"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

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MINHAS PÉROLAS

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Aposentando: Uma Crônica Sobre a Paixão de Ensinar ("Ensinar é a arte de despertar a curiosidade nos jovens e, em seguida, satisfazê-la." - Anatole France)

 Crônica  


Aposentando: Uma Crônica Sobre a Paixão de Ensinar ("Ensinar é a arte de despertar a curiosidade nos jovens e, em seguida, satisfazê-la." - Anatole France)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O giz estava na mão, a lousa imaculada, e o burburinho ansioso dos alunos ecoava pela sala. Naquele momento, a emoção transbordava em mim. Não era o peso da autoridade recém-adquirida, nem o ritual solene do início da aula. Era a inquietude, a *осознание* de que, a partir daquele instante, eu passaria a ser parte da história de cada um daqueles jovens.

Lembro-me da minha timidez inicial, do nervosismo ao apresentar a lição que havia preparado com tanto cuidado. Porém, ao fitar os olhos curiosos e atentos que me observavam, percebi que ensinar ia muito além de transmitir conhecimento. Era sobre construir pontes, despertar paixões, plantar sementes que germinariam em terrenos diversos.

Os anos passaram rapidamente, como areia entre os dedos. O quadro negro deu lugar às telas digitais, os alunos se multiplicaram, mas a essência do meu ofício permaneceu inalterada: a troca, o aprendizado mútuo, a alegria de ver o conhecimento florescer em mentes jovens.

Aprendi que as melhores aulas não são aquelas em que os alunos apenas ouvem, mas sim aquelas em que questionam, desafiam e ousam discordar. Foi com um aluno assim, um jovem de perguntas incisivas e argumentos perspicazes, que vivi uma das maiores lições da minha carreira.

No começo, confesso, suas interrupções me incomodavam. No entanto, com o tempo, percebi que sua curiosidade era um presente, um convite ao debate, ao aprofundamento. Anos depois, já formado, ele me disse: "O senhor me ensinou a pensar, e isso vale mais do que qualquer resposta".

Essa frase ecoa em mim como um mantra. Ensinar me transformou, me deu propósito e me fez sentir parte de algo maior. A ideia da aposentadoria, confesso, me assusta. É como se, ao deixar a sala de aula, eu perdesse um pedaço de mim.

Mas a vida, com sua sabedoria, me mostrou que um professor nunca deixa de ser professor. Nossa marca permanece nos corações e mentes de cada aluno que cruzou nosso caminho. As lições que transmitimos, os valores que plantamos, continuam a ecoar em suas vidas, influenciando suas escolhas e moldando seus futuros.

Hoje, vejo a educação de longe, mas com o mesmo carinho e entusiasmo de sempre. Guardarei comigo as lembranças de cada turma, de cada rosto, de cada história. E a certeza de que, enquanto houver alguém disposto a aprender, haverá sempre um professor pronto para ensinar. Eis-me aqui.

Porque ensinar não é apenas uma profissão; é uma vocação, um chamado que ecoa em nossa alma e nos impulsiona a compartilhar o conhecimento que "valoriza" em nós. É a missão de transformar vidas, de construir um futuro mais justo e promissor para todos.

E essa missão, meus amigos, jamais se aposenta.


Aqui estão 5 questões discursivas baseadas no texto acima, com foco nas ideias principais.


1. A Emoção do Primeiro Dia

O autor descreve a emoção do seu primeiro dia como professor. Como essa experiência se relaciona com a sua própria trajetória como aluno? Que sentimentos te marcaram nesse início e como você acha que eles influenciam sua visão sobre a educação?

2. Ensinar Além do Conhecimento

O texto destaca que ensinar vai além de transmitir informações. O que significa construir pontes, despertar paixões e plantar sementes? Como você enxerga o papel do professor nesse processo de desenvolvimento dos alunos?

3. O Valor do Questionamento

O autor aprendeu que as melhores aulas são aquelas em que os alunos questionam e desafiam. Por que a curiosidade e o debate são importantes para o aprendizado? Como os professores podem incentivar essa postura crítica nos alunos?

