"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sábado, 27 de outubro de 2012

APARTHEID EDUCADO ("Quem deseja ver o arco-íris, precisa aprender a gostar da chuva." — Paulo Coelho)



Crônica

APARTHEID EDUCADO ("Quem deseja ver o arco-íris, precisa aprender a gostar da chuva." — Paulo Coelho)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Aluno não gosta de professor, normalmente, ele quer média boa! Mas, como não se consegue agradar todo mundo, também não se consegue desagradar a todo mundo, por isso, um ou outro termina por divulgar uma simpatia maior pelo o seu professor sem suborno algum. Porém, diga-se de passagem, que Jesus o homem perfeito não conseguiu agradar a maioria! Sou sempre vítima disso, e, nesse caso específico, eu constituo logo meu admirador como secretário na sala de aula, retribuindo assim os elogios, e valorizando a rara e perseguida amizade. Porém, essa preferência vai logo despertar o ciúme doentio e desprovido de boas intenções nos outros professores e colegas deles. 
           Então, para me desbancar,  acusaram-me, em reunião oficial, de afrouxador das normas para agradar e ser simpático! — "Temos que falar a mesma língua" – dizem os "puxadores de tapete", sem se importar com o senso inativo de justiça, propriedade de alguns alunos, mesmo em formação. Sempre esteve certo, Paolo Mantegazza, desde quando disse: "Mestre que não é amado pelos seus discípulos é um mau mestre." E quem dera, tivéssemos os maus mestres de quando a educação era respeitada! 
          Qual é a maior ameaça de um aluno ao seu professor, senão: — "Eu vou desistir". De quem é a culpa se o aluno desistir de estudar? E a essa altura, já há muitos desistentes, só ainda não abandonaram a sala por causa dos programas beneficiantes do governo (bolsa família, transporte escolar, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), Brasil Carinhoso – Apoio às creches, Carta Social, Pro Jovem Adolescente, etc.), pois exigem frequência, mesmo improdutiva.
          Se tivermos muitos alunos que ainda gostem dos seus professores seria o ideal. Mas, infelizmente, eles nos detestam, e não fazem cerimônia para demonstrar isso, com apelidos, e gritarias desrespeitosos, e violências mil. Por que devo aplicar esses sentimentos copiados de alunos ao me vingar de meus colegas de trabalho devedores de um carisma diferenciado?
          Se ao menos um aluno, mais ordeiro e disciplinado, sobreviventes aos incentivos negativos do meio, possuindo a força de seus alicerces familiares, e finalmente vier a gostar de um professor sequer, ao menos um apenas, já é deveras uma conquista que deve ser retribuída com elogios e não acusá-lo indiretamente de "puxa saco" do senhor  professor fulano, por que o deixa fazer bagunça. Eu já ouvi isso de "bons" coordenadores! Só há uma conclusão: Os Aladins da vida real puxam o meu tapete para voarem sozinhos.  
Claudeko
Enviado por Claudeko em 03/06/2012
Reeditado em 28/06/2012
Código do texto: T3702915
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sábado, 20 de outubro de 2012

AMEAÇA, REAÇÃO INSTINTIVA DO MEDO ("Educar uma pessoa apenas no intelecto, mas não na moral, é criar uma ameaça à sociedade." — Theodore Roosevelt)



Crônica da vida escolar : aconteceu comigo

AMEAÇA, REAÇÃO INSTINTIVA DO MEDO ("Educar uma pessoa apenas no intelecto, mas não na moral, é criar uma ameaça à sociedade." — Theodore Roosevelt)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Como se não bastasse receber toda a culpa pelo o fracasso da educação, o professor ainda recebe amaças mil, vindas de superiores, de colegas, de alunos e de pais. Até de fantasmas!
           Um dia desses, quando fui assumir umas aulas de Língua Portuguesa na EJA, acordo tratado junto à secretária do colégio, fui  Intimidado por atos, gestos e palavras, parecia que ninguém me queria ali. Na verdade, eram só fantasmas ameaçadores, coisas de minha cabeça escaldada das experiências! A professora da qual eu deveria assumir aulas nem estava sabendo, todavia corria um reboliço com o seu nome. Os agentes jovens fazem as notícias parecerem fofocas pela sede que eles têm de transmitir o novo, termina distribuindo informações ainda não comprovadas.  Foi difícil concordarem que eu devia lecionar naquele primeiro ano noturno. São muitos os "gasparzinhos" assustadores de professor.
            Outros tipos de promessa de agressão, recebo todos os dias no fundamental. Eles são ainda crianças, de dez a quinze anos, mas já sabem ameaçar. Alguém sem o interesse de cumprir seus deveres, porém cheios de direitos, não pode perder a "mamata": se impedi-los de lanchar, ou dar-lhe nota baixa, ou pedir silêncio, ou ainda que entre para sala de aula, então eles se mostram perigosos suficientemente para obrigar o mestre a afrouxar sua metodologia. E ai do professor, se sobre ameaças também, fizer com rigidez a aula funcionar como mandam os coordenadores!
           A  palavra "aluno" está inadequada para muitos deles. Pois, são "iluminados" demais na manipulação dos docentes, dizendo: — "se não aliviar meu lado, eu vou desistir". E essa ameaça funciona melhor, quando feita pelos alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos). É como disse o professor Flávio José: "Os nossos valorosos alunos da EJA, inferiorizados em todos os sentidos, são a evolução real dos seus alunos do fundamental." O que é mais preocupante, nessa modalidade é que a grande maioria deles é composta dos indisciplinados de matutino e vespertino, transferidos a qualquer momento para o noturno. 
           Eles descobriram a sua super valorização pela a entidade educacional, tamanha que nem eles mesmos se valorizam assim, então desbotou em si a apreciação sobre a entidade. O interesse exagerado neles, pelos funcionários da educação, demonstra-lhes a obrigação de se matricular, denunciando assim o quão lucrativo os são, mantendo o emprego de muita gente, e melhor seria permanecer ali devidamente matriculados. E, no final, o sair com um diploma na mão ajuda deveras as estatísticas ilusionistas; como predomina o gênero feminino no sistema educacional, não poderíamos chamar este tipo de estatística de "carrasca". Oxalá este epíteto irreverente revele sobre cada ameaça, geradoras da vingança instintiva do medo. Quem ousa chamar esse sistema de paternalista? Fica melhor, maternalista!!!
Claudeko
Enviado por Claudeko em 01/06/2012
Reeditado em 20/10/2012
Código do texto: T3699376
Classificação de conteúdo: seguro


