"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

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MINHAS PÉROLAS

domingo, 14 de agosto de 2022

CONTROLE VIRTUAL ("O homem que não sabe dominar os seus instintos, é sempre escravo daqueles que se propõem satisfazê-los." — Gustave Le Bon)

 


CONTROLE VIRTUAL ("O homem que não sabe dominar os seus instintos, é sempre escravo daqueles que se propõem satisfazê-los." — Gustave Le Bon)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A educação apelou loucamente: a frequência vale nota, mas as aulas não são presenciais? O movimento dos alunos na internet, através de links recomendados, é simulado como presença. A grande questão é: e se o aluno participa virtualmente, mas não entrega as atividades propostas, ele será promovido? Se não, como justificar uma possível reprovação se ele, mesmo entregando atividades erradas, “estava presente” virtualmente? Não se pode controlar ninguém no ensino a distância, ainda mais quando as mentiras são facilmente justificáveis.

Em meio a esse caos, no mês do azar — agosto pandêmico —, o pagamento da maioria dos professores do estado veio errado, prejudicando a todos. É notável que erros nunca beneficiem os funcionários, e que o contracheque de quem cometeu a falha não tenha problema algum. Ele se beneficia de alguma forma.

Nesse novo cenário, os bimestres deram lugar aos ciclos, e o professor é obrigado a elaborar um portfólio, trabalhando mais. A situação se inverteu: professores são avaliados por alunos e pais, e o aluno se autoavalia. É o retrato mais fiel da inversão: o aluno virou juiz, e o professor, réu.

Pais se transformam em avaliadores ocasionais, baseando-se mais no humor do filho do que no mérito do ensino. O mesmo estudante que não cumpre tarefas assume a caneta da sentença, enquanto o professor, exaurido, precisa justificar cada decisão como se fosse um réu em um tribunal improvisado. É como se um paciente desse notas ao cirurgião antes mesmo de sair vivo da mesa de operação. O resultado é um teatro onde o mérito se dissolve na popularidade, e a exigência se confunde com opressão.

Tudo isso é apenas uma extensão do que já acontecia no velho normal: um barbarismo total. Todos os dias, um aluno com uma folha da secretaria pedia trabalho de dependência. Isso já era uma prova de incoerência: o estudante, que já havia atrapalhado suas próprias aulas, agora atrapalhava a dos outros.

A direção ainda cobrava qualidade do professor no trabalho extraclasse, nas horas de descanso, no refúgio da família. Aí o professor cobrava a atividade, e o aluno dizia: “Num vim, num fiço”, e ficava por isso mesmo. A culpa era do professor, que não dera nota favorável em trabalhos anteriores. O castigo da recuperação sempre recaía sobre o professor. É por isso que, hoje, os professores do novo normal já não deixam seus alunos de recuperação.


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O texto que acabamos de ler é uma crítica muito rica e cheia de provocações sobre a educação e a sociedade. Para continuarmos nossa reflexão sociológica, preparei cinco questões que nos ajudarão a aprofundar as ideias apresentadas.


1 - O texto descreve uma situação em que a "frequência vale nota", mas é baseada na participação virtual. Na sociologia, como podemos analisar a diferença entre a presença física e a presença digital no ambiente escolar e quais são os impactos sociais dessa mudança na dinâmica de poder entre professor e aluno?

2 - O autor utiliza a metáfora "o aluno virou juiz, e o professor, réu" para descrever a inversão de papéis na educação. Discuta como essa subversão da hierarquia tradicional afeta a autoridade do professor e a percepção de mérito e esforço por parte dos estudantes.

3 - O texto argumenta que a prática de pais e alunos avaliarem professores, em vez de se basearem em méritos, está alinhada ao "humor do filho". De uma perspectiva sociológica, como a popularidade e a subjetividade na avaliação podem comprometer a qualidade do ensino e a seriedade da profissão docente?

4 - A crítica do texto sugere que as problemáticas do "novo normal" no ensino são apenas uma extensão do "velho normal". Analise, à luz da sociologia da educação, a ideia de que a progressão parcial e a cobrança excessiva de trabalhos extraclasse já indicavam um sistema educacional que priorizava a aprovação em detrimento do aprendizado real.

