"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

A ESQUERDA TAMBÉM PODE: A Incompetência Estratégica e o Propósito Maior ("Onde impera desrespeito e traição, o amor é pobre, a confiança é nula e a admiração desaparece." — JDCasteloBranco)

 


A ESQUERDA TAMBÉM PODE: A Incompetência Estratégica e o Propósito Maior ("Onde impera desrespeito e traição, o amor é pobre, a confiança é nula e a admiração desaparece." — JDCasteloBranco)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Não existe, em essência, pessoa incompetente. O que há é falta de preparo, ensaio ou oportunidade para desenvolver uma habilidade. Similarmente, a preguiça raramente é um traço fixo de caráter; ela é quase sempre o resultado da ausência de uma motivação significativa. Quando um indivíduo encontra um propósito claro, o esforço surge naturalmente. O problema reside no fato de que, na sociedade atual, o esforço é comumente movido não pela virtude ou vocação, mas pelo interesse imediato: a busca por lucro, reconhecimento ou poder.

Essa lógica distorcida leva muitos a escolherem ser "incompetentes" de forma estratégica. Ao desempenharem mal suas funções, eles criam o caos necessário para justificar exigências por melhores salários ou condições. Em cargos instáveis, recorre-se à chantagem institucional conhecida como "operação tartaruga". Assim, o trabalho deixa de ser um campo de realização humana e se torna uma arena de disputa e cálculo. A motivação genuína cede lugar à conveniência, e a eficiência é substituída pela manipulação.

Esse mesmo comportamento se espelha na esfera pública. Durante a pandemia, prefeitos e governadores desafiaram as ordens federais e decretaram o fechamento do comércio, amparados por interesses políticos e ideológicos. Isso não foi apenas uma questão sanitária, mas uma clara afirmação de poder. A motivação revelou-se utilitária: quanto pior o cenário, melhor para quem desejava enfraquecer o adversário político. Nesse contexto, a competência transformou-se em um instrumento de confronto, e não de serviço ao bem comum.

Entretanto, mesmo diante dessa distorção generalizada, há uma dimensão espiritual que escapa ao cálculo humano. As ações movidas por vaidade, oportunismo ou falsa virtude servem, em última instância, a um propósito maior. “Todas as coisas contribuem para o bem dos que temem a Deus” — e nisso reside o paradoxo: a aparente incompetência ou a preguiça instrumentalizada podem ser instrumentos de uma vontade divina que se cumpre apesar das intenções humanas. Louvado seja Deus, que, até nas mãos da esquerda ou da direita, conduz a história para onde deve ir. 


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Como seu professor de Sociologia, preparei 5 questões discursivas e simples, alinhadas às ideias do texto. As questões abordam a ética no trabalho, a manipulação, a motivação social e a racionalidade política, temas cruciais para a análise sociológica no Ensino Médio.


1. Motivação e a Visão Sociológica da Preguiça

O texto afirma que a preguiça não é um traço fixo de caráter, mas sim o resultado da ausência de uma motivação significativa, e que o esforço na sociedade atual é movido por interesse imediato (lucro, reconhecimento, poder). Discuta como a Sociologia do Trabalho e a ética protestante (estudada por Max Weber) analisam a relação entre motivação individual, propósito de vida e a busca por ganho material na sociedade capitalista contemporânea.

2. A Incompetência Estratégica e a Manipulação no Trabalho

O texto descreve a escolha de ser "incompetente de forma estratégica" e o uso da "operação tartaruga" como formas de chantagem institucional. Analise esse comportamento como um ato de resistência silenciosa ou como uma forma de manipulação dentro da relação de poder no ambiente de trabalho. De que maneira essa lógica transforma o trabalho de "realização humana" em uma "arena de disputa e cálculo"?

3. Lógica Utilitária e Afirmação de Poder na Esfera Pública

A pandemia é usada como exemplo de como ações políticas (como o fechamento do comércio) foram motivadas pelo interesse político e pela intenção de enfraquecer um adversário, onde "quanto pior o cenário, melhor" para o embate ideológico. Explique, sob a ótica da Sociologia Política, o que é a lógica utilitária (ou racionalidade instrumental) e como ela transforma a "competência em instrumento de confronto" em vez de serviço ao bem comum.