4. A Marca de um Professor

O texto afirma que a marca de um professor permanece nos corações e mentes de seus alunos. Que tipo de impacto você espera que seus professores tenham em sua vida? Como você acha que os professores podem influenciar positivamente a trajetória de seus alunos?

5. Ensinar como Vocação

O autor descreve o ensino como uma vocação, um chamado que o impulsiona a compartilhar conhecimento. Qual é a sua vocação? O que te motiva a seguir a carreira que você escolheu? Como você acha que sua vocação pode contribuir para a sociedade?

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Flores no portão da escola ("A crueldade de um ato reside principalmente na intenção que o inspira." - Samuel Johnson)

 

  • Flores no portão da escola ("A crueldade de um ato reside principalmente na intenção que o inspira." - Samuel Johnson)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    Na porta da escola, havia flores. Muitas flores. Fitas brancas tremulavam ao vento, bilhetes escritos com letras trêmulas eram deixados por desconhecidos, carregando um misto de pressa e incredulidade. Um crime brutal havia acontecido ali, e a cidade de Daejeon, na Coreia do Sul, tentava compreender o impensável: como uma professora — alguém encarregada de ensinar e proteger — pôde matar uma aluna de oito anos a facadas dentro da sala de aula?

    Tudo aconteceu na manhã de 10 de fevereiro de 2025. A menina, escolhida ao acaso, foi atraída para a sala de vídeo. Era para ser mais um dia comum, uma sucessão de lições, intervalos e risadas infantis. Mas não foi. A professora, que deveria guiá-los, tornou-se algo inominável.

    O socorro chegou rápido, mas a pequena já não resistia aos ferimentos. Cortes no rosto e no pescoço. Marcas que, para os que presenciaram a cena, jamais cicatrizariam. A própria agressora foi encontrada ferida, com sinais de que tentara acabar com a própria vida. Não conseguiu. Restou-lhe confessar. Disse que a escolha da vítima foi aleatória. Não havia motivo, não havia vingança, não havia desavença. Apenas um plano: levar consigo uma vida inocente antes de dar fim à própria existência.

    A notícia espalhou-se como um incêndio. A indignação cresceu junto com o medo. Como um sistema inteiro falhou em enxergar o perigo antes que se tornasse tragédia? O Departamento de Educação revelou que a professora havia solicitado afastamento no ano anterior. Estava em depressão. Voltou ao trabalho recentemente, mesmo apresentando comportamento violento. Chegou a agredir um colega, mas, em vez de ser afastada de forma definitiva, permaneceu em funções administrativas sob supervisão. Até que supervisionar não foi suficiente.

    Naquele dia, a escola não abriu suas portas para o conhecimento. Abriu-as para a dor, para o luto, para a fragilidade da vida. As flores, como um manto de piedade, cobriram a entrada — um grito silencioso de repúdio à violência. Os rostos cabisbaixos nas ruas, as entrevistas hesitantes das autoridades e os comunicados formais da presidência interina apenas reforçavam o vazio que aquela morte deixava.

    Colegas de trabalho relataram que a professora, nos últimos dias, manifestava comportamentos estranhos, sinais de um sofrimento silencioso. Afastada das salas de aula, mas ainda presente na escola, sua presença era um prenúncio de desgraça. O que leva alguém a destruir o que deveria proteger? O que significa um sistema que não consegue evitar seus próprios colapsos? Há perguntas que jamais encontrarão resposta. Mas há cicatrizes que permanecem muito além dos corpos que as carregam.

    E eu, por aqui, sou testemunha ocular de uma situação levada ao extremo. Se um professor pede licença, o sistema dificulta. Se solicita a aposentadoria já conquistada por direito, leva um ano para a análise do processo e deferimento. A burocracia do sistema mata seus professores, assim como Jerusalém matava seus profetas. Pergunto-me: onde erramos? Onde se perdeu a humanidade? Quando a sala de aula se transformou em palco de horror?

