"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sábado, 12 de maio de 2012

MODULAÇÃO TEMPORÃ ("Quando não encontramos o repouso em nós próprios, é inútil ir procurá-lo noutro lado". François La Rochefoucauld)



Crônica

MODULAÇÃO TEMPORÃ ("Quando não encontramos o repouso em nós próprios, é inútil ir procurá-lo noutro lado". François La Rochefoucauld)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

No limiar de cada ano letivo, sou testemunha e vítima de um espetáculo que se desenrola nos colégios estaduais, uma espécie de ringue onde os professores travam uma batalha silenciosa e ora estridente, garantindo sua carga de aula, que, mais do que uma mera estatística, representa a luta pela manutenção do padrão de vida. Em meu retorno do recesso do final de ano, vejo esses atores profissionais e concursados se embrenhando na disputa pelo número mágico de aulas — seja ele 20, 30, ou 40 —, tudo em busca do tão desejado salário. E se preferir carga mínima, terá que justificar com documentos mil.

Nessa encenação da vida real, percebo que os critérios para a distribuição de aulas variam a cada ano, envoltos na teia complexa da política do grupo gestor, em que apadrinhamento, vinganças e o medo de denúncias delineiam as regras do jogo. Na ciranda de aulas voláteis, até mesmo os "veteranos de casa" se submetem a ministrar disciplinas que pouco se alinham com sua formação original. Pedagogos, por exemplo, se aventuram no Ensino Médio, lecionando desde Filosofia até Sociologia, enquanto encaram a difícil tarefa de administrar 32 diários de classe.

A ironia da situação revela-se na chamada "Pré-Modulação", um processo que se inicia em janeiro, perdura ao longo do ano, e colhe os frutos amargos das decisões precipitadas. O que deveria ser um período de descanso para os professores, no entanto, transforma-se em um interregno tenso e incerto. Enquanto outros trabalhadores de outras profissões se afastam para suas férias com a certeza de um retorno seguro ao mesmo posto, os educadores, em seu recesso, são assombrados por uma pergunta perturbadora: "O que será da minha vida quando eu voltar ao trabalho?"

Assim, o recesso docente de final de ano letivo e férias se tornam uma espécie de suspense angustiante, no qual os professores, ainda em seus dias de descanso, ligam para a secretaria da escola, buscando desesperadamente suas aulas. Este ritual força uma pré-modulação, uma distribuição de aulas fora de época que, inevitavelmente, será refeita devido à imprecisão. Eu, porém, vejo esse processo como um desperdício remunerado de esforços, provando que o fruto forçado a amadurecer cedo demais inevitavelmente apodrece antes do tempo.

Por que deveríamos acreditar em um apagão na educação se há professor demais e aula de menos? A resposta não reside na escassez de professores, mas na precariedade de um sistema que desperdiça talentos, submete educadores a um jogo desgastante e, no final, compromete a qualidade do ensino. O ciclo se repete, e a dança anual pela carga horária revela-se não apenas como uma questão de números, mas como um reflexo mais amplo das mazelas de um sistema educacional em descompasso. A verdade é que, enquanto alguns lutam por suas aulinhas, a educação como um todo corre o risco de se perder nos descaminhos de uma pré-modulação desgastante e desencontrada para atender as preferências por conveniência dos privilegiados.

Por isso que não quis pegar aula. Formei-me em Letras, por paixão. Pretendo fazer uma Pós de Literatura e Crítica Literária. Acho mais minha cara. Sou apaixonado pelas palavras, letras, literatura. Mas não para ficar dessa forma. Um ótimo texto! O pior é que tem professor demais - talvez -, porém, o governo e prefeito sempre abre vagas para substituto e nunca conseguem preenchê-las pois muitos desistem no meio do caminho. Abraço do Gonçalves.


sábado, 5 de maio de 2012

POMBOS DE RUA (Crianças aprendem o que querem aprender)



Crônica

POMBOS DE RUA (Crianças aprendem o que querem aprender)