4. Trabalho como Campo de Realização Humana

O texto contrasta o trabalho como "campo de realização humana" com o trabalho como "arena de disputa e cálculo". Descreva o que a Sociologia entende por alienação no trabalho (conceito desenvolvido por Karl Marx) e como essa lógica de manipulação e interesse imediato contribui para afastar o indivíduo da motivação genuína e da satisfação em sua atividade profissional.

5. Determinismo e a Vontade Divina na Ação Social

O parágrafo final introduz um paradoxo: mesmo as ações de "vaidade, oportunismo ou falsa virtude" podem servir a um "propósito maior" ou "vontade divina". Discuta o contraste entre o livre-arbítrio/ação social (o cálculo humano e a intenção política) e o determinismo/fatalismo (a ideia de que há uma força maior conduzindo a história). Qual é o risco sociológico de atribuir eventos problemáticos a um propósito maior, em vez de buscar a responsabilidade e a mudança social?

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domingo, 30 de outubro de 2022

AJUDAR POR QUÊ? A Complexidade da Solidariedade e a Lei do Equilíbrio ("Meu egoísmo é tão egoísta que o auge do meu egoísmo é querer ajudar." — Raul Seixas)

 


AJUDAR POR QUÊ? A Complexidade da Solidariedade e a Lei do Equilíbrio ("Meu egoísmo é tão egoísta que o auge do meu egoísmo é querer ajudar." — Raul Seixas)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O surgimento de leis que proíbem o ato de dar e receber esmolas em ruas e praças é um paradoxo que tenta legislar a solidariedade. A medida pune o gesto de ajudar, mas ignora as causas estruturais da miséria. Assim, o pobre desobediente passa a socorrer o carente em um fluxo natural, comparável ao dos rios menores correndo para os maiores. Contudo, esse movimento, embora espontâneo, fere a natureza social, rasgando-a como a terra sofre com o desvio de suas águas. Nesse desequilíbrio imposto, revela-se um princípio vital: quando uma lei é ferida, todas as outras leis sociais buscam reajuste, como se a própria natureza tentasse curar-se da instabilidade.

Compreender a pobreza exige mais do que observá-la: é preciso vivê-la e senti-la no corpo e na alma para entender sua lógica silenciosa e dolorosa. Ajudar os pobres é assumir o risco de ser consumido pela carência, pois essa força pode exaurir até quem deseja aliviar o sofrimento alheio. Quando o ajudador já não tem mais o que oferecer, frequentemente sente a ingratidão daqueles que antes recebiam auxílio. Nesse ciclo, a compaixão, se não guiada pela sabedoria, pode se tornar uma forma de autodestruição.

Assim como a mãe que, por excesso de zelo, impede o pai de corrigir o filho, o desejo de proteger e amparar transforma-se, muitas vezes, em obstáculo ao crescimento. O amor mal compreendido cria dependência e fragilidade, sustentando a dor que deveria ser evitada. O sociólogo Rubem Alves já ensinava que a vida tem sua própria sabedoria: “Quem tenta ajudar uma borboleta a sair do casulo a mata; quem tenta ajudar o broto a sair da semente o destrói.” Há processos que só podem ocorrer de dentro para fora, e qualquer intervenção precoce rompe o ciclo natural de amadurecimento.

Ajudar, portanto, exige discernimento. É fundamental compreender o momento exato de agir e o limite entre o auxílio e a invasão. Nem toda dor precisa ser interrompida, nem toda miséria pode ser curada com um gesto imediato. A verdadeira solidariedade, por vezes, reside em permitir que o outro encontre suas próprias forças, aprendendo a crescer a partir da falta. A natureza — humana ou social — sempre busca seu equilíbrio, e é nesse movimento que se manifesta a mais profunda sabedoria das leis da vida.


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Como seu professor de Sociologia, preparei 5 questões discursivas e simples, alinhadas às ideias do texto. As questões focam em temas como desigualdade social, o papel da lei, a natureza da solidariedade e a criação de dependência, essenciais para a análise sociológica no Ensino Médio.

1. Lei, Pobreza e Estrutura Social

O texto critica as leis que proíbem a esmola por ignorarem as "causas estruturais da miséria". Sociologicamente, diferencie causas estruturais de pobreza (como a desigualdade econômica e o acesso limitado à educação) de causas individualizadas (como a falta de esforço). Explique por que a lei, ao punir o ato de dar a esmola, é vista como uma medida que trata o sintoma e não a raiz do problema social.

