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" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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domingo, 14 de janeiro de 2024

Tabu, Dana – Esse polêmico! DIANA ALCANTARA

 

Tabu, Dana – Esse polêmico!

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O polêmico: TABU! Vítima de bullying por décadas a fio, sempre fui curiosa por ele! 
Desde sempre ouço falar que o bendito é sinônimo de puro mal gosto e carniça. Minha mãe dizia que lá nos anos 50, 60, Tabu era ao mesmo tempo muito usado e muito odiado, pois era fortíssimo e empestiava o planeta.
Para que armas, tanques, minas terrestres e bombas nas guerras que nosso planeta testemunhou? Era só ter espargido 50 litros de Tabu nas fileiras inimigas e a guerra estaria ganha sem destruição, as tropas inimigas se entregariam implorando clemência, com os olhos lacrimejando e pedindo por um banho de escovão (ok, desculpem a piada de péssimo gosto, mas de cunho pacifista, no final das contas)…
Aí é que está, fui ficando curiosa a respeito de tal suposta desgraceira.
E fui atrás dele. 
Tabu foi criado em 1932 pelo perfumista Jean Carles, pai de Miss Dior, Ma Griffe, Shocking. Começamos bem.
Tabu levou a fama de ser um “perfume de prostitutas”, e há algumas lendas a respeito de tais mulheres de vida nada fácil terem sido a real inspiração para o perfume…
Ah, o inconsciente coletivo e tudo que é socialmente proibido! Seria isso que condenou Tabu as fogueiras pelas conservadoras donas de casa das décadas passadas?
Outra coisa: ele sempre foi um perfume “popular”, barato, vamos colocar assim. E sabe, infelizmente temos, e sempre tivemos a mania feia de rotular o que é barato de ruim. E isso não é verdadeiro.
Enfim, Tabu fora criado para ser sensual, quente e provocante! 
Imagino que na época de sua criação ele deveria ser bem mais concentrado e de bem melhor qualidade do que o atual vendido nas drogarias paulistas. E mais bonito, afinal, o clássico frasco do violino não é de se jogar fora, longe disso…
 
E começa minha saga para conhecer o Tabu… procurei no Ebay e demais perfumarias online estrangeiras. Porém, com o tal da proibição de envio dos países do Reino Unido e com o azar que tenho tido com encomendas internacionais, deixei pra lá. 

Até que outro dia, voltando do famigerado shopping 25 de março (quem é de SP me entenderá), entrei no Armarinhos Fernando (loja de comércio ultra popular da região central) e fui lá na seção de cosméticos. Dei de cara com, a deo-colônia Tabu, Dana, a modestos R$ 4,95. Me enchi de coragem e comprei!
Quando cheguei em casa abri o frasco com medo, muito medo, confesso. Lembrei do dia em que numa festa junina, ganhei na pescaria uma colônia chamada “Viva a Noite”:  NUNCA (repita, NUNCA) me esquecerei de tal tragédia. Pensei que ia morrer asfixiada, aquilo era feito de querosene com diabo-verde e pinho-sol (para dar um “cheirinho”), aposto. 
Voltando ao Tabu… 

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Acudam, a boa moça de família, aluna de piano, deixou-se levar pelos prazeres da carne! Culpa do Tabu…

Claro, óbvio, não pretendo que uma colônia de 5 reais seja de qualidade estupenda, nem sequer boa. Nem sei se ele de fato se parece com o que fora criado pelo grande Jean Carles.
A questão é que ele não é ruim assim não. Tem cheiro de talco de antigamente e lá no fundo tem algo voluptuoso, quente, especiado, quase erótico, quase vulgar. Era o que eu esperava, era o que eu queria dele.
Tem cheiro de cabaré com sofás de veludo vermelho gasto e bebidas baratas servidas em balcão de madeira. Na década de 50, claro, nada moderno. E a trilha sonora conta com blues e jazz, invariavelmente. 

Meu marido falou que ele tem cheiro de penteadeira.

