"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sábado, 18 de janeiro de 2025

O Apagão que Assombra as Salas de Aula ("Sem educação, estamos perdidos. Perdidos em um mundo de significados confusos e possibilidades incertas." - Tenzin Gyatso, 14º Dalai Lama)

 Crônica 


O Apagão que Assombra as Salas de Aula ("Sem educação, estamos perdidos. Perdidos em um mundo de significados confusos e possibilidades incertas." - Tenzin Gyatso, 14º Dalai Lama)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Nos corredores quase desertos das universidades, uma pergunta inquietante ecoa em silêncio: quem ousará, nos próximos anos, abraçar a missão de ensinar? Lembro-me vividamente do meu primeiro dia em sala de aula: o giz escorregava entre os dedos trêmulos, enquanto o peso das expectativas – as minhas e as alheias – parecia esmagador. Hoje, a escolha pela docência parece mais uma rota de fuga do que uma vocação.

As manchetes estampam um termo forte e cruel: “apagão de professores”. Não se trata de uma metáfora exagerada, mas de uma realidade que devora o futuro do país. Licenciaturas vazias, escolas desamparadas por falta de professores de matemática, física e português, e alunos que se formam – ou desistem – carregando lacunas que nenhum boletim é capaz de registrar. É um cenário desolador: salas abarrotadas, educadores exaustos e uma profissão que, em vez de ser o pilar da sociedade, luta para sobreviver ao desprestígio histórico.

Lembro-me de um amigo que abandonou o magistério. Suas palavras ainda ressoam como um eco amargo: “Não é pelo dinheiro”, ele dizia, embora os salários fossem evidentemente um problema. “É pelo vazio. Pela falta de apoio, pelo descaso.” Aquele brilho que antes iluminava seu olhar ao ver um aluno entender uma equação tornou-se uma sombra de desilusão. Hoje, ele segue em outra profissão. Quem pode culpá-lo? Cada um carrega o peso que consegue suportar.

A crise ganha contornos ainda mais graves nos rincões do Norte e Nordeste. Lá, mais da metade das aulas nos anos finais do ensino fundamental é ministrada por professores sem a formação adequada. Nas áreas rurais, a situação é ainda mais dramática: apenas um terço dos docentes possui a qualificação necessária. Para muitos jovens, o magistério não é mais uma escolha, mas uma última opção, distante de qualquer paixão ou ideal. E, entre os licenciados, apenas uma parcela ínfima ingressa na carreira.

Diante desse panorama sombrio, a “Bolsa Mais Professores” surge como uma tentativa de reparação. A proposta promete incentivos financeiros para atrair docentes às áreas mais necessitadas. No papel, é uma fagulha de esperança. Mas será que dinheiro, por si só, pode resgatar a dignidade perdida de ensinar? Salários melhores são essenciais, mas o desafio vai além. Como pode um professor prosperar em um sistema que o sufoca, negligencia sua formação e o desvaloriza constantemente?

Nas entrelinhas desse apagão, persiste uma centelha de esperança. É preciso compreender que educar não é um ato isolado; é uma construção coletiva. Não basta cobrar dos professores enquanto a sociedade ignora as condições em que vivem e trabalham. É necessário criar ambientes propícios para o ensino e a aprendizagem, onde o conhecimento seja a prioridade. Porque, no fundo, o apagão não é apenas de professores; é um apagão de valores, de sonhos e de futuro.

E assim sigo, ainda em sala de aula, alimentando a chama que um dia me trouxe até aqui. Cada aula ministrada e cada olhar curioso que me devolve um pouco de esperança são lembretes de que, apesar das adversidades, ainda há luz. Mas essa chama, frágil, precisa de cuidado, de alimento, de um esforço coletivo. Como sociedade, é hora de decidir: continuaremos nos contentando com palavras vazias em discursos oficiais ou agiremos para evitar que o futuro se perca na escuridão?


Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:


1. O texto descreve um "apagão de professores". Quais as principais características desse fenômeno apontadas pelo autor?

2. Além da questão salarial, quais outros fatores contribuem para o abandono do magistério, segundo o relato do autor sobre seu amigo?

3. Como a crise do "apagão de professores" se manifesta nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, de acordo com o texto?

