"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

RELAÇÕES SUBORDINADAS E A SÍNDROME DE BURNOUT NA ESCOLA (Doença gera doença!)


Crônica

 RELAÇÕES SUBORDINADAS E A SÍNDROME DE BURNOUT NA ESCOLA (Doença gera doença!)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          O Coordenador pedagógico inspeciona os professores para dar um ar de seriedade ao sistema, vendo se eles estão favorecendo descaradamente os alunos. Será se os alunos acreditam mesmo nos favores dos professores? Por que quando o professor reprova o aluno, torna-se inimigo do coordenador e inimigo do aluno? E a maior loucura está no fato de que o professor não pode aprovar facilmente o aluno e nem pode reprovar facilmente o aluno! Quem entende isso facilmente? Podemos responsabilizar o coordenador pelo sucesso ou insucesso dos alunos? Indiretamente, sim, pois vivem dizendo dos professores: — "Vocês não têm moral com os alunos; Não tem domínio de classe, devem ser mais 'duros', instituindo a disciplina na classe". Na minha graduação, não estudei para dominar classe, porém sim dominar o conteúdo! Então, eu entro em desespero quando a coordenadora me aconselha a aplicar todo rigor das normas, mas, assim, os alunos frequentemente se sentem prejudicados e trazem seus pais enraivecidos a fim de pressionarem-na, que esta, por sua vez, contraditoriamente, defende os alunos, afinal os clientes não podem evadir-se, e, mais uma vez, repreende-me, ali mesmo na frente, aos olhos e nos olhos, entre todo mundo. Pois bem, fico humilhado por razão, quase sempre, fútil. Vai entender! É Burnout com certeza.
          A presente geração docente é a mais qualificada já visto e também a mais criticada. É fácil tachar todos os professores de revoltados, rebeldes e dignos das pressões de quem os lidera. Disse o Dwight Eisenhower, 4º presidente dos Estados Unidos: "Não se é líder batendo na cabeça das pessoas - isso é ataque, não é liderança." Por isso, os problemas da educação não se resolvem atribuindo culpa e massacrando os professores. O poder do líder precisa ser tornado eficaz na direção certa. Ser um bom professor envolve a clara convicção que está fazendo o certo. Obedecer a coordenadores orgulhosos e ditadores significa conflito com o mundo do crescimento e da prosperidade. Não vejo como conciliar as ideias de um professor que possui  boa formação e bem intencionado na aplicação de seu conhecimento, com o jogo de coordenador politiqueiro para manter-se no poder dentro do estabelecimento trabalhista. A pressão psicológica mata o professor, e, por tabela também, o opressor...!
          Talvez aliviasse um pouco, dando segurança a os coordenadores, se fossem escolhidos por critérios democráticos e não espúrios: amizade com o diretor, indicação de político apadrinhada e impossibilidades à sala de aula (doença). Se houvesse uma licenciatura na faculdade específica para formar coordenadores pedagógicos, talvez eles nos ensinassem como "dominar classe". Ou ainda, se houvesse eleição direta para coordenadores nas unidades escolares, eles não precisassem recorrer a comportamentos injustamente repressores, mantendo-se no cargo, pois seriam escolhidos pela maioria. Então se sentiriam à vontade em meio aos amigos. Doença gera doença! "Chefes ruins são geralmente verbalmente agressivos, narcisistas e podem até se tornar violentos. Frases típicas dos chefes ruins são: 'Aqui nada funciona se eu não estiver por perto!', 'Nós sempre fizemos assim!' ou 'Agradeça que você tem um emprego.' Claro que não é fácil para ninguém largar o emprego e começar tudo de novo, mas a motivação para trabalhar de quem se encontra em uma situação dessas desaparece totalmente." (https://www.linkedin.com/pulse/artigo-revela-que-um-chefe-ruim-pode-adoecer-os-ana-colombia)
           O que esperamos de um coordenador pedagógico não é que ele saiba profundamente todas as matérias para dizer como os professores devem ensiná-las, mas que nos conforte com a segurança de que estamos fazendo um bom trabalho. E se não que, pelo menos, seja-nos oferecido o modelo correto da forma mais convincente. Parceiros não são inimigos. "Sucesso é saber a diferença entre perseguir as pessoas e fazer com que as pessoas fiquem do seu lado."


Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 04/10/2010
Código do texto: T2536936

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

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sábado, 2 de outubro de 2010

(RE)PERDENDO O PROFESSOR (O que mais causa o Síndrome de Burnout em Professores?)




CRÔNICA

(RE)PERDENDO O PROFESSOR (O que mais causa o Síndrome de Burnout em Professores?)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

         Fechou-se a porta da sala dos professores, era o momento reservado ao nosso recreio, mas de forma alguma foi pensando em desfrutar melhor, simplesmente aconteceria mais uma reunião daquelas... Foi a coordenadora que a fechou, como os alemães fechavam as câmaras de gás cheias com judeus a serem exterminados. Ali, ela nos acusava de matar aula dentro da sala de aula, e ainda ordenava aos professores passassem uma atividade paralela a fim de manter os alunos ocupados, enquanto os "lentes" vistassem os cadernos deles (Eles poderiam está lendo outras coisas, mas preferem ficar fora da sala sem fazer nada, mas nem eles e nem a coordenadora tem como alvo o bom emprego do tempo, visto que ela nunca quer mesmo é o aluno fora da sala, mesmo que estivessem ali lendo, fora da bagunça dos desocupados). Na pauta, constavam só dois itens apenas, isso parece pouco, porém foi gás suficiente para me deixar engasgado de forma a sentir necessidade de me desengasgar nesta crônica terapêutica (por isso ainda não morri de estresse). No momento, tampouco pude dizer algo, apesar dos estímulos e dos ânimos carregados, todos estavam cabisbaixos, eu também permaneci assim: cúmplices.
          Nem sei se falei ou só pensei com muita força, mas em uma unidade escolar que leva muito a sério o planejamento (anual, semanal e alternativo) dos professores, “marcando em cima”, jamais podia acontecer tal “lambança”. Como pode um professor esbaldar-se em planejar para depois nunca executar? Coerente seria se o professor matasse aula dentro da sala de aula quando ele não tivesse planejado nada! Talvez ela esteja insinuando isso! Ou o mestre está só fazendo pirraça? Será compensador investir num planejamento "desfuncional"? Pois, o exemplo que nos deu foi, como se estivesse vistando os nossos caderninhos de plano, e nos forçando uma atividade paralela em nosso recreio (reunião desnecessária)!
          “De acordo com a pesquisadora do Laboratório de Psicologia do Trabalho da UnB (Universidade de Brasília), Iône Vasques-Menezes, no caso do professor, a razão para a incidência da síndrome está ligada, sobretudo, à falta de reconhecimento. ‘A desvalorização do professor, seja ela por parte do sistema, dos alunos e da própria sociedade, é um dos maiores agentes para a ocorrência do Burnout’, explica. O Burnout em professores pode ser caracterizado por um estresse crônico produzido pelo contato com as demandas do ambiente acadêmico e suas problemáticas. Para a pesquisadora, especialmente aquelas que não dependem apenas da ação dos docentes para serem resolvidas. ‘Existem problemas que estão muito além da ação direta dos professores, principalmente onde há uma situação de degradação do sistema. Nestes casos, a sensação de impotência é mais acentuada’, revela.”  ( apud http://letrabydani.blogspot.com/2010/10/estresse-do-professor.html ). (11/06/2016).
          Copiei o trecho a seguir, isolado com aspas, do blog do Prof. Pedro: “Por que tantos professores escrevem sobre seus fracassos no trabalho docente e não comentam nada sobre seus sucessos? Por que as piores condutas viram notícia e as conquistas ficam escondidas? Por que tantas pessoas passam a vida criticando a educação em nosso país, e tão poucas procuram discutir alternativas para melhorá-la?
Talvez se deixarmos de ficar olhando o problema e nos concentrarmos em achar uma solução, o estresse diário diminua. É necessário analisar os erros, mas também é necessário comemorar os acertos do cotidiano, para que a vida possa ter sabor!”
          Será se esse professor Pedro (grego Pétros=pedra) está nos sugerindo o comportamento da ema, segundo a lenda: diante de qualquer dificuldade, ela corre e enterrar a cabeça em um buraco. Será se o professor acha que por fechar os olhos, não vendo o perigo, está isento dele! Assim, seriamos apenas "Emas" a morrer do "Síndrome de Burnout", por que ninguém nasceu para virar pedra!
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 02/10/2010
Código do texto: T2533312

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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

SEMANA DE PROVAS (O que prova a prova afinal?)




