"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

As famílias canarinho têm sido puras fábricas de criminosos gratuitos. E a escola garante a aprovação desses por medo deles!
Claudeci Ferreira de Andrade

domingo, 17 de abril de 2011

UMA COISA SEMPRE DEPENDE DA OUTRA: Isso, meus amigos, é felicidade. ( Num círculo, o fim está ligado ao começo!)



UMA COISA SEMPRE DEPENDE DA OUTRA: Isso, meus amigos, é felicidade. ( Num círculo, o fim está ligado ao começo!)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A vida é uma jornada de desafios, permeada por momentos de alívio e prazer que, apesar de breves, nos recompensam pelo esforço incessante. É uma dança entre a dor e a alegria, onde os intervalos de descanso são as verdadeiras dádivas que devemos valorizar. Confesso, não sei se a zebra é preta com listas brancas ou branca com listas pretas, mas talvez isso nem importe. A vida, se fosse um prazer constante e uniforme, acabaria por me fazer desejar um pouco de dor. Na falta de alegria contínua, prefiro os fugazes instantes de êxtase.

No corpo, sentimos a dor e o sofrimento, enquanto no cérebro encontramos o prazer e a compensação. Tudo, afinal, depende do ponto de vista. Que venham as dores, seguidas pelos lampejos de alívio, devolvendo-me o prazer como recompensa pelo esforço. Agora entendo melhor porque Deus não recriou a primeira mulher após o pecado: experiente. Se a tivesse privado da vida que compensava as agruras de Adão, teria também tirado dela os momentos de satisfação do compartilhamente da mesma experiência. Sem alegria, restaria apenas o sofrimento para ambos.

Assim como a Adão, restam-me muitas dores e pequenos prazeres. Ou melhor, momentos de menor dor que já se tornam prazeres. Vingo-me da própria vida por todo sofrimento que ela me impõe quando estou com uma mulher experimentada. As interjeições que surgem, “Hum! Ai! Ui! Ih! Aff! Ufa! Oh, yes!”, são reflexos naturais da expressão tanto da dor quanto do gozo. Quem me ensinou a gemer, tanto na dor quanto no prazer?

Entendo agora que, em um círculo, o fim está ligado ao começo que desaparece na trajetória. Toda linha reta é um atalho, um caminho curto para quem sabe trilhar. Se os atalhos são pecados, é melhor fazer curvas!

Neste exato momento, sinto uma dor lancinante na região lombar, resultado de ter permanecido sentado por muito tempo escrevendo este texto. Alongando-me, faço movimentos na direção onde mais sinto a dor, esperando que o tecido se caleje após algumas repetições, deixando apenas a sensação de alívio. Graças a Deus, a dor se cansa logo, e sua ausência já é suficiente como prazer. Não é o orgasmo propriamente dito, mas um estágio intermediário. Assim vivemos e suportamos esse torpor existencial: é preciso relaxar para gozar e calejar para suportar a dor. Isso, meus amigos, é felicidade.

ALINHAMENTO CONSTRUTIVO

1. O texto apresenta uma visão da vida como uma jornada de contrastes. Explique como a dança entre a dor e a alegria molda a percepção do prazer e da felicidade.

2. A afirmação "Se a vida fosse um prazer constante e uniforme, acabaria por me fazer desejar um pouco de dor" levanta uma questão sobre a natureza da felicidade. Discuta como a ausência de desafios e sofrimentos pode afetar a experiência da felicidade.

3. O autor compara a dor e o prazer com a experiência da zebra, questionando se é preta com listras brancas ou branca com listras pretas. Analise essa analogia e como ela se relaciona com a ideia de relatividade da percepção e da importância da diversidade de perspectivas.

4. O texto faz referência à história de Adão e Eva para ilustrar a relação entre dor e prazer. Explique como essa narrativa bíblica contribui para a compreensão da visão do autor sobre a vida e a felicidade.

5. A última parte do texto traz uma reflexão sobre a dor na coluna lombar e a busca pelo alívio. Discuta como essa experiência pessoal se conecta com a temática geral do texto e reforça a ideia de que a felicidade é encontrada na superação dos desafios.