    No portão da escola, entre as flores e as fitas brancas, um bilhete chamava atenção. Uma criança havia escrito com letras tremidas: "Por quê?".

    E talvez essa seja a única pergunta que realmente importe.

    Que a dor dessa menina nos sirva de alerta. Que as flores no portão não sejam apenas um símbolo de luto, mas um clamor por mais amor, mais cuidado, mais empatia. Que a escola volte a ser um lugar de refúgio, onde o saber floresce e a vida é celebrada.


    https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/02/11/professora-mata-aluna-de-7-anos-a-facadas-na-coreia-do-sul.ghtml (Acessado em 16/02/2025)


    Questões discursivas sobre o texto:


    1. Análise da Tragédia:

    O texto descreve um cenário de profunda tristeza e perplexidade, marcado por um crime brutal ocorrido em uma escola.

    Com base no texto, analise os sentimentos que permeiam a narrativa, destacando como o autor os transmite ao leitor.

    Discuta a importância da comoção expressa no texto como forma de repúdio à violência e de solidariedade às vítimas.

    2. O Sistema em Xeque:

    A notícia da tragédia levanta questionamentos sobre a segurança nas escolas e a capacidade do sistema educacional de proteger seus alunos e professores.

    Reflita sobre a seguinte passagem do texto: "Como um sistema inteiro falhou em enxergar o perigo antes que se tornasse tragédia?"

    Discuta as possíveis falhas do sistema que podem ter contribuído para o ocorrido, como a falta de apoio a professores com problemas de saúde mental e a insuficiência de medidas de segurança.

    3. A Busca por Respostas:

    O texto evidencia a busca por respostas para perguntas complexas sobre a natureza humana e a violência.

    A pergunta central, expressa no bilhete encontrado no portão da escola – "Por quê?" – ecoa a perplexidade diante da brutalidade do crime.

    Comente a importância de mantermos viva a busca por respostas, mesmo que elas não sejam fáceis de encontrar, como forma de aprendizado e prevenção.

    4. O Papel da Escola:

    A escola é apresentada no texto como um lugar que deveria ser de refúgio e aprendizado, mas que se transformou em palco de horror.

    Discorra sobre a importância da escola como espaço de proteção e desenvolvimento para crianças e adolescentes.

    Apresente propostas para que a escola possa cumprir seu papel de promover a cultura de paz e o bem-estar de todos os seus membros.

    5. Empatia e Solidariedade:

    O texto termina com um apelo à empatia, ao cuidado e ao amor como antídotos à violência.

    Reflita sobre a importância da empatia e da solidariedade para a construção de uma sociedade mais justa e pacífica.

    Discuta como podemos cultivar esses valores em nossas comunidades e em nossos relacionamentos, especialmente no ambiente escolar.

    Fim Da Escola? Uma Análise da Proposta de Extinção do Departamento de Educação ("Se você acha que a educação é cara, experimente a ignorância." - Derek Bok)

     




  • Fim Da Escola? Uma Análise da Proposta de Extinção do Departamento de Educação ("Se você acha que a educação é cara, experimente a ignorância." - Derek Bok)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    Sempre achei que coisas estranhas aconteciam somente no Brasil, nas terras do Macunaíma ou em épocas que os livros de História tratam com um misto de espanto e condenação. Mas, então li a notícia: o presidente dos Estados Unidos quer acabar com o Departamento de Educação. Meu primeiro impulso foi rir. Depois, o riso se desfez em uma pergunta inquietante: e se ele conseguir?

    Era 4 de fevereiro de 2025 quando Trump anunciou, com sua expressão séria, a decisão de fechar o Departamento de Educação. A frase ressoou como um trovão, espalhando-se rapidamente pelas redes sociais e pela mídia. Esse órgão, criado em 1979, tornara-se, segundo seus críticos, uma entidade burocrática e ineficiente, presa em regulamentações excessivas. Para Trump e seus seguidores, sua extinção simbolizava o combate à doutrinação ideológica e ao desperdício de dinheiro público. O objetivo era claro: devolver o poder da educação aos estados e comunidades locais.

