento e a competência bastem por si. Talvez a paz chegue apenas quando o silêncio substituir a reclamação e o incômodo cessar. O caminho até lá, contudo, ainda é incerto.

Que ofício é este em que se espera amor e se recebe escárnio? A sala de aula tornou-se um campo de embates incessantes, onde todas as relações — com alunos, colegas, coordenadores, diretores, pais e funcionários — são atravessadas pela tensão. Jamais a categoria esteve tão exposta à insegurança e à fragilidade emocional. Pequenas futilidades do cotidiano, como a interrupção de uma aula para cobrar a formatação de um “simulado”, ferem tanto quanto o assédio moral e o ambiente desumano que consomem lentamente os docentes. Não é de espantar que muitos, acuados pela burocracia e pela solidão, cheguem à trágica decisão de pôr fim à própria vida. Casos como os de L.V.C., Jailton Graciliano, Paulo Lesbão e Jucélia Almeida ilustram o desespero e a desesperança — o “assassinato” simbólico promovido pela negligência institucional. O número de suicídios entre aqueles que dependem da escola para viver é alarmante, embora permaneça oculto sob o silêncio das estatísticas, enquanto a mídia volta seus olhos apenas aos “professores do mal” que se tornam manchete por atos de violência.

A cada dia, o professor sente que morre um pouco, sufocado pela necessidade de silenciar sua voz interior na tentativa de escapar das perturbações. O lixo emocional se acumula, gerando uma consciência entorpecida que busca alívio na apatia. O desejo é por repouso — diante dos homens e de Deus — ou, quem sabe, por aceitação social em troca do próprio respeito. O risco desse “suicídio em prestações” é o de manchar o orgulho e corroer a dignidade. Talvez por isso, mesmo após anos de magistério, persista uma certa imaturidade: a ilusão de que é possível consertar os outros e, nesse processo, acabar desmantelando a si mesmo. A dura lição é que não se pode exigir dos outros amor constante nem favores sustentados por regras morais, pois cada um busca o próprio interesse — e o do professor raramente está entre eles.

Nesse cenário hostil, o verdadeiro professor maduro não é o dominador, o grosseiro ou o carrasco — figuras que, paradoxalmente, hoje parecem as mais bem-sucedidas e admiradas. O professor maduro assemelha-se antes ao Bom Samaritano contemporâneo: veste uma camiseta simples, carrega provas não corrigidas e caminha exausto pelos corredores. Não cura com azeite e vinho, mas tenta estancar hemorragias emocionais com palavras de incentivo, bilhetes improvisados ou o simples gesto de ouvir em silêncio. Em vez de uma hospedaria, oferece seu tempo e sua saúde mental. É ignorado, alvo de zombarias, mas insiste em estender a mão.

Ser “bom” nesse ofício é resistir com ternura quando tudo ensina a endurecer. A salvação da educação talvez resida na persistência dos poucos que ainda agem com compaixão, apesar de tudo. A história prova que os homens de fé e amor não temeram o esquecimento, pois a verdadeira bondade é sempre procurada. Resta a esperança de que o mal não continue vencendo o bem — basta ser bom, mesmo que a bondade pareça fraqueza.


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O texto levanta questões cruciais sobre as relações de poder, a burocracia e a crise de identidade na profissão.

Abaixo, seguem 5 questões discursivas e simples, elaboradas para estimular sua análise sociológica sobre as ideias apresentadas:


1 - Vocação e Realidade Profissional: O texto descreve um contraste entre o que se espera da profissão docente (ideal de "amor" e vocação) e o que se recebe ("escárnio" e "tensão"). De uma perspectiva sociológica, como essa dissociação entre o ideal e a realidade do trabalho pode ser analisada, e quais são as consequências para o indivíduo que vivencia o chamado "mal-estar docente"?

2 - A Escola como Instituição de Conflito: A escola é retratada como um ambiente de relações tensas e conflituosas entre todos os atores (alunos, professores, direção, pais). Analise o papel da instituição escolar, considerando sua estrutura e as relações de poder internas, na criação ou manutenção desse clima de insegurança e desrespeito generalizado.

3 - Burocracia e Violência Simbólica: O narrador menciona que "futilidades" burocráticas e o assédio moral corroem o professor, associando isso a desfechos trágicos ("assassinato simbólico"). Explique como a sobrecarga burocrática e o assédio, mesmo que não sejam violência física, podem ser interpretados como manifestações de violência estrutural ou simbólica que minam a dignidade do docente.