2. O Desequilíbrio Social e o Direito

O texto utiliza a metáfora de que, ao ser ferida uma lei, "todas as outras leis sociais buscam reajuste", como se a natureza tentasse curar-se. Discuta, com base na Sociologia do Direito e na Moral Social, como uma legislação que entra em conflito com o senso comum de solidariedade pode gerar um desequilíbrio (ou crise de legitimidade) e quais são as possíveis consequências desse conflito para a coesão social.

3. Experiência da Pobreza e Vínculos de Solidariedade

O autor afirma que "Compreender a pobreza exige mais do que observá-la: é preciso vivê-la." Na perspectiva da Sociologia da Experiência, discuta a importância do envolvimento prático e da empatia para a compreensão de fenômenos sociais como a pobreza. Além disso, explique como a sensação de ingratidão por parte do ajudado (mencionada no texto) pode fragilizar a disposição para a solidariedade e os vínculos sociais.

4. Intervenção Excessiva e a Criação de Dependência

A analogia da mãe que impede a correção do filho e a citação de Rubem Alves apontam para o risco de o zelo excessivo criar dependência e fragilidade. Relacione este conceito com o processo de socialização e as políticas assistencialistas. Explique por que a intervenção constante pode ser vista como um obstáculo sociológico ao desenvolvimento da autonomia e da capacidade de superação do indivíduo.

5. Solidariedade e Empoderamento (Discernimento)

O texto conclui que a verdadeira solidariedade reside em "permitir que o outro encontre suas próprias forças, aprendendo a crescer a partir da falta," o que exige discernimento. Defina o conceito de Empoderamento (Empowerment), e explique como essa abordagem, que visa dar ferramentas para a autonomia, se alinha à ideia de que o auxílio deve ter limites para promover o crescimento do indivíduo em vez de apenas mitigar o sofrimento imediato.

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sexta-feira, 28 de outubro de 2022

INÚTIL HIERARQUIA: A Crise da Autoridade e a Busca por Sentido ("Quando o discriminado supera a opressão discriminatória, alcança um nível intelectual surpreendente." — Luís Miguel Militão Guerreiro)

 


INÚTIL HIERARQUIA: A Crise da Autoridade e a Busca por Sentido ("Quando o discriminado supera a opressão discriminatória, alcança um nível intelectual surpreendente." — Luís Miguel Militão Guerreiro)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Durante o período em que ministrei aulas remotamente, senti que a dinâmica do ensino perdia o vigor do ambiente presencial. Havia uma constante cautela: evitar inovações bruscas para garantir o acompanhamento dos alunos e cuidar das palavras, já que todo o conteúdo era gravado e poderia ser revisto. Nesse contexto, ensinar exigia não apenas conhecimento, mas sensibilidade. Eu tentava cultivar um amor incondicional — aquele que compreende, mas não ofende —, mesmo percebendo que, muitas vezes, meus esforços ficavam na superfície do senso comum, sendo insuficientes para transformar o cotidiano em algo mais profundo e significativo.

Entretanto, a relação entre professores e alunos também sofreu um desgaste silencioso. As leis da escola — ou, de modo mais amplo, as regras sociais — já não impõem respeito nem inspiram hierarquia. Os estudantes, sentindo-se no mesmo patamar dos mestres, afirmam: “se o professor pode, eu também posso”. Esse discurso revela um cenário em que a autoridade se dilui, e o exemplo do educador é seguido, não pela nobreza do ensino, mas pelas transgressões que ele, inadvertidamente, permite. A escola, antes espaço de reverência, torna-se palco de uma igualdade mal compreendida, onde o desejo de equiparação substitui o respeito e a admiração.

Nesse ambiente de autoridade fragilizada, cria-se um terreno fértil para o ressentimento. As frustrações contidas e não elaboradas encontram na convivência social um espaço para manifestação, levando muitos a descarregarem nos outros a própria impotência. Surge, assim, uma espécie de vingança simbólica: o indivíduo oprimido que, ao alcançar certo poder ou posição, repete as atitudes do opressor. A busca por igualdade transforma-se, paradoxalmente, em reprodução da violência, perpetuando um ciclo em que a dor reprimida se converte em agressão disfarçada de justiça.

Se as feridas da infância moldam os comportamentos da vida adulta, é razoável dizer que todos fomos marcados, em algum grau, por experiências de abuso — sejam elas físicas, emocionais ou simbólicas. Ninguém sai ileso de um mundo em que poder e submissão se alternam. O desafio crucial é romper esse ciclo, reconhecendo em si o que foi herdado e transformando-o em aprendizado consciente. Somente assim, o ato de ensinar, dentro e fora da escola, poderá retornar à sua essência de elevação humana, em vez de ser uma repetição inconsciente das velhas violências travestidas de igualdade.


