"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

A PEDAGOGIA DO AMOR NO LABIRINTO DE IDEOLOGIAS. (A humanidade é infeliz por ter feito do trabalho um sacrifício e do amor um pecado" - Henrique Jose de Souza)




Crônica

A PEDAGOGIA DO AMOR NO LABIRINTO DE IDEOLOGIAS. (A humanidade é infeliz por ter feito do trabalho um sacrifício e do amor um pecado" - Henrique Jose de Souza)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Por Claudeci Ferreira de Andrade

            A educação atravessa uma situação difícil. Especialmente agora no calor das discussões sobre A escola sem partido. Então penso que a pedagogia do amor é, por assim dizer, a única arma que nos resta. A sobrevivência de alguns princípios educacionais requer AGORA a concentração de todos os nossos recursos vitais. O educador Roberto Carlos Ramos sabia que para vencer os conflitos era necessário algo mais do que armas tangíveis. Toda a metodologia e equipamento didático do mundo seriam inúteis se não houvesse um espírito de respeito e confiança mútua entre aluno e professor. Tendo isto em mente, ele apresentou o seguinte apelo pessoal em uma de suas palestras no Espaço Fama, na Cidade de Senador Canedo, a um grupo de professores municipais; para o qual, TAMBÉM tentou justificar sua teoria: “fui salvo das drogas e da marginalidade por que uma professora me adotou e me tratou com amor”. Nessas palavras a solução para todos os problemas da educação é apontada a partir da relação professor/aluno. Mas, acreditando que não podemos dar aquilo que não temos, creio que o princípio da solução apontada pela a pedagogia do amor está na relação professor/professor, ou melhor, entre colega e colega. E a razão está com Winston Churchill quando se dirigiu a um parceiro com o qual estava em desacordo: “Somos tão poucos, são tantos os inimigos e nossa causa é tão grande, que de maneira alguma podemos debilitar-nos uns aos outros”.
         Os professores podem aprender uma lição dessa experiência. Somos tão poucos, e certamente nossos inimigos também são muitos, e a grandeza de nossa causa é sem paralelo. Nossa única segurança está na unidade, a qual requer que confiemos uns nos outros.
         A palavra “amor” era muito apreciada pelo o educador Paulo Freire. Não obstante sua franqueza, o trabalho de Freire sempre tendia a edificar a educação, e nunca a prejudicá-la. Ele deixava um rasto de confiança aonde quer que fosse. Apontava os erros do sistema, como faço, mas não se deleitava em fazê-lo (como me sinto agora em redigir este texto). E o melhor, ele elogiou alguns mestres por se animarem e se edificarem reciprocamente.
         É nosso privilégio e dever zelar de nossos interesses mútuos. Proteger a reputação de alguém não requer grande esforço. Quando adquirimos este hábito, a vida torna-se excitante. Sentimo-nos bem, depois que mencionamos algo louvável a respeito de outro professor. Não custa nada defender um colega de profissão, mas o preço de difamar um profissional é muito alto. Porém devemos desejá-lo pagar condenando o mau profissional, somente mercenário.  Qual não seria o resultado se aplicássemos a pedagogia do amor a partir dessa relação colega/colega antes de tentar aplicá-la aos alunos que nos assistem vivendo mergulhados no pior dos paradoxos?
         Lembremo-nos sempre de que a mais poderosa demonstração que uma pessoa pode dar de que é um bom profissional e ético, é a manifestação de amor para com os seus colegas de trabalho, que são como parentes com quem convivemos a parte mais importante de nossa vida. Esta é a contribuição mais e maravilhosa que podemos dar em favor da educação, e viabilizará sem hipocrisia a grande pedagogia do amor tão disseminada hoje, mas ainda presa em um labirinto de ideologias.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 30/04/2009
Código do texto: T1568723


Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (Autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

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O PODER DO JARGÃO IMPRECISO ( "...Se o toque da trombeta for impreciso, qual soldado se levantará para guerra?"I CO 14:8)


CRÔNICA

O PODER DO JARGÃO IMPRECISO ( "...Se o toque da trombeta for impreciso, qual soldado se levantará para guerra?"I CO 14:8)