4 - Modelos de Sucesso e Autoridade: O texto contrapõe o professor "immaturo" (sensível e esgotado) à figura do "carrasco" (grosseiro, dominador), sugerindo que este último é, paradoxalmente, percebido como o mais "bem-sucedido" hoje. Como a crise de autoridade tradicional do professor pode ter levado à valorização de modelos de conduta mais agressivos em um ambiente de competição e desrespeito?

5 - Resistência e a Figura do "Bom Samaritano": O professor "Bom Samaritano" é apresentado como um modelo de resistência que age com compaixão ("ternura") em um ambiente hostil. Discuta a afirmação de que "ser 'bom' nesse ofício é resistir com ternura quando tudo ensina a endurecer", analisando se a persistência da compaixão pode ser vista como uma forma de resistência individual contra a desumanização do trabalho, em oposição a uma solução estrutural para o problema da educação.

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sábado, 18 de setembro de 2010

SOU FEIO, MAS NÃO COMO VOCÊ ( “Para nós, feios, tudo é duas vezes mais difícil. E ainda ganhamos a metade do que ganham os bonitos”, diz Gonzalo Otálora.)

CRÔNICA

SOU FEIO, MAS NÃO COMO VOCÊ ( “Para nós, feios, tudo é duas vezes mais difícil. E ainda ganhamos a metade do que ganham os bonitos”, diz Gonzalo Otálora.)

sábado, 18 de setembro de 2010
Por Claudeci Ferreira de Andrade
                 Eu gostava muito daquela camisa verde-escura, cor de folha madura até que um aluno do sexto ano me perguntou: — "Com a mesma roupa de outem, né professor!?" 
           Outro dia, tais foram os comentários naquela sala de professores aborrecidos! Diziam que os alunos querem professores bonitos, referindo-se apenas à estética enquadrada nos padrões das mídias. Tentei desviar o foco da conversa para higiene corporal e vestimentas, mas não saía da minha mente a solicitação irritante daqueles solicitadores de mais aulas de espanhol, pelos traços "abençoados" da professora. Aquele debate foi muito motivador, tanto, a ponto de, no outro dia, fazer-se visível a mudança visual de alguns “encarapuçados”, eles vieram, além de vestidos da melhor roupa, até bem perfumados graças aos representantes da Avon, constantemente vendendo perfume fiado por ali.  E venderam bem!
           São os professores belos melhores profissionais? Será a falta da beleza uma barreira à inteligência? Se tivéssemos de julgar os professores pela sua aparência física, como se julga modelos fotográficos, poucos alunos prosperariam para o futuro magistério. De certa forma, eles têm razão no exigir professores mais bonitos! Eles já não sabem mais o que cobrar, é lhes dado de tudo e, se assim continuar, num futuro não muito distante será um requisito eliminatório nos concursos da educação: a boa aparência física do candidato (como se isso já não influenciasse). Eles devem estar se perguntando: — Se estudar valesse para atenuar a desarmonia estética, por que os professores não são mais bonitos? – talvez seja esse o motivo dos alunos não se dedicarem aos estudos! A beleza de quem ensina não é inspiradora! A quem me chama de feio digo-lhe que nossa anomalias não podem ser as mesma.
           O sistema é feio e burocrático, aberto a abusos e aberrações está cheio de professores velhos e feios, esses sempre foram uma classe desprezada e odiada. Apenas um ou outro se destaca na admiração social por ter um intelecto muito avantajado. A falta da beleza sempre foi inimiga da ignorância. Todavia, a escola do futuro vai contratar só professor bonito! Porque é difícil demais cobrir a "deficiência" bancando o palhaço, além do mais, não funciona bem, querer ser simpático elogiando todo mundo, pois logo será acusado de assediador de "de menor"! E o feiura não tem lugar em meio de "intelectuais belos". E a beleza vulgar faz feia a bela gente! (http://super.abril.com.br/comportamento/estudantes-aprendem-melhor-com-professores-bonitos)- acessado em 02/09/2016.
            Nossos lideres procuram nos confortar com o perigo fatal da fermentação da autoestima, com leituras de autoajuda e capacitações; quando já estamos bem alto, acreditando no nosso potencial de empatia, a queda é repentina! Há sempre alguém bem disposto para “puxar nosso tapete”! E, então, continuamos perguntando como o eu lírico do poema, Retrato, de Cecília Meireles: — Em que espelho ficou perdida a minha face?
            Vejam o ponto a que cheguei, agora me ponho a falar-lhes no fato de nos regermos pelas aparências, ao invés da devida confiança na sabedoria. Qualquer pessoa bem esclarecida, de certa forma, se conhece bem, e desfruta de todas as coisas boas existentes nela, como dons de Deus. A escola precisa de professores confiante, mas confiantes no sentido de que a beleza é relativa, e se concebem escolhidos e especiais por outros dotes necessários. Todos nós precisamos de certa medida de respeito próprio profissional, então sejamos consistentes com a função ocupada, é o importante. Ninguém é totalmente desprezível!
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 18/09/2010
Código do texto: T2505675

