"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Coleção 32 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 


Pensamentos

Coleção 32 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Andrade

1 "Muitas vezes, pedir a opinião do outro não é um gesto de escuta, mas um artifício para refutá-lo e, ao negá-lo, reafirmar a própria superioridade sob o disfarce de diálogo."

2 - "A verdadeira função da coordenação pedagógica não é vigiar conteúdos, mas cultivar um ambiente de confiança, onde a liderança se faz pela colaboração convincente e não pela imposição, pois só na parceria entre coordenação e professores o trabalho pedagógico floresce."

3 "Reinterpretando Ford: desistir, ato voluntário de esgotamento; humilha menos que fracassar, porque troca o rótulo público de incompetência pelo alívio íntimo de sair de cena."

4 "É no pecado que se aprende o próprio pecado, pois sem a queda não há contraste; e sem contraste, a perfeição e a graça divina perderiam o sentido, já que só existem para redimir a imperfeição humana."

5 "A grandeza do professor não está em sua autoridade, mas na humildade do aluno que, ao obedecer, transforma a submissão em motor de crescimento e faz da obediência o verdadeiro caminho do saber."

6 “Se o Estado sofre prejuízo com a indolência e a desordem escolar, que a responsabilidade recaia sobre os que a causam, assim como se cobra dos corruptos: alunos e pais deveriam restituir o que desperdiçaram, pois meritocracia e justiça não podem ser apenas estatísticas.”

7 “A beleza desperta a consciência: ao cultivá-la, o olhar se aprofunda e a ignorância perde espaço, pois apreciar o belo é aprender a perceber além da superficialidade.”

8 “Educar é moldar aparências: por mais que se tente, a essência do indivíduo permanece intacta, e o esforço revela-se mais manipulação do que transformação.”

9 “O prazer nunca é gratuito: ao se doar, cada pessoa busca satisfazer sua própria alma, e o verdadeiro ‘pecado’ está em vulgarizar-se, pois a raridade é o que confere valor.”

10 “Respeitar é escolher a virtude: não se impõe nem se compra, revela-se na dignidade interna e reflete o caráter, raro e divino, de quem o pratica.”

10 “A verdade não se possui: quando se torna propriedade de alguém, deixa de ser universal e se reduz a opinião ou instrumento de poder.”

11 “Quando a autoridade substitui a humildade, a escola falha em humanizar: alunos dependentes nunca superam seus mestres e perdem a chance de desenvolver suas virtudes.”

12 “Quando a nota se impõe pelo grito, o mérito desaparece: sem caráter, a reputação do aluno é tão vazia quanto o resultado que arrancou pela força.”

13 “Quem se engana a si mesmo treina a arte de enganar os outros: a manipulação nasce de dentro e se aperfeiçoa na própria ilusão.”

14 “Desprezar o tradicional é esquecer o que garante respeito e eficácia: a educação só se fortalece resgatando os valores que sustentaram seu prestígio.”

15 “A escola só muda quando o aluno muda: sem a transformação interior de quem aprende, nenhuma reforma externa tornará o ensino verdadeiramente moral e eficaz.”

16 “Revisitar as origens é restaurar a si mesmo: no passado, encontramos as chaves para entender nossa história e fortalecer nosso presente.”

17 “O sistema educacional persiste não pelo aprendizado, mas pelo lucro: eliminar o que é inútil comprometeria empregos, revelando que a escola serve mais à economia do que à educação.”

18 “O sistema educacional persiste não pelo aprendizado, mas pelo lucro: eliminar o que é inútil comprometeria empregos, revelando que a escola serve mais à economia do que à educação.”

19 “Quem só vence no grito revela que sua voz é vazia: sem argumentos, persuasão ou mérito, resta apenas a agressão como sinal de limitação e pobreza de caráter.”

20 “Quando advertir se torna crime e o professor vira alvo, a escola perde a razão: sem limites, o diálogo se extingue e a convivência desmorona.”

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sábado, 13 de fevereiro de 2021

Coleção 31 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 



PENSAMENTOS

Coleção 31 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Andrade

1 “Quando a mediocridade se torna inevitável, o indivíduo cria uma máscara que o mimetiza ao ambiente, deixando que essa persona absorva o peso da incompetência alheia, como um escudo que o protege do adoecimento direto.”

2 “Na selva da competição social, a ganância leva o indivíduo a sabotar e desvalorizar o outro, como se o fracasso alheio fosse a legitimação de sua própria ascensão.”

3 “Usar o livro em sala não é fraqueza, mas honestidade: sem ele, o estudante se torna apenas um subproduto imperfeito do saber, enquanto com ele é a expressão direta da fonte que o gerou.”

