"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

domingo, 16 de outubro de 2022

FRACASSADOS ELABORAM VINGANÇA ("Num país de miseráveis não é surpresa a barriga vir na frente da ética e da moral." — Clóvis Rossi)

 


FRACASSADOS ELABORAM VINGANÇA ("Num país de miseráveis não é surpresa a barriga vir na frente da ética e da moral." — Clóvis Rossi)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Trinta anos lecionando e descubro, nas entranhas de uma escola povoada por coordenadoras, que ainda não sei fazer um plano de aula. Não o meu plano, que sempre soube elaborar, mas o plano delas, com suas planilhas nascidas do desespero deste "novo normal", em que cada mentira exige uma cascata de outras para se sustentar. Ensina-se com livros nas mãos, não com relatórios, fichas e protocolos que ninguém lê.

De tanto me pressionarem, entreguei mais uma planilha à coordenadora principal. E, como de costume, ela voltou repleta de correções e observações redundantes — como se o papel pudesse ensinar o que décadas de sala de aula não conseguiram: que a educação não cabe em formulários.

O cúmulo da burocracia se encontrou com o absurdo moral. Uma coordenadora produziu um relatório contra mim com base na denúncia de uma ex-aluna da EJA. A "prova" era a foto de uma latinha vazia de cerveja sem álcool que descartei na lixeira do supermercado onde ela trabalhava. A ex-aluna me caçou, meticulosamente, fora de qualquer contexto pedagógico, para manufaturar o constrangimento. Seguiu meu rastro até o lixo, registrou a "prova" e a entregou à direção como quem entrega um criminoso.

Não é o ato que espanta — afinal, que transgressão há em descartar uma latinha fora das dependências da escola? — mas a arquitetura obsessiva da perseguição. Eis o núcleo de uma patologia: ex-alunos transformados em vigias, colegas em delatores, gestores em inquisidores. A escola deixou de educar para fiscalizar; os corredores viraram panópticos. É a fúria do ressentimento buscando reconhecimento pela via da humilhação alheia. E o sistema não apenas permite: ele recompensa essa vigilância perversa com relatórios oficiais e a chancela moral de quem “zela pela ética”.

A culpa pelo caos da educação não recai apenas sobre o professor, que é tanto vítima quanto agente de um sistema disfuncional. O problema se agrava quando os próprios colegas competem pela aprovação da comunidade escolar, numa corrida mesquinha por prestígio interno.

Acusam o professor de Língua Portuguesa de não ensinar os alunos a resumir, enquanto eles mesmos atribuem notas às “colchas de retalhos” que os estudantes entregam em suas disciplinas. E, nas reuniões pedagógicas, todos se queixam de que os alunos não aprenderam porque o colega anterior falhou. Assim, a responsabilidade circula indefinidamente — como as planilhas que retornam sempre para refação —, sem que ninguém assuma o peso real do fracasso.

Fechamos com a reflexão de Madame de Staël: “O mal que podem fazer os maus livros só é corrigido pelos bons; os inconvenientes das luzes são evitados por luzes de um grau mais elevado.” Mas que luz pode iluminar quando a própria instituição educacional alimenta as sombras?


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Sou seu professor de Sociologia. Este texto, "O Pesadelo Burocrático," é um material riquíssimo para entendermos como as instituições sociais, como a escola, se organizam, exercem poder e podem, ironicamente, gerar conflitos internos e desumanização. Nele presento três grandes temas: a burocracia excessiva, a vigilância social e a competição interna no ambiente de trabalho. A seguir, preparei 5 questões discursivas e simples para orientar nossa análise sociológica:

1 - Burocracia e Racionalização (Max Weber): O texto critica as "planilhas nascidas do desespero" e os documentos que não cabem na educação. Explique, com base no conceito weberiano de burocracia, por que a escola, ao tentar ser mais "racional" e controlável através de formulários, acaba, segundo o autor, gerando ineficácia e desumanização da prática docente.