4 - O autor conclui que, no cenário atual, o professor já não deixa alunos de recuperação. Explique, sob a ótica das relações de poder e de trabalho, por que essa decisão, embora pareça benéfica para os alunos, na verdade pode ser uma forma de autoproteção do professor diante das pressões administrativas e das expectativas dos pais.

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sábado, 13 de agosto de 2022

LIVRE-ARBÍTRIO SE APRENDE NA ESCOLA ("O professor só pode ensinar quando está disposto a aprender."— Janoí Mamedes)

 


LIVRE-ARBÍTRIO SE APRENDE NA ESCOLA ("O professor só pode ensinar quando está disposto a aprender."— Janoí Mamedes)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Quando alguém tem um conceito distorcido sobre qualquer aspecto da vida, todas as suas outras ideias acabam comprometidas. Como um "terraplanista" cristão pode convencer alguém de que “Jesus voltará nos ares e todo olho o verá”? Para sustentar tal ideologia, precisará recorrer a justificativas frágeis. Da mesma forma, que credibilidade tem um professor fumante e alcoólatra ao aconselhar: “Não faça o que eu faço”? Essa contradição, por si só, já o descredencia.

O conhecimento influencia o comportamento, assim como o comportamento molda o conhecimento; quando ambos se entrelaçam de forma incoerente, tornam-se inúteis. Somos definidos tanto por nossas ações quanto por nossas palavras. Aprende-se mais pelo exemplo e pela prática. “A árvore boa dá bons frutos, e os frutos bons revelam a bondade da árvore.”

A verdadeira liberdade de escolha só existiria se não houvesse possibilidade de arrependimento pelo que decidimos. O livre-arbítrio, portanto, é uma ilusão. “O satanás ensina isso, porque as pessoas também querem ser Deuses.”

Quando a ilusão do livre-arbítrio se infiltra na educação, cria-se o estudante que se acredita soberano, julgando-se autorizado a decidir quando aprender, o que respeitar e até a quem obedecer. Nas salas de aula, isso se traduz no aluno que negocia notas como se fossem mercadorias, que exige aprovações automáticas e que se recusa a cumprir tarefas porque “tem direito” a passar de ano. Nesse cenário, o professor deixa de ser mestre para se tornar refém das vontades do discente, temendo represálias de pais e gestores que, em vez de mediar, acatam as demandas mais absurdas. A hierarquia natural do saber é subvertida, e a autoridade do educador, que deveria ser instrumento de crescimento, é tratada como obstáculo a ser removido.

No campo da educação, o maior equívoco é tratar o aluno como patrão do professor. É “abominável a escrava que toma o lugar da sua senhora”! Mas o problema não se limita à metáfora bíblica: ele se materializa no cotidiano, quando a palavra do professor é constantemente colocada em dúvida e o mérito acadêmico é trocado por um falso conceito de inclusão. Ainda há quem jure que “paga” o meu salário, ignorando que, se um aluno da rede pública custa ao Estado 3 mil reais por ano, sou eu — e todos os demais contribuintes — quem financia a sua permanência ali. O termo “dar aula” torna-se irônico, pois, no fundo, pagamos para trabalhar, e, não raramente, para sermos maltratados por aqueles que deveriam ser nossos parceiros no processo educativo. No fim, a educação se transforma num campo onde até quem planta é impedido de colher, e onde a colheita, quando vem, já está contaminada pela indiferença e pela ingratidão.


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O texto que acabamos de ler é uma crítica muito rica e cheia de provocações sobre a educação e a sociedade. Para continuarmos nossa reflexão sociológica, preparei cinco questões que nos ajudarão a aprofundar as ideias apresentadas.


1 - O autor defende que a coerência entre o que se diz e o que se faz é fundamental para a credibilidade, usando o exemplo do professor fumante e alcoólatra. Na sociologia, como podemos analisar a importância do exemplo e da prática na formação das normas sociais e no processo de socialização?