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
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domingo, 12 de setembro de 2010

O Sangue de Jesus Tem Poder ( Só o miserável suporta a sua miséria)







CRÔNICA

O Sangue de Jesus Tem Poder ( Só o miserável suporta a sua miséria)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Ser cristão hoje é seguir o Cristo criado pelos "crentes," contraditório e confuso demais para o ideal. É o homem perfeito, cumpridor da lei moral, que, ao mesmo tempo, vestiu-se dos pecados dos homens imperfeitos. (Péssimo exemplo de disfarce!) e cujo sangue tem poder (Clichê de hipócrita). Assim, o fanatismo desenfreado de uma maioria que confunde fé com desejo é justificado. Pode Deus deixar de ser Deus? (Filipenses 2:7; Hebreus 2:17).

Esse naipe de gente é um perigo do ponto de vista social! Comem a carne de seu Deus e bebem seu sangue.

Ainda insistem em dizer que a Bíblia é a palavra de Deus, mesmo com tantas versões e traduções disponíveis (Bíblia da Mulher, Bíblia dos gays, Bíblia do pastor, Bíblia da criança, Bíblia de estudo etc.).

Os bons linguistas e qualquer estudioso honesto sabem que não há sinônimos no sentido de uma palavra em ter o mesmo significado de outra; existe apenas aproximação semântica. Um texto traduzido é outro texto. A palavra de Deus, também, não é a consciência; esta é apenas fruto da cultura.

A verdadeira palavra de Deus fala dentro de qualquer um em contemplação à natureza. O livro de Deus é a Natureza. Até analfabetos têm acesso, podendo compreendê-lo e interpretá-lo sem se submeter à classe dominante de intercessores, que cobram dízimos dobrados por seus serviços.

Um Deus perfeito e eterno, criador de Leis perfeitas e eternas, não pode transgredir suas próprias leis, nem permite transgressão alguma sem consequência. Do mesmo modo, Ele deixaria de ser Deus ao levar homens, criados para viver na Terra, ao espaço sideral, onde não teriam a condição lógica de sobreviver. Ele adaptaria-os em um céu só por caprichos de quem acredita nos méritos de Jesus?

Qual é a recompensa dos bons? (Bons por que obedeceram a leis de homens ou do universo?)

Pode uma célula do fígado migrar para o coração, fazendo parte de sua estrutura? Todo organismo obedece a leis naturais invioláveis, sob pena de atrair consequências. A rejeição de um órgão transplantado é a ação de um corpo fiel, e serve de prova de que ninguém conseguiria evitar as consequências danosas se fosse, de fato, à Lua ou a qualquer outro lugar fora de nossa atmosfera.

Imagine os transtornos se nos aproximarmos mais do Sol, ou se nos distanciarmos dele!

Então, onde estão o céu e o inferno? E se forem apenas espaço físico aqui mesmo na Terra? Mas, se forem estados de espírito, Pois é, misturam-se dentro do homem, aqui e agora! O futuro fica à frente, e a igreja é apenas depósito de enganadores de si mesmos.

Hoje, as mulheres enchem as religiões, reagindo contra a intolerância de outrora, quando eram excluídas da comunidade. Por que haveriam de defender ideologias que não exaltam substancialmente seus filhos? Eu recomendo o histórico filme de Alejandro Amenábar com a gloriosa Rachel Weisz: Ágora (no Brasil, Alexandria). https://www.youtube.com/watch?v=gHbOEg4QZPY


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Eu sou seu professor de Sociologia e o texto que apresento é uma crítica poderosa e radical à religião institucionalizada, tocando em pontos cruciais como autoridade, interpretação de textos, cultura e poder social. Com base nesses temas, preparei 5 questões discursivas simples para nosso Alinhamento Construtivo. Lembrem-se de que, em Sociologia, não buscamos o certo ou o errado teológico, mas a análise das relações sociais, de poder e da cultura presentes no texto.

1. Construção Social do Cristo e o Fanatismo

O autor critica o "Cristo criado pelos 'crentes'", considerando-o contraditório. Analise: como essa crítica se encaixa na ideia sociológica de construção social da realidade, onde os fenômenos religiosos são moldados pelas necessidades e desejos de um grupo social? Qual é o "perigo do ponto de vista social" advindo do fanatismo que confunde "fé com desejo"?