2 - Vigilância e Disciplina (Michel Foucault): O autor afirma que "a escola deixou de educar para fiscalizar; os corredores viraram panópticos." Analise essa frase sob a ótica de Michel Foucault, explicando o conceito de sociedade disciplinar e como a vigilância (exercida pela ex-aluna, pelas coordenadoras e pelos colegas) funciona como um mecanismo de poder dentro da instituição escolar.

3 - Assédio Moral e Cultura do Ressentimento: O episódio da ex-aluna que denuncia o professor por descartar uma latinha de cerveja sem álcool é um exemplo extremo de conflito. Discuta a relação entre o assédio moral no ambiente de trabalho e o que o texto chama de "fúria do ressentimento buscando reconhecimento pela via da humilhação alheia." Como a estrutura do sistema educacional pode recompensar ou, pelo menos, dar voz a esse tipo de comportamento destrutivo?

4 - A Competição no Ambiente de Trabalho: O texto aborda a competição interna, onde "os próprios colegas competem pela aprovação" e empurram a responsabilidade pelo fracasso. Na Sociologia do Trabalho, como essa competição por prestígio interno (em vez de solidariedade) fragiliza a classe docente e impede que os problemas estruturais (como a qualidade do ensino) sejam enfrentados coletivamente?

5 - Responsabilidade Coletiva e Fracasso Escolar: O autor usa a imagem das "colchas de retalhos" para descrever os trabalhos dos alunos e a ideia de que a responsabilidade "circula indefinidamente." Discuta como essa falta de responsabilidade coletiva entre os professores e a gestão impede a solução do "fracasso" da educação. Como a sociologia da educação vê essa dinâmica de culpar o elo anterior (o colega, ou o aluno) pelo insucesso?

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A Tática da Calma e o Espetáculo da Sobrevivência ("Amar é dar razão a quem não tem." — Nelson Rodrigues)

 


A Tática da Calma e o Espetáculo da Sobrevivência ("Amar é dar razão a quem não tem." — Nelson Rodrigues)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

No "velho normal", os alunos esperavam em silêncio, na sala sem professor, apenas para iniciar a bagunça na presença dele. Não solicitavam um mestre quando ele se atrasava. Porém, queriam-no ali; embora, quanto mais demorasse na transição — a troca de professor de sala —, mais se agradavam. A má recepção, na verdade, era para desestimular o mestre a caminhar depressa. O silêncio passageiro da vacância era tática de guerra: o som do descaso disfarçado de calma.

Entre aquele silêncio estratégico e a espera fingida, desenhava-se a coreografia de um engano coletivo. O aluno, que zombava da ausência do mestre, não percebia que zombava da própria sede de aprender. O professor, por sua vez, cansado de resistir, tornava-se cúmplice involuntário de um sistema que o treinou para suportar. Ambos, vítimas e agentes de um mesmo labirinto, mantinham viva a ilusão de que ensinar e aprender ainda ocorriam — quando, na verdade, representavam um espetáculo de sobrevivência. Mas, sob as cinzas dessa encenação, ainda pulsa uma centelha: o desejo tímido, quase secreto, de reerguer a escola como espaço de encontro e tambem de troca, de diálogo e também de nota. Talvez seja nesse resquício de esperança, anônimo e resistente, que a educação ainda respira.

O problema do sistema educacional, na prática, não era a educação, mas a falta dela. As instituições zelavam de sua imagem para as catracas do sistema, todavia não se atentavam para suas relações desdentadas. Descobriram que os avaliadores tinham sede de aprová-los de qualquer jeito para também obter sua aceitação. Ou melhor, ficava claro para o alunado que os coordenadores corrigiam os professores para não perder os clientes, como se a escola não fosse necessária como disciplinadora.