2 - O texto aborda a ideia de que a crença no livre-arbítrio, quando mal interpretada, pode levar o aluno a se ver como "soberano" na sala de aula. Discuta como essa atitude impacta a hierarquia natural do saber e o papel da autoridade do professor como facilitador do aprendizado.

3 - O texto compara a relação professor-aluno a uma situação onde "a escrava que toma o lugar da sua senhora". Pensando nas relações de poder na sociedade, como a subversão da autoridade do professor pode ser um reflexo de mudanças mais amplas nas estruturas sociais e familiares?

4 - O autor critica a troca do mérito acadêmico por um "falso conceito de inclusão". Explique, a partir de uma perspectiva sociológica, as possíveis consequências para a qualidade da educação e para a valorização do conhecimento quando o mérito individual é desconsiderado em nome de outras prioridades.

5 - O texto conclui que o professor, no sistema de ensino público, "paga para trabalhar" e é "maltratado". Com base nas ideias apresentadas, analise como o financiamento da educação (pago pelos contribuintes) e a dinâmica de sala de aula (com a "indiferença e ingratidão" dos alunos) criam um cenário de desvalorização profissional.

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FORMADOR DE OPINIÃO ("Eu prefiro ser uma metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo..." — Raul Seixas)


FORMADOR DE OPINIÃO ("Eu prefiro ser uma metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo..." — Raul Seixas)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O Brasil, ao que parece, compactuou com a China: "O dragão baforou em São Jorge sem máscara!". A vida e seus eventos são, em essência, previsíveis, pois se não fossem, não existiriam profetas. Nesses cenários, as supostas "vitórias" muitas vezes se resumem a empates, e até mesmo os cegos conseguem perceber as tendências ao ouvir os noticiários.

O pacto entre Brasil e China, mais do que comercial, é simbólico. O "dragão" exala sua influência enquanto fingimos ignorar o cheiro. Essa metáfora ilustra um país que, em vez de defender-se, se encanta com o brilho efêmero de festas e celebrações, surdo ao perigo iminente. Seguimos comemorando sem ponderar o custo, como se a fumaça fosse perfume e a centelha, uma bênção. A cumplicidade silenciosa do povo é o verdadeiro "vírus", do qual nenhuma quarentena pode nos proteger. Entre o altar e o mercado, escolhemos o barulho, para depois nos surpreendermos quando a fatura chega.

Em meio a essa realidade, o povo irreflexivo insiste em homenagear santos com nomes brasileiros. Essa adoração, cheia de estampidos de bombas, me entristece. Afinal, sou como um cachorro: detesto o barulho. Uma dica: por que não usar esse dinheiro em um churrasco? É muito melhor saborear a comida do que queimá-lo em algo que só perturba. O churrasco, pelo menos, cheira bem. Até mesmo São João, do mesmo oratório de São Jorge, parece ter se afastado, mantendo-se em quarentena.

É preciso acordar, POVO ORELHUDO! A solução seria criar "vacinas contra a burrice" e contratar o Papai Noel para distribuí-las.

Contudo, ao pensar nisso, chego a uma conclusão: "O MAIOR BURRO AQUI, SOU EU". Por causa dessas opiniões, muitas pessoas que costumavam falar comigo se afastaram, temendo serem associadas às minhas ideias.

Para esses "observadores da vida alheia e juízes da aparência", tenho uma resposta: quando alguém concorda prontamente comigo, já começo a desconfiar que estou errado. Por isso, e para a segurança dos meus adversários, não aceito discípulos. Chefe é quem gosta de puxa-saco. Eu, sou formador de opiniões.


Questões de Sociologia - Ensino Médio

Análise do Texto: FORMADOR DE OPINIÃO


Questão 1 - Relações Internacionais e Dependência

O autor menciona que "O Brasil compactuou com a China" e usa a metáfora do "dragão que bafora em São Jorge sem máscara".

Explique com suas palavras:

a) O que essa metáfora representa sobre a relação entre Brasil e China?

b) Como você interpreta a expressão "cumplicidade silenciosa do povo"? Dê um exemplo atual dessa situação.