    A ideia tem o fascínio dos gestos grandiosos, mas também carrega implicações profundas. O que significa uma educação sem supervisão federal? Nos estados mais conservadores, Darwin pode ser relegado a uma nota de rodapé; noutros, a escravidão pode ser tratada como um detalhe incômodo. A diversidade? Um capricho opcional. Os mais vulneráveis, aqueles que dependem de apoio especial, financiamento público e políticas inclusivas, terão de contar com a sorte – ou com a caridade.

    O Projeto 2025, elaborado pelo think tank conservador Heritage Foundation, sustenta essa decisão. A justificativa é que a descentralização daria mais autonomia às comunidades. No entanto, a proposta gera incertezas. O Departamento de Educação, apesar de sua estrutura enxuta, supervisionava empréstimos estudantis, concedia subsídios para escolas e garantia a aplicação de leis federais que protegiam estudantes vulneráveis. Seu fechamento pode significar a descontinuidade dessas proteções.

    Trump insiste que quer libertar a educação da interferência governamental. Mas do que exatamente? Da responsabilidade de formar cidadãos críticos? Da obrigação de preparar alunos para um mundo plural? Há algo de irônico nessa promessa de libertação, quando o que se propõe é um retorno ao tempo em que a escola era privilégio de poucos e os direitos de muitos eram ignorados.

    A História já nos mostrou ideias assim antes – no Brasil e em outros países em desenvolvimento. Elas vestem diferentes roupagens, mas o objetivo é sempre o mesmo: moldar a realidade para que ela caiba no discurso de quem detém o poder. O fechamento do Departamento de Educação pode parecer um ajuste orçamentário, mas, no fundo, é uma escolha sobre quem merece aprender e quem pode ser deixado para trás.

    Se um presidente pode apagar um departamento com um decreto, o que mais pode desaparecer? Essa talvez seja a pergunta que todos devêssemos nos fazer. Quando a educação se torna moeda de troca em disputas políticas, o preço pago não se mede em dólares, mas em gerações perdidas.


    https://g1.globo.com/educacao/noticia/2025/02/14/por-que-trump-quer-abolir-o-departamento-de-educacao.ghtml (Acessado em 16/02/2025)


    Questões Discursivas sobre a Extinção do Departamento de Educação nos EUA


    1. Contexto Histórico e Político:

    O texto inicia com uma reflexão sobre a percepção de que eventos estranhos acontecem em lugares distantes ou em épocas passadas, para então apresentar a proposta de extinção do Departamento de Educação nos EUA. Discuta o contexto histórico e político que possibilita a emergência dessa proposta, relacionando-o com o discurso de Trump e seus seguidores sobre o papel do governo na educação.

    2. Impactos da Descentralização:

    A proposta de descentralização da educação, transferindo o poder para estados e comunidades locais, é central no debate sobre a extinção do Departamento de Educação. Analise os possíveis impactos dessa descentralização, tanto positivos quanto negativos, considerando a diversidade de realidades e a capacidade de cada estado em garantir uma educação de qualidade para todos.

    3. O Papel do Departamento de Educação:

    O texto destaca o papel do Departamento de Educação na supervisão de empréstimos estudantis, concessão de subsídios e garantia do cumprimento de leis federais de proteção aos estudantes. Discuta a importância dessas funções para a manutenção de um sistema educacional justo e equitativo, e os possíveis desafios que sua extinção pode acarretar.

    4. "Libertação" da Educação:

    * Trump utiliza o discurso de "libertar" a educação da interferência governamental. Reflita sobre o conceito de liberdade no contexto educacional, questionando se a proposta de Trump representa uma verdadeira libertação ou um retrocesso para um modelo educacional excludente e desigual.