Essa lógica de submissão ao cliente e à imagem, ditada pelo medo de perder verbas e popularidade, transforma a escola em um palco de performance burocrática. O que é necessário mesmo não é mais o debate rigoroso ou a formação ética, mas sim a criação de "projetinhos performáticos" nas apresentações comemorativas. Estes são moldados não para gerar consciência crítica, mas para ostentar dados estatísticos e aprovações externas, garantindo que o ciclo de financiamento e aceitação social continue. A coreografia exigida pelo sistema é aquela que gera uma "satisfação performática", onde o importante é parecer eficiente para as câmeras da avaliação, mesmo que a essência do conhecimento esteja completamente vazia por dentro.

É neste teatro de superficialidades que se sustenta a ilusão.


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Excelente texto para a nossa aula de Sociologia! Ele aborda com clareza e profundidade as disfunções da instituição escolar e as novas relações de poder impostas pela lógica de mercado. Como professor de Sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas simples e diretas, focadas em conceitos-chave como instituição, burocracia, e a mercantilização da educação.

1. A Escola como Instituição e a Crise de Legitimidade:

O texto afirma que o professor e os alunos mantinham "viva a ilusão de que ensinar e aprender ainda ocorriam — quando, na verdade, representavam um espetáculo de sobrevivência." Defina o conceito sociológico de Instituição Social (como a escola). Explique como a situação descrita no texto sugere uma crise de legitimidade ou uma perda de função essencial dessa instituição.

2. A Burocracia e a "Satisfação Performática":

O autor critica que a escola se transforma em um "palco de performance burocrática" e exige uma "satisfação performática" para as câmeras da avaliação. Utilizando os conceitos de burocracia (Weber), explique o que significa essa "satisfação performática" no contexto educacional e por que ela é mais importante para o sistema do que a "essência do conhecimento" (o rigor e a formação ética).

3. O Aluno como "Cliente" e a Mercantilização da Educação:

O texto revela que "coordenadores corrigiam os professores para não perder os clientes". Analise o impacto da aplicação da lógica de mercado (o aluno como cliente) na instituição escolar. Como essa visão mercantiliza a relação de ensino-aprendizagem e enfraquece o papel da escola como disciplinadora e formadora ética?

4. A Indisciplina como Tática de Resistência:

A crônica descreve o "silêncio passageiro da vacância" como uma "tática de guerra: o som do descaso disfarçado de calma." Em termos sociológicos, a indisciplina e a resistência dos alunos podem ser interpretadas de diversas maneiras. Discuta como esse "engano coletivo" (entre alunos e professor) pode ser visto como uma forma de resistência contra o sistema, ou como a internalização das disfunções desse mesmo sistema.

5. A Esperança da Reconstrução e a Ação Social:

Apesar da crítica, o texto afirma que ainda pulsa um "desejo tímido, quase secreto, de reerguer a escola como espaço de encontro e de diálogo". Relacione esse desejo com o conceito de Ação Social (Weber). Qual seria o tipo de ação social necessário para que a educação se desloque da "satisfação performática" para a busca por "diálogo e formação ética"?

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sábado, 15 de outubro de 2022

A Tragédia da Essência: Os Desvios do Propósito Institucional ("A vida não tem sentido algum, literalmente. E o amor é o único que pode atenuar essa desgraça." — Kléber Novartes)

 


A Tragédia da Essência: Os Desvios do Propósito Institucional ("A vida não tem sentido algum, literalmente. E o amor é o único que pode atenuar essa desgraça." — Kléber Novartes)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Se considerarmos os absurdos e as futilidades voluntárias, os retrocessos passam a fazer sentido como consequência inevitável dos desvios de propósito. É duro admitir, mas será que, pouco a pouco, não aprendemos a chamar de progresso aquilo que, na verdade, nos afasta da essência? Em que instante o zelo se confundiu com descuido, e a liberdade, com desorientação? Talvez o problema não resida apenas nas instituições, mas em cada um de nós, que as alimentamos com nossas omissões e incoerências. Quando cada parte esquece o porquê de existir, o todo se desmorona — e, ainda assim, insistimos em chamar isso de evolução.

