"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

ENTREVISTA — MINHA TRAVESSIA POR AQUI. LIÇÕES DE MESTRE. TEMAS DIVERSIFICADOS.

 

MINHA TRAVESSIA POR AQUI. LIÇÕES DE MESTRE. TEMAS DIVERSIFICADOS.

https://www.youtube.com/watch?v=oS_3cyb0kJ8&lc=z224dn2glzqofhbfkacdp432kww3dub5lw1hgqqkdc5w03c010c

CLICAR NO TÍTULO DA ENTREVISTA: PODCAST. 

https://www.youtube.com/watch?v=E0ensvOSzWk&t=6317s&ab_channel=PODVIMPODCAST%5BCANALOFICIAL%5D

Kllawdessy Pherreira
Enviado por Kllawdessy Pherreira em 28/11/2021
Reeditado em 28/11/2021
Código do texto: T7395680
Classificação de conteúdo: seguro

domingo, 28 de novembro de 2021

Coleção 58 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 


Coleção 58 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Andrade

1 O moralismo que grita contra o sexo anal talvez não busque defender a virtude, mas legitimar o próprio desejo disfarçado de fé; pois, ao repetir a mentira com devoção, o fanatismo converte o vício em dogma e a hipocrisia em forma de culto.

2 O mundo está de cabeça para baixo: os homens, que se julgam racionais, tornaram-se mais bestiais que os próprios animais, pois até o cão que protege o dono o faz por instinto de ração; e nós, por egoísmo, chamamos isso de amor.

3 Toda vez que sofri uma perda profunda, encontrei, por trás dela, a mão piedosa de algum crente; como se a fé, travestida de virtude, fosse a mais sutil forma de destruição.

4 Quando a norma deixa de ser justa para servir a interesses, ela deixa de proteger e passa a dominar; tornando o medo sua nova lei e o cidadão, um subalterno voluntário da inteligência que o manipula.

5 Muitos na educação já não buscam a verdade, mas o conforto da maioria; escondem a alma atrás do véu partidário, onde pensar por conta própria é mais perigoso que errar junto com todos.

6 Onde a politicagem governa, a burrice e o fanatismo reinam; e até as mentes mais lúcidas se mancham, pois ninguém sai ileso da nódoa que corrói o discernimento.

7 Toda aliança fundada no mal carrega em si a semente da própria ruína; e, enquanto os conspiradores se desfazem entre si, a vítima, ironicamente, renasce mais forte e próspera do que antes.

8 Só uma Ordem dos Professores do Brasil poderia devolver ao magistério sua exigência de vocação e excelência, transformando o “cabide de emprego” atual em uma profissão respeitada e rigorosa, onde ensinar volta a ser arte e compromisso, e não conveniência.

9 Quando qualquer um serve para ensinar, o salário cai; só a escassez forçada, diz o autor, restauraria o valor do professor, transformando a raridade em prestígio e remuneração digna.

10 Se o medo e a ignorância dominam, só um mosquito transgênico da inteligência poderia picar a humanidade e inocular senso crítico, transformando a irracionalidade em responsabilidade científica.

11 A microcefalia mais temida não se vê no crânio, mas na mente: enquanto o rosto permanece belo, a inteligência atrofiada se esconde, provando que a aparência pode enganar mais que a cegueira da burrice.

12 A escola pública de baixa qualidade não apenas ensina pouco, mas reduz a mente e a visão de quem a frequenta, transformando o pobre em alvo fácil da dominação, enquanto os poderosos consolidam seu controle sobre a ignorância produzida.

13 Ao aposentar-me, deixarei de escrever sobre educação; minhas crônicas serão apenas vestígios de dor. Sei que, mesmo se minha voz fosse calada pela morte, não haveria martírio; apenas o silêncio comum dos que sofrem sem aplauso nem memória.

14 Que os alunos deixem de aprender o desrespeito que escorre de cima: entre professores e gestores que, em nome de modelos frios e burocráticos, transformaram a educação em papelada sem alma, sobretudo quando a pandemia revelou o quanto faltou humanidade no ensinar.

