"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

sexta-feira, 29 de julho de 2022

PROFESSOR NO CONTROLE OU CONTROLADO ("Aquilo que não puderes controlar, não ordenes." — Sócrates)

 


quinta-feira, 14 de julho de 2022

LICENÇA PARA INTERESSE PARTICULAR. ("Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?" — Amós 3:3)

 


segunda-feira, 11 de julho de 2022

POPULARIDADE REVERSA ("A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre." — Oscar Wilde)

 


POPULARIDADE REVERSA ("A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre." — Oscar Wilde)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Ah, o sucesso! Essa miragem que tantos perseguem como se fosse um prêmio reservado apenas aos poucos capazes de lidar com a fama. E eu, operário da vida, professor do cotidiano, me pergunto: será que estou fadado a ser apenas trabalhador? Essa dúvida me assombra. E você, já se questionou da mesma forma?

Junho chegou com o cheiro de fogueira, as cores das bandeirinhas e a promessa alegre das festas juninas — um convite aos sonhos. No entanto, o dia 3 começou atravessado. Vesti minha calça xadrez, símbolo de uma tradição que me comove e de uma rebeldia que me define, e fui à parada cívica em homenagem ao aniversário de Senador Canedo, minha cidade. No meio do povo, entre alunos, colegas e conhecidos, busquei a simplicidade do convívio. Era “professor pra cá, professor pra lá”, alguns me chamando, outros acenando ou apenas meneando a cabeça — um respeito silencioso a quem, mesmo sem fama, deixa marcas.

Naquele instante, minha vida profissional parecia pulsar com um entusiasmo quase onírico. Mas a beleza se desfez na rigidez da burocracia. Cheguei atrasado, a coordenadora já havia partido, e meu ponto foi cortado nos documentos da escola. A frustração me invadiu. Pensei nas alianças que tantos vangloriam, mesmo quando contradizem o que é justo e ético. Seria preciso abrir o coração à resiliência ou, talvez, fechar os olhos às pequenas injustiças? Há quem diga que, quanto mais nos aproximamos das pessoas certas — e quanto mais afrouxamos nossos princípios —, maiores são as chances de destaque. Mas essa lógica é um abismo que chama outro.

O restante do dia seguiu tenso. Ainda assim, mantive a calma. Meu celular, sempre ligado, vibrava sem cessar. Uma mensagem vazia aqui, outra ali, e eu, com minha estranha generosidade, respondia a todas. Como se esse ruído constante significasse algum progresso. Às vezes me iludo, achando que tudo isso faz parte da busca pela felicidade. Talvez seja ingenuidade. Talvez seja só o lado bom da minha tolice.

Hoje, com mais distância e reflexão, entendo que o verdadeiro sucesso não está no aplauso, na fama ou no ponto registrado no controle trabalhista. Está na capacidade de seguir em frente, mesmo quando o entusiasmo se esvai e a rotina pesa. Reconhecimento não deveria custar nossos princípios. A vida é um emaranhado de expectativas e realidades, e manter-se íntegro já é, por si só, um grande feito. O medo de ser “só trabalhador” talvez nunca desapareça. Mas, se há algo que aprendi, é que o valor do que fazemos está menos na visibilidade e mais na honestidade dos nossos passos. Afinal, a paixão silenciosa com que nos entregamos ao ofício diz mais sobre nós do que qualquer fama barulhenta.



Minha crônica é uma reflexão profunda sobre o sucesso, o trabalho e os dilemas éticos no ambiente profissional, especialmente no contexto educacional. Ela aborda a dicotomia entre o reconhecimento formal e o valor intrínseco do trabalho, além de tocar em questões de burocracia e pressões sociais. Como professor de sociologia, preparei 5 questões discursivas e simples para aprofundar essas ideias:


1 - A crônica inicia com a pergunta: "Será que estou fadado a ser apenas trabalhador?" e questiona a ideia de sucesso atrelado à fama, em vez do esforço no trabalho. Como a Sociologia do Trabalho analisa a construção social do "sucesso" na sociedade contemporânea e de que forma essa concepção pode gerar angústia e insatisfação nos indivíduos que não se encaixam nesse padrão?