    5. Educação como Moeda de Troca:

    O texto adverte que, quando a educação se torna moeda de troca em disputas políticas, o preço pago são gerações perdidas. Discuta essa afirmação, relacionando-a com o contexto da proposta de extinção do Departamento de Educação e seus possíveis impactos a longo prazo para a sociedade americana.

    quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

    Um Brasil para Além do Estereótipo: Reflexões sobre um Livro Didático Alemão ("A verdade é que a maioria das pessoas não sabe nada sobre o Brasil. Elas só sabem o que lhes dizem." - Paulo Coelho)

     

  • Um Brasil para Além do Estereótipo: Reflexões sobre um Livro Didático Alemão ("A verdade é que a maioria das pessoas não sabe nada sobre o Brasil. Elas só sabem o que lhes dizem." - Paulo Coelho)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    Em meio ao meu café da manhã, uma notícia me atingiu como um choque: um livro didático alemão descrevia uma criança brasileira como alguém que não estudava e sobrevivia revirando lixo. A indignação foi imediata. Será que, em pleno 2025, ainda somos vistos dessa forma? Um retrato cruel e ultrapassado de um Brasil que luta contra a desigualdade, mas que também pulsa com a força de sua gente e de suas conquistas.

    A história de Marco, um menino fictício do Rio de Janeiro, criado para ensinar alemão a crianças, tornou-se um símbolo da desinformação. Um personagem que, em vez de apresentar a riqueza da cultura brasileira, perpetua estereótipos e generalizações. A fome, infelizmente, é uma realidade no Brasil, mas não define a identidade de um país inteiro.

    Entre a verdade e a generalização, existe um abismo onde se perdem os estudantes que madrugam para ir à escola, os professores que desafiam salas de aula superlotadas, os projetos sociais que oferecem esperança e oportunidades. O Brasil, como qualquer nação, enfrenta desafios, mas também celebra vitórias. Dados recentes mostram que 99,4% das crianças entre 6 e 14 anos estão matriculadas na escola. Números que representam milhões de Marcos que estudam, brincam e sonham com um futuro diferente.

    A repercussão do caso foi inevitável. A Embaixada do Brasil em Berlim manifestou seu repúdio, a editora responsável pelo livro pediu desculpas e a página com a história de Marco foi reescrita. Uma vitória simbólica contra a perpetuação de um estigma.

    A imagem do Brasil, vista de fora, oscila entre as cores vibrantes da cultura e os tons sombrios da desigualdade. Somos frequentemente retratados com um pincel que insiste em pintar apenas um lado da tela. Mas somos muito mais do que isso. Somos a criança que estuda, o médico que veio da periferia, o professor que resiste, o artista que encanta. Somos um país em constante evolução, que se recusa a ser definido por estereótipos.

    A história de Marco nos ensina que não somos definidos pelo olhar alheio, mas pela nossa própria narrativa. Uma narrativa que precisa ser contada e recontada, com as mãos firmes de quem acredita em um Brasil que educa, que sonha e que se recusa a caber em uma única página de um livro didático estrangeiro. https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/educacao-basica/2025/02/7060199-livro-alemao-diz-que-crianca-brasileira-nao-estuda-e-procura-comida-no-lixo.html (Acessado em 13/02/2025)


    Para aprofundar a discussão sobre a imagem do Brasil no mundo, podemos pensar em algumas questões:


    Como os estereótipos sobre o Brasil impactam a forma como o país é visto no mundo?

    Quais são os desafios e as conquistas do Brasil em relação à educação e à superação da pobreza?

    De que forma a cultura brasileira pode ser utilizada para promover uma imagem mais justa e real do país?

    Como podemos combater a desinformação e a perpetuação de estereótipos sobre o Brasil?