15 A violência de hoje é apenas o eco da de ontem; herança amarga deixada por nossos pais, que ensinaram o golpe antes da palavra, esquecendo que, como diz Salomão, só a resposta branda desarma o furor.

16 Na escola da inversão moral, o professor que se defende vira monstro, e o agressor, anjo; afinal, dizem que ele é vítima de uma sociedade “cheia de professor”, como se ensinar fosse o verdadeiro crime.

17 Na escola, criou-se um ciclo vicioso em que todos são considerados “ruins”: o professor por cumprir seu dever, a coordenadora por exigir além do seu, e o aluno por não fazer o próprio; revelando um sistema em que trabalhar corretamente se tornou o verdadeiro erro.

18 A crítica expõe a ironia de coordenadoras que se dizem “auxiliadoras do professor”, mas se mantêm trancadas em seus gabinetes, ocupadas com burocracias, enquanto a violência se alastra nas salas; um retrato da ausência disfarçada de função.

19 A crítica revela o paradoxo de uma escola que chama de “estratégia educacional” o ato de constranger alunos e professores ao obrigá-los a confiscar celulares; uma pedagogia do vexame travestida de autoridade.

20 O artifício da vitimização: o outro se faz de vítima para culpar, transformando o inocente em agressor e absolvendo-se da própria responsabilidade.

domingo, 21 de novembro de 2021

Coleção 57 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 


Coleção 57 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Andrade

1 O salário do professor é a prova viva de uma ironia social: insuficiente para quem ensina, mas invejável para quem nada produz; um prêmio à resignação e um castigo à dignidade.

2 O lanche escolar, imposto no auge da aula, não alimentava o saber; apenas interrompia o pensamento e esfriava o espírito do aprendizado.

3 A vida desmente a ideia de que cada um paga por seus erros: a injustiça herda culpas, o amor falha em seus retornos e a justiça, quando chega, já perdeu a pureza.

4 A fama é um espelho que distorce: desperta amores e ódios, mas ambos alimentam sua luz; pois o invejoso é apenas um admirador frustrado, e o público, um espectador sedento pela queda de quem brilhou demais.

5 O aluno tornou-se o “termômetro” do professor; um instrumento de vigilância nas mãos das coordenadoras que fracassaram em ensinar. Amparadas em denúncias anônimas e num falso ar de onisciência, elas julgam saber tudo, como se a traição viesse sempre de alguém sentado à mesa da confiança do próprio mestre.

6 Prestar concurso é enfrentar a tempestade que revela o valor real do navegante; os diplomas, meros adornos da vaidade, impressionam os olhos, mas não sustentam o saber de quem os ostenta.

7 Quem é honesto consigo mesmo estuda com autenticidade e tem coragem de denunciar a corrupção educacional; já os que têm o “rabo preso” preferem o silêncio cúmplice, fingindo a justiça que não praticam.

8 A infelicidade não está na falta, mas no desejo insaciado; pois tanto o balde pequeno quanto o grande permanecem vazios quando o que contêm não basta à alma.

9 A pobreza nasce da ausência de sobras, igualando o rico pródigo ao pobre carente; a verdadeira riqueza está no autocontrole, mas quem acumula demais apenas junta tesouros para a ferrugem, a traça e os ladrões; que, ironicamente, levam apenas o que já era excesso.

10 Todo ganho traz em si uma perda, e nisso se revela a justiça divina: viemos do nada e a ele retornaremos, de modo que existir já é lucro; e ser feliz é a melhor forma de honrar o dom que não pedimos, mas nos foi dado.

11 A fusão entre a “Marcha das Vadias” e a “Parada Gay” simboliza o colapso dos gêneros puros: quando os semelhantes se unem, transformam-se mutuamente, e o “Dom” surge como síntese viva de identidades que já não cabem nos antigos códigos do DNA social.

12 O paradoxo do gênero revela-se no próprio nascimento: o homem é, antes de tudo, um corpo estranho gerado pela mulher, e sua maior jornada é o retorno simbólico a esse ventre; sair da mulher para, enfim, reencontrar nela a própria origem.