Crônica

SEMANA DE PROVAS (O que prova a prova afinal?)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Esta semana é “a semana de provas”! Logo no início, senti-me acaçapado, pois já tinha avaliado meus alunos através de suas apresentações em grupos e vistado as atividades corriqueiras da disciplina, de acordo combinado com eles. Mas, não teve jeito, fui impostamente encaixado no horário especial de prova. Tive também de aplicar prova de outras disciplinas, ajudando os colegas, e, depois, ter de aplicar um exercício do livro, tentando preencher a hora reservada a mim. O mais deprimente foi assistir aos alunos, ao invés de fazerem a atividade de Língua Portuguesa, valendo um pontinho, estavam absortos, com o livro de história na mão, estudando para prova seguinte. O pior em aplicar a prova do colega é ser obrigado a corrigi-la! Já passei por isso na tal semana de prova!
           Tudo isso, levou-me a perguntar: os professores abriram mão da autonomia na conveniência de avaliar? Ou é essa a verdadeira autonomia? Também, não entendi quando foi decretado sobre as folhas de prova passarem primeiro pela inspeção da coordenadora! Quem melhor elabora uma prova convincente, a "gregos e troianos", senão o catedrático na disciplina? O que deve ser cogitado sobre a eficácia de uma avaliação, diz os grandes cientistas da educação, é mais o processo e menos o instrumento forjado para punir! Qual o limite da avaliação contínua, tão pensada nas escolas modernas, se apesar dela, o aluno ainda é submetido à tortura de ficar três horas sentado, tentando merecer de 30% a 60% da nota bimestral, necessária à promoção dele? Pois, afirmo desde já, a avaliação contínua — valorização de todo passo positivo do aluno — serve suficientemente e pedagogicamente para a aprovação do aluno dedicado, só ela basta para o observador formular conceitos justos e coerentes! Às vezes, fazemos distinções pedagógicas muito sutis, nos perdemos em meio a instrumentalização e nos arriscamos em aspectos fúteis das provas de "múltiplas escolhas", fingindo aferir níveis reais. Todavia, nada tem importância, no final, deve resultar na "progressão continuada"! Esta foi prevista na LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96, artigo 32, parágrafo segundo). “Respondendo a este desafio, tem sido defendida a necessidade de se substituir uma concepção de avaliação escolar punitiva e excludente por uma concepção de avaliação comprometida com o progresso e o desenvolvimento da aprendizagem.”  Observa a Professora Zilma é Chefe de Gabinete da Secretaria do Estado da Educação de São Paulo, Membro do Conselho Estadual de Educação, Professora dos Programas de Pós-graduação da FEUSP e da FFCLRP de Ribeirão Preto – USP.(http://www.moodle.ufba.br/mod/book/view.php?id=10032&chapterid=9145) - acessado em 29/05/2016. 
          Ou ainda, a tal autonomia dos professores tão defendida firma-se em pagar cópias de provas ao aluno e ver muitos deles amassá-las na sua frente? Ou ainda, depois guardá-las no armário, pois não tiveram tempo de corrigi-las embrulhados na burocracia, só restando inventar uma nota boa para enfeitar os índices tão desejados por coordenadores imp(r)udentes, garantindo-lhes a aparência de "bons carrascos"?  Na verdade, nem podemos devolver as provas corrigidas para os alunos, porque os que tiram nota baixa destrói a folha de prova e diz que o professor não devolveu a dele! O que significa nota boa no final. pois o professor tem de assumir a culpa, o aluno não vai fazer outra. E também, o que diagnostica uma prova, da qual o professor dá as questões e as respostas na véspera da aplicação? E este dito cuja ainda elogia os alunos que acertaram as questões de ontem!