4. A "Bolsa Mais Professores" é apresentada como uma possível solução. Qual a crítica central do autor em relação a essa proposta?

5. Qual a principal mensagem do texto sobre a responsabilidade da sociedade diante da crise na educação?

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

A Reprovação na Educação: Entre o Desafio e a Necessidade de Avaliação ("A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre todo o futuro." - Barão de Holbach)

 Crônica 


A Reprovação na Educação: Entre o Desafio e a Necessidade de Avaliação ("A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre todo o futuro." - Barão de Holbach)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A manhã desta segunda-feira trouxe consigo uma reflexão que tem reverberado nas últimas semanas, especialmente após a entrevista da secretária de Educação do Rio Grande do Sul, Raquel Teixeira, à Rádio Gaúcha. Em um contexto educacional turbulento, dois temas chamaram minha atenção: a progressão parcial e a proibição do uso de celulares nas escolas. Ambas as questões vêm suscitando intensos debates sobre os rumos da educação, revelando um profundo dilema entre manter tradições pedagógicas e adotar novas abordagens.

A recente portaria, que autoriza a progressão de alunos com até quatro matérias pendentes, gerou divisões entre os educadores e a sociedade. A ideia de permitir que um aluno avance mesmo sem ter dominado completamente o conteúdo das disciplinas parece contraditória à lógica pedagógica tradicional, que sempre usou a reprovação como forma de garantir que o aluno estivesse preparado para o próximo ciclo. No entanto, a secretária Raquel Teixeira defende que, ao invés de impulsionar o aprendizado, a reprovação frequentemente leva à defasagem do aluno, distanciando-o ainda mais do conhecimento e aumentando o risco de evasão escolar. “Reprovação não é alternativa para aprendizagem”, disse ela, trazendo à tona uma nova forma de encarar a educação.

Contudo, a crítica à aprovação automática como medida educacional deve ser feita com cautela. A evasão escolar, muitas vezes associada à retenção, é igualmente um reflexo de uma falta de exigência nas escolas, onde se busca evitar o confronto com a dificuldade em nome de uma falsa aprovação. A solução para a evasão escolar não reside na eliminação da reprovação, mas na construção de um sistema de ensino mais eficaz, que desafie o aluno de maneira adequada e o prepare para os desafios acadêmicos e profissionais. Ao invés de adotar uma abordagem permissiva, é crucial que o professor e o conselho de classe assumam a responsabilidade de proporcionar uma avaliação que garanta o domínio do conteúdo e o real aprendizado do aluno.

A autonomia dos educadores deve ser levada a sério, mas com a consciência de que a reprovação precisa ser considerada como parte de um processo educacional rigoroso e que, ao mesmo tempo, favoreça o crescimento do aluno. O papel do professor vai além da simples aplicação de conteúdos; é também o de garantir que os alunos avancem com as competências necessárias para enfrentar os próximos desafios da vida acadêmica e profissional. Assim, a reprovação, longe de ser uma punição, deve ser vista como um instrumento de reflexão e um alerta para que o aluno busque alcançar seu verdadeiro potencial.

Dessa forma, ao equilibrar a responsabilidade do professor, o apoio institucional e a exigência necessária, podemos construir um sistema de ensino que, ao invés de suavizar as dificuldades, promove o verdadeiro aprendizado, preparando os alunos para um futuro mais sólido e consciente.


Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:


1. Quais os dois temas centrais abordados no texto que têm gerado debates no contexto educacional?

2. De acordo com a secretária Raquel Teixeira, qual o efeito da reprovação no processo de aprendizagem dos alunos?

3. Segundo o autor do texto, qual a relação entre a evasão escolar e a falta de exigência nas escolas?

4. Qual a importância da autonomia dos educadores e do conselho de classe no processo de avaliação dos alunos, segundo o texto?