13 O ser humano é um universo que cria e se recria, sendo ao mesmo tempo seu próprio Deus e Demônio; a Bíblia vive não na letra, mas na experiência; cada vida é uma nova revelação, onde a Palavra de Deus se reescreve em primeira pessoa.

14 A reflexão expõe a ironia das leis que regulam o amor e dos que pretendem “curar” o desejo: enquanto os deuses do sexo reinam na volúpia dos corpos, seus fiéis rastejam na culpa; e os neutros, guardiões da linguagem, tentam ordenar o caos onde o humano e o divino se confundem.

15 O casamento entre pessoas do mesmo sexo desafia a suposta santidade divina: se a lei de Deus fosse absoluta, por que as práticas humanas persistem? Talvez os deuses nunca tenham se libertado das convenções e limitações terrenas.

16 A crítica revela a ironia de culpar o professor de Língua Portuguesa por ensinar resumos: enquanto colegas de outras disciplinas se beneficiam da “sopa de palavras” dos alunos, aceitando e pontuando a superficialidade, a prática é depois denunciada nas reuniões pedagógicas, evidenciando a cumplicidade e a má-fé generalizada.

17 Após três décadas de docência, o professor vê seu desejo de ensinar à sua maneira esmagado pela coordenadora: seus planos, mesmo inovadores, retornam crivados de correções de quem nunca deu aulas, gerando vergonha e um assédio moral velado; a culpa pelo caos educacional, contudo, é dos pedagogos que deturparam o sistema, não dele.

18 Na ausência do professor, os alunos permanecem em silêncio, mas esperam seu retorno para causar confusão; protegendo a imagem que o sistema vê, enquanto desprezam completamente a percepção de quem realmente os avalia.

19 A coordenadora observa o conselho de classe com impassibilidade aparente, usando a representante de turma como voz de suas críticas; porém, a falta de bom senso desta distorce tanto a intenção da coordenadora quanto a própria mensagem, comprometendo o objetivo do confronto.

20 O caos na educação pública surpreende diante de tantos professores qualificados; tal contradição leva à suspeita de que a falência do sistema não é acidental, mas estrutural, possivelmente resultado de um projeto intencional.

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segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Socorro, estão a matar a escola pública!

 


Paulo Neves
Não admira que faltem professores de matemática e de outras disciplinas. Há dezenas de anos que os professores são alvo de campanhas que os apresentam como um grupo de previligiados que não faz nada - Miguel Sousa Tavares classificou-os como "os inúteis mais bem pagos do país" num comentário na TVI (citei de memória) - e que a profissão se degrada, cada vez com mais exigências e menos retorno. Como resultado temos uma classe profissional envelhecida e sem grandes atrativos para os jovens. Na próxima década grande parte dos professores atualmente no quadro vai-se reformar e vai ser MUITO difícil substituí-los. As faltas de professores vão ser cada vez mais.

Fui professor de matemática durante 9 anos. Troquei por uma carreira na informática. É muito mais fácil ensinar computadores, não há tanto trabalho extra - testes, reuniões, informações para os pais, problemas com alunos que faltam a mais, etc., e é mais bem pago. Andam a matar a escola pública há mais de 30 anos, não é só de agora.

sábado, 6 de novembro de 2021

Coleção 56 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 


Coleção 56 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Andrade

1 “A verdadeira força não está em negar os impulsos, mas em administrá-los com consciência, transformando a vulnerabilidade em estratégia e o prazer em instrumento de poder.”

2 “Negar a autoria é mais que roubar palavras: é violar a essência criativa, assassinando simbolicamente o próprio criador.”

3 "Ao inverter a responsabilidade da comunicação e absolver o autor de qualquer falha, essa lógica transforma o leitor em réu permanente da interpretação, instaurando uma relação autoritária e elitista onde não há diálogo, mas apenas a supremacia inflexível da escrita sobre a leitura."

4 "Ao sacralizar a autoria e rejeitar a secularização das obras pelo tempo, esse pensamento transforma o domínio público em ilusão jurídica, sustentando que toda criação permanece ligada eternamente ao seu autor e sob a guarda do divino."