2. Consciência Moral e Determinação Cultural

O texto afirma: "A palavra de Deus, também, não é a consciência; esta é apenas fruto da cultura." Explique essa assertiva, discutindo a formação da consciência moral e do comportamento ético sob a perspectiva sociológica. De que maneira a cultura e as instituições sociais (como a família, a escola ou a própria religião) moldam aquilo que um indivíduo considera certo ou errado?

3. Poder e Hierarquia: A Crítica aos Intercessores

O autor defende que a Natureza é o "livro de Deus", acessível até a analfabetos, sem que precisem se submeter à "classe dominante de intercessores, que cobram dízimos dobrados". Que crítica sociológica está implícita nesta passagem sobre a estrutura de poder e a hierarquia econômica nas instituições religiosas?

4. Linguagem, Tradução e Autoridade

O texto traz uma crítica linguística fundamental: "Um texto traduzido é outro texto." e menciona as múltiplas "Bíblias" (da Mulher, dos gays, etc.). De que forma a existência de múltiplas traduções e versões, e a ideia de que a tradução altera o texto original, mina a autoridade inquestionável de quem se baseia em uma única interpretação do livro sagrado para pregar?

5. Gênero e o Espaço da Mulher nas Religiões

A crítica final menciona que "Hoje, as mulheres enchem as religiões, reagindo contra a intolerância de outrora". Analise este fenômeno a partir da Sociologia do Gênero e da mudança social. Por que as mulheres se tornam figuras centrais e ativas em muitas religiões hoje, e o que o autor quer dizer com a referência a "ideologias que não exaltam substancialmente seus filhos"?

Olá!Claudeko, Você tem razão, não precisa ser letrado para entender a natureza. Abraços!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O TEMPO AMIGO ("As verdades também são mentiras quando o tempo passa. Tudo é mentira quando se olha para trás.")

          

CRÔNICA

O TEMPO AMIGO ("As verdades também são mentiras quando o tempo passa. Tudo é mentira quando se olha para trás.")

segunda-feira, 6 de setembro de 2010
                   Por Claudeci Ferreira de Andrade

           
Roguei ao Deus eterno, o dominador do tempo, que não matasse meus inimigos, uma praga necessária, porém foi rápido demais, nem vi passar o tempo (como se fosse ele a passar), esbarrei na consequência, a minha velhice chegou, então eu tive de assistir a morte deles, de um a um, assim como em qualquer “macumba”, pois parte do mal desejado a eles recaiu sobre mim. Ou como diz o lugar-comum: o feitiço recaiu sobre o feiticeiro. Já ouço seu chamado, meu espelho me anuncia a mudança que não me dei por conta!
         Oh, tempo, meu aliado!  Fez-me velho depois de fazer tombar meus inimigos, e os ainda vivos estão inválidos com os dias contados. Do que me adianta esta paz se já não posso desfrutá-la, apenas posso dormir tranquilo, sono de velho, com sonhos tão vazios!
         Quantos "otários" apertaram minha mão com bastante força para me mostrar seu poder vital, quando na verdade estavam atraindo sobre si a revolta de quem cuida de mim: o tampo! Então, foi certo, que em meio a meu desconforto, pobreza e desprazeres, quando eu os amaldiçoei, veio-me a tortura de vê-lo desconfortáveis, pobres e desprazerosos! Agora, insatisfeito com esta ausência de guerra, parece-me razoável crer, embora tenha tranquilidade do silêncio, que não posso me sentir feliz se não tiver desafiantes. Faltam-me inimigos. Alguém quer ser inimigo de um idoso de olhar triste?!
         Não, não me faltam inimigos, falta-me, na verdade, o vigor da juventude, e reconheço a coerência Divina. Agora eu não poderia administrar os ataques deles com as impossibilidades naturais de um ser calejado. Aí, entra o reconhecimento do amor de Deus e a harmonia da natureza, sempre me abastecendo da capacidade para enfrentar minha própria degeneração: minha inimiga maior. A guerra é outra, é contra o tempo. Em meio às responsabilidades deste mundo, inclino a sentir necessidade não dessa tal paz que agora reina, mas de meu fogo da carne lisinha de outrora, pois o tal não me privava de olhar em direção para o futuro com tantas rugas.
         Como vê, é profundo dentro de mim o senso de não poder ser realmente feliz sem prazer, o prazer de lutar e vencer, mesmo tendo muitas coisas desejadas por muitos: uma aposentadoria à vista e segurança! Aliás, vivo mesmo à mercê do tempo, do qual não há escape. Sei, o tempo resolve, sim, qualquer problema para os acomodados e lhes cobra a alma como pagamento. Dizem alguns que nada melhor que um dia após o outro, e esta voz fica assoprando em minha mente, lembrando-me a aquiescência da morte.
         Se o Senhor está desejoso de satisfazer minha necessidade, então me dê o alimento certo para minha fome! Não é uma carência falsa, sentimento despertado pela solidão na qual estou mergulhado, ou excitação mental do medo, mas um grande desejo: ser presenteado por Deus por algo que equipare-se com o vigor, a saúde e a energia vital. Todavia o tempo não tem volta, assim como meus inimigos se foram, vou eu também e irei como inimigo dos outros!
               "RETRATO
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?"