          O que é mais proveitoso para o aluno: ter suas atividades diárias valorizadas com alguns décimos até formar uma nota satisfatória ou enfrentar a constante ameaça sobre isso ou aquilo vai cair na prova? Eu poderia enumerar algumas das poucas vantagens de ameaçá-lo diariamente com os conteúdos ministrados. Mas, compreendo também as consideráveis vantagens em formar a nota do aluno valorando as atividades diárias bem concluídas. Não estou aqui condenando completamente a avaliação, porém estou falando sobre a instrumentalização, quero método geradores de maiores notas aos mais dedicados, assíduos e os que se negam a colar. Porque os que colam, achando que suas respostas estão iguais as do colega que tirou nota maior, eles acusam o professor de ter julgado pela cara!
          Reservar uma semana de prova requer um horário especial e massantes lembretes, assim só "deixa o aluno apreensivo, fazendo-o sentir-se como alguém não aprovado, no sentido de recusado, deixado de fora, não apropriado, julgado, com sérios resultados negativos para a autoestima e futuras aprendizagens. A cobrança institucional esvazia o jovem do poder de concentração e criatividade". É valorizar demais uma prova escrita em detrimento das outras diagnosticações. 
          Essa semana institucional, não interpelada por aluno algum, bem pudera, pois força o sair mais cedo, o que deveria ser bom, assim os professores terão tempo de corrigir suas provas, na hora regular de trabalho. Mas, alguns coordenadores não gostam de vê-los folgados, determinam, na tal semana, que se tenham três aulas iniciais e só depois do recreio, seriam aplicadas as provas! Não sabem os organizadores que assim, forçam os alunos, que usam o trasporte escolar, a devolver uma prova de múltiplas escolhas às carreiras, sem lê-la direito. Não há como evitar, "jogam no bicho".
           Discute o professor do Departamento de Ciências Sociais, Universidade Estadual de Maringá (UEM); Editor da Revista Espaço Acadêmico e Revista Urutágua, Antonio Ozaí da Silva: “O que prova a prova afinal? Nada. Ela é um instrumento burocrático de controle que legitima o poder da instituição e, em decorrência, dos professores. Afinal, como controlar a turma sem a “prova”? E o pior é que parece não ter como romper com o esquema. Mesmo quem discorda, tem que “dar a nota”. Não obstante, é preciso avaliar. Como fazê-lo de uma maneira justa e que estimule a solidariedade e o aprendizado?” (https://antoniozai.wordpress.com/2007/11/21/o-que-prova-a-prova/) - acessado em 28/05/2016.
          Então, não me venha pedagogo algum apresentar a ideia na qual o professor deve encarar a prova como um indicador de qualidade; pois ela nada pode fazer pelo sucesso do aluno se ele não tiver uma afinada capacidade de memorização. E as inteligências múltiplas e outras competências não visadas por ela? E não me diga sobre o aluno que não faz prova não aprender nada! E o sistema pare também de exercer pressão ao professor para passar o aluno de série, mesmo sem mérito algum, pois por medo de ter de refazer diário de classe, faz do seu método de avaliação uma generosidade doentia ao invés de adotar critérios justos. Deus me perdoe!
          A semana de prova, quando é só provas, para uma coisa presta: os alunos saem mais cedo, ficam na porta da escola vulneráveis à violência da rua, esperando o transporte escolar até mais tarde; enquanto isso, brigam e tumultuam. O maior número de ocorrências vergonhosas da escola, refiro-me também às desavenças entre professores, ocorre exatamente na semana de provas! E "pelo andar da carruagem", por aqui, toda semana é de "provas". Estão até confundido prova substitutiva com "prostitutiva"! 
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 17/06/2009
Código do texto: T1652808