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Como seu professor de Sociologia, preparei 5 questões discursivas e simples, alinhadas às ideias do texto. As questões abordam temas centrais como relações de poder, hierarquia social, o papel da escola e a crise da autoridade, fundamentais para a análise sociológica no Ensino Médio.

1. O Papel da Escola e a Crise de Autoridade

O texto descreve que a escola deixou de impor respeito e hierarquia, transformando-se em um palco de "igualdade mal compreendida", onde o discurso é: "se o professor pode, eu também posso". Analise, do ponto de vista sociológico, como a crise de autoridade na instituição escolar se relaciona com as transformações sociais mais amplas (como a democratização do acesso à informação) e como isso afeta a tradicional hierarquia professor-aluno.

2. Educação Remota e o Controle da Informação

O autor menciona a necessidade de "cuidar das palavras, já que tudo era gravado e poderia ser revisto" no ensino remoto. Discuta como a digitalização do ensino e a permanente vigilância (gravação e arquivamento das aulas) podem influenciar a liberdade de expressão do professor e, consequentemente, a profundidade do debate e da reflexão em sala de aula (mesmo que virtual).

3. Ressentimento e Reprodução da Violência

O texto aborda o ciclo do ressentimento, onde o oprimido, ao alcançar poder, "repete as atitudes do opressor", transformando a busca por igualdade em "reprodução da violência". Explique este fenômeno sociológico, muitas vezes ligado à socialização violenta ou à falta de elaboração das frustrações, e como ele perpetua padrões de dominação e submissão na convivência social.

4. Socialização Primária e Comportamento Adulto

O autor afirma que as "feridas da infância moldam os comportamentos da vida adulta" e que o mundo é marcado pela alternância entre "poder e submissão". Discorra sobre a importância da socialização primária (a infância e o ambiente familiar) na formação da personalidade e dos padrões de relação de poder que o indivíduo tende a reproduzir ou a romper na vida adulta.

5. O Conceito de Elevação Humana na Educação

O texto conclui defendendo que o ensino deve retornar à sua essência de "elevação humana" e não ser uma "repetição inconsciente das velhas violências". Qual é o papel da Sociologia e das Ciências Humanas nesse processo de "elevação"? E como a reflexão crítica (consciente e não inconsciente) pode ajudar os indivíduos a romper com os ciclos de violência e dominação herdados da sociedade?

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TUDO É INFLUÊNCIA: Reflexões sobre a Autenticidade ("Influência boa não existe... Toda a arte é completamente inútil". — Oscar Wilde)

 


TUDO É INFLUÊNCIA: Reflexões sobre a Autenticidade ("Influência boa não existe... Toda a arte é completamente inútil". — Oscar Wilde)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Hoje, véspera do segundo turno das eleições e também feriado do Dia do Servidor Público, sinto uma energia expansiva e reflexiva. O clima de pausa e celebração convida ao equilíbrio interior, guiado por uma sensação quase mística de que forças sutis — talvez anjos — conduzem meus passos rumo ao aprendizado e à serenidade. Este momento inspira a renovação, a olhar para dentro e a redirecionar o foco para atividades que alimentem o crescimento pessoal e espiritual, especialmente no vasto e desafiador espaço da internet.

Quero aproveitar o dia para compartilhar boas intenções nas redes sociais, sem me abater por críticas ou opiniões divergentes. A empatia e a conexão com pessoas de bem são o caminho para manter a serenidade diante das tensões políticas e da polarização deste período. Prefiro o diálogo respeitoso ao confronto, acreditando que pequenas atitudes de gentileza ressoam mais fortemente do que discursos inflamados. O essencial é permanecer autêntico, preservando meus valores mesmo diante de pressões externas.

Nas interações cotidianas — virtuais ou presenciais — é fácil ceder à moda, ao "politicamente correto" ou às expectativas sociais. Contudo, a verdadeira liberdade surge ao escolhermos agir de acordo com nossas convicções. Manter-me fiel a mim mesmo é um exercício constante de discernimento e coragem, tornando a autenticidade uma forma de resistência pacífica e um gesto de equilíbrio diante da complexidade do mundo.