5. Em síntese, qual a proposta do texto para a construção de um sistema de ensino mais eficaz?

domingo, 12 de janeiro de 2025

De Mozart ao Pole Dance: Uma Crônica de Absurdos Educacionais ("A vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida." – Oscar Wilde)

 



  • De Mozart ao Pole Dance: Uma Crônica de Absurdos Educacionais ("A vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida." – Oscar Wilde)
  • Enquanto folheava antigas fotos de excursões escolares, deparei-me com uma notícia que quase me fez engasgar com o café. Vinte anos dedicados à educação me deram a falsa impressão de já ter visto de tudo. Ledo engano. A história da Hart Middle School, em Detroit, provou que o universo educacional ainda reserva doses cavalares de surrealismo.

    A cena, digna de um roteiro de comédia bizarra, começa com um passeio escolar aparentemente convencional: uma manhã de novembro em Michigan, alunos do sexto ano e a promessa de um encontro com a Orquestra Sinfônica de Detroit. Mozart, Beethoven, a beleza da música clássica. Tudo dentro dos conformes, um programa educativo e culturalmente enriquecedor. Mas a calmaria sinfônica logo daria lugar a um ritmo bem mais… peculiar.

    Após a apresentação, a fome apertou, e o destino escolhido para o almoço foi a Niki's Pizza. Um clássico dos passeios escolares. O problema surgiu quando a pizzaria se mostrou pequena demais para acomodar todos os estudantes. E foi nesse exato momento, em que a lógica e o bom senso tiraram férias, que alguém – cuja identidade permanece um mistério nebuloso – teve a infeliz ideia de transferir parte da turma para o “estabelecimento irmão” ao lado: o Niki's Lounge. Uma boate. Sim, uma casa noturna, com direito a luz baixa, decoração temática e, claro, os inevitáveis pole dancing, descritos pelo gerente como “meras decorações”.

    A imagem dos adolescentes, em plena fase de descobertas e experimentações, entrando em uma boate, interagindo com os postes metálicos sob o olhar atento (ou não) dos responsáveis, é simplesmente inacreditável. Imagino a cena: a curiosidade infantil em contraste com o ambiente adulto, as câmeras do Projeto Green Light Detroit registrando cada movimento, e os policiais, provavelmente, divididos entre a perplexidade e o tédio de monitorar uma situação tão atípica.

    O que mais me intriga, além do absurdo da situação em si, é a reação subsequente. A postura do distrito escolar, que inicialmente se recusou a comentar o caso, soa como uma tentativa desesperada de abafar o escândalo. As opiniões divididas entre os pais, alguns indignados e outros aparentemente indiferentes, revelam uma preocupante banalização do ocorrido.

    Em duas décadas de magistério, testemunhei diversas situações inusitadas em passeios escolares: ônibus quebrando na estrada, piqueniques arruinados pela chuva, crianças passando mal no aquário. Mas nada, absolutamente nada, se compara a essa incursão involuntária ao mundo da dança vertical.

    Esse acontecimento me leva a refletir sobre a fragilidade de nossas diretrizes para excursões escolares e a necessidade urgente de revisá-las. No mínimo, deveríamos assegurar que as pizzarias parceiras tenham capacidade para receber nossos alunos, evitando soluções “criativas” como a que resultou nesse episódio lamentável. Afinal, a distância entre Mozart e o pole dance, como essa crônica demonstra, é assustadoramente curta. E, principalmente, me faz questionar: onde, afinal, nossos filhos estão sendo levados em nome da “experiência educacional”? Onde está o limite entre a aventura e o completo absurdo?


    https://pjmedia.com/lincolnbrown/2023/01/11/middle-school-field-trip-pole-dancing-what-could-go-wrong-n1660953?fbclid=IwY2xjawHwj75leHRuA2FlbQIxMAABHVCB6SZQL22L75O2CAlUrA2ipp2AiB6K36-S8ZexKTzBdfZguNA0qKhYqg_aem_oyAoB8xrDgdiPpHkDy1aJA


    Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:


    1. Qual o evento central narrado na crônica e o que o torna tão surpreendente para o narrador, um educador com vinte anos de experiência?

    2. De que forma o texto descreve a sequência de eventos que levaram os alunos do sexto ano a uma boate durante um passeio escolar?

    3. Segundo o autor, qual a principal crítica em relação à reação do distrito escolar e de alguns pais diante do ocorrido?