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Comentários               Comentar


15/09/2015 11:07 - Fran Oliveira [não autenticado]
Uma visão pequena, embora o texto seja bem amplo. A semana de avaliação, horários estabelecidos, disciplina, rigor e outros elementos que envolvem o momento da avaliação depende muito dos profissionais envolvidos, de como são trabalhados. Absurdo algumas partes do texto, visão alienada da realidade. Perplexo! Considero este tipo de depoimento, típico de professor que não gosta do que faz, que não quer ter trabalho, que se esconde atras do "oba, oba"!!!


18/06/2009 10:31 - Kênia Ribeiro
O principal objetivo da escola de hoje é ensinar o aluno a ser avaliado, o conhecimento e as habilidades ficaram em segundo e terceiro planos.O importante é preparar o aluno para ser testado, não para se realizar como ser humano. O lema agora é: "seja um bom fazedor de prova!A qualquer custo consiga uma boa nota e você terá sucesso!" Triste realidade...


17/06/2009 19:08 - Jô Costa
Excelente reflexão. Avaliar vai além de medir conhecimentos por escores, mas infelizmente nosso sistema de ensino pede notas e acabamos, como professores, nos escravizando ao sistema que criticamos.



segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ESPINHOS NA PELE (Entre o berço e caixão, este recorte prepara-te para o quê?)


Crônica

ESPINHOS NA PELE (Entre o berço e caixão, este recorte prepara-te para o quê?)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

         Professor, nunca ouses deslizar mesmo quando pensas, estás falando só às paredes, pois inclusive, elas têm ouvidos! Há na minoria o teu observador, sempre o orgulhoso, arrogante, prepotente e despótico, querendo te provar que és indigno do posto!  Ele é um inútil e luta a fim de te reduzir à medida dele. Jamais significa o fim quando erras, só porque o livro do professor já vem respondido e não tiveste tempo em conferir as respostas do mesmo. Os erros ensinam mais aos errantes, aliás os erros são fatais só para quem se nega aprender com eles. Veneno ou remédio, depende da dose e da frequência! Eles te induzem a acerta na próxima vez!
          Atrasam-te as experiências da vida se cada momento vindouro é inédito? Pelo contrário, entre o berço e caixão, este recorte no tempo, é teu espaço de exploração. Prepara-te, todo instante, objetivando o novo, sê criativo. Se "Tudo que se vê não é Igual ao que a gente viu há um segundo" (Lulu Santos). Tu tampouco és uma pessoa perfeita, só por que tuas experiências sempre estarão com a data de validade vencida? Iludes-te! Depois da morte, olhando daqui, tudo é mais volátil ainda, ou melhor, é desconhecido, intato. Agora só fazes o dever. Nunca temas, pois qualquer fórmula aplicada, para te resguardar do fim, é estacionamento, é regressão, fazendo frente ao pouco da vida estante! O certo é seguires o caminho novo à luz do momento ("quem não arrisca não petisca"). O combustível da vida está nos erros. Quando tu erras é porque acertaste muito: felicidade igual por etapas vencidas. O especialista é aquele que já errou em todos os pontos perante sua carreira.
           Vejas, os mandacarus, os quais plantei, ao longo do caminho, têm flores, porque se tornaram parte da natureza! Mas, também, produzem espinhos grossos, fortes e pontiagudos, muito mais ainda, é bem verdade, ferirão outros, pois me furaram primeiro. Foram preparados e ganharam resistência, todavia de jeito nenhum estarei mais ali, quiçá estivesse, para eu te mostrar minha dor educativa. Todavia a dor dos ferimentos dos espinheiros também espinhados, dessa nem tomarei parte mais, jamais desta distância. Outrossim, dói mais agora a dor das furadas dos espinhos plantados pelos outros, tais quais os encontro em meu caminho! Porém, ainda assim, é bom por não ter o sabor de suicídio, pelo contrário, estimulam-me o caminhar fazendo curvas, desviando-me de quase todos, eles são muitos. Assim como caminhar é viver, prossigo, a dor impulsiona o movimento, é o importante.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 27/09/2010
Código do texto: T2523534

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sábado, 25 de setembro de 2010

PROFESSOR IMATURO ("...a única solução apaziguadora será o suicídio")








CRÔNICA

PROFESSOR IMATURO ("...a única solução apaziguadora será o suicídio") 