          Por Claudeci Ferreira de Andrade


         Na ferragem trançada, sustentadora da cobertura do auditório, na Praça Criativa, em Senador Canedo, os pombos se empoleiram a fim de dormir, rotina de todos os dias. Aquela noite, seria mais uma de tolerância, sobreviventes das ruas dormirão mais tarde. Fazendo coisa útil? Sim! Assistindo a uma palestra educativa, intitulada: "Alunos Que Não Aprendem". Observei-os por uma semana nas diversas palestras do Encontro Municipal de Educação, percebi neles, àquela noite especialmente, estavam mais inquietos, se empurravam, batendo asas, consequentemente acordavam alguns cochilantes cá em baixo. Estes, meio envergonhados, se consertavam na cadeira, olhavam ao alto e disfarçavam muito bem. Os pombos, eu os relacionei aos meus alunos. Por que eles nunca aprendem? É lógico; de forma alguma querem aprender, querem só diversão. Lá de cima, escolhiam o intruso de baixo com a finalidade de adubar a cabeça. Mira invejável! Quatrocentos cursistas para duas ou três dezenas de atiradores cloacais. Era como um jogo lúdico de revesamento, ou melhor, de "roleta russa". Muitas figurinhas foram carimbadas. Os vilões empenados brincavam à noite na aula, e muito cedo, pela manhã, comiam as opulentas migalhas restantes do "Coffee Break" dos figurões.
           Pombos, símbolo da paz, representação do Espírito Santo, empreendedores de Missão Divina, inocência; agora, os de rua são espertos, aprendem sim! Seria muita maldade acusar essas benfazejas criaturas de distribuírem piolhos, porém vi professores ali, coçando a cabeça. Eu também cocei a minha, mas só expressando incerteza, quando o palestrante disse sobre as crianças que escrevem: "COMUOG", querendo dizer: "como hoje". Estarreci-me com a frouxidão nos critérios do ensino acadêmico nas mãos desses pedagogos Show. Justificou ele : - aprenderam sim, do ponto de vista fonológico! Então, conclui que todos aprendem, tanto pombos, quanto crianças e fica afirmado sobre nós: só aprendermos se quisermos aprender, ou seja, o extremamente necessário para viver melhor; lição pombal. O problema do Sistema Educacional é a imposição sem razão. E por cima ainda, nos venderam os livros receituários.
         
Claudeko
Enviado por Claudeko em 11/01/2012
Reeditado em 17/01/2012
Código do texto: T3435020

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sábado, 28 de abril de 2012

CRITÉRIO A SEU FAVOR (Todo "corno" é criterioso ou valente)



Crônica humorística

CRITÉRIO A SEU FAVOR (Todo "corno" é criterioso ou valente)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Escolho a minha mulher pela estrutura óssea, é sempre assim, ainda que ela dê a sua macia carne para os Lobisomens; sobram-me ossos de qualidade em uma disposição perfeita. Já que não se come osso, pelo menos se rói.
          Todo "corno" que se preza é extremamente criterioso com seu comportamento, sou bastante discreto. Escondo os chifres com bons tratos à esposa. Mas, só na frente dos amigos! Eta, vidão de corno!, cabeça florida, fazendo sombra em todo mundo!!!
          Se a "cornalidade" é o prêmio automático de quem valoriza demais o parceiro de toda vida, qual a consequência do traidor sexual? As de um herói? Dependendo de sua resposta, devo erguer as mãos para o céu e agradecer a Deus por ser o traído e não o traidor. Pelo visto, é muito difícil "ter alguém que gostarias de está sempre conosco, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapé"! Nesse caso, é melhor mal acompanha a estar só! E se confortar comendo "filé mignon" com os amigos a roer ossos sozinho!!! É como disse o professor Osmar Fernandes: "Todo boi sonso quando mostra seus chifres, fere de morte".
          A maior evidência de que um homem é corno mesmo, é sua atitude de boi enraivecido, dando marradas em todo mundo. Os chifres lhe dão segurança e autodefesa. Eu, pelo contrário, gosto de ser indefeso, protegido por ela: Corno platônico! Afinal, quem não é corneado de alguma forma, foi ou será! Só gostaria de saber quem inventor essa extensão semântica para o termo "corno", referindo-se ao traído, eu o chamaria de solidário.
          Não mate urubus, aves de mau augúrio, vai só aumentar a alimentação dos que sobrarem; comem qualquer carniça. Quer se livrar da concorrência  deles,  liberte-se da carniça. Assim acontece quando se tem uma esposa infiel, tantas vezes se mude com ela, mas enquanto conduzir o odor da sedução, não faltará quem queira compartilhar gratuitamente o seu filé, ou melhor, sua carniça!
Claudeko
Enviado por Claudeko em 09/01/2012
Reeditado em 28/04/2012
Código do texto: T3431528