5 "A verdadeira imortalidade literária nasce da renúncia à posse: ao transformar a cópia em multiplicação e o plágio em perpetuação, o autor sobrevive não pela proteção restritiva, mas pela circulação infinita de sua obra nos outros."

6 "Na ordem natural, predador e presa cumprem seu papel sem moral, e toda captura ou fuga revela-se libertação: a vida e a morte são apenas facetas inevitáveis de um ciclo maior."

7 "Ao usar a generosidade presente para compensar a desonestidade passada, transforma-se a moral em transação, e a aprovação social torna-se mercadoria negociável. E viva o 'Job'".

8 "O medo nas relações de gênero migrou de corpo, mas não de função: enquanto antes as mulheres desviavam o olhar para se proteger, hoje muitos homens recuam, refletindo uma inversão de poder que mantém a tensão social intacta."

9 "Na sala de aula, a desconfiança mútua transformou o ensino num cabo-de-guerra: medo e autoproteção substituem a confiança, e o conhecimento se desconecta da vida prática."

10 "Ao priorizar resultados mensuráveis sobre direitos, a crítica à inclusão transforma a diversidade em obstáculo e a educação em instrumento utilitarista, ignorando seu potencial de enriquecer a experiência de todos os alunos."

11 A escola merece desacatos, para aprender ser seletiva e eficaz, pois alunos indisciplinados, ela só os troca de sala, submetendo os mesmos professores às mesmas situações vexativas.

12 "Ao tratar estudantes como ‘salvos’ ou ‘perdidos’ e ver comportamentos negativos como contágio inevitável, essa lógica transforma a educação em segregação, priorizando proteção sobre inclusão e perpetuando desigualdades sob pretexto de qualidade."

13 "Ao tratar a delinquência como vírus inevitável e declarar que 'pau torto não tem consciência', essa lógica nega a transformação pessoal, justificando exclusão e punição extrema sob pretexto de fatalismo biológico."

14 "Ao contrastar pecados finitos com punição eterna, essa crítica revela o inferno como voraz devorador da existência, questionando se a justiça divina prioriza vingança ou educação moral."

15 "A dor é singular e incomunicável: julgar o sofrimento alheio sem considerar sua totalidade experiencial é ignorar a complexidade única de cada consciência."

16 "Ao separar dignidade pessoal de uso comercial do corpo, essa lógica tenta conciliar agência feminina e mercantilização, revelando a tensão entre autonomia real e pressões sociais internalizadas."

17 "O ventilador, egoísta e seletivo, revela como até a conveniência cotidiana reproduz desigualdades, privilegiando poucos à custa do bem-estar coletivo."

18 "Quando a escola o abandona, o professor abandona a si mesmo: a aposentadoria deixa de ser conquista e se torna fragmentação existencial, refletindo a fusão inseparável entre vocação e identidade."

19 "No ambiente escolar, a cordialidade se dissolve diante do custo pessoal; 'todos nos amam se for de graça', revelando que afeto aparente é moeda social que evapora quando exige sacrifício real."

20 "Se o Diabo é apenas 'forma de Deus agir', então culpá-lo pelas adversidades equivale a condenar a própria divindade, dissolvendo o bem e o mal numa única responsabilidade cósmica."

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terça-feira, 26 de outubro de 2021

Coleção 55 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 


Coleção 55 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Andrade

1 "A evangelização invasiva no Ensino Religioso transforma até o simples gesto de tocar música no celular em missão sagrada, onde o silêncio é visto como ameaça demoníaca; ironicamente, foi a própria pandemia, ao saturar o uso da tecnologia, que fez muitos se cansarem do mesmo aparelho que defendiam como instrumento divino."

2 "A recusa em carregar o livro revela a mesma indisciplina que leva os alunos a abandonar a sala em tumulto, movidos não pelo saber, mas pela pressa de alcançar o lanche."

3 "Mais nocivo que a frivolidade de alguns alunos é a presença vazia daquele que, embora se vista de estudante, carece de propósito e do verdadeiro espírito de aprendizagem."

