"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

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segunda-feira, 24 de julho de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(8) O Equilíbrio entre Autoridade Paterna, Liberdade e Desenvolvimento Pessoal: Uma Abordagem Teológica e Filosófica.

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(8) O Equilíbrio entre Autoridade Paterna, Liberdade e Desenvolvimento Pessoal: Uma Abordagem Teológica e Filosófica.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A discussão sobre a obediência filial e a imposição de autoridade é um tema complexo que transcende os campos teológico e filosófico. Enquanto Immanuel Kant ressalta que o esclarecimento é a saída da menoridade, destacando a importância do uso do entendimento individual, Paulo Freire enfatiza a libertação em comunhão com os outros, sinalizando a relevância do diálogo na busca pela autonomia e maturidade.

Na perspectiva teológica, a Bíblia também nos oferece orientações valiosas sobre o equilíbrio entre autoridade e liberdade. Em Efésios 6:1-3, a obediência filial é incentivada: "Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. 'Honra teu pai e tua mãe', este é o primeiro mandamento com promessa". No entanto, é importante observar que esse respeito não deve ser imposto de forma rígida ou cega, pois em Efésios 6:4 é dito aos pais: "Pais, não irritem seus filhos; antes, criem-nos segundo a educação e orientação do Senhor."

Nesse sentido, o equilíbrio entre autoridade e liberdade é fundamental para o desenvolvimento do pensamento crítico e da autonomia dos jovens, como também defendido por Paulo Freire. Provérbios 22:6 nos orienta: "Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles." Assim, o diálogo e a orientação sábia dos pais se tornam essenciais para que os jovens possam trilhar um caminho de maturidade e responsabilidade.

Além disso, o poeta Fernando Pessoa nos lembra que é preciso estar aberto ao novo sem abandonar o essencial. Essa busca pelo equilíbrio e pelo amadurecimento pessoal e coletivo é essencial para o progresso contínuo. "Os filhos não pertencem a seus pais, e sim à vida que os aguarda" (O Profeta, 1923), como nos lembra Gibran, o que reforça a importância de permitir que os jovens descubram seu propósito e caminho na vida.

Portanto, a educação teológica e filosófica deve visar à formação de indivíduos reflexivos e conscientes, capazes de agir com autonomia e responsabilidade, como afirma Paulo Freire. Com o diálogo como ferramenta primordial, pais e filhos podem trilhar juntos a jornada rumo ao autoconhecimento e à sabedoria. Provérbios 27:17 destaca a importância dessa jornada compartilhada: "Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro".

Em suma, ao equilibrar autoridade e liberdade, valorizando a sabedoria e a flexibilidade, os jovens serão educados para o desenvolvimento pleno de sua individualidade, sem ignorar a tradição, mas abertos ao novo. Como Paulo Freire nos ensina, a educação é um processo de transformação pessoal e, por consequência, da sociedade como um todo. Que nessa busca pelo equilíbrio e discernimento, pais e filhos possam encontrar uma educação que os guie rumo a um crescimento mútuo e contínuo, como expresso em 2 Pedro 3:18: "Antes, cresçam na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo".

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(7) O Temor a Deus e Outras Fontes de Sabedoria: Um Ensaio Crítico.

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(7) O Temor a Deus e Outras Fontes de Sabedoria: Um Ensaio Crítico.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

## A busca pela sabedoria em diferentes fontes

A sabedoria é uma das virtudes mais desejadas e admiradas pelos seres humanos. Mas como podemos alcançá-la? Qual é a melhor forma de adquirir conhecimento e discernimento? Neste ensaio, eu vou defender a ideia de que a sabedoria não se restringe a uma única fonte, mas requer uma abordagem plural e crítica, que valorize a leitura, a observação e o diálogo.

## A leitura como fonte de conhecimento

Uma das formas mais importantes de buscar a sabedoria é pela leitura. A leitura nos permite entrar em contato com as ideias e as experiências de outras pessoas, que podem nos ensinar muito sobre o mundo e sobre nós mesmos. A leitura também nos estimula a pensar por conta própria, a desenvolver nosso senso crítico e a formar nossa própria opinião.

No entanto, a leitura não deve ser passiva ou acrítica. Não devemos aceitar tudo o que lemos como verdade absoluta, mas questionar, comparar e avaliar as informações que recebemos. Como disse o filósofo Francis Bacon, “leitura não é conversa, mas deve ser respondida presentemente com algo que seja bom sentido e ciência" (Novum Organum, 1620). Devemos buscar discernimento também pela observação atenta do mundo e pelo diálogo respeitoso com diferentes visões.