Questão 2 - Cultura Popular e Alienação

O texto critica as festividades populares, sugerindo trocar "fogos por churrasco" e chamando o povo de "irreflexivo".

Reflita e responda:

a) Qual é a crítica social que o autor faz às tradições populares brasileiras?

b) Você concorda que as festividades podem ser uma forma de alienação? Justifique sua resposta com argumentos sociológicos.

Questão 3 - Isolamento do Intelectual Crítico

O autor confessa: "O MAIOR BURRO AQUI, SOU EU" e relata que pessoas se afastaram dele por causa de suas opiniões.

Analise:

a) Por que pensadores críticos muitas vezes se sentem isolados na sociedade?

b) Explique a frase "quando alguém concorda comigo, já penso que estou errado". O que isso revela sobre o processo de formação de opinião?

Questão 4 - Manipulação e Consciência Social

O texto sugere criar "vacinas contra a burrice" e critica o "povo orelhudo".

Discuta:

a) O que o autor quer dizer com "vacinas contra a burrice"?

b) Como a educação pode ser um instrumento de transformação social segundo essa perspectiva? Dê exemplos práticos.

Questão 5 - Liderança e Formação de Opinião

O autor se define como "formador de opiniões" e rejeita ter "discípulos", diferenciando-se de um "chefe que gosta de puxa-saco".

Explique:

a) Qual é a diferença sociológica entre um "líder" e um "formador de opinião" segundo o texto?

b) Por que o autor considera perigoso ter pessoas que concordem facilmente com suas ideias? Relacione sua resposta com conceitos de pensamento crítico e democracia.

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CONFORMADO COM A INUTILIDADE HUMANA ("O certo muitas vezes é o errado conformado." — Renato Freitag)

 


sexta-feira, 12 de agosto de 2022

NEM CÂNCER, NEM CORONAVÍRUS CONSEGUIRAM POR ORA ("Deus é um desespero que começa onde todos os outros acabam." — Emil Cioran).



 

NEM CÂNCER, NEM CORONAVÍRUS CONSEGUIRAM POR ORA ("Deus é um desespero que começa onde todos os outros acabam." — Emil Cioran)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Estou com uma cicatriz vertical na barriga — resultado de uma facada simbólica, em solidariedade ao presidente Bolsonaro, embora em contextos totalmente distintos. A minha, feita por um profissional, foi a porta de entrada para a remoção do câncer no intestino. Ainda assim, queria ter certeza de que não foram vocês — os olhares, os silêncios, os desgostos — a motivação para que a inflamação se tornasse tão agressiva. Por tanto tempo estive negligente, alheio ao próprio corpo, até que fui despertado por uma anemia severa. O alarme soou: sangue nas fezes. Procurei um médico, e a biópsia confirmou o diagnóstico — "Adenocarcinoma", localizado na vertical do intestino grosso direito. Era o início de uma jornada dolorosamente consciente. "Ah, mas é um tipo comum, tem tratamento!", disseram. Tratamento que consistia em uma cirurgia (colectomia) e um rigoroso ciclo de quimioterapia. No meu caso, doze sessões, cada uma com um infusor por 48 horas, completando o ritual terapêutico. Mesmo sendo uma bombinha diferente a cada sessão, confesso: apaixonei-me por elas.

Minhas relações sociais ruíram. Afastei-me do trabalho — sou professor concursado da rede estadual — e, com isso, vieram os burburinhos. Alguns poucos colegas lamentavam, solidários à dor; outros tantos respiravam aliviados, pois o crítico incômodo do sistema educacional parecia prestes a se calar.