A mágica reside em compreender que o futuro, em certo sentido, já nos influencia, moldando nossas decisões no presente. É como se ele nos observasse, silencioso, esperando que escolhamos o melhor caminho para alcançá-lo. Ao agir com consciência e propósito agora, colaboramos para que esse futuro se realize de maneira harmônica. Assim, cada escolha de hoje se transforma numa semente do amanhã, e é nessa perspectiva que sigo, caminhando e cantando, guiado pela esperança e pela fé no poder transformador das boas intenções.


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Como seu professor de Sociologia, preparei 5 questões discursivas e simples, alinhadas às ideias do texto, focando em conceitos sociais relevantes para o Ensino Médio. O texto aborda temas como polarização política, engajamento digital, autenticidade e o papel das escolhas individuais na construção social.

1. Polarização e Espaços Virtuais

O autor menciona a busca por serenidade diante das "tensões políticas e da polarização" nas redes sociais. Do ponto de vista sociológico, explique como as redes sociais e o ambiente digital contribuem para a polarização ideológica na sociedade contemporânea e qual a importância do diálogo respeitoso (mencionado no texto) para mitigá-la.

2. A Construção Social da Autenticidade

O texto afirma que "a verdadeira liberdade surge quando escolhemos agir de acordo com o que realmente acreditamos", tornando a autenticidade uma forma de "resistência pacífica". Discorra sobre a diferença entre identidade pessoal (o que se é) e identidade social (o que se projeta) e como a pressão pelo "politicamente correto" ou pelas "expectativas sociais" (citadas no texto) desafia a autenticidade do indivíduo na sociedade.

3. Consumo de Valores e "Moda" Social

O autor toca no tema das "influências da moda" e das "expectativas sociais" nas interações cotidianas. Na Sociologia do Consumo, como a adesão a determinados valores, comportamentos ou estilos de vida pode ser vista como um ato de consumo simbólico, onde o indivíduo busca pertencimento ou distinção social em vez de agir por convicção própria?

4. Ação Social e o Impacto das "Boas Intenções"

O texto enfatiza a importância de "compartilhar boas intenções" e de que "pequenas atitudes de gentileza podem ressoar mais fortemente" do que o confronto. Utilizando o conceito de Ação Social de Max Weber, explique como a motivação individual (intenção) pode se manifestar em ações que geram um impacto no coletivo, mesmo que a princípio pareçam pequenas.

5. A Relação Indivíduo-Sociedade e o Tempo

A reflexão final sugere que o futuro "já nos influencia, moldando nossas decisões e nosso comportamento no presente". Analise esta afirmação à luz da Sociologia, discutindo como as projeções e expectativas sociais de futuro (seja o sucesso financeiro, a estabilidade política ou o reconhecimento) atuam como um fator de pressão e orientação para as escolhas e o planejamento da vida do indivíduo no presente.

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quinta-feira, 27 de outubro de 2022

O GÊNERO FAZ A DIFERENÇA: A Crônica da Sala de Aula ("Fiquem tranquilos os poderosos que têm medo de nós: nenhum humorista atira para matar." — Millôr Fernandes)

 


O GÊNERO FAZ A DIFERENÇA: A Crônica da Sala de Aula ("Fiquem tranquilos os poderosos que têm medo de nós: nenhum humorista atira para matar." — Millôr Fernandes)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Pobre aula de Filosofia! Recordo-me de um embate que se tornou emblemático: em tom propositalmente provocador, afirmei que o dinheiro compra amor e carinho. Um aluno, tomado pela ironia e, talvez, pela inveja, respondeu na hora: “só pode, para achar alguém que fique com o senhor, tem de ser por dinheiro mesmo”. Mantive a calma e devolvi-lhe a provocação com uma pergunta afiada: “Pois é, e que razão uma mulher teria para ficar com você, se não tem dinheiro, nem beleza, nem saúde e nem inteligência?”. Completei a investida: “Só se ela for pior que você!”.

A classe silenciou, e a reflexão se impôs de imediato — mulheres inteligentes e promissoras buscam parceiros que as elevem, não que as rebaixem.

Infelizmente, confrontos como esse se tornaram corriqueiros nas salas de aula, onde o respeito e a curiosidade filosófica são substituídos pela disputa e pela militância desmedida. Nesse ambiente, muitos professores são reduzidos, no imaginário estudantil, a meros “analfabetos funcionais”, desvalorizados por alunos que transformam qualquer tema em um palco de confronto ideológico. Em vez de diálogo, há acusações; em vez de aprendizado, há ruído. É uma inversão trágica: o mestre, que deveria ser o guia da reflexão, torna-se o alvo do desprezo.

