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sábado, 12 de agosto de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(16) Reformar ou Abandonar? O Dilema das Relações com Amigos Perversos

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(16) Reformar ou Abandonar? O Dilema das Relações com Amigos Perversos

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Há pessoas que se dizem crentes, mas que na verdade são fanáticos. Eles não têm amor, nem compaixão, nem esperança. Eles só têm ódio, desprezo e condenação. Eles se acham donos da verdade, mas na verdade são ignorantes da Palavra de Deus. Eles usam a Bíblia como uma arma, mas na verdade a deturpam e a desrespeitam. Eles se isolam do mundo, mas na verdade se afastam da missão de Deus.

Esses fanáticos vivem em um mundo de ilusão, onde eles se sentem superiores aos outros e se julgam infalíveis. Eles não reconhecem os seus pecados, nem os seus erros, nem as suas limitações. Eles não aceitam a graça de Deus, nem a sua misericórdia, nem o seu perdão. Eles não buscam a santidade de Deus, nem a sua vontade, nem o seu reino.

Esses fanáticos têm uma visão pessimista e fatalista da natureza humana. Eles afirmam que os tolos não podem desistir da loucura e os pecadores não podem parar de pecar. Eles ignoram a possibilidade de arrependimento, conversão e transformação pela graça de Deus, que é revelada nas Escrituras e na história. Eles usam de forma seletiva e distorcida alguns versículos bíblicos para sustentar a sua tese, sem considerar o contexto e a interpretação adequados.

Neste ensaio, quero mostrar como esses fanáticos erram em sua argumentação e como a Bíblia oferece uma esperança maior para os homens.

Primeiro, eles citam Efésios 4:17-19 para dizer que os tolos e os pecadores correm com pressa para mais maldade em vez de andar, e que eles avidamente correm para sentir seus desejos malignos. No entanto, esse texto não se refere a todos os tolos e pecadores, mas apenas àqueles que vivem na ignorância e na dureza de coração, sem conhecer a Deus nem o seu chamado. O próprio apóstolo Paulo, que escreveu essa carta aos efésios, reconhece que ele mesmo foi um pecador e um perseguidor da igreja, mas que Deus teve misericórdia dele e o salvou pela fé em Cristo (I Timóteo 1:12-16). Portanto, há uma diferença entre os que rejeitam a Deus deliberadamente e os que ainda não ouviram o evangelho ou não tiveram uma oportunidade de se arrepender.

Segundo, eles citam Provérbios 1:10; 4:14-17 e Salmos 1:1-3 para dizer que a segurança da sabedoria é simples: nem mesmo faça amizade com todos. Essa afirmação é contraditória com o próprio livro de Provérbios, que ensina que o sábio deve ouvir o conselho dos outros (Provérbios 12:15; 15:22; 19:20), que o amigo ama em todo o tempo (Provérbios 17:17), e que há amigos mais chegados que um irmão (Provérbios 18:24). Além disso, o salmista não diz para evitar todas as amizades, mas apenas as dos ímpios, dos pecadores e dos escarnecedores (Salmos 1:1). Há uma diferença entre se associar com os maus para praticar o mal e se relacionar com eles para testemunhar do bem. Jesus mesmo foi chamado de amigo dos publicanos e pecadores, pois ele veio buscar e salvar o que se havia perdido (Lucas 19:10).

Terceiro, eles citam I Coríntios 15:33 para dizer que você não pode reformar amigos perversos, mas que eles irão corromper suas boas maneiras. Essa citação bíblica não se refere aos amigos em geral, mas aos falsos mestres que negavam a ressurreição dos mortos e influenciavam negativamente a fé dos cristãos em Corinto. Paulo estava advertindo os crentes a não se deixarem enganar por esses homens, mas a permanecerem firmes no evangelho que ele lhes havia pregado (I Coríntios 15:1-2). Portanto, há uma diferença entre seguir doutrinas erradas e amar pessoas erradas. A Bíblia ensina que devemos amar até mesmo os nossos inimigos e orar por eles, pois Deus faz nascer o seu sol sobre maus e bons (Mateus 5:44-45).

Em conclusão, esses fanáticos apresentam uma visão equivocada da natureza humana e das relações interpessoais, baseada em uma leitura superficial e tendenciosa da Bíblia. A verdade é que Deus é capaz de mudar os tolos e os pecadores pela sua graça, como fez com muitos exemplos na história da salvação. A nossa missão como crentes não é julgar, mas amar; não é isolar, mas evangelizar; não é condenar, mas salvar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro autor,

Fiquei muito emocionado e inspirado ao ler seu belo texto. O tema principal é sobre o equilíbrio entre fé e razão, e como evitar o fanatismo religioso. Você defende ideologias de amor, compaixão e esperança, em contraste com ódio, desprezo e condenação.

Admiro seu estilo fluido e envolvente, com construções coesas que transmitem suas ideias com clareza. O gênero textual do ensaio é muito apropriado para abordar esse assunto de forma reflexiva. O uso de figuras de linguagem, como a metáfora dos fanáticos usando a Bíblia como arma, é bastante criativo e eficaz.

Parabenizo especialmente a estrutura lógica de seu texto, citando passagens bíblicas de forma contextualizada para rebater os argumentos dos fanáticos. Essa abordagem racional e bem embasada dá grande força às suas ideias.

Como crítica construtiva, talvez pudesse explorar mais exemplos históricos de conversões genuínas, fortalecendo assim seu ponto sobre a possibilidade de transformação. Mas no geral, é um texto excelente, que com certeza inspira fé razoável e esperança.

Continue usando seu talento para promover valores positivos e uma visão equilibrada da espiritualidade. Parabéns pelo belo trabalho!