    4. Além do aspecto inusitado da situação, que reflexões o autor propõe sobre as diretrizes para excursões escolares?

    5. Qual a principal questão levantada pelo autor ao final da crônica sobre as "experiências educacionais" oferecidas aos alunos?

    sábado, 11 de janeiro de 2025

    Do Silêncio ao Grito: Reflexões sobre Violência, Indisciplina e a Falta de Afeto ("Precisamos aprender a conviver ou a perecer juntos." – Martin Luther King Jr.)

     

  • Do Silêncio ao Grito: Reflexões sobre Violência, Indisciplina e a Falta de Afeto ("Precisamos aprender a conviver ou a perecer juntos." – Martin Luther King Jr.)

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    A notícia, fria e distante, chegou como um impacto: “Estudante é presa no Japão após ataque com martelo em universidade”. A manchete, por si só, já carregava uma violência intrínseca, mas a descrição dos detalhes tornava a cena ainda mais perturbadora: oito estudantes feridos em um ambiente que deveria ser sinônimo de aprendizado e convívio pacífico. A reportagem da g1 detalhava o ocorrido na Universidade Hosei, em Tóquio, envolvendo uma jovem sul-coreana de 22 anos. A agência Kyodo acrescentava um elemento crucial: a confissão da agressora, que alegava sentir-se “frustrada” por ser ignorada e assediada pelos colegas. A palavra “frustrada” ecoou em minha mente, revelando um abismo de sofrimento e solidão.

    Imediatamente, a tragédia japonesa me remeteu a outra questão, também relacionada à violência, embora em um contexto diferente: a indisciplina escolar. Reflexões sobre esse tema apontam, frequentemente, para a ausência de afeto familiar como um fator determinante. A falta de diálogo, de limites claros e de uma educação responsável no ambiente familiar contribui para o comportamento indisciplinado dos alunos. A escola, enquanto instituição social, precisa estar preparada para lidar com esses reflexos, buscando a participação da família e trabalhando para desenvolver nos alunos a capacidade de expressar ideias e opiniões de forma crítica e construtiva.

    A cena da universidade japonesa, com cerca de 150 estudantes em uma aula rotineira interrompida pela violência, intensificou essa reflexão. O relato de um aluno à Agência Kyodo, sobre a agressora movendo o martelo sem direção aparente, atingindo aqueles sentados na última fileira, transmitia uma sensação de caos e desespero. Outro descreveu o rosto inexpressivo da jovem, como se ela estivesse agindo sob uma força incontrolável. A reportagem também mencionava a discriminação sofrida por coreanos no Japão, adicionando uma complexidade social e histórica à tragédia.

    A violência, seja o ataque com um martelo em uma universidade, seja a indisciplina em sala de aula, revela uma profunda carência: a falta de escuta atenta, de diálogo e de afeto. O martelo, um instrumento de construção, transformado em arma, simboliza essa inversão de valores. Da mesma forma, a indisciplina, muitas vezes, é um grito silencioso por atenção, por reconhecimento, por um espaço onde a voz possa ser ouvida.

    Acredito que tanto a violência extrema quanto a indisciplina cotidiana têm raízes profundas na falta de limites e, principalmente, na falta de afeto. Os limites, contudo, não devem ser meramente impostos, mas construídos em conjunto pela criança, pela família e pela escola, utilizando o diálogo como ferramenta principal. A família precisa procurar compreender a criança, oferecendo afeto, atenção e estabelecendo limites com respeito. A escola, por sua vez, deve gerar atividades que incentivem a participação da família, mostrando aos pais a importância de seu envolvimento na vida escolar dos filhos.

    Acredito que, ao trabalhar valorizando e reconhecendo a história de vida de cada aluno, há um despertar para o processo de ensino-aprendizagem. Uma boa conversa, onde o professor expõe seus objetivos e acolhe as sugestões dos alunos, mostrando a eles que fazem parte da sociedade e que existem regras para o bom convívio, pode ajudar a amenizar muitos problemas. A construção conjunta das regras da turma pode ser uma solução eficaz, fazendo com que o aluno se sinta parte do processo e, consequentemente, mais propenso a obedecê-las.