2 - O autor descreve o corte de seu ponto por atraso como um exemplo da "rigidez da burocracia" que desfaz o "entusiasmo" profissional. Como a Sociologia das Organizações compreende o impacto da burocracia excessiva nas relações de trabalho e na motivação dos profissionais, especialmente em instituições como a escola?


3 - A crônica levanta a discussão sobre as "alianças" e o "afrouxar os princípios" em busca de destaque, comparando essa lógica a um "abismo que chama outro". Discuta, sob a ótica da Sociologia da Moral e da Ética, os dilemas enfrentados pelos indivíduos em ambientes competitivos e as pressões sociais que podem levar à relativização de valores em busca de reconhecimento.


4 - O texto menciona a interação com o smartphone e as "mensagens vazias" como parte de uma "busca pela felicidade" que pode ser "ingenuidade" ou "tolice". Como a Sociologia da Comunicação e das Relações Sociais analisa o papel das mídias digitais na vida cotidiana e a forma como a constante conectividade pode influenciar a percepção de produtividade, felicidade e realização pessoal?


5 - Ao final, o autor reflete que o "verdadeiro sucesso não está no aplauso, na fama ou no ponto registrado no controle trabalhista", mas na "capacidade de seguir em frente" e na "honestidade dos nossos passos". Como a Sociologia da Vida Cotidiana pode interpretar essa busca por um sentido mais autêntico do trabalho e da existência, em contraposição aos valores materialistas e superficiais que muitas vezes são impostos pela sociedade?

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sábado, 18 de junho de 2022

O Prazer de Ser Pó ("A pena de morte põe fim a pena da vida." — Carlos EDUARDO Balcarse)

 


O Prazer de Ser Pó ("A pena de morte põe fim a pena da vida." — Carlos EDUARDO Balcarse)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Com o tempo, a gente aprende a cair. Não por vontade própria, mas por imposição da vida — essa mestra bruta que ensina arrastando, sem dar explicações. Aos sessenta e cinco, já me vi muitas vezes no chão: de joelhos, de bruços, em silêncio ou aos gritos. Mas nunca em vão.

Dizem que Deus derruba o homem para ensiná-lo a levantar. Não sei. Talvez Ele apenas observe, enquanto outros se apressam para estender a mão e parecer virtuosos. O levantar, quando acontece, não é gesto de fé. É puro instinto de sobrevivência. A alma, mesmo machucada, não aceita permanecer prostrada por muito tempo. Levanta porque precisa, porque o chão é frio demais para abrigar dignidade.

Foi nesse processo de repetidas quedas e levantamentos que compreendi: não há glória alguma em agradecer por gestos obrigatórios. Há quem se orgulhe por cumprir o mínimo, como se fossem enviados celestiais em missão de salvação. Mas, como diz o Evangelho, são apenas servos inúteis, fazendo o que lhes foi ordenado. E nós, os que caem, ainda temos que aplaudir.

Durante anos, aceitei esse teatro. Engoli minha sede de reconhecimento como quem traga uma sopa insossa, servida com arrogância. Chamam de humildade; eu prefiro chamar de resignação forçada. Só que a alma, quando amassa, também fermenta. E foi no silêncio das minhas pausas que comecei a entender que talvez haja uma beleza secreta no desgaste.

Descobri que a morte não é inimiga. É parceira silenciosa da vida, caminham lado a lado desde o nosso primeiro suspiro. Cada prazer carrega um lembrete da finitude. Cada alegria, um convite à despedida. Quanto maior o risco, mais intensa é a sensação — talvez porque o prazer seja, em sua essência, um ensaio do fim.

Hoje, suporto com gosto o desgaste. Porque sei que esse moer-se constante serve a algo maior. Talvez adube a terra onde outro nascerá. Talvez alimente um verso que sobreviva a mim. Talvez marque o chão por onde alguém ainda vai passar, tropeçar, cair — e lembrar que alguém já caiu ali antes, e levantou.