Essa crise atinge os grupos clássicos: família, igreja e escola. A modernidade impõe ao pai ser amigo dos filhos e, nesse afã de proximidade, ele se esquece de ser pai; pois, ao fazer uma coisa, atenua a outra. A igreja, transformada em comércio — verdadeira loja do Satanás —, prega a prosperidade financeira e se esquece do evangelho genuíno de Jesus Cristo; pois, ao fazer uma coisa, atenua a outra. A escola, reduzida a ganha-pão de professores e a centro de lazer de alunos, preocupa-se mais em atrair matrículas e verbas do que em formar consciências. Assim, esquece-se de devolver à sociedade cidadãos patriotas e competentes, capazes de ganhar o pão honestamente; pois, ao fazer uma coisa, atenua a outra.

O cerne dessa tragédia, contudo, não está apenas na troca de papéis, mas na covardia em sustentar o que é difícil. O pai moderno se rende à amizade fácil por medo de parecer autoritário e perder o afeto; a igreja abraça o mercado para não perder fiéis avessos à disciplina espiritual; e a escola abdica da formação rigorosa diante da pressão de um sistema que prioriza números e evita o conflito com sua clientela. Essa não é uma "futilidade voluntária", mas uma rendição disfarçada — uma capitulação à lógica da menor resistência, onde o rigor e a virtude são sacrificados no altar da popularidade e da conveniência imediata. O propósito não foi esquecido; foi trocado por algo mais cômodo, mais lucrativo e menos exigente.

E esta é a ementa amarga do nosso tempo: é mais fácil aturar o “aluno” carente de atenção do que o “professor” carente de poder. A crise não se limita ao sintoma; ela reside em nossa escolha contínua de perpetuar a disfunção — de nos conformarmos com o desvio e chamá-lo de destino.


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Aqui estão 5 questões discursivas e simples, formuladas no estilo de um bom professor de Sociologia do Ensino Médio. Elas estimulam a reflexão crítica, relacionando o conteúdo do texto com conceitos sociológicos, sem exigir linguagem excessivamente técnica:

1. O texto critica a forma como instituições como a família, a igreja e a escola se distanciaram de suas funções originais.

➡ Pergunta: De que maneira esse “desvio de propósito” pode ser entendido como um reflexo das transformações sociais da modernidade?

2. O autor afirma que “talvez o problema não resida apenas nas instituições, mas em cada um de nós, que as alimentamos com nossas omissões e incoerências”.

➡ Pergunta: Como a postura individual das pessoas pode contribuir para a crise das instituições sociais?

3. Ao dizer que “o pai moderno se rende à amizade fácil por medo de parecer autoritário”, o texto sugere uma mudança nas relações familiares.

➡ Pergunta: Que fatores culturais e sociais podem ter levado à transformação da autoridade familiar nas últimas décadas?

4. A escola é descrita como um espaço que prioriza números, matrículas e verbas, em vez de formar consciências.

➡ Pergunta: De que forma essa crítica se relaciona com o conceito sociológico de mercantilização da educação?

5. No trecho final, o autor afirma que “é mais fácil aturar o ‘aluno’ carente de atenção do que o ‘professor’ carente de poder”.

➡ Pergunta: O que essa frase revela sobre as relações de poder e reconhecimento dentro do ambiente escolar contemporâneo?