## A observação como fonte de conhecimento

Outra forma essencial de buscar a sabedoria é pela observação. A observação nos permite conhecer a realidade de forma direta e empírica, sem intermediários ou preconceitos. A observação também nos ajuda a testar nossas hipóteses, a verificar nossas conclusões e a corrigir nossos erros.

No entanto, a observação não deve ser superficial ou ingênua. Não devemos confiar apenas nos nossos sentidos, mas usar nossa razão e nosso método para interpretar os dados que coletamos. Como disse o pensador Descartes, “a leitura de todos os bons livros é como uma conversa com as pessoas mais honradas dos séculos passados” (Discurso do Método, 1637). Precisamos exercer nosso intelecto, fazendo perguntas e buscando respostas.

## O diálogo como fonte de conhecimento

Uma terceira forma importante de buscar a sabedoria é pelo diálogo. O diálogo nos permite trocar ideias e opiniões com outras pessoas, que podem nos oferecer novas perspectivas e argumentos. O diálogo também nos incentiva a ouvir e a respeitar os pontos de vista alheios, sem impor ou rejeitar os nossos.

No entanto, o diálogo não deve ser dogmático ou autoritário. Não devemos tentar convencer ou persuadir os outros a todo custo, mas buscar o entendimento mútuo e o consenso possível. Como disse Sócrates, que tenhamos a coragem de duvidar e o discernimento para distinguir a verdade (Apologia de Sócrates, 399 a.C.).

## A conclusão

Portanto, embora valorize os ensinamentos bíblicos, não concordo que o temor reverencial a Deus deva ser a única fonte de conhecimento e sabedoria. Entendo que a sabedoria virá do constante questionamento e da disposição em repensar nossas certezas. Que possamos explorar diversas fontes do saber, sem dogmatismos.

Em síntese, a verdadeira sabedoria requer mente aberta e pensamento livre. Devemos buscá-la com humildade, reconhecendo a precariedade do nosso conhecimento. Nas sábias palavras de Santo Agostinho, "a dúvida é a origem do saber". Que possamos caminhar sempre com sede de aprender, sem cravar estacas. Pois não há fonte única e exclusiva de discernimento, mas um oceano infinito de conhecimento a ser desbravado.

domingo, 23 de julho de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(6) O Valor da Amizade: Tesouros e Desafios à Luz da Bíblia.

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(6) O Valor da Amizade: Tesouros e Desafios à Luz da Bíblia.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A sabedoria bíblica nos adverte sobre assumir riscos desnecessários, mesmo para ajudar amigos. Como disse a Bíblia em Provérbios, "Homens fortes e prudentes retêm riquezas, mas homens fracos perdem dinheiro por riscos desnecessários e tolos" (Pv 11:16). Devemos ponderar as consequências de nossas ações, como foi ensinado por outros autores bíblicos, como o apóstolo Paulo, que nos exorta a examinar cuidadosamente tudo e reter o que é bom (1 Tessalonicenses 5:21).

Nas palavras dos autores bíblicos, como o apóstolo João, "amemo-nos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus" (1 João 4:7). Os amigos são um tesouro, não um fardo, como também enfatiza o apóstolo Paulo ao valorizar a amizade e a comunhão dos santos (Filipenses 2:1-2).

Portanto, embora a generosidade seja uma virtude, a Bíblia nos recomenda cautela com riscos excessivos. O equilíbrio e o discernimento são essenciais em nossas relações, conforme ensinado também por outros autores bíblicos, como o apóstolo Pedro, que nos exorta a sermos sóbrios e vigilantes (1 Pedro 5:8). Valorizemos acima de tudo a lealdade e o afeto genuíno, como também ensina o apóstolo Paulo ao encorajar o amor sincero e a devoção fraternal (Romanos 12:9-10).

Embora a generosidade seja uma virtude, a Bíblia nos adverte sobre assumir compromissos financeiros excessivos. Como disse outro autor bíblico, o apóstolo João, "amemo-nos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus" (1 João 4:7). Devemos ponderar bem antes de nos tornarmos fiadores de outrem, como também alerta o apóstolo Paulo sobre o cuidado com dívidas e obrigações (Romanos 13:8).