Nessas horas de frustração, identifico-me com o humorista Diego Almeida, também professor, que transforma as dores e contradições da escola em sátira teatral. Compreendo seu gesto: é o riso que grita por socorro, a arte como desabafo diante de um sistema que sufoca. Eu, por minha vez, escolhi a literatura — especialmente a crônica — como meio de narrar as experiências e agruras vividas no cotidiano docente. Somos semelhantes em propósito: ambos usamos a palavra como ferramenta de resistência e denúncia, clamando por uma educação mais humana e respeitosa.

Apesar de nossas intenções, percebo que muitos no meio "escolar" parecem guardar mais rancor de mim do que dele, embora eu jamais lhes tenha cobrado um centavo. Talvez minhas críticas, ainda que duras, sejam mal interpretadas. No fundo, como o profeta Balaão, que ao tentar amaldiçoar acabou abençoando, minhas palavras buscam provocar mudança e despertar a consciência. Se for preciso, aceito o papel da jumenta falante — aquela que, espancada por dizer a verdade, ainda assim persiste. Entre a ironia e a fé, continuo acreditando que toda crítica sincera é, em essência, uma forma de bênção disfarçada.


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Como seu professor de Sociologia, preparei 5 questões discursivas e simples, alinhadas às ideias do texto, focando em conceitos sociais relevantes para o Ensino Médio.

1. O Valor do Dinheiro e as Relações Sociais

O texto inicia com a provocação "o dinheiro compra amor e carinho". Do ponto de vista sociológico, como a dimensão econômica (o dinheiro e o poder aquisitivo) pode influenciar a formação de vínculos e relações afetivas na sociedade contemporânea?

2. Desvalorização Docente e a Crise na Educação

O autor menciona que professores são frequentemente reduzidos a "analfabetos funcionais" e se tornam "alvo do desprezo" em um ambiente de "confronto ideológico". Explique, a partir da perspectiva sociológica, como a desvalorização da profissão docente e a falta de respeito em sala de aula se manifestam como um sintoma da crise institucional e de valores na educação.

3. A Meritocracia e a Escolha de Parceiros

O trecho que descreve a reflexão imposta sugere que "mulheres inteligentes e promissoras buscam parceiros que as elevem". Essa visão está relacionada a um ideal de ascensão social ou meritocracia dentro dos relacionamentos. Discorra sobre como as expectativas sociais de sucesso (beleza, saúde, inteligência, dinheiro) atuam como critérios de seleção social na busca por parceiros.

4. Conflito e Diálogo em Espaços de Aprendizado

O texto critica a substituição do diálogo pela "disputa e militância desmedida" em sala de aula, gerando "ruído" em vez de aprendizado. Qual é o papel central do diálogo e do debate respeitoso (e não do conflito ideológico) para a construção do conhecimento sociológico e para a formação de uma cidadania crítica?

5. Expressão Artística como Denúncia Social

O professor relata que utiliza a crônica e se identifica com o humorista/professor que usa a sátira para denunciar as contradições da escola. Como a arte, a literatura ou o humor podem ser entendidos como ferramentas de resistência ou denúncia social, capazes de promover reflexão e crítica sobre as instituições e o cotidiano?

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quarta-feira, 26 de outubro de 2022

NO FINAL, TUDO FICARÁ "REDONDINHO": A Verdade na Interseção dos Opostos ("Muitos anjos, sim, mas para manter o equilíbrio, também muitos demônios...Mantenha seu equilíbrio sobre o fio da navalha." — Caio Fernando Abreu)

 


NO FINAL, TUDO FICARÁ "REDONDINHO": A Verdade na Interseção dos Opostos ("Muitos anjos, sim, mas para manter o equilíbrio, também muitos demônios...Mantenha seu equilíbrio sobre o fio da navalha." — Caio Fernando Abreu)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Ambos os mendigos estavam certos, embora vissem o mundo por lentes opostas. Um enxergava na rua o abrigo que lhe restava, enquanto o outro via nela o perigo e a exclusão. O mesmo ocorre com os médicos, que divergem em seus diagnósticos sem que, por isso, um anule o outro. A verdade, muitas vezes, habita na interseção dos opostos, no ponto de harmonia onde as contradições se equilibram. Afinal, a vida humana é forjada por contrastes: o abrigo e o abandono, a saúde e a doença, o instinto e a razão.