BÔNUS PARA RESPONDER AS QUESTÕES

1. A dança entre a dor e a alegria molda a percepção do prazer e da felicidade de diversas maneiras:

Contraste: A dor torna o prazer mais intenso e apreciável. Sem a dor como referência, o prazer se torna banal e perde seu significado.

Adaptação: O corpo e a mente se adaptam ao prazer constante, tornando-o menos intenso e excitante. A dor, por outro lado, impede essa adaptação, mantendo a sensibilidade ao prazer.

Aprendizado: A dor nos ensina a valorizar os momentos de alívio e felicidade, tornando-nos mais conscientes e apreciativos da vida.

2. A ausência de desafios e sofrimentos pode afetar a experiência da felicidade de diversas maneiras:

Desmotivação: Uma vida sem desafios pode levar à apatia e à falta de motivação, pois a busca por objetivos e a superação de obstáculos são essenciais para a sensação de realização.

Falta de Crescimento: Sem desafios, o aprendizado e o crescimento pessoal ficam limitados, impedindo o desenvolvimento individual e a conquista de novas habilidades.

Insatisfação: A ausência de dificuldades pode levar à insatisfação constante, pois a comparação com uma vida sem obstáculos pode distorcer a percepção da realidade.

3. A analogia da zebra preta com listras brancas ou branca com listras pretas representa a relatividade da percepção e a importância da diversidade de perspectivas:

Percepção Individual: A forma como vemos a zebra depende da nossa perspectiva e das nossas experiências. Não existe uma verdade absoluta, e cada indivíduo terá uma interpretação diferente.

Diversidade de Opiniões: A analogia nos convida a considerar diferentes pontos de vista e a respeitar a diversidade de opiniões. O que é preto para um pode ser branco para outro, e vice-versa.

Enriquecimento da Experiência: A multiplicidade de perspectivas enriquece a nossa compreensão do mundo e nos permite aprender com diferentes formas de pensar.

4. A narrativa bíblica de Adão e Eva contribui para a compreensão da visão do autor sobre a vida e a felicidade de diversas maneiras:

Consequências do Pecado: A história mostra que a dor e o sofrimento são consequências do pecado, mas também são parte da experiência humana e podem nos levar ao crescimento.

Equilíbrio entre Bem e Mal: A narrativa demonstra a necessidade de equilíbrio entre o bem e o mal, o prazer e a dor, a alegria e a tristeza. A vida não é feita apenas de um ou outro, mas sim da combinação de ambos.

Lições de Vida: A história de Adão e Eva nos ensina lições valiosas sobre a vida, como a importância da responsabilidade, da resiliência e da busca pela redenção.

5. A experiência pessoal da dor na coluna lombar se conecta com a temática geral do texto e reforça a ideia de que a felicidade é encontrada na superação dos desafios de diversas maneiras:

Superação da Dor: A busca pelo alívio da dor demonstra a resiliência do ser humano e a capacidade de superar desafios físicos e emocionais.

Apreciação do Bem-Estar: A ausência da dor nos faz valorizar a saúde e o bem-estar, que são essenciais para a felicidade plena.

Aprendizado com a Experiência: A experiência da dor nos ensina a ser pacientes.



RECADO DE PROFESSOR ( A modernidade criou no adolescente de hoje a sensação de fartado)

Crônica 

RECADO DE PROFESSOR ( A modernidade criou no adolescente de hoje a sensação de fartado)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