4 "A inveja leva o aluno a destruir o que cobiça no professor, vandalizando e furtando, mas recusando o aprendizado que o elevaria; é um desejo estéril, que fere o outro sem jamais nutrir quem o sente."

5 "A verdadeira relação entre mestre e discípulo não se limita à transmissão do saber, mas floresce na emulação, onde o aluno imita e rivaliza, buscando superar o professor pelo zelo da excelência."

6 "Ao impor o desejo e a vida sem escolha, a natureza revela não a benevolência, mas a face de um Deus que se mostra cruel em sua ordem."

7 "A educação não se realiza pela coerção, mas pela sedução, e a verdadeira virtude do coordenador e do professor está menos em formar opiniões do que em dominar o ambiente onde o saber floresce."

8 "Afasto-me de grupos que tentam impor-me rótulos de ódio, pois as carapuças que projetam pertencem mais a eles do que a mim."

9 "Se o professor é o hospedeiro que nunca se esgota, em minha ironia deixo de nutrir e passo a destilar veneno, assumindo a repulsa que os alunos projetam em mim."

10 "Nem todo doente é marginal, mas todo marginal vive doente; sua transgressão é sintoma de um mal interior que, cedo ou tarde, lhe cobra o preço do sofrimento que inflige aos outro."

11 "O destino é inexorável: recebemos a vida que nos cabe, e, se pudéssemos escolher, a escolheríamos mil vezes, pois o caminho que trilhamos é único e perfeito para nós."

12 "Ser humano exige inteligência e imaginação; tentar ser Deus exige apenas ignorância e violência."

13 "Em vez de tentar salvar Deus das críticas, o homem deveria cuidar de assuntos mais sérios, pois o divino não precisa de nossa defesa diante de quem apenas ladra."

14 "Deus protege pássaros e lírios com mais cuidado do que os homens, pois a ordem natural sobrevive enquanto a vida humana se expõe à tragédia."

15 "A greve dos professores terminou em fracasso: duplamente penalizados, seus sacrifícios não foram atendidos, revelando a burrice dos deuses."

16 "Os alunos desprezam a disciplina da escola ao descobrir um mundo de prazeres fáceis, preferindo a ilusão do pão e do circo à realidade do esforço."

17 "A escola formal ensina o bom aluno a ser fraco; a escola da vida ensina o astuto a prosperar."

18 "Ensinar castelos de pedra desafia a natureza, que prefere castelos de areia; efêmeros, flexíveis e moldados pelo vento."

19 "A violência escolar nasce da resistência à verdade imposta, pois os alunos habitam um mundo de desejo e imaginação que se choca com a realidade que a escola insiste em impor."

20 "A polarização na escola impede formar cidadãos: enquanto ideólogos e militantes disputam a atenção, os patriotas permanecem silenciados, e a vaidade até no bem atrasa a ação necessária."

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domingo, 24 de outubro de 2021

A PANDEMIA QUE LIBERTA ("Pragas servem para libertar a alma e reconhecer que a cura é Deus." — Carlos Monteiro)

 


A PANDEMIA QUE LIBERTA ("Pragas servem para libertar a alma e reconhecer que a cura é Deus." — Carlos Monteiro)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Acordei hoje pensando nas pragas do Egito. Não sei explicar esse repentino interesse bíblico — talvez seja a febre do isolamento, talvez o noticiário, que a cada dia mais se assemelha a uma narrativa apocalíptica. As dez pragas enviadas para dobrar a teimosia de Faraó voltaram a me fascinar como na infância, quando ouvia essas histórias nas aulas de escola dominical.


