De Mozart ao Pole Dance: Uma Crônica de Absurdos Educacionais ("A vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida." – Oscar Wilde)
Enquanto folheava antigas fotos de excursões escolares, deparei-me com uma notícia que quase me fez engasgar com o café. Vinte anos dedicados à educação me deram a falsa impressão de já ter visto de tudo. Ledo engano. A história da Hart Middle School, em Detroit, provou que o universo educacional ainda reserva doses cavalares de surrealismo.
A cena, digna de um roteiro de comédia bizarra, começa com um passeio escolar aparentemente convencional: uma manhã de novembro em Michigan, alunos do sexto ano e a promessa de um encontro com a Orquestra Sinfônica de Detroit. Mozart, Beethoven, a beleza da música clássica. Tudo dentro dos conformes, um programa educativo e culturalmente enriquecedor. Mas a calmaria sinfônica logo daria lugar a um ritmo bem mais… peculiar.
Após a apresentação, a fome apertou, e o destino escolhido para o almoço foi a Niki's Pizza. Um clássico dos passeios escolares. O problema surgiu quando a pizzaria se mostrou pequena demais para acomodar todos os estudantes. E foi nesse exato momento, em que a lógica e o bom senso tiraram férias, que alguém – cuja identidade permanece um mistério nebuloso – teve a infeliz ideia de transferir parte da turma para o “estabelecimento irmão” ao lado: o Niki's Lounge. Uma boate. Sim, uma casa noturna, com direito a luz baixa, decoração temática e, claro, os inevitáveis pole dancing, descritos pelo gerente como “meras decorações”.
A imagem dos adolescentes, em plena fase de descobertas e experimentações, entrando em uma boate, interagindo com os postes metálicos sob o olhar atento (ou não) dos responsáveis, é simplesmente inacreditável. Imagino a cena: a curiosidade infantil em contraste com o ambiente adulto, as câmeras do Projeto Green Light Detroit registrando cada movimento, e os policiais, provavelmente, divididos entre a perplexidade e o tédio de monitorar uma situação tão atípica.
O que mais me intriga, além do absurdo da situação em si, é a reação subsequente. A postura do distrito escolar, que inicialmente se recusou a comentar o caso, soa como uma tentativa desesperada de abafar o escândalo. As opiniões divididas entre os pais, alguns indignados e outros aparentemente indiferentes, revelam uma preocupante banalização do ocorrido.
Em duas décadas de magistério, testemunhei diversas situações inusitadas em passeios escolares: ônibus quebrando na estrada, piqueniques arruinados pela chuva, crianças passando mal no aquário. Mas nada, absolutamente nada, se compara a essa incursão involuntária ao mundo da dança vertical.
Esse acontecimento me leva a refletir sobre a fragilidade de nossas diretrizes para excursões escolares e a necessidade urgente de revisá-las. No mínimo, deveríamos assegurar que as pizzarias parceiras tenham capacidade para receber nossos alunos, evitando soluções “criativas” como a que resultou nesse episódio lamentável. Afinal, a distância entre Mozart e o pole dance, como essa crônica demonstra, é assustadoramente curta. E, principalmente, me faz questionar: onde, afinal, nossos filhos estão sendo levados em nome da “experiência educacional”? Onde está o limite entre a aventura e o completo absurdo?
https://pjmedia.com/lincolnbrown/2023/01/11/middle-school-field-trip-pole-dancing-what-could-go-wrong-n1660953?fbclid=IwY2xjawHwj75leHRuA2FlbQIxMAABHVCB6SZQL22L75O2CAlUrA2ipp2AiB6K36-S8ZexKTzBdfZguNA0qKhYqg_aem_oyAoB8xrDgdiPpHkDy1aJA
Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:
1. Qual o evento central narrado na crônica e o que o torna tão surpreendente para o narrador, um educador com vinte anos de experiência?
2. De que forma o texto descreve a sequência de eventos que levaram os alunos do sexto ano a uma boate durante um passeio escolar?
3. Segundo o autor, qual a principal crítica em relação à reação do distrito escolar e de alguns pais diante do ocorrido?
4. Além do aspecto inusitado da situação, que reflexões o autor propõe sobre as diretrizes para excursões escolares?
5. Qual a principal questão levantada pelo autor ao final da crônica sobre as "experiências educacionais" oferecidas aos alunos?
Nenhum comentário:
Postar um comentário