    Qual é o papel da educação na construção de uma identidade nacional mais justa e representativa?

    domingo, 9 de fevereiro de 2025

    A Queda do Professor De Anatomia Com Conotação Sexual. ("A universidade: um templo do saber que se mancha com a sombra da violência." - CiFA)

     

  • A Queda do Professor De Anatomia Com Conotação Sexual. ("A universidade: um templo do saber que se mancha com a sombra da violência." - CiFA)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    Havia uma quietude estranha no campus naquela manhã. O vento, que sempre soprava leve entre as colunas da Universidade Federal de Ouro Preto, parecia carregar um peso invisível. As sombras das árvores estendiam-se pelo chão como se sussurrassem segredos antigos, e os corredores, antes cheios de vozes vibrantes, agora ressoavam apenas murmúrios desconfiados.

    A notícia chegou antes que os primeiros raios de sol iluminassem os telhados históricos da instituição. O boletim administrativo, com sua linguagem fria e burocrática, trazia a sentença que abalaria a comunidade acadêmica: um professor de anatomia fora demitido por "condutas de conotação sexual impróprias". Seu nome, antes apenas mais um na hierarquia acadêmica, agora ecoava pelos corredores como um sino rachado.

    No anfiteatro onde ossos e músculos eram expostos como um espetáculo da ciência, pairava agora uma atmosfera pesada. A investigação, iniciada em maio de 2024, havia se arrastado por meses como um fantasma pelos corredores centenários. A Comissão de Processo Administrativo Disciplinar, após minuciosa análise de provas e depoimentos, chegara a uma conclusão inequívoca, levando a reitoria a tomar a decisão mais severa.

    Do outro lado, a defesa se manifestava com suas notas oficiais e promessas de recurso, invocando o devido processo legal e o direito ao contraditório. Mas, no tribunal da opinião pública, as sentenças costumam ser proferidas antes mesmo que qualquer julgamento formal tenha fim. Uma pergunta incômoda pairava no ar: como um espaço dedicado ao conhecimento e ao crescimento poderia ter se tornado palco de algo tão sombrio?

    O caso transcendia a mera punição individual - era um marco, um ponto de ruptura que sinalizava uma mudança institucional. A mensagem era clara: em uma universidade que preza pela excelência, não haveria mais espaço para comportamentos que violassem a dignidade de qualquer membro da comunidade acadêmica.

    E assim, o campus seguia seu ritmo, ainda que diferente. As aulas continuavam, os estudantes circulavam, os professores lecionavam. Mas algo havia mudado fundamentalmente. Entre as sombras e luzes que dançavam pelos corredores históricos, nascia a esperança de que este episódio doloroso pudesse servir como catalisador para um ambiente mais seguro e respeitoso para todos.

    A queda de um professor revelou-se mais que um escândalo institucional - tornou-se um doloroso lembrete de que até as instituições mais sólidas precisam estar vigilantes contra a quebra de confiança. No final, talvez a lição mais valiosa seja que a verdadeira grandeza de uma instituição não está apenas em seu passado glorioso, mas em sua capacidade de enfrentar seus próprios demônios e emergir mais forte e mais justa.


    https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2025/02/08/ufop-demite-professor-por-suspeita-de-praticar-condutas-de-conotacao-sexual-improprias.ghtml (Acessado em 09/02/2025).


    1. Que elementos do texto criam uma atmosfera de mistério e apreensão no campus da universidade, e como essa atmosfera se relaciona com o tema central da notícia?

    2. De que forma a descrição do anfiteatro como um espaço onde "ossos e músculos eram expostos como um espetáculo da ciência" contrasta com a revelação de que o mesmo local foi palco de "condutas de conotação sexual impróprias"?

    3. Qual o papel da Comissão de Processo Administrativo Disciplinar na investigação do caso, e como sua atuação contribui para a reflexão sobre a importância de mecanismos de controle e responsabilização em instituições de ensino?

    4. Além da punição individual do professor, que outras questões o texto levanta sobre a necessidade de mudanças institucionais e sobre o papel da universidade na construção de um ambiente mais seguro e respeitoso para todos?