Por Claudeci Ferreira de Andrade
            O Lúcifer chegou à sala dos professores, logo cedo, numa sexta-feira 13, daquelas “soltas”, personificado em coordenador e, exercendo a pedagogia do inferno, disse:
          — Levantem-se todos e fiquem calados para um momento de reflexão antes das aulas deste dia! – a  sua voz era gutural, assustadora e mostrava determinação.
           Então, solicitaram-me para ler aquele texto de autor desconhecido, previamente impresso em folhas coloridas para melhor seduzir os presentes gostos variados. Então, dizia o tal texto: “... Temos que fazer a limpeza de nossa casa sempre, tirando os pensamentos ruins e substituindo por bons. Não devemos deixar que marcas de ofensa, de solidão e de abandono, grudem em nossa casa, porque quanto mais tempo demorarmos em limpar mais difícil será para tirar a sujeira. Por isso comece hoje mesmo a limpar a sua casa.” E finalizaram a “acolhida” pedindo outro para recitar a oração do Pai-Nosso!
          Sua equipe, também de anjos caídos, ficou em posição estratégica e exibia uma expressão intimidativa e ameaçadora. Mas, simpaticamente continuou Lúcifer:
          — Aqui temos uma “dupla angelical” para capacitar cada grupo de professores, então vamos organizar da seguinte forma: Ogum e Samuel irão com os que vão “dar aulas”; Oxossi e Anael trabalharão com os que vão “tapar buraco”; Ibeji e Rafael ficarão com os que “estão de janela”; os que estão com “aula dobrada” deverão acompanhar a “dupla pedagógica”, Xangô e Miguel; Obaluaiê e Gabriel vão orientar os que estão “subindo aula” ou “descendo aula”; se alguém está “ficando de três” ou "de quatro" é com Oxumaré e Azrael; Nanã e Saquiel levarão os que não sabem “onde vão entrar”; Omulu e Cassiel ficam comigo para organizarmos o segundo horário. – Satanás reservou para si, naquela manhã só os “CDFs”!
           Vi aqui, um ponto interessante dessa classe demoníaca é o jargão que hoje impressiona tanto a “santos” como a “pecadores”. A origem grega da palavra consciência indica que “os homens têm a faculdade que os habilita a julgar seus próprios pensamentos, palavras e ações”. Mesmo assim, “os técnicos” e “pensadores” do sistema educacional encontram-se perdidos em meio a tantos lugares-comuns que não se reservam ao “exercício” das suas expressões de efeito, nem mesmo na presença dos “gentios” (alunos) que apenas fazem a noção do geral e pode lhes causar mal. Intoxicar. 
          Que o Capeta e os grevistas da educação expliquem-me o que Diabo significa "repor aula"! Como é possível tornar a pôr o que nunca foi posto? Se o toque da trombeta for impreciso, qual soldado se levantará para guerra?
         
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 29/04/2009
Código do texto: T1565842

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O PROFESSOR DE CORAÇÃO (Por que o sistema educacional público não tolera a qualidade?)




CRÔNICA

O PROFESSOR DE CORAÇÃO (Por que o sistema educacional público não tolera a qualidade?)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