O verdadeiro companheirismo, como descrito em toda a Bíblia, não precisa de grandes sacrifícios, e sim de confiança e apoio mútuo. Nas sábias palavras de outro autor bíblico, o apóstolo Paulo, "suportai-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz" (Efésios 4:2-3). Portanto, embora louvável em alguns casos, ajudar os outros não deve se sobrepor à prudência, como também ensina o apóstolo Pedro ao nos incentivar a ter moderação em todas as coisas (2 Pedro 1:5-7). Com equilíbrio e sabedoria, podemos ser solidários sem nos colocarmos em risco, como também é ressaltado por outros autores bíblicos, como o apóstolo Tiago, que nos exorta a sermos praticantes da palavra e não apenas ouvintes (Tiago 1:22). Valorizemos acima de tudo o afeto genuíno e a sabedoria nas relações humanas, seguindo os ensinamentos de toda a Bíblia.

sábado, 22 de julho de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(5) Ouvir, Questionar, Descobrir: A Jornada da Sabedoria nas Escrituras Sagradas.

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(5) Ouvir, Questionar, Descobrir: A Jornada da Sabedoria nas Escrituras Sagradas.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A Bíblia toda é uma coletânea de escritos sagrados que tem sido estudada e reverenciada por milênios, e os autores bíblicos têm contribuído para o entendimento da sabedoria que permeia esses textos. No entanto, não devemos simplesmente aceitar suas palavras de maneira passiva, como meros receptores de conhecimento. A sabedoria genuína é adquirida por meio da busca constante pela verdade e da reflexão crítica sobre as lições que nos são transmitidas por meio das Escrituras.

Concordo que ouvir é fundamental para aprender, mas é igualmente essencial desenvolver a habilidade de questionar, analisar e discernir a verdade da falsidade em cada passagem bíblica. Não podemos nos tornar meros ecoadores das palavras dos autores bíblicos sem entender o contexto e o significado mais profundo de seus ensinamentos.

O apóstolo Tiago, em sua carta: "Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos" — (Tiago 1:22 - NVI) . Não basta ouvir e acumular conhecimento bíblico; devemos aplicar o que aprendemos em nossa vida diária e questionar até mesmo os ensinamentos mais complexos para discernir a verdade.

As palavras bíblicas podem, de fato, ser obscuras e requerer interpretação, mas essa interpretação não deve ser passiva e acrítica. Devemos nos esforçar para entender o contexto, a intenção e a relevância dessas palavras em nossas próprias vidas.

Os homens sábios, inspirados por Deus, entenderam os tempos e sabiam o que deveria ser feito, mas essa sabedoria não veio apenas do ato de ouvir e obedecer cegamente. Ela brotou de mentes inquiridoras, dispostas a questionar, refletir e, em última instância, tomar decisões embasadas nos fundamentos das Escrituras.

Concordo que ouvir é uma virtude, mas não podemos negligenciar a importância de questionar e buscar respostas para aquilo que não compreendemos plenamente na Bíblia. A verdadeira sabedoria vem da combinação da audição atenta com a reflexão crítica, que nos leva a uma compreensão mais profunda e pessoal das Escrituras Sagradas.

Em meio à pluralidade de vozes e interpretações sobre a Bíblia, é nosso dever discernir a verdade, não apenas aceitando cegamente tudo o que nos é dito, mas buscando constantemente aprender e compreender para encontrar nossa própria sabedoria e verdade interior.

Portanto, proponho que busquemos conhecimento não apenas nas palavras bíblicas e nas interpretações dos autores inspirados, mas também no questionamento e na busca incansável pela verdade nas Escrituras Sagradas. Sejamos como os nobres bereanos, que "examinavam as Escrituras todos os dias para ver se tudo era assim mesmo". Somente assim alcançaremos uma sabedoria genuína e pessoal que iluminará nossa jornada nesta vida complexa e enigmática, guiados pela luz divina que a Bíblia nos oferece.

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(4) A inspiração divina e a experiência humana na Bíblia: uma abordagem crítica e respeitosa.