    5. Como o texto explora a tensão entre a necessidade de justiça e o direito à defesa, e de que forma essa tensão se manifesta na narrativa e nas diferentes perspectivas apresentadas sobre o caso?

    sábado, 8 de fevereiro de 2025

    A Sombra que Ameaça Nossa Infância ("O verdadeiro crime não é apenas a venda de drogas, é permitir que o descaso com nossa juventude continue se perpetuando." - CiFA

    Crônica Jornalística 


    A Sombra que Ameaça Nossa Infância ("O verdadeiro crime não é apenas a venda de drogas, é permitir que o descaso com nossa juventude continue se perpetuando." - CiFA

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    É quase impossível entender como o mundo se perde em detalhes tão pequenos, enquanto o grande drama da vida continua se desenrolando nas sombras. A notícia me atingiu como um tapa na cara: "Casal preso por vender drogas perto de escolas infantis", na Vila Mutirão, em Goiânia. Um bairro aparentemente comum que, como tantos outros, se vê às voltas com o infortúnio da proximidade do crime.

    A sordidez da situação revolta: a casa dos traficantes, a meros 300 metros de três escolas infantis. Uma distância que parece pequena, mas representa um abismo entre a infância protegida e o mundo do crime. Ali, crianças que deveriam estar apenas aprendendo a ler, escrever e sonhar com um futuro brilhante, transitavam diariamente próximas a um ponto de venda de crack, imersas em um ambiente de insegurança e violência.

    O que mais perturba nessa história é o perfil dos criminosos. A mulher, já conhecida da polícia e monitorada por tornozeleira eletrônica, escolheu retornar ao mesmo crime. Sua reincidência escancara a fragilidade do sistema de monitoramento e nos faz questionar: quantos outros, em situação semelhante, continuam em liberdade, prontos para repetir os mesmos erros?

    A polícia, como sempre, cumpriu seu papel com diligência, mas o caso nos força a uma reflexão mais profunda: o que mais precisamos fazer para que essas histórias não se repitam? As medidas atuais - prisão e monitoramento eletrônico - mostram-se insuficientes quando o sistema falha na recuperação das pessoas e na prevenção de novos crimes.

    A voz do povo ecoa nas ruas, nos bares, nas redes sociais. A indignação é unânime, mas para além dela, que ações concretas estamos tomando para mudar essa realidade? As famílias e a sociedade precisam oferecer condições para que as crianças possam estudar, crescer e ter oportunidades longe das garras do tráfico.

    A educação permanece como nossa maior esperança, mas até mesmo as escolas, essas instituições sagradas da formação humana, parecem vulneráveis quando o crime se instala tão próximo. Como garantir que os sonhos e esperanças das crianças não sejam roubados como os de tantas outras?

    Que esse caso sirva não apenas de alerta, mas de combustível para uma mudança real. Precisamos construir um futuro onde a sombra das drogas não paire sobre a infância de nossas crianças, onde cada sala de aula seja verdadeiramente um espaço de transformação e esperança. Porque o verdadeiro crime não é apenas a venda de drogas – é permitir que o descaso com nossa juventude continue se perpetuando.


    https://digital.dm.com.br/#!/view?e=20250208&p=2 (Acessado em 08/02/2025)


    1. Qual a principal contradição apontada no texto entre a aparente normalidade do bairro da Vila Mutirão e a presença do tráfico de drogas nas proximidades de escolas infantis?

    2. De que forma a localização da casa dos traficantes, a apenas 300 metros de distância de três escolas infantis, é utilizada no texto para simbolizar a vulnerabilidade da infância diante do crime?

    3. Qual a crítica central do texto em relação à mulher que, mesmo sendo monitorada por tornozeleira eletrônica, é flagrada novamente cometendo o crime de tráfico de drogas?

    4. Além da atuação policial, que outros tipos de ações e medidas são apontados no texto como necessários para combater o problema do tráfico de drogas e proteger as crianças?

    5. Que tipo de reflexão o autor busca provocar no leitor ao questionar sobre o que estamos fazendo para mudar a realidade do tráfico de drogas e garantir um futuro melhor para as crianças?