Saí para a varanda do meu apartamento — este cativeiro voluntário do século XXI — e observei a cidade como quem contempla um Egito contemporâneo. No oitavo mês da pandemia, as ruas pareciam enfim aceitar sua nova condição. Máscaras coloridas balançavam nos rostos como penduricalhos modernos; álcool em gel, nas entradas dos estabelecimentos, surgia como pequenas fontes purificadoras.
— "Quantas pragas mais serão necessárias para nossa libertação?" — murmurei para o café que esfriava entre minhas mãos. No Apocalipse, são sete, e a sétima é derramada no ar — deve ser vírus (Apocalipse 16:17). Os conselheiros de Faraó admitiram que as pragas haviam destruído a nação (Êx 10:7). Com a morte do primogênito em cada casa, os egípcios suplicaram a Israel que partisse. E assim Israel "emprestou" a riqueza de toda a nação, sem jamais devolvê-la (Êx 12:35-36). Em nome da pobreza, em breve, homens escravos dos ricos saquearão suas lojas. Chamamos isso de vingança divina.
Ontem, na reunião virtual da escola onde leciono, discutíamos o retorno às aulas presenciais. Professores e diretores, cada um em seu quadrado digital, debatiam como se nossas palavras pudessem construir uma ponte segura de volta à normalidade. O diretor, com aquele tom de quem já tomou sua decisão antes mesmo do encontro, falava dos protocolos de segurança como se fossem tábuas da lei recém-descidas do Sinai.
— O hibridismo educacional já não nos serve mais — declarou ele, ajustando a gravata que usava mesmo em casa, talvez para manter algum vestígio de autoridade nestes tempos líquidos. — Os pais clamam pelo retorno total.
"Clamam", pensei. Como os israelitas clamaram pelas carnes do Egito, esquecendo-se rapidamente do que significava a verdadeira liberdade. Curiosa a escolha do verbo. Clamar — tão bíblico, para uma discussão tão mundana. Analisando a atitude dos libertos no deserto, muitos clamaram pelas carnes do Egito; e então o Libertador lhes proveu codornizes. Sempre o fará, para que morram felizes. Não creio que seja apenas pelo lanche da cantina ou pelos bolos das festinhas comemorativas. Mas o vírus sabe esperar, entretido, quando eles comem próximos uns dos outros, sem máscara.
— Mas... e a variante Delta? — perguntou Marta, professora de biologia, sempre atenta às evidências científicas.
Vi o diretor suspirar — aquele suspiro digital, pixelizado.
— Os protocolos funcionam, Marta. E temos que pensar no psicológico dos alunos, na merenda, na socialização...
Ah, a merenda. As codornizes no deserto, pensei, com ironia. O pão e o circo que sempre nos mantiveram dóceis. Pergunto-me se a preocupação é realmente com o bem-estar dos alunos, ou se o objetivo é aplacar os pais, exaustos por manterem os filhos em casa. Preocupa-me o fato de que, como prova do retorno à normalidade, eliminaram as aulas síncronas. Parece que o “caixote” já não serve mais, está pequeno. Mas o espírito da multidão de Moisés continua presente. Será que, em todas as circunstâncias, o "pão e o circo" sempre cegam?
O mais curioso, porém, foi o final da reunião. Paulo, o supervisor sempre tão silencioso, tomou a palavra para falar sobre "colaboração comunitária" — um elegante eufemismo para o que reconheci imediatamente como uma política de denúncia.
— Precisamos que todos sejam vigilantes quanto ao cumprimento dos protocolos. Qualquer desvio deve ser reportado imediatamente à direção.
Imaginei crianças denunciando colegas por abaixarem a máscara para respirar melhor no intervalo, pais relatando professores que ousaram tomar café na sala dos professores, funcionários vigiando uns aos outros como sentinelas de uma guerra invisível. Consta que, na sétima pandemia do mundo, o denuncismo reaparece com força. Apesar de o vírus "Delta Plus" não ser a última versão do coronavírus, as medidas de prevenção continuam as mesmas.
A indústria do denuncismo é extremamente eficiente — e não dispensa fofoqueiros inconsequentes. Denunciar é uma voz fácil na boca do fraco. Na Bíblia, é mexericar. Quando o inapto tenta derrubar os que estão acima, é um pedido cruel de ajuda. Patrão que se apoia em informantes é vítima deles! O denunciante também se vinga do seu superior, entregando-o ao inimigo, jogando um contra o outro para se livrar das consequências. E, afinal, amigo não denuncia amigo!
Lembrei-me, então, de um versículo que minha avó sempre repetia: — "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai." Quantos fariseus modernos surgirão desta crise, brandindo suas máscaras e frascos de álcool em gel como símbolos de uma virtude que, na verdade, é apenas medo disfarçado de civismo?
Foi aí que percebi a ironia mais profunda: as pragas do Egito foram enviadas para libertar um povo, mas as nossas parecem nos aprisionar cada vez mais — não apenas em nossas casas, mas num sistema de desconfiança mútua, de vigilância constante, de uma nova normalidade que normaliza o medo do outro. O justo é aquele que faz justiça! Nem mesmo a igreja — que deveria existir para impedir que os pobres matem os ricos — consegue conter a violência. E quem poderá explicar a dignidade dos poderes invertidos? No Brasil, prefeitos e governadores, em sua maioria, não respeitam as ordens do presidente da república, mas ainda assim vomitam lições contraditórias de patriotismo e cidadania.
Não me entendam mal. O vírus é real, e a prevenção, necessária. Mas quando transformamos o outro em ameaça, quando cultivamos a delação como virtude, e quando nossa sobrevivência parece depender de nossa capacidade de desconfiar, algo fundamental se perde. Talvez seja isso que me incomoda na história bíblica das pragas — elas salvaram um povo, mas a que custo? Quantos inocentes pereceram para que outros fossem livres?
Terminei meu café já frio e voltei para dentro. Na mesa, meu plano de aula inacabado me aguardava. Como ensinar história em tempos em que o presente é tão incerto? Como falar de liberdade quando o medo nos consome? Ou... já não há mais verdade que nos liberte?
Talvez a verdadeira praga não seja o vírus, mas o que ele revela sobre nós — nossa fragilidade, nosso egoísmo, nossa disposição de abandonar o outro quando o barco ameaça afundar. Ou talvez, e é nisso que prefiro acreditar, esta seja apenas mais uma travessia do deserto, um tempo de provação antes da terra prometida.
Enquanto isso, mantenho minhas mãos erguidas, como aqueles que sustentavam os braços de Moisés na batalha contra Amaleque: "...Um homem que juntamente com Arão sustentava as mãos de Moisés em Refidim" (Êx 17.10). Não por cansaço, mas por esperança. Não por obrigação, mas por escolha. E se algum dia você me vir baixar os braços, por favor, não me denuncie. Apenas ajude-me a erguê-los novamente.
Porque, no fim, o que nos salvará não serão as pragas, mas a compaixão que sobreviver a elas.


