O ABC do Retrocesso ("A mediocridade não conhece nada além de si mesma; mas o talento reconhece instantaneamente o gênio." — Arthur Conan Doyle)
Ontem, enquanto organizava minha pasta de recortes antigos sobre educação, encontrei uma manchete de 1985 que celebrava o alto nível de exigência para a formação de professores em nosso país. O contraste com a notícia que li esta manhã no "Site PJ Media" quase me fez derramar o café.
Na cozinha silenciosa de um domingo, refleti sobre os rumos da educação e recordei meus tempos de estudante. Lembrei-me da Dona Coraci, professora de matemática, que nos fazia decorar a tabuada, mas também nos ensinava a pensar. Da freira, Irmã Maria, que transformava a História em aventuras épicas. Eram mestres que dominavam seus conteúdos com a mesma precisão com que um cirurgião maneja seu bisturi.
Agora, folheando as páginas do jornal eletrônico, deparo-me com a notícia de que, em Nova Jersey, professores não precisarão mais passar por testes básicos de competência. É como se decidíssemos que pilotos de avião não precisam mais provar que sabem pousar. Aqui no Brasil, também foi anunciada, no dia 22 de setembro, a Medida Provisória (MP) 746 da chamada ‘reforma’ do ensino médio. “A ideia do notório saber no magistério significa você dizer que todo mundo que conhece muito sobre uma determinada questão é um bom professor e, é claro, isso não é verdade”, afirmou a UBES. A justificativa? Faltam professores. Mas, desde quando quantidade se tornou mais importante que qualidade?
Entre um gole e outro de café já frio, penso nos meus colegas professores mais jovens. Muitos são brilhantes, verdadeiros artesãos do conhecimento. Outros, porém, parecem ter caído de paraquedas na profissão, trazendo na bagagem mais ideologia do que conhecimento (ideologia de gênero, são ativistas e praticam a militância política).
O relógio marca meio-dia e ainda me pego imaginando o futuro. Vejo salas de aula onde Shakespeare foi substituído por "hashtags", onde a tabuada perdeu espaço para "slogans", onde o pensamento crítico imbuído da verdade se rendeu ao pensamento único progressista. É como assistir a um naufrágio em câmera lenta, sabendo que há botes salva-vidas, mas optando por não usá-los.
A tarde avança e, com ela, cresce minha inquietação. Não posso deixar de pensar nos Fundadores da Nação, que viam na educação sólida o alicerce de uma sociedade próspera. O que diriam eles ao ver que estamos trocando o ouro do conhecimento pelo chumbo da mediocridade?
Ao final deste domingo reflexivo, imprimo e guardo o jornal junto aos recortes antigos. A história da educação que ali se desenha não é apenas uma crônica do presente, mas um alerta para o futuro. Porque, quando abrimos mão da excelência em nome da conveniência, não é apenas o ABC que fica pela metade – é todo o alfabeto do crescimento que se desfaz.
https://pjmedia.com/catherinesalgado/2025/01/05/w-is-for-woke-nj-ditches-basic-literacy-test-for-teachers-n4935687
Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto apresentado:
1. O autor compara a notícia atual sobre a dispensa de testes de competência para professores em Nova Jersey com uma manchete de 1985 que celebrava a alta exigência na formação docente. Qual a importância dessa comparação para a argumentação do texto?
2. O autor evoca a memória de seus professores, Dona Coraci e Irmã Maria, para contrastar com a situação atual. Que características desses educadores são destacadas e qual o significado desse contraste no contexto da discussão sobre a qualidade do ensino?
3. O texto menciona a Medida Provisória (MP) 746 e a crítica da UBES à ideia do "notório saber no magistério". Qual o ponto central da crítica da UBES e como ela se relaciona com a problemática da qualidade da formação docente abordada no texto?
4. O autor expressa preocupação com a presença de "ideologia" em detrimento do "conhecimento" na formação de alguns professores. Como essa preocupação se manifesta na visão do autor sobre o futuro da educação e qual a sua crítica em relação a essa situação?
5. Ao mencionar os "Fundadores da Nação", o autor estabelece uma conexão entre educação sólida e uma sociedade próspera. De que forma essa conexão reforça a crítica à flexibilização dos critérios para a formação de professores apresentada no texto?
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