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sábado, 13 de outubro de 2012

SUICÍDIO MORAL ("Imitação é suicídio". — Ralph Waldo Emerson)



Crônicas da vida escolar

SUICÍDIO MORAL ("Imitação é suicídio". — Ralph Waldo Emerson)

Hoje, ao chegar à escola para mais um dia de trabalho, deparei-me com uma série de pequenos papéis espalhados pela mesa dos professores. Parecia uma campanha, um movimento silencioso que se expressava através de um recado anônimo: "PROFESSOR COM MUITO ORGULHO! Se um médico, advogado ou dentista tivesse, de uma só vez, 45 pessoas no seu gabinete ou consultório, todas com necessidades diferentes e algumas até relutantes em estar ali, e se tivessem que tratá-las com elevado profissionalismo durante dez meses, então vocês poderiam começar a compreender o trabalho de um professor na sala de aula. Se é PROFESSOR, cole isto no seu mural e ORGULHE-SE!!!"

Confesso que, inicialmente, não compreendi a mensagem. Afinal, o que esses profissionais têm a ver com a minha profissão? Será que eles deveriam ter alguma ideia do que é o trabalho de um professor na sala de aula? Por que se esforçariam por isso?

A nota, apesar de bem-intencionada, parecia tão deslocada no meu mural quanto a pergunta: Se o gato come carne, por que o cavalo come capim? E quais as ideias que um bicho faz do outro!!!

Como poderia sentir orgulho dessas revelações do desespero, um caçador desesperado atira para todos os lados. Vergonha, sim, mas sou tão sem vergonha que já faz trinta anos que suporto os dissabores e desencontros dos últimos momentos do sistema educacional público sem largar o "osso". Digo, ainda, sem vergonha, porque uma pessoa desrespeitada, sem a credibilidade de seus alunos e colegas, fingindo ter autoridade, não tem brio algum.

Eu tinha acabado de participar de uma reunião, daquelas feitas no intervalo para o recreio, com a direção do colégio, na qual um punhado de nós, os que chegavam um pouquinho atrasado, porém sempre dentro dos dez minutos de tolerância, para o início das aulas, a cada manhã, fomos taxados de "folgados", "lerdos". Então, revelando-me assim, fica evidente que já não tenho nem o respeito de mim mesmo. É estranho falar assim, mas é uma forma de achar que os outros jamais me condenem por aquilo que eu mesmo já me condenei.

Este foi um dia repleto de incoerências. Ainda tive de ouvir de uma colega de trabalho (professora da rede municipal), que não lê mais o "Diário da Manhã", pois "pertence ao Governo". É incoerente também negar elogios a quem é seu patrão. Com esta resistência, querem os professores atrair a simpatia e o respeito do governador, enquanto categoria!

Mas, não sou idiota, porque já dizia o contador de história: "idiota é quem faz idiotice". E eu, apesar de tudo, continuo aqui, lutando, ensinando, aprendendo. Porque ser professor é muito mais do que uma profissão, é uma vocação. E é com muito orgulho que digo: sou professor! Porém, para continuar ileso na sala de aula é preciso fingir de gay ou de doido.

ALINHAMENTO CONSTRUTIVO

1. Compreendendo o Contexto:

Qual a situação que desencadeia a reflexão do professor no texto?

Que mensagem anônima ele encontra na mesa dos professores?

Como ele interpreta essa mensagem inicialmente?