Como um bom professor de sociologia, preparei 5 questões discursivas e simples, baseando-me nas ideias principais do texto apresentado:


1. O autor inicia o texto fazendo uma analogia entre a pandemia de COVID-19 e as pragas do Egito. De que maneira essa comparação pode nos ajudar a compreender sociologicamente o impacto de grandes crises na sociedade e na mentalidade coletiva?

2. A discussão sobre o retorno às aulas presenciais na reunião virtual da escola revela diferentes perspectivas e preocupações. Quais são os principais argumentos apresentados no texto e como eles refletem as tensões e prioridades da sociedade em relação à educação durante a pandemia?

3. O autor critica a política de "colaboração comunitária" que ele interpreta como uma "política de denúncia". Sob uma perspectiva sociológica, quais são os potenciais efeitos negativos de uma cultura de vigilância e denúncia nas relações sociais e na construção da confiança dentro de uma comunidade?

4. A reflexão sobre os "fariseus modernos" que brandem máscaras e álcool em gel como símbolos de virtude levanta uma questão sobre a superficialidade de algumas demonstrações de civismo. Como a sociologia analisa a relação entre comportamento individual, normas sociais e a construção de identidades em momentos de crise?

5. Ao final do texto, o autor questiona se a verdadeira praga não seria o que a pandemia revela sobre a sociedade, como fragilidade e egoísmo. De que maneira a sociologia estuda os impactos de eventos como a pandemia nas estruturas sociais, nos valores e nos comportamentos humanos, e quais possíveis lições podemos extrair dessa reflexão?