4 “Na escola, a identidade social é um palco onde máscaras se sucedem; ao vestir o personagem do palhaço, o indivíduo desliza liso como quiabo, adaptando-se às circunstâncias sem jamais expor sua essência.”

5 “Se Deus é onipotente, até o mal se torna instrumento de sua vontade; culpar o Diabo pelas adversidades é negar que nada ocorre sem o consentimento divino.”

6 “Deus não seria o criador do homem, mas a criação de sua imaginação; a verdadeira onipotência reside na mente humana que o concebe e o sustenta.”

7 “Ao tentar universalizar o estudo, a escola ignora talentos e interesses diversos, sacrificando os que querem aprender para sustentar os que não valorizam a educação, como se o diploma fosse medida única do valor humano.”

8 “Endeusar o homem ou humanizar Deus distorce a ordem natural: o finito jamais alcança a perfeição do infinito, e o infinito não se curva às limitações humanas.”

9 “Quando a religião transforma a salvação em moeda de culpa, a paz prometida se torna medo contínuo, e a fé, prisão da própria consciência.”

10 “A verdadeira essência do professor público só se revela fora das fantasias acadêmicas: a prática mostra uma loucura que a teoria jamais alcança.”

11 “O professor enfrenta não apenas a indisciplina do aluno, mas também a negação de seus pares, revelando que o verdadeiro desafio da educação reside na falta de coerência e no autoengano dentro da própria escola.”

12 “A cidadania começa na humildade de ouvir: o silêncio consciente permite que o indivíduo absorva conhecimento e se forme antes de agir.”

13 “Quando a disciplina se sobrepõe ao saber, o professor vira técnico de controle, e a educação perde sua essência, sacrificando o aprendizado em nome da ordem.”

14 “O analfabetismo no ensino fundamental revela a falha de um sistema que, por comodidade, prefere o silêncio e a conformidade à exigência do aprendizado real.”

15 “Em uma escola saturada de proibições vazias, o excesso de regras gera indisciplina: quanto mais leis, mais transgressões, e a improdutividade floresce no vazio do sentido.”

16 “A lei revela sua imperfeição quando o imprevisto surge; sua abrangência é sempre limitada frente à imprevisibilidade da vida.”

17 “Uma lei imposta sem atender à conveniência geral convida à desobediência; sua eficácia se mede pela aceitação, não apenas pela existência.”

18 “Quando cada um busca apenas sua conveniência, o benefício individual se transforma em custo coletivo, e a soma do egoísmo gera caos social.”

19 “A coordenadora pedagógica cumpre seu papel não impondo, mas apoiando: seu dever é criar confiança e soluções colaborativas, transformando a liderança em parceria, não em confronto.”

20 “Quando vaquinhas escolares privilegiam lanches e distrações em vez da educação, revelam a negligência com o propósito real da escola e a falta de seriedade no ambiente pedagógico.”

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sábado, 6 de fevereiro de 2021

Coleção 30 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 




Pensamentos

Coleção 30 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

1 “Nos tempos de ajustes, quando a história exige transição, os extremos se tocam: a maturidade dos mais velhos pode inclinar-se ao liberalismo, enquanto a juventude, paradoxalmente, busca refúgio no conservadorismo. numa inversão geracional que, embora contraditória, revela-se necessária ao equilíbrio social.”

2 “A hipocrisia oferece frutos doces no início, mas amarga no ventre: aquilo que parece vantagem social imediata torna-se veneno interno, corroendo a integridade, envenenando a alma e destruindo qualquer possibilidade de satisfação autêntica.”

3 “No discurso paternalista, a autoridade transita da ordem para o testemunho: primeiro impõe obediência como sinal de gratidão e maturidade, depois usa a experiência pessoal como advertência, criando o paradoxo em que discordar não é escolha legítima, mas ato de ingratidão que aprisiona o outro no peso do fracasso anunciado.”

4 “Melhor a hostilidade franca de um inimigo inteligente do que a falsidade ambígua de um amigo pela metade, pois só o conflito declarado preserva a clareza, enquanto a amizade superficial disfarça a indiferença que é o verdadeiro desprezo.”

5 “Ao rejeitar o ‘decoreba’, a pedagogia moderna acabou decorando dogmas e produzindo gerações de memória curta, incapazes de guardar a história, repetir a cultura e resistir à manipulação política.”

6 “Elogiar o merecedor fortalece o bem, mas adular o medíocre é como dar esmola ao bêbado: gesto que parece bondade, mas apenas alimenta vícios e perpetua a decadência.”