    A tragédia no Japão e as reflexões sobre a indisciplina escolar me levam a concluir que a violência, em qualquer de suas formas, é um sintoma de uma sociedade que precisa urgentemente resgatar valores como o diálogo, o afeto e o respeito. Precisamos construir espaços mais acolhedores e inclusivos, onde a frustração não se transforme em violência e onde o silêncio ensurdecedor seja substituído por vozes que clamam por paz e compreensão. Educar, afinal, significa ajudar o aluno a construir sua autonomia, disciplina, ordem, liberdade, amor e paz. E essa construção só é possível com a parceria entre família e escola, com muita escuta, afeto e diálogo.


    Como um bom professor de sociologia do Ensino Médio, preparei 5 questões discursivas no formato de pergunta simples sobre os temas principais do texto:


    1. De que maneira o texto estabelece uma conexão entre o ataque ocorrido na universidade no Japão e a questão da indisciplina escolar?

    2. Segundo o autor, qual o papel do afeto familiar no desenvolvimento de comportamentos violentos ou indisciplinados?

    3. Como o texto aborda a importância da escola enquanto instituição social na prevenção da violência e na promoção do diálogo?

    4. Quais as propostas apresentadas no texto para lidar com a indisciplina escolar e construir um ambiente mais acolhedor?

    5. Em síntese, qual a principal mensagem que o autor busca transmitir ao conectar os eventos no Japão com a problemática da indisciplina escolar?

    ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VIII(3) "Sabedoria e Poder: Uma Reflexão Sobre as Dinâmicas do Conhecimento"

     Ensaio 


    ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VIII(3) "Sabedoria e Poder: Uma Reflexão Sobre as Dinâmicas do Conhecimento"

    Por Claudeci Ferreira de Andrade

    O acesso universal à sabedoria é uma ideia que merece uma análise crítica. A sabedoria, como afirmado em Provérbios 2:6, é um dom divino: "Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca procedem o conhecimento e o entendimento". No entanto, a construção social do conhecimento, como destacado por Foucault e hooks, sugere que a sabedoria é moldada por sistemas de poder.

    Essa discussão se amplia ao considerarmos a desigualdade no acesso à educação, tema abordado por Bourdieu. Mateus 25:29 ilustra essa disparidade: "Porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado". Isso sugere que a sabedoria pode ser inacessível para aqueles marginalizados socialmente.

    A visão eurocêntrica do conhecimento é desafiada por pensadores como Mbembe, que enfatiza a natureza situada e performativa do conhecimento. Colossenses 2:3 ressalta a diversidade de fontes de sabedoria: "Em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência".

    Finalmente, Said destaca a interseção entre conhecimento e poder. Eclesiastes 7:12 sugere que a sabedoria pode servir como um escudo contra as injustiças do poder: "Porque a sabedoria é uma proteção, como o dinheiro é uma proteção, mas a vantagem do conhecimento é que a sabedoria preserva a vida de quem a possui".

    Em suma, embora a sabedoria possa ser vista como universalmente acessível, é crucial reconhecer as barreiras e complexidades que moldam seu acesso. A sabedoria não é apenas um objeto dado, mas uma prática situada e performativa, influenciada por relações de poder e dominação. Ao considerar essas nuances, podemos buscar caminhos mais equitativos e inclusivos para a sabedoria.

    ALINHAMENTO CONSTRUTIVO

    1. Como a citação de Provérbios 2:6 se relaciona com a ideia de que a sabedoria é um dom divino? Explique a importância dessa perspectiva na compreensão da sabedoria.

    2. Com base na análise de Bourdieu sobre desigualdade no acesso à educação, discuta como a citação de Mateus 25:29 ilustra a disparidade no acesso à sabedoria.

    3. Como a visão de Mbembe sobre a natureza situada e performativa do conhecimento desafia a visão eurocêntrica do conhecimento? Use a citação de Colossenses 2:3 para apoiar sua resposta.

    4. Explique a interseção entre conhecimento e poder conforme destacado por Said. Como a citação de Eclesiastes 7:12 sugere que a sabedoria pode servir como um escudo contra as injustiças do poder?

    5. Com base no ensaio, discuta a ideia de que a sabedoria é universalmente acessível. Quais são as barreiras e complexidades que moldam o acesso à sabedoria? Como podemos buscar caminhos mais equitativos e inclusivos para a sabedoria?