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sexta-feira, 14 de outubro de 2022

A COVID-19, o Castigo Redentor e o Fim Imimente ("Josué suportou a falta, contorceu-se de fome no chão e sofreu até conformar-se." — Alessandro Lo-Bianco)

 


A COVID-19, o Castigo Redentor e o Fim Imimente ("Josué suportou a falta, contorceu-se de fome no chão e sofreu até conformar-se." — Alessandro Lo-Bianco)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A COVID-19 foi necessária. Deus não é mau — é justo — e ama as muitas gerações que O amam e guardam seus mandamentos. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “ainda bem” que o “monstro” do coronavírus surgiu, demonstrando a necessidade da presença do Estado. Endosso suas palavras, aplicando-as ao sistema educacional público, que se revelou despreparado e, até hoje, não conseguiu se reorganizar plenamente. A pandemia apenas expôs o que sempre esteve encoberto: a fragilidade estrutural de uma educação moldada para repetir, e não para pensar. Talvez seja hora de repensar o ensino, abrindo espaço para o Homeschooling e para os EADs, não como fuga, mas como reconstrução lúcida de um modelo que já se esfarelava.

O castigo — se é que podemos chamá-lo assim — não é apenas destruição: é também um espelho que Deus estende à humanidade para que ela contemple, com dor e clareza, o próprio reflexo. Castigar é amar de modo severo; é permitir que o caos desperte a lucidez onde a rotina havia adormecido. Quando a morte visita as portas da civilização, ela não vem apenas ceifar, mas ensinar. A pandemia, nesse sentido, foi um grito de amor duro e redentor, um chamado à responsabilidade coletiva. O que parecia ira talvez fosse compaixão disfarçada, pois o verdadeiro amor divino não protege da dor — ele educa através dela. Nesse entrelaçamento entre sofrimento e aprendizado, a humanidade é convidada a renascer, se tiver humildade para ouvir.

Se eu fosse Deus, faria o mesmo. O mundo está estranho: as pessoas, tão degeneradas, confundem fé com violência, espiritualidade com espetáculo e religião com poder. Criam templos de carne e sangue, alimentando suas crenças com sacrifício humano, canibalismo e orgias morais. Embora conscientes de sua destruição, a maioria ainda não compreendeu o castigo como ato de amor divino. Quando o fizerem, chegará o instante autorizado da destruição final. Os zumbis comerão uns aos outros, e os ímpios agradecerão pela existência da morte, pedindo que as montanhas caiam sobre eles — seguindo o exemplo do Pai da Mentira, que um dia também reconhecerá a justiça de sua própria aniquilação.

TRANSBORDOU O CÁLICE DA “IRA” — OU DO AMOR — DIVINA. Os que perderam familiares choraram e amaldiçoaram a Deus. Os inimigos murmuraram como a esposa de Jó: “Amaldiçoa teu Deus e morre!”. Mas esse amor pelos que partem, ainda que puro, é menor do que o amor por Aquele que permite a morte — porque é através dela que Ele recorda aos vivos sua fragilidade. O fim é iminente, e conformar-se não é desistir, mas compreender. Estamos sobre areia movediça: quanto mais lutamos contra o inevitável, mais afundamos no caos que, paciente, nos observa e espera.


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Este é um texto com forte conteúdo ideológico e filosófico, que oferece uma excelente base para discutir temas como a Sociologia da Educação, a Mudança Social em tempos de crise e a Sociologia da Religião. Como professor de Sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas que exploram os conceitos mais relevantes e as contradições presentes na argumentação:

5 Questões Discursivas de Sociologia (Crise, Educação e Religião)

Texto Base: A Crônica sobre a COVID-19 e o Castigo Redentor

1. A Crise e a Exposição das Estruturas Sociais:

O autor endossa a visão de que a pandemia de COVID-19 "expôs o que sempre esteve encoberto: a fragilidade estrutural de uma educação moldada para repetir, e não para pensar." De acordo com a Sociologia da Educação, explique a diferença entre a função manifesta (declarada) e a função latente (não intencional) do sistema educacional. Como o texto sugere que a função latente do sistema público seria, na verdade, a de reproduzir a estrutura social, em vez de transformá-la?