Não há poesia vazia quando se diz que a morte é essencial. É pura constatação. Tudo o que vive caminha para o fim. E tudo o que parte, de alguma forma, retorna. Transforma-se. Resiste. Persiste. Quem vive morre. Quem morre vive. O medo da morte — esse sim — é o motor da vida. E só teme o fim quem ainda não entendeu o prazer de tornar-se pó.

A hora determinada por Deus talvez seja justamente essa: o instante em que razão e fé se cruzam sem se reconhecer. Nesse ponto de interrogação entre o que se entende e o que se crê, a morte se revela não como castigo, mas como prazer supremo. Porque é nela que tudo se dissolve para florescer de novo. A morte é o momento em que o corpo se despede, mas a essência permanece — e volta, não como foi, mas como deve ser.

Como bem escreveu Shakespeare: "Ó doçura da vida: agonizar a toda a hora sob a pena da morte, em vez de morrer de um só golpe." Viver, no fim das contas, é isso — agonizar poeticamente, enquanto a morte ensaia seus passos em silêncio.

Assim sigo. Um passo após o outro, ciente de que a queda virá, hoje ou amanhã. Mas que, quando chegar, não quero lágrimas nem palmas. Quero apenas um silêncio digno — como quem entende, enfim, que viver foi o breve intervalo entre dois sopros. E que ser pó, no fim, é um privilégio.




Minha crônica oferece uma reflexão profunda sobre a vida, a queda, a resiliência e a inevitabilidade da morte, com uma perspectiva bastante particular sobre a dignidade e o significado desses processos. Aqui estão 5 questões discursivas simples, baseadas nas ideias principais do texto:


1 - O autor descreve a queda como uma imposição da vida e o levantar como um instinto de sobrevivência, questionando a interpretação religiosa desse processo. Como a Sociologia analisa as experiências de adversidade e resiliência nos indivíduos, e de que maneira o contexto social e cultural influencia a interpretação dessas experiências?


2 - A crônica critica a vanglória de quem ajuda, contrastando com a ideia de que são apenas "servos inúteis" cumprindo seu dever. Como a Sociologia das Emoções e a Sociologia Moral analisam os sentimentos e as motivações por trás dos atos de ajuda, e qual a importância do reconhecimento e da reciprocidade nas relações sociais?


3 - O autor encontra uma "beleza secreta no desgaste" e vê a morte como uma "parceira silenciosa da vida". Como a Sociologia da Morte e do Luto aborda as diferentes percepções culturais sobre a morte e o morrer, e de que maneira a sociedade moderna lida com a finitude da vida?


4 - A crônica menciona a ideia de que "quem vive morre. Quem morre vive", conectando a morte à transformação e persistência. Como a Sociologia analisa os processos de transformação social e individual, e de que forma a ideia de legado e continuidade se relaciona com a percepção da morte?


5 - O autor cita Shakespeare para ilustrar a "doçura da vida" mesmo sob a pena da morte. Como a Sociologia da Cultura examina a representação da vida e da morte na literatura e em outras formas de arte, e o que essas representações revelam sobre os valores e as crenças de uma sociedade?

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terça-feira, 7 de junho de 2022

