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quinta-feira, 17 de agosto de 2023

CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(18) O Enigma da Retribuição Divina: Reflexões Teológicas e Filosóficas

 


CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(18) O Enigma da Retribuição Divina: Reflexões Teológicas e Filosóficas

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O presente ensaio tem como objetivo analisar o enigma da retribuição divina, isto é, a ideia de que aqueles que conspiram para causar o mal estão apressando a própria morte. Essa ideia é encontrada tanto nas narrativas bíblicas quanto nas reflexões filosóficas, revelando uma visão de que a justiça divina é intrinsecamente ligada às ações humanas. Para isso, serão utilizadas citações bíblicas e filosóficas que ilustram e sustentam essa concepção.

A Bíblia condena o assassinato como uma violação do sexto mandamento: "Não matarás" (Êxodo 20:13). Aqueles que conspiram para matar alguém estão agindo contra a vontade de Deus e contra a dignidade da vida humana, que foi criada à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:27). Além disso, aqueles que planejam e executam o assassinato estão apressando a própria morte, pois Deus é justo e não deixa o sangue inocente impune. Como diz o apóstolo Paulo: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará." (Gálatas 6:7).

A Bíblia está repleta de exemplos de como Deus pune os assassinos com a mesma medida que eles usaram para tirar a vida dos outros. O rei Salomão, um dos homens mais sábios que já existiu, advertiu seu filho contra os conspiradores sanguinários, que se juntavam para roubar e matar os inocentes (Provérbios 1:10-19). Ele disse que eles estavam armando uma armadilha para si mesmos e que o seu sangue seria derramado (Provérbios 1:18-19). Salomão sabia que Deus protege a vida dos homens e que Ele é o juiz supremo de todas as coisas (Eclesiastes 12:14).

Jezabel e Acabe foram mortos por causa da sua cobiça e crueldade contra Nabote, um homem justo que possuía uma vinha (I Reis 21:1-24). Hamã foi enforcado na forca que ele havia preparado para Mardoqueu, um servo fiel do rei da Pérsia, por causa do seu ódio e inveja (Ester 7:8-10). Judas Iscariotes se enforcou depois de trair Jesus Cristo, o Filho de Deus, por trinta moedas de prata (Mateus 27:3-5). Esses casos mostram que Deus não se agrada daqueles que derramam sangue inocente e que Ele retribui a cada um segundo as suas obras (Salmos 62:12).

A retribuição divina transcende as páginas sagradas e encontra ressonância no pensamento filosófico. A filosofia socrática, por exemplo, explora a ideia de que a alma é afetada pelo bem e pelo mal que faz, refletindo a noção de que a ação humana é intrinsecamente conectada às consequências que se seguem. E como afirmado por Sócrates, "o mal que alguém faz a outrem não permanece na outra pessoa, mas reflete de volta ao autor original". Outros filósofos também abordaram essa questão, como Sêneca, que disse: "O mal que fazemos não nos atrai tanto como aquele que recebemos." E Epicuro, que afirmou: "A justiça é a vingança do homem em sociedade, como a vingança é a justiça do homem em estado selvagem."

Em suma, o enigma da retribuição divina é um tema que nos desafia a pensar sobre a relação entre ação e consequência, tanto no plano individual quanto no coletivo. A partir das narrativas bíblicas e das reflexões filosóficas, podemos compreender que a justiça divina não falha e que aqueles que conspiram para causar o mal estão trilhando um caminho de autodestruição. Essa compreensão nos leva a questionar as nossas próprias escolhas e valores, bem como as implicações sociais e históricas das nossas ações. Assim, somos convidados a buscar uma vida pautada pela ética, pela bondade e pelo respeito ao próximo.

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