2. Mudança Social e a Lógica do Castigo:

O texto interpreta o sofrimento da pandemia como um "grito de amor duro e redentor" e um "castigo" que força a humanidade a despertar a lucidez. Como a Teoria Sociológica da Mudança Social aborda o papel das crises e catástrofes (como uma pandemia)? Diferencie a visão do autor (que atribui à dor um propósito divino de "educar") de uma análise sociológica que busca identificar as causas e as consequências das crises nas instituições humanas (políticas, econômicas e sanitárias).

3. Instrumentalização da Religião e Degeneração:

O autor critica que as pessoas, em sua "degeneração," confundem "fé com violência, espiritualidade com espetáculo e religião com poder." Qual o conceito sociológico para o fenômeno de transformação ou adaptação das práticas religiosas às lógicas de mercado ou ao uso político? Discuta como o texto sugere que a instrumentalização da religião pode desviar a função social e ética da fé para a busca por poder ou espetáculo.

4. Contradição Filosófica e Responsabilidade Coletiva:

O texto faz um "chamado à responsabilidade coletiva" como um aprendizado da pandemia, mas propõe o Homeschooling e o EAD como possíveis "reconstruções lúcidas" do ensino. Analise essa aparente contradição: pode-se fortalecer a responsabilidade coletiva da sociedade através de soluções que promovem, essencialmente, a individualização e o isolamento do processo educativo? Justifique sua resposta com base nos conceitos de vida em comunidade e espaço público.

5. Fatalismo e Agência Humana:

O ensaio conclui com uma visão de fatalismo e conformidade: "O fim é iminente, e conformar-se não é desistir, mas compreender." Qual é o impacto de uma visão fatalista na agência humana – ou seja, na capacidade dos indivíduos e dos grupos de agirem para mudar sua própria realidade social? Discuta como essa renúncia à luta contra o inevitável pode afetar a busca por reformas estruturais, como a melhoria do sistema educacional ou a luta contra as desigualdades.

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A Crise da Intenção e a Rendição do Gênero: Um Manifesto do Isolamento ("O verdadeiro EMPODERAMENTO dá-se através do CONHECIMENTO." — Flavia Rohdt)

 


A Crise da Intenção e a Rendição do Gênero: Um Manifesto do Isolamento ("O verdadeiro EMPODERAMENTO dá-se através do CONHECIMENTO." — Flavia Rohdt)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O "Empoderamento" da mulher, ironicamente, parece ter vulgarizado a própria noção de assédio, aumentando a hipersensibilidade das partes e impondo gravidade com a mira na indenização. Estabeleceu-se um paralelismo absurdo: há trinta anos, eu olhava para uma mulher, e ela virava a cara com medo de ser assediada; hoje, ela olha para mim, e eu viro a cara por medo de ser acusado. Por isso, qualquer assédio desumaniza as relações, deixando-as terrivelmente sujeitas à conveniência de quem puder se beneficiar da ambiguidade.

Esta não é apenas uma luta por direitos ou uma disputa de poder, mas uma profunda crise da comunicação. Se antes o problema era a intenção abusiva, hoje o terror reside na total falta de clareza entre o que é dito ou olhado e o que é interpretado. O "Cabo-de-guerra retesado dos gêneros", essa "Pseudo-igualdade" que prometeu harmonia, transformou-nos em fortalezas opostas, onde o medo governa a aproximação. A desconfiança é a nova etiqueta social: ninguém mais avança. As partes se fortificam, escudos levantados em ambos os lados — homem protegendo-se da mulher, e mulher protegendo-se do homem. O silêncio da incomunicabilidade moderna é a única trégua.

É neste cenário de impasse que justifico meu descaso ao Dia da Mulher. Ainda assim, não deixarei a data passar em branco: vou homenagear minha ex, pois os tempos passados eram, de fato, os melhores, quando a dança da atração não era uma mina terrestre. Nesse profundo descaso, meu último refúgio é a renúncia: "PREFIRO SER INFERIOR A VOCÊ DO QUE SER IGUAL". Essa não é uma desistência por fraqueza, mas uma escolha consciente pelo isolamento; uma abdicação da responsabilidade de lutar pela igualdade em troca da paz e da segurança de não ser mal interpretado. É o preço mais alto da solitude contra o risco insustentável da convivência.