Para quem gosta de “perfume de tia”, como eu, ele pode até agradar… Mas olha só, uma gota basta, mesmo sendo uma colônia de 5 mangos. Na verdade, eu até simpatizei com ele… Acho que é toda a mística ao redor do tal rejeitado perfume de bisca lá de antigamente. 
As notas da formulação original são: 
Notas de saída: laranja, especiarias, neróli, bergamota, coentro.
Notas de coração: cravo (especiaria), jasmim, ylang-ylang, rosas, narciso.
notas de fundo: sândalo, âmbar, patchouli, almíscar, civeta, bezoim, musgo-de-carvalho, vetiver, cedro.
E quer saber? Só atiçou ainda mais minha curiosidade de conhecer o original… Certamente bombástico! Do jeitinho que eu gosto!

https://aloucadosperfumes.com/2013/03/23/tabu-dana-esse-polemico/

sábado, 13 de janeiro de 2024

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(19) “A Criação Divina e o Big Bang: Uma Coexistência Possível”

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(19) “A Criação Divina e o Big Bang: Uma Coexistência Possível”

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A origem do universo é um tema que desperta o interesse e a curiosidade de muitas pessoas, mas também gera controvérsias e conflitos entre diferentes visões de mundo. A religião e a ciência são duas formas de abordar essa questão, mas muitas vezes são vistas como opostas e incompatíveis. Neste ensaio, pretendo mostrar que é possível conciliar a crença na criação divina com o conhecimento científico sobre o Big Bang e a evolução, sem negar nem desprezar nenhuma das duas perspectivas.

A religião é uma forma de expressar a fé e a espiritualidade humana, buscando um sentido para a existência e uma relação com o transcendente. A Bíblia é o livro sagrado dos cristãos, que contém relatos sobre a criação do universo por Deus. Segundo Gênesis 1:1, "No princípio criou Deus os céus e a terra". Segundo Hebreus 11:3, "Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente". Essas passagens revelam a crença na origem sobrenatural do universo, que depende da vontade e do poder de Deus.

A ciência é uma forma de investigar os fenômenos naturais, usando métodos sistemáticos e evidências empíricas. A ciência oferece uma explicação racional e verificável sobre o Big Bang e a evolução. O Big Bang é a teoria que descreve o início do universo como uma grande explosão há cerca de 13,8 bilhões de anos. A evolução é a teoria que explica a diversidade e a adaptação dos seres vivos através da seleção natural e da mutação genética. Essas teorias se baseiam em observações astronômicas, fósseis, experimentos e cálculos matemáticos.

Muitos religiosos rejeitam as teorias científicas sobre o Big Bang e a evolução, considerando-as como "alucinações ridículas" que contradizem a revelação divina. No entanto, essa atitude é fruto de um mal-entendido sobre a natureza e o propósito da ciência e da religião. Como disse o filósofo francês Blaise Pascal, "A fé é diferente da prova; uma é humana, a outra é um dom de Deus" (Pensées). A ciência não pode provar nem refutar a existência de Deus, pois isso está além do seu alcance. A religião não pode impor nem negar os fatos científicos, pois isso seria irracional.

É possível harmonizar a crença na criação divina com o conhecimento científico sobre o Big Bang e a evolução, reconhecendo que ambos têm valor e validade em seus respectivos domínios. Como disse o teólogo católico Hans Küng, "Não há contradição entre uma interpretação correta da Bíblia e uma interpretação correta da natureza" (O começo de todas as coisas). Deus pode ser visto como a causa primeira e o fim último do universo, sem interferir nos processos naturais que Ele mesmo criou. A ciência pode ser vista como uma forma de descobrir as leis e os mecanismos que regem o universo, sem negar o sentido e o valor da vida.

Em conclusão, não há necessidade de escolher entre religião e ciência quando se trata da origem do universo. Ambas podem contribuir para um entendimento mais amplo e profundo da realidade, desde que se respeitem e se complementem. Em vez de rejeitar as teorias científicas como "alucinações ridículas", é mais produtivo abraçar o diálogo entre ciência e religião. Como disse o sábio Provérbio 4:7, "O princípio da sabedoria é: Adquire a sabedoria; sim, com tudo o que possuis, adquire o entendimento". O verdadeiro entendimento começa com a consideração e a abertura para novos conhecimentos.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(18) “Sabedoria: Uma Árvore da Vida ou Uma Busca Constante?”

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(18) “Sabedoria: Uma Árvore da Vida ou Uma Busca Constante?”

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A sabedoria é frequentemente apresentada pelos religiosos como a "Lady Sabedoria", uma árvore da vida que oferece sucesso, felicidade e prosperidade. No entanto, ao analisar essa afirmação sob uma perspectiva mais secular e lógica, podemos refutá-la. Como Sócrates disse: "Só sei que nada sei", indicando que a sabedoria não é um conhecimento absoluto, mas uma busca constante.