2. Comparação entre Profissões:

A mensagem compara o trabalho do professor com o de quais outras profissões?

O professor concorda com essa comparação? Por quê?

Quais as diferenças e similaridades entre o trabalho de um professor e as profissões mencionadas?

3. Sentimentos do Professor:

Que sentimentos o professor expressa no texto?

O que o leva a sentir orgulho e vergonha ao mesmo tempo?

Como o sistema educacional contribui para esses sentimentos?

4. Desafios da Profissão:

Quais os desafios enfrentados pelo professor em seu dia a dia?

Como esses desafios se relacionam com a falta de respeito e reconhecimento da profissão?

De que forma o professor busca lidar com esses desafios?

5. Vocação e Compromisso:

Apesar das dificuldades, o que motiva o professor a continuar na profissão?

O que significa para ele ser professor?

Qual a importância da vocação e do compromisso para a atuação docente?

Reflexão Adicional:

O texto apresenta uma visão crítica da profissão docente. Você concorda com essa visão? Por quê?

Quais medidas poderiam ser tomadas para melhorar as condições de trabalho e o reconhecimento da profissão docente?

Que papel a sociedade pode desempenhar para valorizar a educação e o trabalho dos professores?

sábado, 6 de outubro de 2012

ABANDONO AFETIVO ( Minicrônica 140 caracteres).



Minicrônica

ABANDONO AFETIVO ( Minicrônica 140 caracteres).

          Hoje corro atrás para alguém lê meus textos! Como quem quer ensinar! Amanhã eles correrão atrás deles me caçando, como quem quer aprender. Quem colhe nem é quem planta.
Claudeko
Enviado por Claudeko em 13/05/2012
Reeditado em 06/06/2012
Código do texto: T3665747
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sábado, 29 de setembro de 2012

SEM CONCURSO, OU EXAME, OU ESCRÚPULO (Minicrônica - 140 caracteres)



Crônica da vida escolar

SEM CONCURSO, OU EXAME, OU ESCRÚPULO (Minicrônica - 140 caracteres)

Por Claudeci Ferreira de Andrade 

         A montanha foi a Maomé;  a universidade, ao Lula; a escola,  ao analfabeto. Deus dá o frio conforme o cobertor. Eu cronista honoris causa. Em nome da contribuição social.
Claudeko
Enviado por Claudeko em 06/05/2012
Reeditado em 28/09/2012
Código do texto: T3652662
Classificação de conteúdo: seguro


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sábado, 22 de setembro de 2012

LIBERDADE DE MAIS PREJUDICA (Liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo dela. — George Bernard Shaw)



Crônica da vida escolar

LIBERDADE DE MAIS PREJUDICA (Liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo dela. — George Bernard Shaw)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Com a lei Maria da Penha, Lei da Palmada, Condenação por Abandono Intelectual, indenização por Abandono Afetivo, casamento gay, cadeia para inadimplente com a Pensão alimentícia e salário reclusão, assim como a escola pública fornecendo tudo de graça para todos. Isso faz das famílias brasileiras, sem responsabilidade alguma, verdadeiras fábricas de criminosos gratuitos. E a escola garante a aprovação desses por medo deles! Como o estado gostaria de combater a criminalidade infantil? Se Deus criou a família, quem criou os infantis desrespeitadores das leis divinas? Parece que estes itens não têm nada a ver, um em relação ao outro, todavia eles corroboram em desbancar as autoridades maternalistas.
          Mas, eu não sei o que fazer, todas as vezes quando entro em uma sala, para começar minha aula,  encontro um aluno folgadamente sentado à mesa do professor. É difícil pedir licença, pois ele não quer sair. É só virar as costas, e terei de pedir licença de novo. Porém se pergunto a esse tipo de aluno se quer ser professor, ele diz: "Deus me livre!" Ele gostaria apenas da representação momentânea de poder. Tomo as dores da escola, por ser ela a responsável, se propondo a ensinar o equilíbrio, no entanto, cada final do período, estou eu sentindo uma sensação esquisita: feliz por ter rompido mais uma etapa, porém não, sem aquela sensação gostosa do dever cumprido. Entra dia e sai dia e o mundo piora nesse assunto da libertinagem. Como moldaram pervertidamente a consciência do ser humano?
             Que país é esse cheio de instituições educacionais, com tanta facilidade para cursar, mas não é exigido o maior grau de escolaridade para presidente? Ou então a escola perdeu a credibilidade! Os pais pobres têm que obedecer esta corja de analfabetos funcionais ao matricular os filhos nas escolas públicas sem qualidade. Por quê? "Se os tubarões fossem homens...Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas. Nessas aulas, os peixes pequenos aprenderiam como nadar para a garganta dos tubarões" (Bertold Brecht). Agrande questão aqui não é só o aprender ou não aprender é o exercício da liberdade se ambas as partes sem responsabilidades.
Claudeko
Enviado por Claudeko em 03/05/2012
Reeditado em 22/09/2012
Código do texto: T3647781
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