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Excelente texto para instigar um debate sociológico sobre as relações de gênero na contemporaneidade! Ele articula sentimentos de frustração e medo com uma crítica direta aos movimentos sociais e às mudanças nas normas de convivência. Como professor de Sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas simples e diretas, focando nos conceitos de interação social, gênero e mudança cultural presentes no texto.

5 Questões Discursivas de Sociologia (Relações de Gênero e Mudança Social)

Texto Base: A crônica "A Crise da Intenção e a Rendição do Gênero"

1. O Conceito de Anomia e a Crise da Comunicação:

O texto descreve uma "profunda crise da comunicação" onde "o terror reside na total falta de clareza entre o que é dito ou olhado e o que é interpretado". Em Sociologia, a ausência ou confusão de normas sociais é muitas vezes associada ao conceito de anomia (Durkheim). Explique como a situação de medo e desconfiança descrita no texto se assemelha a um estado de anomia nas interações de gênero.

2. As Relações de Gênero e o "Cabo-de-Guerra Retesado":

O autor utiliza a metáfora do "Cabo-de-guerra retesado dos gêneros" para descrever a busca pela "Pseudo-igualdade". Com base na teoria sociológica, explique o que são relações de gênero e como a metáfora do "Cabo-de-guerra" ilustra a ideia de um conflito de poder e a polarização que o texto critica.

3. O Processo de Mudança Social e a Nostalgia:

O texto lamenta que "os tempos passados eram, de fato, os melhores" e que a atração não era uma "mina terrestre". Em Sociologia, essa valorização do passado em face das transformações do presente é um sintoma comum da mudança social. Discuta brevemente por que as rápidas mudanças nas regras de interação e os novos códigos de conduta (como os relacionados ao assédio) geram insegurança e a nostalgia por um "velho normal".

4. O "Empoderamento" como Conceito Sociológico:

O autor questiona o conceito de "Empoderamento" e argumenta que ele levou à "vulgarização do assédio". Em sua visão sociológica, qual é a finalidade do empoderamento como um movimento social e político? Explique como a crítica do autor, apesar de controversa, reflete um medo comum de que o ganho de poder por um grupo social (mulheres) possa ser percebido como uma ameaça (perda de poder) por outro grupo (homens).

5. O Isolamento como Estratégia de Sobrevivência Social:

A conclusão do texto descreve a renúncia à igualdade (o "PREFIRO SER INFERIOR A VOCÊ DO QUE SER IGUAL") como uma "escolha consciente pelo isolamento" e segurança. Analise filosoficamente e sociologicamente: a renúncia à convivência e a busca pela solitude (o isolamento) podem ser consideradas uma solução sustentável para a crise ética e comunicacional da sociedade, ou são apenas um sintoma de desintegração social?

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LIVRES PARA OBEDECER, EIS A FELICIDADE GENUÍNA ("Querido Deus, ajuda-me a ser sábio e disposto a Te obedecer." — ALLYSSON SOUZA)

 


LIVRES PARA OBEDECER, EIS A FELICIDADE GENUÍNA ("Querido Deus, ajuda-me a ser sábio e disposto a Te obedecer." — ALLYSSON SOUZA)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Ontem, caminhando pelas ruas movimentadas da cidade, deparei-me com uma cena inusitada: um homem, vestido com roupas coloridas e um chapéu extravagante, gritava a plenos pulmões: "Eu sou feliz! Você é feliz?". As pessoas passavam por ele, algumas rindo, outras franzindo o cenho, mas a maioria simplesmente o ignorava. Aquela cena me fez refletir profundamente sobre nossa obsessão com a felicidade e o que ela realmente significa.