A sabedoria é, sem dúvida, um atributo valioso na vida humana. Ela envolve a capacidade de tomar decisões informadas, resolver problemas e agir de maneira ética. No entanto, a busca pela sabedoria não é exclusiva de uma única fonte divina. Ela pode ser adquirida por meio do aprendizado, da experiência e do autodesenvolvimento.

Contrariando a visão religiosa, não é a sabedoria em si que oferece vida, felicidade e prosperidade, mas sim a aplicação prática do conhecimento e da tomada de decisões bem fundamentadas. Como disse Albert Einstein: "A verdadeira sabedoria vem de saber o quanto ainda temos para aprender". Muitas pessoas alcançam o sucesso e a felicidade por meio de esforços, relacionamentos saudáveis e conquistas pessoais.

Em vez de insistir na ideia de que a sabedoria é a única fonte de realização, é importante reconhecer que o caminho para uma vida próspera e feliz é multifacetado. Envolve não apenas a busca pela sabedoria, mas também a valorização de relacionamentos, a busca por paixões e objetivos pessoais, bem como o respeito pela diversidade de escolhas de vida que as pessoas fazem.

Portanto, em vez de confiar cegamente na alegação de que a sabedoria é a única árvore da vida, devemos adotar uma abordagem mais equilibrada. Como diz Provérbios 3:13: "Feliz é o homem que encontra sabedoria". A verdadeira sabedoria está em compreender a complexidade da vida e fazer escolhas informadas com base em nossas próprias circunstâncias e aspirações.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(17) “Sabedoria Além da Religião: Uma Perspectiva Ampla da Vida”

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(17) “Sabedoria Além da Religião: Uma Perspectiva Ampla da Vida”

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A sabedoria é um conceito complexo e multifacetado, que pode ser entendido de diferentes formas e perspectivas. Neste ensaio, vou analisar a visão bíblica da sabedoria, que a associa ao temor do Senhor e à obediência às Suas palavras, e contrastá-la com outras visões que defendem uma abordagem mais ampla e equilibrada da vida.

A Bíblia apresenta a sabedoria como um dom de Deus, que é concedido aos que O buscam e O reverenciam. Em Provérbios 9:10, lemos: "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é o entendimento". A sabedoria é personificada como uma mulher que convida os simples a seguirem os seus conselhos e a desfrutarem dos seus benefícios. Em Provérbios 3:13-18, lemos: "Feliz é o homem que acha a sabedoria, e o homem que adquire conhecimento; porque melhor é o lucro que ela dá do que o da prata, e melhor a sua renda do que o ouro mais fino. Mais preciosa é do que as joias; e nada do que possas desejar se compara a ela. Longura de dias há na sua mão direita; na sua esquerda, riquezas e honra. Os seus caminhos são caminhos de delícias, e todas as suas veredas de paz. É árvore de vida para os que dela tomam, e felizes são todos os que a retêm".

Essa visão da sabedoria implica uma relação de dependência e submissão a Deus, que é a fonte de toda a verdade e bondade. A sabedoria é vista como um meio para alcançar uma vida feliz e tranquila, que agrada a Deus e evita o mal. No entanto, essa visão pode ser questionada por diversas razões.

Em primeiro lugar, a sabedoria não pode ser reduzida a uma fórmula simples ou a um conjunto de regras. A sabedoria é um processo dinâmico e contínuo, que envolve reflexão crítica, discernimento prático e adaptação às circunstâncias. A sabedoria não é algo que se possui ou se adquire de uma vez por todas, mas algo que se busca e se desenvolve ao longo da vida.

Em segundo lugar, a sabedoria não pode ser limitada a uma única fonte ou autoridade. A sabedoria pode ser encontrada em diversas tradições, culturas e disciplinas, que oferecem diferentes perspectivas e contribuições para o conhecimento humano. A sabedoria não é exclusiva de uma religião ou de uma ideologia, mas é fruto de um diálogo aberto e respeitoso entre diferentes vozes e visões.

Em terceiro lugar, a sabedoria não pode ser identificada com apenas um tipo de felicidade ou paz. A sabedoria reconhece a complexidade e a diversidade da vida humana, que envolve não apenas prazer e paz, mas também dor e conflito. A sabedoria não nega ou evita as dificuldades da vida, mas as enfrenta com coragem e criatividade. A sabedoria não busca apenas a satisfação pessoal, mas também o bem comum e a justiça social.