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(4) A inspiração divina e a experiência humana na Bíblia: uma abordagem crítica e respeitosa.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A Bíblia é um conjunto de livros divinamente inspirados que buscam guiar os homens na procura pela sabedoria, pelo temor do Senhor e pela conduta justa. Porém, será que esses livros são bastantes e infalíveis para todas as situações e circunstâncias da vida? Será que eles não podem ser acrescentados ou contestados por outras fontes de conhecimento e experiência? Será que eles não expressam também a cultura, a época e o contexto em que foram escritos? Neste ensaio, eu pretendo negar a ideia central de que a Bíblia é a única e exclusiva norma para a vida, usando referências bíblicas e citações de autores importantes.

Um dos argumentos usados para defender a supremacia da Bíblia é que ela foi inspirada por Deus e escrita por homens sábios e santos. De fato, as Escrituras afirmam que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça” (2 Timóteo 3:16 NVI). Porém, isso não significa que os autores bíblicos fossem perfeitos ou infalíveis em suas decisões e ações. Pelo contrário, eles mesmos reconheceram que “todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Romanos 3:23 ACF). Além disso, eles enfrentaram tentações, conflitos, dúvidas e erros em suas vidas (Gênesis 12:10-20; Números 20:7-13; 2 Samuel 11; Jó 3; Mateus 26:69-75; Gálatas 2:11-14; etc.). Portanto, a Bíblia não pode ser considerada como uma revelação completa e definitiva da vontade de Deus, mas como um testemunho da graça divina na história humana.

Outro argumento usado para sustentar a ideia central de que a Bíblia é a única fonte de sabedoria e conhecimento para a vida é que ela abrange todos os aspectos da existência humana, desde o trabalho até o casamento, desde a educação dos filhos até a administração das finanças. De fato, a Bíblia oferece conselhos práticos e úteis para diversas situações e problemas da vida. Porém, isso não significa que ela seja universal ou imutável em sua aplicação. Pelo contrário, ela deve ser interpretada à luz do contexto histórico, cultural e social em que foi escrita. Por exemplo, quando Paulo diz que “as mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor” (Efésios 5:22 ARA), ele está refletindo uma visão patriarcal da família, em que o marido é o cabeça e a mulher é submissa. Essa visão pode ser questionada ou relativizada por outras perspectivas bíblicas ou contemporâneas sobre o papel da mulher na sociedade. Portanto, a Bíblia não pode ser considerada como uma regra absoluta e inquestionável para a vida, mas como uma orientação geral e flexível para a conduta.

A Bíblia é uma fonte valiosa de sabedoria e conhecimento para a vida, mas não é a única nem a exclusiva. Ela deve ser lida e aplicada com discernimento, respeito e humildade, reconhecendo que ela é fruto da inspiração divina e da experiência humana. Ela deve ser complementada e questionada por outras fontes bíblicas e extra-bíblicas, que possam ampliar e aprofundar a nossa compreensão da vontade de Deus e da realidade do mundo. Ela deve ser usada como um instrumento para nos aproximar de Deus e dos homens, e não como um fim em si mesma.

sexta-feira, 21 de julho de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(3) Sabedoria, Justiça, Julgamento e Equidade: Os Quatro Pilares da Vida Cristã.

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(3) Sabedoria, Justiça, Julgamento e Equidade: Os Quatro Pilares da Vida Cristã.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Nascemos como seres em desenvolvimento, dotados de curiosidade e em busca de conhecimento. Afirmar que nascemos ignorantes e egoístas é subestimar a capacidade intrínseca do ser humano de aprender e crescer. Como disse o renomado filósofo Aristóteles: "A alma nunca pensa sem uma imagem." Nossa mente é uma tela em branco, pronta para ser preenchida com experiências e aprendizados que moldam nossa compreensão do mundo.

Ao falar sobre o coração humano, é preciso considerar que nossas emoções e inclinações são influenciadas por diversos fatores, incluindo o ambiente em que vivemos e as experiências que enfrentamos. No entanto, essa depravação alegada não nos condena à ignorância e ao egoísmo. Somos seres capazes de superar nossos instintos e buscar a sabedoria, como afirmou Platão: "O conhecimento é a comida da alma."

A ideia de que somente após uma "regeneração" receberíamos instruções é questionável. A aprendizagem é um processo contínuo, e podemos adquirir sabedoria ao longo de toda a vida. Como disse o autor Marcel Proust: "O verdadeiro ato de descoberta não consiste em encontrar novas terras, mas em vê-las com novos olhos." Mesmo antes de qualquer suposta "regeneração," estamos em constante busca por conhecimento e entendimento.