         Eu confesso para vocês que no papel de professor, Há em mim algo relacionado com o esforço feito de todo o coração que produz esta crônica. Um atleta maratonista em plena prova pode ter esplendida habilidade, resistência e sincronização, mas se não tiver cem por cento de vontade para vencer, é bem provável que será deixado para trás! Minha vontade aqui é meu êxito! E a sua também é exitosa. 
          Em meu esforço para produzir este texto, quero declarar o quanto sou “leal” ao magistério quando dezenas de outros professores, travestidos de mestre, abandonam-no. E lhes digo mais, Essa mesma inteligência franca é necessária em nossa relação financeira com a educação, ou seja, dando o nosso melhor para conquistar o salário digno, sem fazer disso toda finalidade do mesmo, o "Cavalo de Tróia".
         É apropriado que os professores em todas as reuniões reclamem de salário? Deveríamos concordar com os profissionais da educação que não empregam sua melhor experiência técnica de ensino por julgar que o sistema não lhes paga bem?
         Por certo, nenhum professor deveria fazer do dinheiro o seu único tema profissional, como também não deveria exceder-se em outros assuntos de somenos importância, Tipo: evasão escolar, uso de uniforme, nota de aluno, com a exclusão de outros temas extremamente  importantes e urgentes, como: qualificação do profissional, sobre tudo sem abrir mão da qualidade. Senão, os professores estariam abreviando seu magistério ou vamos continuar desperdiçando boas oportunidades para guiar o alunado aos verdadeiros problemas da educação e apresentar aos aspirantes ao magistério a devida relação entre “aquela indisposição” e o salário de educador? Nos grandes compêndios que tratam do comportamento profissional do professor, metade deles toca na questão de salário baixo como um fator desestimulador. Outro dia, ouvi através da rádio CBN, um comentário sobre “o apagão na educação”, era uma previsão de que em breve, faltará professor no mercado. Devido à falta de incentivo financeiro e às adversidades disciplinares em sala de aula. Isso demonstra que os intelectuais reconhecem a importância da perspectiva educacional do dinheiro. Porém, será mesmo que está faltando verbas para a educação? Ou só não chegam à escola. A CPI da merenda é o quê?
         Falo por mim, como profissional da área, dedico a vida ao sistema educacional. Dissemos-lhes na colação de grau do curso de licenciatura o seguinte juramento: “ofereço-lhes uma dedicação de todo meu coração”. Mas, a maior parte do coração da maioria está na carteira, pois o dinheiro que se acha ali representa a energia que impulsiona à iniciativa e à criatividade dela. Se o sistema não é o recheador de nossa carteira, estamos em “greve” circunstancial. Talvez a educação não nos paga bem, não porque não tenha verbas, mas porque não nos quer bem.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 28/04/2009
Código do texto: T1565129

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28/04/2009 19:58 - josé cláudio Cacá
dispensa comentários de tão lúcido e certeiro. Paz e bem.

TIRADORES DE COURO ("Os homens prudentes sabem sempre tirar proveito dos atos a que a necessidade os constrangeu." — Maquiavel)


CRÔNICA

TIRADORES DE COURO ("Os homens prudentes sabem sempre tirar proveito dos atos a que a necessidade os constrangeu." — Maquiavel)

Por Claudeci Ferreira de Andrade


         Era um sábado de manhã, eu estava em um curso de capacitação para professores da educação de jovens e adultos em Senador Canedo. A palestrante projetou um quadro estatístico no telão, revelando que a maioria dos nossos alunos da EJA trabalhava como “tiradores de couro”. Fiquei pensando, será que essa habilidade refinada poderia ser uma vantagem para nós, professores?

Lembrei-me da história bíblica de Moisés, que com uma simples vara realizou milagres diante de Faraó. Sansão, com uma queixada, provocou a ruína dos filisteus. Davi, com um seixo, desbaratou um exército. Pequenas coisas usadas para grandes propósitos. E nós, professores, não estamos sendo cobrados para realizar milagres com um simples giz ou caneta?

A cada um de nós são proporcionadas pequenas coisas, e podemos fazer um bom uso desses simples objetos, empregando-os para os propósitos da boa educação de nossos adultos trabalhadores. Mas, como começar a trabalhar para uma EJA eficiente? Como ajudar esses “tiradores de couro”?

Então, decidi começar a aula de hoje conjugando o verbo, no presente do indicativo: eu esfolo, tu esfolas, ele esfola, nós esfolamos, vós esfolais, eles esfolam. Mas, será que estamos tirando o couro de quem já está “esfolado”?

No final das contas, percebi que não importa se somos professores ou “tiradores de couro”. O que realmente importa é a nossa capacidade de transformar pequenas coisas em grandes propósitos, assim como Moisés, Sansão e Davi fizeram. E, quem sabe, talvez possamos até realizar alguns milagres ao longo do caminho.

Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 27/04/2009
Código do texto: T1563168

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PROFESSOR VAGABUNDO ("Posso não ser insubstituível, mas sou inalcançável!" Lizandro Rosberg)*


CRÕNICA

PROFESSOR VAGABUNDO ("Posso não ser insubstituível, mas sou inalcançável!" Lizandro Rosberg)*

Por Claudeci Ferreira de Andrade


          Em uma aula de Língua portuguesa, na sexta-feira, longe de minha residência, eu aplicava minha proposta pedagógica daquele dia:  era procurar, num quadro de caça-palavras, valores humanos. Todas as palavras que deveriam ser encontradas denotavam atributos de um bom caráter. Mas, ali, perante muitos gritos e desordem, pois era assim que se comportavam normalmente naquela sala de sexto ano, alguns conseguiram terminar a tarefa a tempo. Um aluno que não estava fazendo “nada”, daqueles “atentados”, que não se aquieta na sala e mexe com todo mundo, empurrou umas colegas para fora da classe, segurou a porta do lado de dentro e diabolicamente gritava:
         — Prossor, prossor, prossor, oia aqui, as minas está fora da sala!
         Eu me aproximei dele, e com voz de quem tinha alguma autoridade, o chamei de vagabundo e fi-lo sair dali puxando pelo braço. As meninas entraram, e ele saiu da sala arrogantemente, pisando duro, fazendo ameaças de  me denunciar à secretaria de educação. Logo, na aula seguinte, na mesma sala, porque eram duas seguidas, uma das meninas num espírito de gratidão, mostrou-me, na contracapa de um minidicionário da escola, que circulava entre eles, a frase: “Claudeci é viado” (sic). No recreio, meu colega, daqueles provocadores de discórdia, comentou que o “fulaninho de tal” iria me denunciar. Alguém mais ali, para me amedrontar, disse:
         —E os mininu aqui denuncia mermo!
         Eu, maquela aflição, tentei me justificar para mim mesmo, por ter chamado o aluno de vagabundo. Então repeti a lembrança de quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chamou os aposentados, em rede nacional, de vagabundos, por isso esse vocábulo recebeu um tratamento especial, uma nova extensão semântica agregou-se a ele, pois o próprio FHC era um professor aposentado. Como deveriam se comportar os aposentados diante do adjetivo lhes conferido, nessa circunstância? E o missionado aluno? Para responder a estas perguntas, perguntemos primeiro: Que matou a Cristo? Foi o pecado. E não teria de ser necessariamente o pecado do mundo todo. Se houvesse um só pecado, o Professor dos professores teria aceitado a culpa, e esse único pecado ter-Lhe-ia custado a vida. Eu sou o vagabundo que tentou transferir para o aluno, minha incompetência. E agora tão vagabundo que ainda tirei tempo do "nada" para escrever esta crônica de autoflagelação: uma reflexão de minha prática docente; e olha que já fui “lotado” em muitas escolas do município! Jogado daqui para Lá e de lá para cá! Não por ser incompetente, mas vagabundo assim, Talvez seja porque trabalho com carga horária mínima! 
         Conta-se uma história que um jardineiro na índia estava trabalhando no campo quando foi mordido na mão por uma das serpentes mais venenosas que existem. Ele sabia que não havia soro algum contra a peçonha inoculada por ela. Sabia também que, mesmo que houvesse, não teria tempo para tomá-lo, pois dentro de poucos minutos o veneno atingiria o seu sistema nervoso central, causando-lhe a morte. Então, deliberadamente, apoiou o braço no tronco de uma árvore e, brandindo a lâmina do facão, decepou a própria mão. Seus amigos ouviram os gritos emitidos por ele e foram correndo ajudá-lo a estancar o sangue. E concluíram que sua ação imediata e decisiva salvou-lhe a vida.
         O título desta crônica já me pune o suficiente. Mas, quem se importa, se um professor decepar sua mão ou perder a moral? Se quando morre um, imediatamente outro ocupa seu lugar funcional.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 25/04/2009
Código do texto: T1559466

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22/05/2012 01:30 - Leandro [não autenticado]
Realmente, a cada dia que passa, o país vive uma realidade da qual só temos de nos envergonhar. E se pensar que, outrora, o lar foi uma das instituições mais importantes para formar e preparar um ser para vida. Hoje, penso que um dos maiores assassinos da cultura e da própria educação são os próprios pais de alunos como esses que simplesmente pensam que o dever de formar um cidadão é do professor e da escola, comprovando a instabilidade em que vivem a maioria dos lares país afora. Para dizer a verdade, ser professor é um dom e, através dessas palavras confesso que admiro a maioria de vocês pois, mesmo lidando com essas adversidades, ainda acreditam que proporcionar o conhecimento é a única forma de contornar essa situação lastimável.