Um exemplo de uma visão alternativa da sabedoria é a proposta pelo filósofo grego Aristóteles, que definiu a sabedoria como "a ciência das coisas mais elevadas" (Metafísica I.2). Para Aristóteles, a sabedoria era o grau mais alto da virtude intelectual, que consistia em conhecer as causas primeiras e os princípios mais universais da realidade. A sabedoria era também o fim último da vida humana, que consistia em contemplar a verdade e participar da atividade divina.

Outro exemplo de uma visão alternativa da sabedoria é a proposta pelo filósofo francês Michel de Montaigne, que definiu a sabedoria como "a arte de viver" (Ensaios I.26). Para Montaigne, a sabedoria era o grau mais alto da prudência, que consistia em saber julgar e agir de acordo com as circunstâncias. A sabedoria era também o fim último da vida humana, que consistia em desfrutar da variedade e da liberdade da existência.

Em conclusão, a sabedoria é um conceito rico e multifacetado, que pode ser entendido de diferentes formas e perspectivas. A visão bíblica da sabedoria, que a associa ao temor do Senhor e à obediência às Suas palavras, é uma visão válida e respeitável, mas não é a única nem a definitiva. Há outras visões que defendem uma abordagem mais ampla e equilibrada da vida, que reconhecem a diversidade e a complexidade da realidade humana. A busca pela sabedoria é uma busca pela felicidade, mas não há um único caminho ou uma única resposta para essa busca. Cada pessoa deve encontrar o seu próprio sentido e propósito na vida, sem desprezar ou desrespeitar as outras fontes de prazer e paz.

domingo, 7 de janeiro de 2024

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(16) “A Sabedoria Personificada: Uma Análise Crítica da Metáfora Bíblica”

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(16) “A Sabedoria Personificada: Uma Análise Crítica da Metáfora Bíblica”

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A sabedoria é um conceito que tem sido valorizado e buscado por diversas tradições religiosas, filosóficas e culturais ao longo da história. Uma das formas de expressar a importância e o significado da sabedoria é através de metáforas, que são figuras de linguagem que estabelecem uma relação de semelhança entre dois termos. Uma das metáforas mais conhecidas sobre a sabedoria é a que a personifica como uma bela mulher, que oferece benefícios e recompensas para aqueles que a seguem.

Essa metáfora é encontrada no livro bíblico de Provérbios, que é uma coleção de ditos e ensinamentos atribuídos ao rei Salomão, considerado o homem mais sábio de sua época. No capítulo 8, a sabedoria se apresenta como uma mulher que clama nas ruas e nas praças, convidando os homens a ouvirem os seus conselhos e a aceitarem os seus convites. Ela afirma que quem a achar encontrará a vida e obterá o favor do Senhor (Provérbios 8:35). Ela também promete dar aos seus seguidores vida longa, riqueza e honra (Provérbios 3:16).

Essa metáfora tem um forte apelo retórico e emocional, pois associa a sabedoria a qualidades desejáveis e atrativas, como a beleza, a bondade, a generosidade e a fidelidade. Além disso, ela cria um contraste com outra mulher que também aparece em Provérbios: a mulher insensata, que é descrita como sedutora, enganadora, adultera e destruidora (Provérbios 5:3-6; 7:10-27; 9:13-18). Assim, a metáfora da sabedoria como mulher visa persuadir os leitores a escolherem o caminho da sabedoria e evitarem o caminho da insensatez.

No entanto, essa metáfora também pode ser questionada e criticada sob uma perspectiva analítica e realista. Isso porque ela simplifica e idealiza a relação entre a sabedoria e a vida, ignorando ou minimizando os aspectos complexos, contraditórios e imprevisíveis que envolvem a existência humana. A metáfora da sabedoria como mulher sugere que basta abraçar a sabedoria para garantir as recompensas prometidas, como se houvesse uma fórmula mágica ou uma lei infalível que determinasse o destino das pessoas.