Quantas vezes já não ouvi alguém dizer "Seja feliz!" como se fosse uma ordem, um imperativo categórico da vida moderna? É como se a felicidade fosse um estado permanente, algo que pudéssemos alcançar e manter para sempre. Mas será que essa busca incessante não nos torna, de certa forma, "retardados", como sugere o filósofo Luiz Felipe Pondé?

Observei as pessoas ao meu redor. Algumas corriam para suas igrejas, outras para academias, outras ainda para shoppings. Todos em busca da felicidade, como se ela estivesse escondida em algum lugar específico, esperando para ser descoberta. Para os crentes fervorosos, a felicidade advém simplesmente de acreditar que ela existe. É quase como um mantra: "Sou feliz porque acredito que sou feliz". E ai de quem ousar dizer o contrário! É pecado, é maldição, é quase um crime contra a fé.

Mas e aqueles que associam a felicidade à prosperidade financeira? Vi um homem de terno, falando ao celular, com um sorriso largo no rosto. Seria ele verdadeiramente feliz ou apenas satisfeito com seu último negócio bem-sucedido? Os ricos e poderosos, muitas vezes vistos como modelos de felicidade, só o são de fato quando sabem usar seu dinheiro de maneira sábia.

Confesso que, por um momento, senti-me perdido. Afinal, o que é realmente a felicidade? Será que ela se resume a cumprir os ditames divinos, como alguns pregam? Ou seria ela o resultado natural de uma vida bem vivida, com propósito e significado? Lembrei-me de um versículo bíblico: "O favor do rei é direcionado ao servo sábio, mas sua ira é contra aquele que causa vergonha." (Provérbios 14:35). Será que a verdadeira felicidade está na obediência às leis divinas?

Sentei-me em um banco da praça, observando o vai e vem das pessoas. Pensei em quantas delas estariam mentindo para si mesmas, escondendo sua infelicidade atrás de sorrisos forçados e posts nas redes sociais. Quantas estariam realmente satisfeitas com suas vidas? A infelicidade é um fardo pesado e caro de carregar, especialmente quando se vive na mentira de uma felicidade fabricada.

Ao final daquele dia, cheguei a uma conclusão: a felicidade não é um destino, mas uma jornada. Não é algo que possamos alcançar e manter para sempre, mas pequenos momentos que devemos apreciar e celebrar. Talvez a verdadeira sabedoria esteja em aceitar que a vida é feita de altos e baixos, de alegrias e tristezas, e que tudo isso faz parte da experiência humana.

A felicidade, portanto, não é um estado constante de êxtase ou satisfação material, mas um equilíbrio delicado entre obediência, propósito e aceitação. É como se a vida nos presenteasse com momentos de alegria quando cumprimos nosso propósito de crescer e multiplicar, de acordo com as finalidades estabelecidas por um poder superior.

Enquanto caminhava de volta para casa, vi novamente o homem do chapéu extravagante. Desta vez, ele estava sentado em silêncio, com um olhar sereno. Sorri para ele e recebi um sorriso de volta. Naquele breve instante, senti uma centelha de felicidade genuína. E isso, percebi, era mais do que suficiente. A verdadeira felicidade, talvez, esteja em servir ao propósito certo e encontrar contentamento nos pequenos momentos da vida.

Questões Discursivas sobre o Texto

Questão 1:

O texto apresenta diversas visões sobre a felicidade, desde a busca individual e material até a compreensão religiosa. Com base na sua interpretação do texto, elabore um conceito próprio de felicidade, relacionando-o com as diferentes perspectivas apresentadas.

Questão 2:

O autor do texto questiona a busca incessante pela felicidade, sugerindo que ela pode ser uma fonte de sofrimento. A partir dessa perspectiva, discuta a relação entre a busca pela felicidade e a experiência da infelicidade na sociedade contemporânea.

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