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sábado, 21 de abril de 2012

LEIS NATURAIS ("Quem está na chuva é para se molhar")




Crônica

LEIS NATURAIS ("Quem está na chuva é para se molhar")

Por Claudeci Ferreira de Andrade

             Hoje, é um daqueles dias que a gente sente que a sensibilidade ficou mais intensa. Estou assim, eu preciso me sentir especial, mas como fazer para proporcionar-me uma experiência gratificante. Já experimentei algo que me eleve a capacidade de raciocínio, além de ampliar meu interesse para diversas áreas do conhecimento. Estou explorando a internet, porém, tenho me perdido, ficando disperso pelo excesso de informação. É, estou assim meio perdidão...
           Mas, vou me conformar com o que dizem: "Quem está na chuva é para se molhar", e eu acredito nisso! A chuva molha tanto quanto, dependendo da intensidade do gotejar e do tempo que se permanecer nela sem proteção. Um corpo em movimento lento na chuva, de um ponto a outro, molha um tanto considerável, se fizer o mesmo percurso, nas mesmas circunstâncias, com uma velocidade maior, diminui o tempo, mas molha do mesmo tanto. É complicado tentar burlar as leis naturais! Todo atalho é perigoso! E a lei do menor esforço engorda e atrofia os músculos e o cérebro! Lamento por mim, estando eu sedentário demais. 
            Correr na chuva é melhor que correr da chuva! Portanto, a obediência é o comportamento dos grandes. Talvez seja como disse Sêneca: "Toda arte é imitação da natureza". Confirmo que seja a inspiração de todos, copiar em tudo os princípios da natureza, minha Bíblia em versão original.          
           E aqui o sol nunca deixou de brilhar para mim, estou reclamando à toa, vou é comemorar! É um momento de vitalidade, sensibilidade e disposição, vou criar meu mundo do jeito que sonhei. Quero que minha aure de encanto se espalhe. Renove-se meu poder de atração. É tempo de me expressar e anotar minhas intuições para construir meu novo caminho! Preciso de um caráter forte e segurança para tomar iniciativas produtivas com relação aos meus desejos. Seu comportamento é minha prioridade. Se copiou de mim!
            
Claudeko
Enviado por Claudeko em 09/01/2012
Reeditado em 05/03/2012
Código do texto: T3430896


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sábado, 14 de abril de 2012

INOCÊNCIA, CRITÉRIO PARA A FELICIDADE (Jamais considerei o prazer e a felicidade como um fim em si e deixo este tipo de satisfação aos indivíduos reduzidos a instintos de grupo. Albert Einstein)