A sabedoria é uma virtude que pode ser alcançada por meio da busca por conhecimento, reflexão e experiências. Como disse o filósofo Sêneca: "O conhecimento próprio é o mais importante de todos os conhecimentos." Ao olharmos para grandes pensadores e líderes ao longo da história, vemos que a sabedoria não é um dom exclusivo, mas algo que pode ser cultivado e aprimorado.

A justiça e o julgamento também estão ao alcance de todos, não apenas daqueles que supostamente passaram por uma "regeneração." A capacidade de discernir o certo do errado está enraizada em nossa consciência e senso ético, como disse Immanuel Kant: "Temos duas coisas que nos permitem não cair no abismo da desgraça: a consciência e a razão."

É importante lembrar que a Bíblia, embora seja uma fonte valiosa de ensinamentos, não é o único guia para a sabedoria. Devemos abrir nossas mentes para a diversidade de conhecimentos presentes no mundo e aprender com diferentes fontes e perspectivas. Como disse Albert Einstein: "A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original."

Concluo, portanto, que a ideia de que nascemos ignorantes e egoístas, e só após uma "regeneração" receberíamos instruções, é uma visão limitada da natureza humana e da busca por sabedoria. Somos seres em constante evolução, capazes de aprender, crescer e transformar nossas vidas por meio do conhecimento e da busca pela verdade. Como disse Sócrates: "Conhece-te a ti mesmo." Devemos abraçar nosso potencial de crescimento e desenvolvimento, reconhecendo que a sabedoria está ao alcance de todos, independentemente de suas crenças ou experiências.

quinta-feira, 20 de julho de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — I(2) A Sabedoria que Vem de Deus.

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — I(2) A Sabedoria que Vem de Deus. 

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Com todo o respeito aos ensinamentos bíblicos, é preciso analisar criticamente a ideia central de que a Bíblia contém sabedoria excepcional para seus leitores. Enquanto é verdade que os autores bíblicos foram inspirados por Deus e que a Bíblia revela Seu plano de salvação para a humanidade (2Tm 3:16-17), é importante notar que nem todos os seus personagens refletiam essa sabedoria.

Apesar de terem sido escolhidos por Deus para cumprir Seus propósitos, muitos dos heróis da fé também cometeram erros graves em suas vidas, especialmente no que diz respeito à sua fidelidade ao Deus verdadeiro e aos Seus mandamentos (Rm 3:23). Essas escolhas comprometeram sua comunhão com Deus, levando-os a praticar o pecado e desagradar ao Senhor.

A sabedoria verdadeira, como mencionada na Bíblia, vem do temor do Senhor e da obediência aos Seus ensinamentos (Pv 1:7; 9:10). Muitos dos personagens bíblicos, apesar de sua fé e coragem, falharam em manter-se fiéis a esse princípio fundamental. Citando Charles Spurgeon, em seu sermão intitulado "A Sabedoria de Salomão" em 1862, ele destaca que, embora Salomão possuísse sabedoria, ele "não aproveitou a graça dada por Deus para resistir à tentação e permanecer fiel."

Portanto, é essencial reconhecer que a sabedoria humana tem limitações e falhas. Precisamos buscar a verdadeira sabedoria que vem de Deus e do conhecimento de Cristo (Cl 2:3). O apóstolo Paulo ressalta que, através do Espírito Santo, somos capacitados a entender a vontade de Deus e a viver uma vida digna Dele (Colossenses 1:9-11).

Em vez de depender apenas das palavras dos autores bíblicos, devemos voltar nossos corações e mentes para a Palavra de Deus, a Bíblia, que contém instruções verdadeiras e eternas para a sabedoria e a vida (Sl 119:105). Como disse Martinho Lutero, em seu livro "A liberdade do cristão", a Bíblia é a "carta de Deus que nos ensina tudo o que precisamos saber para esta vida e a eternidade". Nela, encontramos a verdadeira sabedoria, que vem do temor do Senhor e da devoção a Ele, resultando em uma vida de retidão e serviço aos outros.

Em conclusão, embora a Bíblia seja um livro sábio e inspirado por Deus, devemos ter discernimento crítico ao considerar suas histórias e lições. Devemos lembrar que a verdadeira sabedoria vem do temor do Senhor e da obediência a Ele, encontrada na Palavra de Deus e personificada em Cristo. Busquemos, portanto, a sabedoria genuína e eterna que transforma nossas vidas e nos capacita a viver de acordo com os princípios divinos.