7 “A vida ressuscita a cada instante, e a morte mata para que exista o novo; forças complementares que transformam fim em recomeço e perda em renascimento.”

8 “Se quisermos que nossos alunos sejam ‘nada na vida’, basta deixá-los como estão: a falsa liberalidade que omite exigência é, na verdade, abandono disfarçado de respeito.”

9 “No sistema opressor, o professor silencia para sobreviver e, ao calar-se, sua própria reflexão morre; criando um ciclo onde ensinar pensamento crítico se torna um gesto decorativo e vazio.”

10 “Quando líderes transformam Deus em ferramenta de controle, a fé vira medo, a devoção se reduz à obediência, e o sagrado se submete à burocracia humana.”

11 “Ensina quem sabe, mas também quem ignora; o tolo defende sua tolice, e quem não admite aprender permanece prisioneiro da própria ignorância.”

12 “No palco dos sonhos, todos escapam juntos; ao final, cada um retorna à sua realidade, lembrando que a transcendência é sempre passageira.”

13 “Quem controla os outros escraviza-se; quem liberta, renuncia ao poder, mas preserva sua própria liberdade e dignidade.”

14 “No Velho Oeste, delator era herói; hoje, sem recompensa, a colaboração se torna risco sem prestígio, transformando justiça em fardo e coragem em estigma.”

15 “Ser jovem é destino de muitos; ser idoso é privilégio de poucos, carregando missão, sabedoria e responsabilidade transcendentes.”

16 “O passado nos revela o futuro, mas só se for bem compreendido e aplicado no presente; caso contrário, a conexão se quebra e a sabedoria se perde.”

17 “Quem cava armadilhas pode escapar delas se se sentir grande, mas sempre haverá alguém menor para preenchê-las; a malícia calcula e se projeta sobre os vulneráveis.”

18 “Na vida faltou-me ousadia; na morte, exijo que tolerem a coragem que então me foi negada, reconhecendo-me como sempre certo.”

19 “Na escola, advertir virou crime, ensinar virou provocação, e o professor, antes guia, tornou-se alvo; revelando a tragédia de um ambiente onde a autoridade e os limites se esvaziaram.”

20 “Na adultização sexual, proteger crianças é imperativo; o culpado deve ser responsabilizado, e o bem-estar das vítimas preservado acima de tudo.”

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segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Coleção 29 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 



Pensamentos

Coleção 29 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Andrade

1 “Minha cruz é apenas dois palitos: leve e irônica, enquanto o quarenta e dois me veste e calça; o onze, mostrando que até a justiça se faz sob medida, ajustada às conveniências de quem a usa.”

2 Quando o coração endurece, o princípio masculino encurta o pavio e precipita a ânsia; o princípio feminino alonga-o e instala uma paz tardia; serenidade fria, não virtude.

3 Chefe é o tirano altivo que, sem saber que não sabe, abusa do poder; líder é o humilde que orienta e serve.

4 Se na infância eu tivesse a sabedoria de hoje, não teria gasto meus dias entre tolos, mas escolhido amizades que o tempo não desmentisse.

5 Minto, creio no que digo e repito até que pareça verdade; mas é uma verdade sem lastro, apenas ilusão sustentada pelo eco da mentira.

6 Não me prometa nada: você é como eu, prisioneiro do limite humano, incapaz de ser mais do que a própria fragilidade permite.

7 A vida já se move por si mesma; o que importa não é forçar a mudança, mas aprender com o sofrimento a fazer os ajustes que nos mantêm em pé.

8 Se ignoras os benefícios do beijo, desconheces também seus perigos; o que antes unia, em tempos de pandemia, só se salva no distanciamento curativo.

9 Alunos que ameaçam o professor, após a reprovação, não rejeitam o castigo: eles o assumem, abraçam o próprio carrasco e, paradoxalmente, desenvolvem afeição pelo opressor.

10 A nota final do aluno em recuperação não pode superar a do melhor da sala; e o histórico escolar, que deveria medir esforço, pesa diferente no mundo real; a justiça é cega, porque não quer ver.

11 Prefiro errar pela compaixão, pois esta, rara no mundo, vale mais que todos os acertos da razão.

12 O inferno é navegar sozinho em minha piroga, sem você, levando minha solidão exclusiva a perder o céu que ficou para trás.

13 Mulher bonita não pode confiar no “dono”: o ciúmento que a prende, prefere vê-la isolada ou doente, e quem se diz pai de família não é confiável. Até a polícia já se cansou desse bordão. porque escuta de todo suspeito abordado.