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Não tem um dia sequer, no qual eu não chegue à minha casa com as pernas inchadas e a cabeça também, digo melhor, todo fim de tarde, sinto a alma perturbada, um peso na consciência, uma sensação de transgressor. É algo tão estranho, pois não sei dizer exatamente o que sinto. Apenas sei que sou um professor imaturo, ainda sofro demais com os desrespeitos e o mau andamento do combinado da escola. Quem me dera não precisasse mais me defender e justificar minhas obrigações trabalhistas a fim de conquistar aceitação e o reconhecimento, bastasse o que aprendi e o que sei fazer. Quando meus lábios não mais abrirem nem para queixar-me e nem ao importunar os colegas, então eu dormirei em paz! Porém, não sei como fazer isso!
           Todavia, que profissão "desgraçada" é essa, da qual se espera, no ato de ensinar, manifestações de amor, mas se recebe escárnio, como prova de que em uma aula, as relações são enfrentamentos e embates desgastantes? Nesse ambiente, quando não é com um, é com outro (Professor/alunos, Professor/Professores, Professor/coordenadores, Professor/diretores, Professor/pais, Professor/zeladores, Professor/merendeiras, professor/pombos e pardais)! Nunca estamos mais inseguros e emocionalmente conturbado do que nesses momentos de exposição nas relações complicadamente inevitáveis. São as futilidades, da mesma forma irritantes: A coordenadora me tira da classe, em plena aula, à imposições, para exigir a formatação das questões que lhe enviei para o simulado, quando ela mesma devia formatá-las padronizando o instrumento. "'(...) Sofria com frequência assédio moral por parte da diretora da escola em que trabalhava, relata Gilzete, irmã de Jucélia (professora suicida), que classifica ainda a diretora da instituição de ensino como ‘desumana’". http://www.pragmatismopolitico.com.br/2016/07/professora-comete-suicidio-sergipe.html
           A ponto de suicídio, uns desistem de viver mais cedo, O Professor L.V.C disse: "Se o meu destino é sofrer, dando aulas a alunos que não me respeitam e me põem fora de mim, não tendo outras fontes de rendimentos, a única solução apaziguadora será o suicídio". E eu acrescentaria: matam-nos com desespero ou com a lambança da burocracia. (http://www.jn.pt/nacional/interior/aberto-inquerito-ao-caso-do-suicidio-do-professor-vitima-de-bullying-1517374.html)- acessado em 20/05/2016. 
           Muitos outros como: Jailton Joaquim Graciliano (Maceió-AL), Paulo Henrique Lesbão (Senador Canedo-GO), Jucélia Almeida, 45 anos (Aracaju-SE) saíram sem companhia e já caíram no esquecimento, eram laboriosos inutilmente, fizeram tantas coisa que não serviram para eternizar o prestígio! Entretanto, esse sim, Wellington de Oliveira Menezes (Realengo-RJ), levou mais alguns com ele, era um professor do mal e levou as pessoas erradas, por isso caiu na graça da mídia. O incrível é saber do alto índice de suicídios entre os que dependem da escola para viver, mas a divulgação é baixa! 
           Eu, cada dia, mato um pouco de mim mesmo, sendo obrigado a calar minha voz interior, ou melhor, estou tentando, com subterfúgio, livrar-me das perturbações interiores, porém não posso assim tão facilmente, então o lixo explode desenvolvendo uma consciência depravada, fraca, viciada que, pelo menos, faça-me feliz no torpor da vida. Quero me aquietar diante dos homens e de Deus. Ou perder o respeito de mim mesmo em troca de influência aceitável, só para continuar vivendo. Ou ainda, deixar de me preocupar com o meu próprio zelo e deixa que falem, mas falem. Pena que nesse suicídio a prestações, mareio meu brio.
           Por isso digo, depois de vinte longos anos de magistério ainda sou imaturo, pois estou preocupado em consertar os outros, desmantelando a mim. Hoje aprendi que não podemos esperar um contínuo amor e favor dos outros mediante um padrão imposto por nós mesmos: regra sobre regar. Eles também buscam seus interesses e não devem se importar com meus problemas.  
           Se me fosse perguntado, hoje, quem eu considero um professor maduro, mais forte, mais bem-sucedido, mais impressivo, certamente eu selecionaria alguém oposto de mim, e diria ser o mais grosseiro, o mais agressivo, o mais dominador: o "carrasco". Então já não me importa a minha frouxidão. Para meu conforto, leio na história que homens de extraordinário amor e fé, não precisaram ter medo de serem ignorados ou esquecidos. Homens de genuína bondade serão procurados por toda parte. Os bons samaritanos são bem conhecidos em todos os lugares. Ou o mal continuará vencendo o bem? Basta ser bom, embora pareça fraco!