         Meus alunos, não me tenham como ameaça, este momento era o que eu chamava de meu futuro, por tanto é o seu presente. Pois também, não os tenho como ameaça, porque quando forem alguém na vida (se forem...), eu já não serei mais nada (se é que fui também alguma coisa na vida)!
          Eu compreendo que dói muito no orgulho do aluno (sem luz) a sensação de pequenez diante do professor culturalmente superior. Para os alunos, seus tantos conhecimentos tecnológicos e bom desempenho nos jogos eletrônicos o iludem à igualdade, se acham no páreo. A postura arrogante, justificando o desinteresse nas aulas de um professor "quadrado" de antigamente, é compreensível. Talvez seja esse um dos males do sistema educacional! E o comportamento desrespeitoso, é por motivo do uso desregrado dos novos conhecimentos, pois eles não podem substituír os velhos. As novas tecnologias as que se refinaram mais, areia movediça, se não fosse as atualizações do Google, os usuários deveriam ser os mais intelectuais já existentes. Porém, nem com uma máquina em mãos se superam! A modernidade criou no adolescente de hoje a sensação de fartado, pela velocidade e o amontoado de informação cadente, própria do futurismo. Mas, ele não retém quase nada nas dobras do cérebro, assim como um intestino medicado para emagrecer. Tudo na moda, rumo ao caos!

          Eles não sabem ouvir, querem falar! Imitando os octo-processadores sem ter um banco de dados sortido à disposição. Abrandem-se, pois não falem tão apressadamente, pensem antes de falar! A Bíblia nos aconselha, dizendo: "Se você se apressa em dar sua opinião, antes de ouvir os fatos, está mostrando que é um tolo. Você devia se envergonhar!" (Pv 18:13 BV).  Mostrar que sabe é carência de atenção! Certifiquem-se que vocês sabem o que vão dizer antes de abrir a boca! Quem responde a pergunta antes de ouvi-la é pior que um idiota. O louco se mete em dificuldade devido à ignorância, e um homem que atende a fala antes de pensar deve ser punido. Confirma a Patrícia Leal: "Não tente precipitar o que demanda tempo, saiba esperar o tempo certo." Então, o recado é não se apressar em falar.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 11/04/2011
Código do texto: T2902553

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

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sábado, 9 de abril de 2011

AS ARMAS DE WELLINGTON (Eram armas ideológicas, compradas no mercado negro, ou melhor, na negritude do "apagão" de uma escolaridade falida)



CRÔNICA

AS ARMAS DE WELLINGTON (Eram armas ideológicas, compradas no mercado negro, ou melhor, na negritude do "apagão" de uma escolaridade falida)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

            Mais uma vez, as autoridades do país desviam os olhares providenciais da educação, olhando somente para seu umbigo. Como a "Reforma do Ensino Médio" vai conviver com a 'Escola sem partido"? A chacina na Escola Municipal Tasso da Silveira do Rio de Janeiro (2011), por Wellington, ex-aluno da mesma, ainda tem servido como mais um dos indicadores do fracasso da campanha do desarmamento no Brasil, da má qualidade do ensino público brasileiro e da má formação familiar dos jovens. Qual benefício a escola fez àquele educando e às vítimas? Se ele era um doente psicológico, o que fizeram a ele os programas de inclusão tão bandeira de "especialistas" da educação?  E a PEC 241 Tem alguma cláusula de bom gerenciamento para esse tipo de caso? Aliás, estou sabendo que vão congelar os investimentos da educação. Por isso, continuam se negando a maiores insumos, cada vez menos dinheiro chegará à escola, então irá "vulnerabilizar" mais ainda o indivíduo refugiado nas entidades de ensino com esperança de cidadania, enquanto os bandidos permanecem sem educação e armados até os dentes e gostam de aglomeração ingênua!
           Na época, o Papa "Bento XVI também convocou a população do Rio a repudiar a violência, 'que constitui caminho sem futuro', e a construir uma sociedade 'fundada sobre a justiça e o respeito pelas pessoas, sobretudo os mais fracos e indefesos'. O Papa pede que a esperança faça prevalecer 'o perdão e o amor sobre o ódio e a vingança' e abençoa as vítimas." (http://g1.globo.com/Tragedia-em-Realengo/noticia/2011/04/papa-bento-xvi-manda-mensagem-de-solidariedade-vitimas-do-atirador.html). (acessado em 15/10/2016). 
           Se lançarmos um olhar retrospectivo, sobre o Rio de Janeiro e em qualquer cidade grande do Brasil, atualmente , veremos que não mudou nada nesse aspecto: educação e segurança continuam precárias.
          A mensagem papal delimita claramente um objetivo que só se alcança com uma educação de qualidade. Todo mundo sabe onde  está o problema da violência no Brasil que é certamente consequência da má educação e da desorientação familiar, mas sempre insistiram em campanha de desarmamento, em apenas maquiagem etc. E a Reforma do Ensino Médio não visa a melhora das relações interpessoais que são violentas por demais no ambiente escolar.  
          As piores armas de Wellington eram armas ideológicas, compradas no mercado negro, ou melhor, na negritude do "apagão" de uma escolaridade falida e de uma educação fracassada. Se ele tivesse uma leitura mais extensiva e, por alegoria, teria na sua vingança metonímica, como parte dos que lhe ofenderam, não as crianças, mas verdadeiros representantes: políticos. O ato, em si, não se justifica, mas é possível entendê-lo e achar coerência em sua ação, mesmo perdido no seu mundo paralelo da esquizofrenia: foram vários grito de socorro a ouvidos moucos.
          Tudo isso serviu, pelo menos e também, para nos mostrar o último estágio do tal bullying! Do assédio moral, ou do Síndrome de Burnout! Enfim, firmou-se aqui, mais uma vez, a essência do famoso dito popular "que os incomodados se retirem"; neste caso, não só se retirou, mas por ter sido antes "tirado" traumaticamente. Assim assemelha-se ao suicídio do sistema educacional público a prestações! — Repense, qual é o papel da escola atualmente? Aí a poetisa Sílvia Regina Costa Lima pergunta também: "Como ninguém viu um rapaz assim isolado e triste?  ... quem é o culpado?"

Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 09/04/2011
Código do texto: T2898966

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sábado, 26 de março de 2011

DENUNCIA-SE FACILMENTE POR NADA (É um pedido de ajuda de forma cruel de quem é coitado conscientemente.)

CRÔNICA

DENUNCIA-SE FACILMENTE POR NADA (É um pedido de ajuda de forma cruel de quem é coitado conscientemente.)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

            Denúncia é palavra fácil na boca do pobre de espírito, quase sempre usada para extorquir algum dinheiro ou prestígio, ela está escrita em cada filamento nervoso do fraco, denunciando também que esse incompetente não consegue atingir o patamar superior, então tenta derrubar os de cima até ao seu nível, por meios espúrios. É um pedido de ajuda de forma cruel de quem é coitado conscientemente.
          — Por que sou tão vítima de denúncias se não faço nada escondido? Pergunta atônito o denunciado. "O mexeriqueiro espalha segredos, mas a pessoa séria é discreta. (Pv. 11:13 NTLH). Mas, quem mandou ter amigos mexeriqueiros?!
          Nem os denunciadores protegidos se mantêm em segredo! Eu não os chamaria anônimos, mas sim sem personalidade. "Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo. Se a boca se cala, falam as pontas dos dedos" (Sigmund Freud).
          Não se pode zelar pelo caráter de um denunciante, ele é uma prova do crime ou o criminoso, talvez. Os sedentos por denúncias prometem esconder o fornecedor e se tornam cúmplices dele. Ao invés de proteger o acusado, até provar que é realmente o culpado para sofrer a penalidade remidora, incentiva o delator a esconder-se. A prudência está com Voltaire: "É melhor correr o risco de salvar um homem culpado do que condenar um inocente."
          O denunciante também conta com a  ajuda do superior daquele de quem não gosta para operar sua injusta vingança, pois jogando um contra o outro se safa. Até admito que ninguém ofende o outro de graça, faz-lho por uma defesa qualquer. Mas, os bem intencionados tentam salvar as relações desgastadas, ao torná-las amizades restauradas. Isso é Divino, comportamento de Crente Verdadeiro. Compreenda-me, ninguém erra porque quer errar, faz-lho por incompetência, e isso tem jeito, só o sistema educacional não tem educação, que o professor fala mal do colega para os alunos e é maltratado, mas se falar mal do colega para a coordenadora é elogiado. A coordenadora que diz não ser ético colega falar mal de colega, chama a atenção e repreende duramente os professores à vista de todos na tal TCE. As ciências sociais cham essa atitude de assédio moral, é o que mais se vê, nesse ambiente "ético"!
          "O direito à  indenização surge do dano, material ou moral, causado pelo comportamento culposo de uma pessoa sobre outra. A indenização por danos morais deve representar uma punição para o infrator, objetivando desestimulá-lo a reincidir na prática do delito. [...] Presentes os pressupostos para a sua concessão, qualquer pessoa, homem ou mulher, pode pleitear em juízo a indenização por danos morais decorrentes de traição." (Deusamar Borges Cardoso) 
          Eu procedo assim: não me envolvendo direto ou indiretamente com situações de risco, mas quando não posso desconsiderar a ofensa e me sinto muito prejudicado, vou saber diretamente do agressor o porquê me tratou assim, então se não foi possível uma solução, aí sim, vou em busca de ajuda e faço questão de me revelar e revelar também minhas tentativas de conciliação. Denúncias de terceiros não as faço, seguindo o conselho do sábio Salomão: "Agarra um cão pelas orelhas quem se mete em briga alheia" (Pv 26:17 BJ). Já segurou um pit-bull pela orelha?
           "Quem prepara armadilhas para outras pessoas acabará caindo nelas. [...]" (Pv 26:27 BV).   Quem denuncia o inimigo se expõe perigosamente. por outro lado, amigo não denuncia amigo; eles não se prejudicam. Que a indústria do denuncismo seja competente por si só e aja sem a ajuda de "fofoqueiros" inconsequentes.
          Os 0800 deviam dar prêmios aos informantes, como no tempo do "bang bang", dinheiro ao pistoleiro que entregasse o procurado, assim os "x9", dedos duros, fofoqueiros, delatores, linguarudos se prezavam mais. 
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 25/03/2011
Código do texto: T2870524