Os efeitos colaterais me impediam de pensar com clareza, mas não deixei de ler e escrever. Pela internet, buscava formas de amenizar os sintomas. Para desintoxicar o fígado e abrir o apetite, tomava Silimalon. Era reconfortante sentir fome novamente. O chá de canela aliviava as náuseas; o açafrão, as dores nas articulações e o cansaço nas pernas. A boca queimada, a mucosa dormente, o desvio de paladar — combati tudo com glutamina. Para conter a queda de cabelo, recomendaram alimentos ricos em zinco e cobre, e assim aumentei o consumo de carnes vermelhas e brancas, sempre cozidas. Evitava bebidas quentes ou geladas, pois provocavam choques térmicos, como se eu fosse feito de fios desencapados. Água era essencial, mas não me apetecia. Venci essa aversão com suco de cebola — e, assim, reaprendi a beber, por dentro e por fora.

Minha alegria era ouvir das pessoas que eu nem parecia doente. O espanto delas me fazia mostrar, com um misto de vaidade e exaustão, a cicatriz na barriga e o cateter implantado no ombro direito — prova de que nada disso era em vão. Uma nutricionista do Cebrom recomendou um suplemento da Nestlé (Impact), e ganhei alguns quilos. Com eles, vieram a aparência de bem-estar e uma performance mais convincente. Após dois meses de Noripurum Fólico, a anemia desapareceu por completo. As plaquetas ainda estavam baixas, comprometendo minha imunidade, mas contornei isso com mel, geleia real e pólen. Curiosamente, nem gripe tive. Apesar de estar no grupo de risco — idoso, imunossuprimido e em tratamento —, uma tomografia revelou que meus pulmões estavam seriamente comprometidos, porém sem nenhum outro sintoma de COVID-19. Acredito que os corticoides, usados contra as reações alérgicas à quimioterapia, deram conta do recado.

Não bastasse o corpo ferido, os fantasmas que me visitam agora não são os da morte, mas os da dúvida — mais traiçoeiros, mais silenciosos. Eles sussurram no escuro: "E se tudo voltar?", "E se nunca tiver ido?". Esses espectros psíquicos, que se alimentam da espera, me encontram desprevenido, desarmado, sem os manuais da fé que antes me sustentavam. A cicatriz que carrego virou cicatriz também na alma: lembro que fui forte, mas não sei se ainda sou. Refaço exames, mas o medo que me invade não cabe em laudos. Porque sobreviver, às vezes, cobra mais caro que adoecer.

No dia 30 de março, seis meses depois, recebi a última aplicação da quimioterapia. Agora começa a maratona de exames que comprovarão, ou não, minha cura. E com ela, voltam os fantasmas. Psicologicamente, não estou pronto para enfrentá-los de novo. Medo, insegurança, desconfiança. Quero a cura confirmada. Por isso, farei todos os exames recomendados. Que a doença saia de mim — e eu dela. E, apesar de tudo, valeu pela experiência.

"Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio." (2 Timóteo 1:7).


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O texto que acabamos de ler nos oferece uma perspectiva muito pessoal e dolorosa sobre a experiência de um professor com o câncer. Embora seja uma história individual, ela nos convida a refletir sobre questões sociais importantes que a Sociologia estuda. Com base nisso, preparei cinco questões discursivas para pensarmos juntos.

1 - O autor compara sua cicatriz de cirurgia com uma "facada simbólica" em solidariedade a um presidente. Qual é o papel dessa simbologia na forma como ele interpreta sua própria experiência de doença?

2 - Ao falar sobre os colegas de trabalho, o autor menciona que alguns lamentavam e outros "respiravam aliviados". De que forma esse trecho revela como as relações sociais e o ambiente de trabalho podem ser marcados por conflitos e diferentes interesses?

3 - Durante o tratamento, o autor enfrenta a "culpa" de ter sido negligente com o próprio corpo. Explique como a sociedade contemporânea, com sua ênfase na saúde e no autocuidado, pode gerar sentimentos de responsabilidade individual em relação às doenças.

4 - O autor descreve como a doença afetou suas relações sociais e seu trabalho. Usando esse exemplo, analise a interdependência entre a saúde do indivíduo e sua participação nos diferentes grupos sociais.

5 - O texto termina com a ideia de que os "fantasmas" da dúvida são mais traiçoeiros que a morte. Discuta como a luta do autor contra o medo e a incerteza pode ser vista como um reflexo de como a saúde mental se torna um desafio central na vida contemporânea.