SEQUELA DO "DISTANCIAMENTO" (“A nossa oração e o nosso clamor devem ser sempre do tamanho do choro do mundo”. — Pr. Cpl. Moacir J Laurentino)

 


SEQUELA DO "DISTANCIAMENTO" (“A nossa oração e o nosso clamor devem ser sempre do tamanho do choro do mundo”. — Pr. Cpl. Moacir J Laurentino)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A brisa matinal invade meu apartamento, trazendo consigo o aroma inconfundível do café recém-passado. O domingo desperta com uma quietude que ecoa dentro de mim, revelando a solidão que insiste em permanecer. As distrações da rotina já não preenchem o vazio; a alma, desprotegida, anseia por um colo, por um olhar que enxergue além das aparências, por um ouvido que saiba escutar sem pressa de responder.


Hoje, decido baixar a guarda e abrir as portas do meu coração. A você, leitor, confio meus anseios e essa busca incessante por conexões que transcendam a superficialidade dos encontros casuais. Caminhar pelas ruas da cidade, antes um ato solitário, transforma-se agora no desejo de compartilhar experiências, dividir o peso — e a beleza — do existir. Conversas que fluem sem esforço, aprendizados que se entrelaçam, um porto seguro onde a alma possa, enfim, descansar.
A solidão, essa visitante indesejada, escancara minha vulnerabilidade. Há uma necessidade latente de afeto — de um abraço que acolha sem exigir palavras, de um olhar que compreenda sem precisar de explicações. Anseio por um colo de "mãe de leite", esse símbolo primitivo de nutrição emocional e cuidado genuíno. E a frase de Adriana Bacelar Lima ressoa em meus pensamentos: "Se o clamor de uma alma indo para o inferno não nos faz repensar no que estamos fazendo do evangelho, é inútil a nossa crença que estamos salvos." Um lembrete pungente de que a fé sem empatia é vã, de que o amor só faz sentido quando se estende ao outro.
A vida ensina, ainda que de maneira dura, a valorizar os laços que são verdadeiros. Com o tempo, percebo que a inteligência que realmente importa não está nos livros, mas na capacidade de amar, de se conectar, de construir pontes em vez de erguer muros. Nunca fui pai — talvez por medo de deixar de ser filho, de perder a segurança do afeto familiar. Mas, neste domingo, sou apenas alguém que sente falta de um colo, de um refúgio onde possa repousar as inquietações.
Que este desabafo seja um convite à reflexão. Que possamos enxergar a vulnerabilidade não como fraqueza, mas como coragem de sermos quem somos. Que a solidão nos ensine a importância do encontro. E que, no fim, a maior inteligência que possamos cultivar seja o amor — esse gesto simples, mas revolucionário, de cuidar do outro sem esperar nada em troca.


5 questões discursivas baseadas no texto, explorando as ideias principais e provocando reflexões sociológicas:


1. A solidão na sociedade contemporânea: O texto aborda a solidão como uma experiência comum, mesmo em meio à vida urbana. Como a sociologia pode analisar as causas e consequências da solidão na sociedade contemporânea, considerando fatores como individualismo, tecnologia e mudanças nas relações sociais?

2. A busca por conexões autênticas: O texto expressa o desejo de conexões que transcendam a superficialidade. Como a sociologia pode analisar as diferentes formas de relacionamento na sociedade atual, e como a busca por autenticidade e significado influencia essas relações?

3. A importância da empatia e do cuidado: O texto destaca a necessidade de afeto, compreensão e cuidado genuíno. Como a sociologia pode analisar o papel da empatia e do cuidado na construção de relações sociais saudáveis, e como esses valores podem ser promovidos na sociedade?

4. A relação entre fé e ação social: A citação de Adriana Bacelar Lima questiona a fé sem empatia. Como a sociologia pode analisar a relação entre religião, ética e ação social, e como as crenças religiosas influenciam o comportamento individual e coletivo?

5. A vulnerabilidade como força: O texto propõe uma visão da vulnerabilidade como coragem. Como a sociologia pode analisar a construção social das emoções e como a vulnerabilidade pode ser vista como uma forma de resistência e transformação social?

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