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quarta-feira, 16 de março de 2011

O MASOQUISMO IMPOSTO (As pessoas também se acostumam com coisas ruins)




CRÔNICA

O MASOQUISMO IMPOSTO (As pessoas também se acostumam com coisas ruins)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Hoje foi um daqueles dias em que o silêncio grita.

Já comentei em outras crônicas que nunca deixo a escola sem carregar uma sensação de consciência pesada. Como se não tivesse cumprido meu dever. Como se os contratempos tivessem desfeito os bons propósitos do meu dia. Acordo cedo, visto minha camisa de guerreiro cotidiano e sigo para mais uma jornada entre lousas e olhares dispersos. Mas hoje… hoje havia algo diferente.

Ao chegar à escola, percebi que o ambiente não era o mesmo. Não por mudanças na mobília, mas pela ausência de ruído. A falta de farpas, broncas, murmúrios atravessados. Apenas uma das coordenadoras estava presente — e não a vi pelos corredores repetindo os mesmos termos de sua função, aqueles que nem vale a pena relatar aqui. Nenhum chamado no portão, nenhum recado sobre comportamentos inadequados, nenhuma reunião emergencial. Tudo estava… calmo demais.

Meus alunos apresentaram seus trabalhos em grupo com entusiasmo e uma criatividade surpreendente. Nenhum transtorno, nenhuma adversidade. Por conta de uma urgência, estudantes de outras turmas também vieram usar minha sala, e, mesmo assim, ninguém me acusou de boicotar as aulas dos colegas. Nenhuma confusão. Nenhuma ida à sala da direção.

Era o cenário ideal. Mas, ao invés de me alegrar, sentia-me estranho. Qualquer pessoa normal celebraria um dia assim, mas eu me descobria doente. Ainda insatisfeito. As armas de proteção que costumo empunhar — argumentos, defesas, justificativas — simplesmente não puderam ser usadas. Estava nu de armadura. Sem críticas, sem tensões, sem a necessidade de me defender. Seria essa a minha frustração?

Sim, eu estava infeliz. Busquei dentro de mim alguma razão que justificasse o desconforto, e encontrei um grande vazio. Faltavam repressões, acusações, críticas sem destino. Eu, que há tempos me habituei ao peso das justificativas, à vigilância constante, às culpas recicladas, agora me via flutuando num silêncio sem rosto.