Essa dualidade se reflete até mesmo no comportamento dos animais. O cão que, em um gesto instintivo e aparentemente repulsivo, cheira o semelhante e, em seguida, demonstra afeto ao dono, simboliza uma pureza instintiva que a racionalidade humana frequentemente perde. Essa naturalidade revela que o elo entre os seres não se funda na aparência, mas na essência — naquilo que é verdadeiro, ainda que desconfortável. Ao julgar a natureza, o homem esquece que nela reside sua própria origem, e que o equilíbrio entre o puro e o impuro é parte da ordem divina.

Da mesma forma, os vírus — invisíveis e poderosos — são lembretes da constante interdependência e movimento do mundo. Se outrora os coronavírus saltaram dos animais para os humanos, talvez um dia o inverso ocorra, expondo o quanto nossa arrogância espiritual e científica nos distancia da humildade. Nessa troca simbiótica, o hospedeiro ri do parasita sem perceber que, por vezes, ambos se confundem. Até mesmo os terraplanistas, ao rejeitarem o formato esférico da Terra, enfrentam uma ironia cósmica: o inimigo invisível que os ameaça é, ironicamente, um globo em miniatura.

A célebre frase de Einstein, que diz que “a vida é como andar de bicicleta — é preciso seguir em movimento para manter o equilíbrio”, resume tanto a dinâmica da existência quanto o princípio da renovação planetária. O movimento circular é o próprio ciclo da justiça divina: nada escapa ao retorno, e nada permanece estático. A direita necessita da esquerda, o bem se manifesta no contraste com o mal, e toda crise carrega em si o germe da restauração. Como afirmam as Escrituras, “é necessário que Jesus permaneça no céu até que chegue o tempo da restauração de todas as coisas”. O equilíbrio, afinal, é o nome sagrado desse movimento eterno.


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Como professor de Sociologia do Ensino Médio, vejo neste texto uma análise rica sobre perspectivismo, dualidade, interdependência e movimento social. Abaixo estão 5 questões discursivas, simples e objetivas, que incentivam os alunos a aplicar conceitos sociológicos e a Filosofia Social às ideias de meu texto:

1. O Perspectivismo e a Realidade Social

O texto inicia com o exemplo dos dois mendigos, que enxergam a mesma realidade ("a rua") de maneiras opostas ("abrigo" e "perigo/exclusão"), mas ambas válidas. Explique como o conceito de Perspectivismo (ou o relativismo cultural/social) é crucial para a Sociologia, e por que a verdade sobre um fenômeno social muitas vezes reside na "interseção dos opostos" e não em uma única visão absoluta.

2. Instinto, Razão e Desigualdade Social

O autor contrasta a "pureza instintiva" do animal com a "racionalidade humana" que frequentemente se perde. Analise o impacto da razão e da moralidade social na formação do juízo de valor. Por que o julgamento humano se baseia na aparência (condenação de gestos instintivos ou de grupos marginalizados) e distancia-se da "essência", dificultando o reconhecimento mútuo na sociedade?

3. Interdependência e Arrogância Científica

A menção à troca simbiótica entre vírus e hospedeiro e à "arrogância espiritual e científica" critica a visão humana de superioridade. Discuta o conceito de Interdependência na sociedade global. Por que a arrogância (seja ela científica ou espiritual) pode levar a sociedade a ignorar as consequências de longo prazo de suas ações, violando o princípio de que o homem é parte de um sistema maior?

4. O Movimento Social e a Crise como Restauração

A citação de Einstein e a menção ao "movimento eterno" sugerem que a crise (o desequilíbrio) é necessária para a renovação. Explique a ideia de que a crise social ou o conflito (como a oposição entre "direita" e "esquerda") é, segundo a Sociologia (por exemplo, em Simmel ou Marx), um motor de mudança social, e não apenas um fator de destruição.

5. Polarização e Equilíbrio de Forças

O texto finaliza afirmando que "A direita precisa da esquerda, o bem se revela no contraste com o mal". Analise essa ideia de dualidade e equilíbrio de forças no contexto da Polarização Social e Política contemporânea. De que forma o reconhecimento da necessidade do oposto pode ser um passo para a superação de antagonismos radicais e para a busca de um equilíbrio democrático?

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