Claudeko


Publicado no Recanto das Letras em 25/09/2010
Código do texto: T2519420

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sábado, 18 de setembro de 2010

SOU FEIO, MAS NÃO COMO VOCÊ ( “Para nós, feios, tudo é duas vezes mais difícil. E ainda ganhamos a metade do que ganham os bonitos”, diz Gonzalo Otálora.)

CRÔNICA

SOU FEIO, MAS NÃO COMO VOCÊ ( “Para nós, feios, tudo é duas vezes mais difícil. E ainda ganhamos a metade do que ganham os bonitos”, diz Gonzalo Otálora.)

sábado, 18 de setembro de 2010
Por Claudeci Ferreira de Andrade
                 Eu gostava muito daquela camisa verde-escura, cor de folha madura até que um aluno do sexto ano me perguntou: — "Com a mesma roupa de outem, né professor!?" 
           Outro dia, tais foram os comentários naquela sala de professores aborrecidos! Diziam que os alunos querem professores bonitos, referindo-se apenas à estética enquadrada nos padrões das mídias. Tentei desviar o foco da conversa para higiene corporal e vestimentas, mas não saía da minha mente a solicitação irritante daqueles solicitadores de mais aulas de espanhol, pelos traços "abençoados" da professora. Aquele debate foi muito motivador, tanto, a ponto de, no outro dia, fazer-se visível a mudança visual de alguns “encarapuçados”, eles vieram, além de vestidos da melhor roupa, até bem perfumados graças aos representantes da Avon, constantemente vendendo perfume fiado por ali.  E venderam bem!
           São os professores belos melhores profissionais? Será a falta da beleza uma barreira à inteligência? Se tivéssemos de julgar os professores pela sua aparência física, como se julga modelos fotográficos, poucos alunos prosperariam para o futuro magistério. De certa forma, eles têm razão no exigir professores mais bonitos! Eles já não sabem mais o que cobrar, é lhes dado de tudo e, se assim continuar, num futuro não muito distante será um requisito eliminatório nos concursos da educação: a boa aparência física do candidato (como se isso já não influenciasse). Eles devem estar se perguntando: — Se estudar valesse para atenuar a desarmonia estética, por que os professores não são mais bonitos? – talvez seja esse o motivo dos alunos não se dedicarem aos estudos! A beleza de quem ensina não é inspiradora! A quem me chama de feio digo-lhe que nossa anomalias não podem ser as mesma.
           O sistema é feio e burocrático, aberto a abusos e aberrações está cheio de professores velhos e feios, esses sempre foram uma classe desprezada e odiada. Apenas um ou outro se destaca na admiração social por ter um intelecto muito avantajado. A falta da beleza sempre foi inimiga da ignorância. Todavia, a escola do futuro vai contratar só professor bonito! Porque é difícil demais cobrir a "deficiência" bancando o palhaço, além do mais, não funciona bem, querer ser simpático elogiando todo mundo, pois logo será acusado de assediador de "de menor"! E o feiura não tem lugar em meio de "intelectuais belos". E a beleza vulgar faz feia a bela gente! (http://super.abril.com.br/comportamento/estudantes-aprendem-melhor-com-professores-bonitos)- acessado em 02/09/2016.
            Nossos lideres procuram nos confortar com o perigo fatal da fermentação da autoestima, com leituras de autoajuda e capacitações; quando já estamos bem alto, acreditando no nosso potencial de empatia, a queda é repentina! Há sempre alguém bem disposto para “puxar nosso tapete”! E, então, continuamos perguntando como o eu lírico do poema, Retrato, de Cecília Meireles: — Em que espelho ficou perdida a minha face?
            Vejam o ponto a que cheguei, agora me ponho a falar-lhes no fato de nos regermos pelas aparências, ao invés da devida confiança na sabedoria. Qualquer pessoa bem esclarecida, de certa forma, se conhece bem, e desfruta de todas as coisas boas existentes nela, como dons de Deus. A escola precisa de professores confiante, mas confiantes no sentido de que a beleza é relativa, e se concebem escolhidos e especiais por outros dotes necessários. Todos nós precisamos de certa medida de respeito próprio profissional, então sejamos consistentes com a função ocupada, é o importante. Ninguém é totalmente desprezível!
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 18/09/2010
Código do texto: T2505675