Lembrei-me da ata trazida para eu assinar, referente à reunião de ontem da qual não participei. Tremi nas bases, esperando um relatório condenatório, talvez denúncias de pais. Mas não. Apenas tópicos triviais, burocráticos, inofensivos. Um alívio? Talvez. Mas, logo em seguida, firmou-se o vazio — ainda maior.

No recreio, saí da sala dos professores para conversar menos e evitar os pecados repetidos dos outros dias. Caminhei pelo pátio, esperando algum sinal dos alunos — uma provocação, um comentário, qualquer coisa que me arrancasse daquele marasmo interno. Mas, lá fora, não ouvi nada significativo. Apenas palavras vazias, sem intencionalidade aparente. Talvez estivessem ocupados demais sendo felizes para perceberem que eu estava em crise.

E então, me dei conta: sentia falta do que me machuca. Do embate. Do incômodo. Da resistência. Talvez, por defesa, tenha aprendido a me alimentar da tensão — e agora a ausência dela me parecia insuportável. Como quem sente falta do gosto amargo apenas porque esqueceu o que é o doce.

Acho que meu primeiro desconforto — aquele das críticas e acusações — era melhor do que este último, o do silêncio. Estou mais preparado para sofrer mal acompanhado do que para sofrer sozinho. Confesso, entre rubor e riso: talvez eu prefira a dor de ser acusado injustamente ao silêncio de não ser notado. Talvez, no fundo, a presença da crítica me faça sentir vivo.

Alguém já disse que as pessoas também se acostumam com coisas ruins. Não me julgue por tamanha radicalidade. Posso até me agradar do seu julgamento injusto por falta de opção. Ou julgue, se quiser. Há dias em que até um julgamento é melhor que a indiferença. Tudo ao meu redor funciona, sim — estou apenas reclamando da ausência dos maus-tratos do meio em que vivo.

Nossos avaliadores nem sempre compreendem o quanto as pessoas são preciosas demais para serem menosprezadas. Também não entendem que "se carrasco fosse herói não usava capuz". Só queria que soubessem: há professores que se ferem tentando ensinar, e que sangram quando ninguém mais se importa. E que, por trás de cada silêncio — até o mais brando — pode haver uma história gritando por dentro.

Se cheguei onde cheguei, e como cheguei, foi investimento de Deus — não porque o caminho foi gentil. E hoje, por ironia, o que me feriu foi exatamente o oposto da dor: o alívio.


Olá! Com base na crônica apresentada, elaborei 5 questões discursivas simples, focadas nas ideias centrais e com uma perspectiva sociológica:


1. Adaptação ao Ambiente: Explique, com base no texto, como o ambiente escolar descrito parece ter moldado as expectativas e reações emocionais do narrador, levando-o a estranhar um dia anormalmente calmo e sem conflitos.

2. Necessidade de Reconhecimento: O narrador afirma preferir ser "acusado injustamente" ao "silêncio de não ser notado". O que essa preferência pode nos dizer sobre a importância do reconhecimento social (mesmo que negativo) e o impacto da indiferença no ambiente de trabalho descrito?

3. Relação Indivíduo-Instituição: De que maneira a crônica descreve a relação entre o professor (indivíduo) e a escola (instituição)? Como o ambiente de "vigilância constante" e "críticas", mencionado implicitamente como o normal, parece afetar a forma como ele vivencia seu trabalho diário?

4. Normalização do Conflito: O texto sugere que o narrador se "acostumou com coisas ruins" e aprendeu a "se alimentar da tensão". Como a rotina de conflitos e estresse em um ambiente social (como o escolar) pode levar à normalização dessas condições, a ponto de a paz gerar desconforto?

5. Invisibilidade Profissional: No final, o narrador menciona professores que "sangram quando ninguém mais se importa" e a falta de compreensão dos "avaliadores". Como esse sentimento de invisibilidade e falta de reconhecimento se conecta com a angústia sentida pelo narrador no dia silencioso?