Crônica

INOCÊNCIA, CRITÉRIO PARA A FELICIDADE (Jamais considerei o prazer e a felicidade como um fim em si e deixo este tipo de satisfação aos indivíduos reduzidos a instintos de grupo. Albert Einstein)
Por Claudeci Ferreira de Andrade
           Seja independente; se se comprometer, seja em companhia de alguém que quer ter compromisso junto a você. Cuide-se de si mesmo como a um jardim, as lindas borboletas virão. Não procure ninguém, é melhor se encontrar com seus admiradores.
          Só os sábios têm a bem-aventurança da verdadeira felicidade, eles vivem em equilíbrio. É fácil entender isso, imagine um pêndulo movimentando cada vez mais fraco até parar na posição do meio. "Quando estou fraco, aí estou forte". Para quem procura o prazer, a dor é automática, em seu balançar existencial. E assim, da mesma forma, o tempo cura toda dor com o prazer lentamente num oscilar cada vez menor, até chegar à mesma sensação do possuir um órgão sadio: só sentimos os rins quando estamos doentes deles, todavia a dor neutraliza também todo prazer. Os sábios não procuram o prazer, apenas procuram a ausência da dor e ganham o prazer. O único desconforto que atinge os sábios é a responsabilidade de um saber crescente, pois esta lhe dói. Porque essa luz não emana das fogueiras manipuláveis da caverna, mas do sol, naturalmente, como ilustrou Platão. Porém, têm-se de buscá-la com sacrifício lá fora.
          A fórmula da felicidade é a estabilidade, como a vida não é estável não há felicidade permanente. Se isso não lhe servir, esteja sempre em agitação. Tomara, digam-lhe que estresse mata. A natureza clama pela calmaria; no Jardim do Éden não tinha vento, apenas brisa! Espero caber aqui o dizer de Leonardo da Vinci, artista do Renascimento: "Prazer e dor são representados com os traços gêmeos, formando como uma unidade, pois um não vem nunca sem o outro; e se colocam um de costas para o outro porque se opõem um ao outro."
           Qualquer coisa induzida fortemente não é boa, se fosse, aconteceria naturalmente, atraída apenas pela força do centro, ao ponto de equilíbrio. No contrário do que muitos pensam, a imprevisibilidade está no desequilíbrio, porque o pêndulo pode iniciar um movimento em qualquer direção, encaixando-se na diversidade de direções e é quase inevitável balançar-se para viver. Agora, é bastante previsível o seu retorno à esquerda, se ele se movimentou à direita. Deus é parecido com o centro de apoio sustentador do pêndulo, e também o Seu comando é propulsor para todas as direções possíveis, e aos poucos o faz parar novamente, acomodando tudo na linha vertical, ou seja, na sua direção: estabilidade ideal.
           O que nos faz pensar sobre as coisas acontecerem sempre na hora certa é o equilíbrio das vantagens e desvantagens em proporções semelhantes. É assim a predestinação compulsória, para cada ato um "reato", com efeito, levemente menor até parar no ponto do meio. Nós construímos nosso destino, como a um quebra-cabeça, quando colocamos a peça, formamos duas imagens, por assim dizer, a frente e o verso, e as peças só tem um lugar par se encaixar. Não há escolha! Procurar o local ou a ação certa não é escolher.
           Deus é o único diverso sem se perder, e é assim que O aceito feliz, se não fosse diverso infinitamente, não seria Divino. Sinto-me à vontade ao dizer sobre a diversidade ser muito parecida com imprevisibilidade. Qualquer movimento é mais uma possibilidade mostrando energia e vida, porém o ponto de equilíbrio é sempre o mesmo, como se tivéssemos mil maneiras de errar e só uma para acertar. Quanto menos possibilidades mais satisfação, isso é felicidade: pouca chance de errar. A tal É encontrada abundantemente na estagnação da inocência.

Claudeko
Enviado por Claudeko em 02/01/2012
Reeditado em 14/04/2012
Código do texto: T3418076


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sábado, 7 de abril de 2012

A MAIORIA SEMPRE VENCE (Tornam-se moda as características dos que vencem) (Minicrônica - 140 caracteres)



http://www.youtube.com/watch?v=n8MAg_N3TVM


Minicrônica

A MAIORIA SEMPRE VENCE (Tornam-se moda as características dos que vencem) (Minicrônica - 140 caracteres)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          É bom que os feios vençam, pois, em virtude, levam-me junto! Se os iguais se protegem; benefícios são divididos, como sempre foram os malefícios. Precisa-se de líder!
Claudeko
Enviado por Claudeko em 02/01/2012
Reeditado em 06/04/2012
Código do texto: T3418002


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