09/08/2009 09:17 - ALEXANDRE MOHOR
Você, professor, está no lugar exato da curva da História. É pela educação que estão nos matando. E vocês são a peça chave dessa chacina. Assim como todo invasor, por toda a História, destrói e humilha a cultura local para poder dominar. Os pais, como mini-soldados, são cúmplices ao não participarem nem das reuniões (a maioria, não todos...). E vamos caminhando e cantando...como se nada estivesse acontecendo. FHC foi uma decepção para mim. Ele no poder, com Rute, eu tinha certeza que pelo menos educação melhoraria. Mas já cri em PMDB, Lula e agora penso em Gabeira e Marina. Mas já não me iludo... Só nos resta lutas locais. A Resistência Francesa. Um pouco aqui, um pouco ali. Não conseguimos vencê-los. Mas impedimos que eles vençam. Um abraço. Continue...




02/07/2009 23:52 - Rutinha
Amigo professor,li alguns textos seus e confesso fiquei sua fã! Abraço da Rutinha

PEDAGOGA SOLIDÁRIA ("O solidário é a sombra de Deus." — Álvaro Santestevan)




CRÔNICA

PEDAGOGIA SOLIDÁRIA ("O solidário é a sombra de Deus." — Álvaro Santestevan)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Li o pensamento de Rita Nobre: "Quem não é solidário, é sempre um solitário". Esta era minha situação! Estive doente com dengue tipo clássico. Passei por médicos vez após vez, inclinando-me numa agonia que minha língua não podia descrever no momento. Sofrendo os sintomas da doença e também da solidão! Sobretudo, vi muitos doentes em situações similares à minha nos POSTOS DE SAÚDE por onde passei: no do Novo Mundo, das Amendoeiras e da Chácara do Governador, lugares onde tive tomando soro de reidratação, pois estava ardendo em febre e em depressão. Pensei na justiça divina, e o braço forte de uma professora amiga surgiu para me ajudar, revelou-se forte para me assistir. Era apenas uma professora pedagoga sem obrigações profissionais a meu respeito, apenas colega. Todavia quero homenageá-la, porque foi a ideal para mim, também naquela ocasião.
           É possível que a escola se reservasse em festa especial para homenagear os pedagogos. Assim, como faz no dia do professor, no dia da merendeira, no dia do gestor, no dia do estudante; mas ainda não o fez, e não é difícil distinguir a importância do papel funcional de um pedagogo entre as atividades docentes. Alguns são apenas "profissionais", quando exercem a função de coordenador, estes souberam me cobrar serviço até aqui, porém  de nenhum deles brotou uma palavra amiga em minha enfermidade. Talvez uma homenagem assim será atribuída a muitos que não merecem. Virão muitos sem as vestes apropriadas – o manto adquirido por ser solidário.
           Aqueles a quem me dirijo podem se emudecer. Sabem que minhas palavras são oportunas. A verdade é que tocar o sino para a troca de professores, inspecionar diário de classe, sugerir que façamos projetinhos de leitura e de teatro e defender alunos “bonzinhos” das garras de professores “cruéis” é muito pouco! Quem sabe visitar também os doentes da comunidade interna. Mas muitos não têm a apólice que lhes asseguraria a dignidade para um dia exclusivo de homenagens. Cheios de autossuficiência, eles esperam estar bem com sua consciência. Mas, no futuro, os espelhos de detecção revelar-lhes-ão o bem que deixaram de fazer à educação, não realizando, também, um trabalho humanitário e cristão.
           Hoje, ouço dos trementes lábios dos seletos pedagogos aposentados da educação as dolorosas palavras:
           —“Nós ensinamos, demos nossa vida pela a educação e ninguém se lembrou do nosso dia de homenagem!” (20 de maio).
           O que lhes faltou não foi profissionalismo, mas sim o dom da solidariedade. Que me perdoem os outros dignos, mas destaco a professora Lourdinha que me ensinou a solidariedade fazendo-me provar de sua bondade. Agora meu lema é: "como poderia eu deixar de amar quem me ama tanto!"   

Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 24/04/2009
Código do texto: T1558155

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OLIM(PÍADA) "TRAGICÔMICA" (Crônica humorística - No transporte coletivo urbano)

CRÔNICA

OLIM(PÍADA) "TRAGICÔMICA" (Crônica humorística - No transporte coletivo urbano)

Por Claudeci Ferreira de Andrade


         Começou uma movimentação já bastante vivenciada no ponto do ônibus para a cidade de Senador Canedo, dentro do Terminal Novo Mundo, às 17h. Os que estavam saboreando sorvete trataram de consumi-lo rapidamente, quem comia espetinho fez o mesmo. Levantei-me depressa do pé da grade divisória, onde estava sentado, pois estava tão cansado que até me dispus a levar algumas cotoveladas em troca de um assento qualquer ali dentro do ônibus. Que pena, foram só cotoveladas, as cadeiras já estão ocupadas! Agora, como um saco de pancadas para treinamento de boxeadores, levei pontapés, também. Ainda no "bolo de massa compacta", observei um cidadão dominado pelo espírito desportista. Era um jovem que resolveu continuar com seu sorvete empunhado, apenas o levantou para não esfregá-lo em ninguém, parecia um atleta conduzindo a Tocha Olímpica; foi abrindo caminho e, então, aproveitei o vácuo! Observei o sorvete derretendo rapidamente e visto que não queria perder uma só gota, sequer, do caldo rosado e delicioso que escorria primeiro pela sua mão, depois punho abaixo, destarte, resolveu abaixar o braço repetidas vezes para lambê-lo, trocava de mão e fazia o mesmo. Pensei: este tipo de flexão de braço é recomendado e praticado nas melhores academias da capital, deve balancear as calorias ingeridas do sorvete! Desta forma, finalmente entramos no veículo. Logo na curva de saída do terminal, vi o jovem jogar o resto do sorvete pela janela, porque precisava das duas mãos para se segurar firmemente. O ônibus foi manobrado com alta velocidade para um lado e nós fomos jogados para o outro. Para mim, agora, o jovem tornou-se um Halterofilista, levantando os seus, mais ou menos, oitenta quilogramas de massa corporal.
         Depois de dez minutos de viagem, começou um chuvisco, todos os passageiros das janelas levantaram-se para fechar os vidros, assim, num movimento harmonioso, como uma equipe de nado sincronizado! Dentro da nave, o ar ficou grosso e pesado, mas, talvez daqui, sairão alguns bons mergulhadores, aqueles que conseguirem sobreviver com baixa taxa de oxigênio e por cima, exercitando-se fortemente. Lá da frente, um atleta de tiro ao alvo resolveu dar o “tiro” da misericórdia, ao lado do motorista, antes da catraca, ele começou sorrir debochadamente. Logo a onda do riso foi andando para o fundão. Parecia uma competição de gargalhadas. Não demorou muito para alguém assumir o papel de treinador e gritar:
         — Respirem fundo para acabar logo o aroma.

         A chuva passou, ouvi uma sinfonia de vozes fracas de sufocados. Pareciam estar longe:
         — Abre logo os vidros se não vamos morrer! – eram as vozes dos que estavam no corredor da "morte".
         Então a equipe sincronizada levantou os braços de uma só vez e abriu as janelas. Eu, maratonista frustrado há muitos anos, perguntei-me. Quais desses tipos de exercícios são ideais para mim? Olhei para a tripulação, ninguém estava quieto na academia ambulante. Era um quebra-molas que nos fazia pular, ora uma curva acentuada que nos empurrava para os lados, ora uma depressão asfáltica que nos forçava outras flexões de pernas, ora uma acelerada, uma freada brusca...
         Concluí, então, que o segredo, para nosso sucesso naquela malhação, consistia apenas em fazer resistência a desorientada força da inércia. Estávamos quase chegando à Morada do Morro, quando escutei o motorista falar que estava atrasado, foi aí, lembrei-me que sempre tive que correr para viajar nos ônibus que quase sempre estão saindo. Somando essas corridinhas já se foram muitos quilômetros neste mês, ufa! Porém, estava relaxado e feliz porque teria massagem por mais três minutos consecutivos. A senhora obesa que me empurrava para lá e para cá resolveu mudar sua sacola de posição, mas continuaria esfregando em minhas pernas seus produtos congelados. Que “pena”! Desfalquei a comitiva no décimo ponto daquela linha.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 24/04/2009
Código do texto: T1558143

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