Cecília Meireles
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 06/09/2010
Código do texto: T2482142


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domingo, 5 de setembro de 2010

A LEITURA DOS QUE SABEM LER (A Leitura Competente Faz Parte da Luta pela Dignidade Humana)







CRÔNICA

A LEITURA DOS QUE SABEM LER (A Leitura Competente Faz Parte da Luta pela Dignidade Humana)

domingo, 5 de setembro de 2010
Por Claudeci Ferreira de Andrade

         Em minha devoção matinal às letras, li, com afinco, a entrevista da Revista Língua Portuguesa, nº 53, na qual André Garcia, o criador do portal Estante Virtual, quando disse sabiamente:
          — “Qualquer leitura não é leitura” e continuou: (...) “Mas leitura é subjetividade, é ver o que agrada à sensibilidade e se ajusta à sua forma de ser, ao seu momento. A escola nunca me deu esse espaço e duvido que, salvo exceção, garanta isso a muito aluno.” (...) “Não basta democratizar a leitura. É preciso democratizar os autores de qualidade.” (...) “A internet atrapalha, de fato, quando a ênfase da leitura é nos simulacros de interação, como Facebook, MSN, Twitter.” (...) “Damos um sinal errado ao aluno ou filho quando o fazemos ler só para fazer prova”.
          Por isso, digo que a escrupulosa 
Leitura é uma arte perdida. Por exemplo: Eu estava lendo, para a classe, o texto: “Por que Lulu Bergantim não atravessou o Rubicon" de José Cândido; só uns poucos prestavam atenção à minha leitura, ali, eu destacava as expressões: "Curralzinho", "dobrados da banda", "arregaçou as mangas", "comeram biscoitinhos", "caiu de enxada", "o povo de boca aberta", "no pau da enxada", "de brocha na mão", "lambuzada de cal", "o vai ou racha", "trepado no coreto", "curralzinho já gozava", "uma picareta só", "precioso líquido", "correr o pires", etc. Eu estava empolgado em minha sistemática e profunda reflexão, desvendando a “sacanagem” existente no substrato das construções frasais dessa literatura. Queria que eles percebessem, mas um deles, o crente,  interrompeu-me e disse:
          —“Não estou vendo nada disso, sacanagem alguma, é uma história séria”. — Fiquei como quem recebeu um balde d'água fria na cabeça.
          Então lhe perguntei sarcasticamente: — desde quando em um relatório político tem algo “sério”? Agora o chamei para leitura de mundo, quem sabia, talvez, uma leitura pudesse ajudar a outra!
          Existe a inescrupulosa leitura, aquela que se faz objetivando uma prova, essa sim é imoral; porque a verdadeira exploração, do texto, pela leitura é negligenciada; por isso, milita-se no senso comum e o prazer de ler é lamentavelmente atrofiado. E "sem prazer não existe felicidade" (Epicuro). Precisamos de tempos regulares para calma e profunda análise de textos elevados.
           A leitura sistemática deve ser parte de nossas primeiras horas do dia. Podemos levantar 15 minutos mais cedo, e isso poderá fazer toda a diferença em nosso dia. Ler bem não é ler muito, é pensar seriamente a respeito do tema, sobre as relações e inferências do exposto, sobre os compromissos do leitor, verossimilhança do conteúdo. Se me perguntasse em que base creio nas lições ressaltadas no texto que acabara de ler, falava da coerência, da coesão e da polissemia, da empregabilidade dos conteúdos no meu cotidiano.
            É mais fácil está sempre disperso nos movimentos da vida, panorama do mundo, do que concentrado em uma leitura, partindo de um foco específico, isso é interior para o exterior; do micro para o macro e/ou do macro para o micro.
             Concordamos com John Lennon: "
A ignorância é uma espécie de bênção. Se você não sabe, não existe dor." Por outro lado, o saber nos faz desejar a viver. Longe do medo e da ignorância que só nos entorpece.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 05/09/2010
Código do texto: T2479626

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

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