No entanto, essa visão não corresponde à realidade, pois há muitos fatores que influenciam o sucesso e a felicidade das pessoas, além da sabedoria. Por exemplo, a longevidade não depende apenas da sabedoria, mas também de fatores biológicos, genéticos, ambientais e acidentais, que podem afetar positiva ou negativamente a saúde e a duração da vida. Da mesma forma, a riqueza não é apenas o resultado da sabedoria financeira, mas também do contexto econômico e social em que se vive, das oportunidades e dos obstáculos que se enfrentam, das injustiças e das desigualdades que se sofrem. A honra, por sua vez, pode ser subjetiva e relativa, dependendo dos valores culturais e individuais de cada pessoa.

Além disso, essa metáfora também pode ser confrontada com outra perspectiva religiosa presente na própria Bíblia: a do Evangelho de Jesus Cristo. O Evangelho apresenta uma visão diferente sobre a sabedoria e as recompensas que ela oferece. Em vez de prometer vida longa, riqueza e honra terrenas, o Evangelho promete vida eterna, riquezas espirituais e filiação a Deus. Essas recompensas são superiores e transcendentes às recompensas da sabedoria de Provérbios, pois não estão sujeitas às limitações e às contingências da vida material. No entanto, é preciso reconhecer que nem todos compartilham dessa fé cristã, e que há outras crenças religiosas que podem ter visões diferentes sobre a sabedoria e as suas consequências.

Em conclusão, a metáfora da sabedoria como mulher é uma forma poética e persuasiva de expressar a importância e o valor da sabedoria, mas não pode ser tomada como uma verdade absoluta e inquestionável. A vida real é mais complexa e dinâmica do que uma simples metáfora, e requer uma visão crítica e equilibrada sobre o papel da sabedoria em nossa vida. A sabedoria é um bem que deve ser buscado e cultivado, mas não é uma garantia de sucesso e felicidade. A sabedoria deve ser acompanhada de outras virtudes, como a humildade, a justiça, a compaixão e a fé, para que possamos viver de forma plena e significativa.

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(15) “Entre o Céu e a Terra: A Busca pela Sabedoria e Realização Pessoal”

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico III(15) “Entre o Céu e a Terra: A Busca pela Sabedoria e Realização Pessoal”

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A sabedoria é um valor fundamental para a vida humana, pois permite compreender melhor a realidade e agir de forma mais adequada. No livro de Provérbios, a sabedoria é apresentada como um dom divino, que traz felicidade e prosperidade para quem a possui. O provérbio de Provérbios 3:13-15 diz: "Feliz é o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento; porque melhor é o seu lucro do que o lucro da prata, e melhor a sua renda do que o ouro mais fino. Mais preciosa é do que os rubis, e tudo o que mais possas desejar não se pode comparar a ela." (Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional).

No entanto, essa visão da sabedoria como o bem supremo pode ser questionada sob uma perspectiva mais ampla e equilibrada. Afinal, a vida humana não se resume apenas à sabedoria, mas envolve também outros aspectos importantes, como a educação, o sucesso profissional, a riqueza e a saúde. Esses aspectos também contribuem para a realização pessoal e para a melhoria da qualidade de vida, e não devem ser desprezados ou subestimados.

Além disso, a sabedoria não é um conceito único e imutável, mas pode ter diferentes significados e formas de expressão. A sabedoria não se limita apenas ao temor a Deus e à obediência à sua palavra revelada na Bíblia, mas pode ser adquirida também por meio da experiência, da empatia, do conhecimento prático e do entendimento das complexidades da vida. Como disse o filósofo grego Sócrates: "Só sei que nada sei". Essa frase expressa uma atitude de humildade e de busca constante pelo conhecimento verdadeiro.

É importante reconhecer que, para muitas pessoas, a busca pela sabedoria espiritual não exclui a busca por outros objetivos terrenos. A vida é multifacetada, e a valorização da educação, das conquistas profissionais e das experiências materiais não é necessariamente incompatível com a busca pela sabedoria espiritual. Como disse o teólogo cristão Agostinho de Hipona: "Ama e faz o que quiseres". Essa frase indica que o amor é o princípio orientador da vida cristã, que permite conciliar os diferentes aspectos da vida.

Em suma, embora a sabedoria seja um valor inegável, é fundamental não desconsiderar outros aspectos da vida. A busca por realizações materiais e sucesso profissional também desempenha um papel importante na realização pessoal e na busca pela felicidade, e não devem ser ignorados em favor de uma interpretação excessivamente unilateral da sabedoria. A sabedoria deve ser entendida como um dom divino, mas também como um fruto do esforço humano, que envolve tanto a dimensão espiritual quanto a dimensão material da vida.