Educação: reprovada’, um artigo de Lya Luft

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  • Educação: reprovada’, um artigo de Lya Luft
  • TEXTO PUBLICADO NA REVISTA VEJA DESTA SEMANA Lya Luft Há quem diga que sou otimista demais. Há quem diga que sou pessimista. Talvez eu tente apenas ser uma pessoa observadora habitante deste planeta, deste país. Uma colunista com temas repetidos, ah, sim, os que me impactam mais, os que me preocupam mais, às vezes os […]
  • Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 10h47 - Publicado em 13 set 2011, 19h32
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  • Lya Luft
  • Há quem diga que sou otimista demais. Há quem diga que sou pessimista. Talvez eu tente apenas ser uma pessoa observadora habitante deste planeta, deste país. Uma colunista com temas repetidos, ah, sim, os que me impactam mais, os que me preocupam mais, às vezes os que me encantam particularmente. Uma das grandes preocupações de qualquer ser pensante por aqui é a educação. Fala-se muito, grita-se muito, escreve-se, haja teorias e reclamações. Ação? Muito pouca, que eu perceba. Os males foram-se acumulando de tal jeito que é difícil reorganizar o caos.
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  • Há coisa de trinta anos, eu ainda professora universitária, recebíamos as primeiras levas de alunos saídos de escolas enfraquecidas pelas providências negativas: tiraram um ano de estudo da meninada, tiraram latim, tiraram francês, foram tirando a seriedade, o trabalho: era a moda do “aprender brincando”. Nada de esforço, punição nem pensar, portanto recompensas perderam o sentido. Contaram-me recentemente que em muitas escolas não se deve mais falar em “reprovação, reprovado”, pois isso pode traumatizar o aluno, marcá-lo desfavoravelmente. Então, por que estudar, por que lutar, por que tentar?
  • De todos os modos facilitamos a vida dos estudantes, deixando-os cada vez mais despreparados para a vida e o mercado de trabalho. Empresas reclamam da dificuldade de encontrar mão de obra qualificada, médicos e advogados quase não sabem escrever, alunos de universidades têm problemas para articular o pensamento, para argumentar, para escrever o que pensam. São, de certa forma, analfabetos. Aliás, o analfabetismo devasta este país. Não é alfabetizado quem sabe assinar o nome, mas quem o sabe assinar embaixo de um texto que leu e entendeu. Portanto, a porcentagem de alfabetizados é incrivelmente baixa.
  • Agora sai na imprensa um relatório alarmante. Metade das crianças brasileiras na terceira série do elementar não sabe ler nem escrever. Não entende para o que serve a pontuação num texto. Não sabe ler horas e minutos num relógio, não sabe que centímetro é uma medida de comprimento. Quase a metade dos mais adiantados escreve mal, lê mal, quase 60% têm dificuldades graves com números. Grande contingente de jovens chega às universidades sem saber redigir um texto simples, pois não sabem pensar, muito menos expressar-se por escrito. Parafraseando um especialista, estamos produzindo estudantes analfabetos.
  • Naturalmente, a boa ou razoável escolarização é muito maior em escolas particulares: professores menos mal pagos, instalações melhores, algum livro na biblioteca, crianças mais bem alimentadas e saudáveis – pois o estado não cumpre o seu papel de garantir a todo cidadão (especialmente a criança) a necessária condição de saúde, moradia e alimentação.
  • Faxinar a miséria, louvável desejo da nossa presidenta, é essencial para nossa dignidade. Faxinar a ignorância – que é uma outra forma de miséria – exigiria que nos orçamentos da União e dos estados a educação, como a saúde, tivesse uma posição privilegiada. Não há dinheiro, dizem. Mas políticos aumentam seus salários de maneira vergonhosa, a coisa pública gasta nem se sabe direito onde, enquanto preparamos gerações de ignorantes, criados sem limites, nada lhes é exigido, devem aprender brincando. Não lhes impuseram a mais elementar disciplina, como se não soubéssemos que escola, família, a vida sobretudo, se constroem em parte de erro e acerto, e esforço. Mas, se não podemos reprovar os alunos, se não temos mesas e cadeiras confortáveis e teto sólido sobre nossa cabeça nas salas de aula, como exigir aplicação, esforço, disciplina e limites, para o natural crescimento de cada um?
  • Cansei de falas grandiloquentes sobre educação, enquanto não se faz quase nada. Falar já gastou, já cansou, já desiludiu, já perdeu a graça. Precisamos de atos e fatos, orçamentos em que educação e saúde (para poder ir a escola, prestar atenção, estudar, render e crescer) tenham um peso considerável: fora isso, não haverá solução. A educação brasileira continuará, como agora, escandalosamente reprovada.

sábado, 4 de junho de 2022

A BELEZA E A INCLUSÃO SOCIAL ("Devem-se escolher os amigos pela beleza, os conhecidos pelo caráter e os inimigos pela inteligência." — Oscar Wilde)

 


A BELEZA E A INCLUSÃO SOCIAL ("Devem-se escolher os amigos pela beleza, os conhecidos pelo caráter e os inimigos pela inteligência." — Oscar Wilde)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

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