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domingo, 12 de setembro de 2010

O Sangue de Jesus Tem Poder ( Só o miserável suporta a sua miséria)







CRÔNICA

O Sangue de Jesus Tem Poder ( Só o miserável suporta a sua miséria)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

         Ser cristão hoje é seguir o Cristo criado pelos "crentes", contraditório demais, confuso demais para o ideal: um homem perfeito cumpridor da lei moral e ao mesmo tempo vestiu-se dos pecados dos homens imperfeitos (Péssimo exemplo de disfarce!) de cujo sangue tem poder (Clichê de hipócrita), assim justificam o fanatismo desenfreado de uma maioria que confunde fé com desejo. Pode Deus deixar de ser Deus? (Filipenses 2:7; Hebreus 2:17).   Esse naipe de gente é um perigo do ponto de vista social! Comem a carne de seu Deus e bebem seu sangue. 
         Ainda insistem em dizer que a Bíblia é a palavra de Deus com tantas versões e traduções (Bíblia da Mulher, Bíblia dos gays, Bíblia do pastor, Bíblia da criança, Bíblia de estudo etc.). Os bons linguistas e até qualquer estudioso honesto da língua sabem que não há sinônimos, no sentido de uma palavra tem o mesmo significado da outra, existe sim, apenas aproximação semântica entre elas. Um texto traduzido é outro texto. A palavra de Deus, também, não é a consciência, esta é apenas fruto da cultura. A verdadeira palavra de Deus fala dentro de qualquer um em contemplação à natureza. O livro de Deus é a Natureza. Até analfabetos têm acesso, podendo compreendê-lo e interpretá-lo sem precisar se submeter à classe dominante de intercessores de Deus, cobrando dízimos dobrados por seus serviços.                  
         Um Deus perfeito e eterno, criador de Leis perfeitas e eternas, não pode transgredir suas próprias leis, bem como não permite transgressão alguma sem consequência. Assim também, Ele deixará de ser Deus, levando homens, criados para viver na terra, ao espaço sideral, não tendo neles a condição lógica de sobreviver em outro lugar. Adaptaria-os em um céu, só por caprichos de quem acredita nos méritos de Jesus? Qual é a recompensa dos bons? (Bons por que obedeceram a leis de homens ou do universo?) Pode uma célula do fígado migrar para o coração, fazendo, assim, parte de sua estrutura? Todo organismo obedece a leis naturais invioláveis, senão atrai consequências. Rejeitar um órgão transplantado é papel de um corpo fiel,  e mais,  serve de prova, como ninguém conseguiria evitar todas as consequências danosas se fosse realmente à lua ou qualquer outro lugar fora de nossa atmosfera. Imagine os transtornos advindos se nos aproximarmos mais do sol ou se nos distanciarmos mais dele! Onde estão o céu e o inferno? E se forem apenas espaço físico aqui mesmo na terra? Porém, se forem estados de espírito, então se misturam dentro do homem, aqui e agora! E o futuro fica à frente, e a igreja  só depósito de enganadores de si mesmos.
          Hoje as mulheres enchem as religiões, reagindo contra a intolerância de outrora, quando eram excluídas da comunidade. Por que haveriam de defender ideologias que não exaltam substancialmente seus filhos? Eu recomendo o histórico filme de Alejandro Amenábar com a gloriosa Rachel Weisz: Agora (no Brasil, Alexandria). 
           E confira também em que os cristãos de hoje são tão diferentes dos primeiros: (http://desciclopedia.org/wiki/Deslivros:Como_fundar_uma_Igreja_Evang%C3%A9lica). Acessado em 07/05/2016.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 12/09/2010
Código do texto: T2492920

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