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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

"HOMESCHOOLING" CABE NA REFORMA DO ENSINO MÉDIO? ("Um pai vale mais do que uma centena de mestres-escola." George Herbert).

CRÔNICA

"HOMESCHOOLING" CABE NA REFORMA DO ENSINO MÉDIO? ("Um pai vale mais do que uma centena de mestres-escola." George Herbert).

Por Claudeci Ferreira de Andrade
         Ontem, eu li sobre os muitos lugares, especialmente nos países culturalmente avançados, onde o “HOMESCHOOLING” é fornecido por lei e os pais, que desejam dar aos seus filhos um ambiente de aprendizagem diferente do existente nas escolas, poderão. As razões que levam os pais a optar pelo “HOMESCHOOLING” são variadas. Existe uma insatisfação com as escolas, o medo em relação ao seu ambiente, interno e imediações. Os pais temem pela segurança física das crianças. Isso é compreensível em ambientes onde há muita violência. "Há também as situações em que as crianças e adolescentes são vítimas de bullying, que é outro tipo de violência. Tudo isso faz o ir à escola um sofrimento diário e silencioso. A provisão legal da possibilidade de estudar em casa eliminaria esse sofrimento que atinge milhares de crianças e adolescentes.” (http://www.revistaeducacao.com.br/homeschooling/) (acessado em 21/05/2022). 
            Se fosse necessário, não seria obrigatório! Vi uma aluna de 8º ano passando a mão na “bunda” de um colega daqueles tímidos e recatados; contemplei o constrangimento dele com pesar no coração, porém, pude apenas dizer àquela garota,  o que me é permitido: não faça isso, pois é feio. Ela me respondeu, "é feio, mas é bom". Eu já tinha visto, naquele mesmo dia, algo semelhante, em outra brincadeira de mau gosto, quando um rapazinho levou um soco na testa por tentar pegar na genitália do colega. 
            Além do mais, muitos alunos (os tais representantes que não resolvem nada!), os confiáveis, sofrem pressão psicológica, como “boi de piranha”,  pois constantemente são retirados da sala de aula para denunciar colegas e até confirmar os assédios de professores “aproveitadores”, e os ditos alunos conquistam, senão muitas consequências ruins a si até pedirem transferência. E digo aos pais que os professores rígidos, tradicionais e moralistas foram banidos do sistema educacional, transformaram-se em modernos defensores de novas teorias populistas a fim de continuar sobrevivendo — Os políticos acabaram com a escola pública — daquele jeito não poderiam ser bons mestres, segundo os pedagogos da escola moderna. Agora os professores da rede pública e quem elaboram as leis colocam seus filhos para estudar nas melhores escolas particulares e caras. Eu preferia que todos entendessem a educação domiciliar (“HOMESCHOOLING” ) como a saída, e assim o professor Ivan Illich tinha toda razão do mundo: "Dessa forma, minha profissão alcançaria o tão merecido respeito social". E que o presidente Bolsonaro e o Ministro da Educação alcancem a razão.
           O trunfo da escola pública é a tal "indispensável socialização", e a aceitação do diferente está violentada. Tem muita gente "mamando" na causa dos "especiais". Mas, como adquirir estas virtudes se os pais orientam seus filhos a se protegerem das más companhias na escola, formando, assim, facções discriminatórias (panelinhas)? Como diz  Euélica Fagundes Ramos que no caso do bullying, ela aponta que, na maioria dos casos, os pais são os maiores incentivadores da violência. "...muitas vezes se sentem vingados pelas agressões ou humilhações que sofrem em outros ambientes, entre eles, o familiar ou simplesmente porque a educação que recebem dos pais serve de incentivo à violência e ao sadismo..."(http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/administracao/violencia-escolar-bullying-papel-familia-escola.htm) ( acessado em 21/05/2022).
           Então fica apenas a mistura de medo, e desejo de proteção, e zelo pela reputação por conta do fracasso da indispensável socialização.
           Os meus filhos serão educados em casa, quando os tiver, e o "amorável" estado permitir.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 23/02/2011
Código do texto: T2810881

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