14 Tenho medo das mulheres bonitas: destemidas e sem nada a perder; as feias, sem escolha, rebelam-se sem causa. Nelas também me nego acreditar.

15 Não sei se peço que a morte venha ou que a vida se leve consigo; só sei que ninguém escapará do sofrimento.

16 Nem todo gesto de limpeza é cuidado; cuidar vai além do visível, exige atenção e afeto.

17 Elogiar os bons fortalece-os; recompensar quem não merece é como dar esmola ao bêbado: destrói caráter.

18 O amor compra-se com lucros; o ódio, com prejuízos; em negócios, os sentimentos seguem a conta.

19 Todo filósofo é pessimista; faça da sua dor o poema que revela a verdade interior e transforme o sofrimento em estilo próprio.

20 Na escola, a igualdade de gênero é perfeita: meninos e meninas xingam, ameaçam e agridem com igual força: igualmente mal-educados.

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sábado, 12 de dezembro de 2020

Coleção 28 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 



Texto

Coleção 28 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Andrade

1 “O amor não é eterno por natureza, mas pelo esforço de quem o sustenta; sua eternidade não nasce da fantasia, e sim da memória cultivada e da dedicação contínua que o transforma em permanência.”

2 “Assim como cada um sofre à sua maneira, também ama de forma singular; o meu amor se revela na crítica, paradoxal gesto de cuidado.”

3 “O viço que atrai também é o jugo que enfraquece: na paixão, o homem cede ao fascínio e perde o tino que sustenta sua razão.”

4 “Quando o homem se submete aos sentimentos, perde a razão que o fortalece e se torna frágil; sua verdadeira força reside em dominar as emoções, não em servi-las.”

5 “No horário de verão multicultural, o tempo se fragmenta: há fogos sem hora certa e natais em duplicidade, como se a celebração comum se dissolvesse na desordem alegre da diversidade.”

6 “A hipocrisia disfarça vício em virtude, e se a invencibilidade dos virtuosos não passa de fachada, então sua força está menos na moral que exibem do que na arte de dissimular.”

7 “A morte não se cansa de ninguém, e quem nasce para matar só encontra limite no próprio fim.”

8 “O chifre do boi protege e afirma; o ‘corno’ humano apenas carrega desonra, pois o mesmo sinal de força no animal se torna humilhação no homem.”

9 “Criminosos não merecem compaixão: a justiça exige refletir sobre eles a frieza que aplicam às suas vítimas.”

10 “Não saber como fazer perfeitamente não é desculpa para a inação; faça o melhor possível com o que tem e a excelência virá com o esforço.”

11 “A fofoca não denuncia o outro, mas revela a inveja do próprio fofoqueiro: condena-se publicamente aquilo que secretamente se deseja.”

12 “Quando não há motivo real para sorrir, coloca-se aparelho nos dentes e se finge emoção: a felicidade vira apenas aparência que comove pela artificialidade.”

13 “Muito se decora, pouco se usa; o esquecimento não é falha, mas fruto de não aplicar o que se aprende.”

14 “Até o cão grunhe piedoso e espera o céu; se ir ao inferno já parece difícil, quem garante que a salvação não é um sonho impossível?”

15 “Se o negócio é cavalo, deve estar na tropa; o meu é a solidão, e por isso habito perdido nos sonhos.”

16 “Na academia, como veado no safári de leões, só resta sobreviver: morrer de fome ou ser devorado na competição pelo diploma.”

17 “Joalheiro ou poeta, ambos sucumbem à mesma fraqueza: a busca incessante por uma perfeição que nunca se alcança.”

18 “O sucesso não se mede apenas pela chegada, mas pelo ponto de partida: vencer partindo de privilégios é menos mérito, mais circunstância.”

19 “Se o homem pudesse ir a outro planeta, poderia também ir ao seu próprio coração; mas ninguém foi à lua, e ninguém se conhece por inteiro.”

20 “Toda vítima carrega um quê de culpa e não pode se denunciar; a verdade surge pelo delator cruel, movido não pela justiça, mas pela maldade alheia.”

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sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Coleção 27 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

 




Provérbios de minha vida

Coleção 27 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)

Por Claudeci Andrade

1 “A humanidade é como uma célula cancerosa: multiplica-se sem limites, consome o planeta que a sustenta e caminha, por sua própria natureza predatória, para a morte inevitável — uma metástase universal da autodestruição.”

2 “Quem prega a preservação dos animais enquanto se perde em prazeres autodestrutivos esquece de si mesmo, e nessa hipocrisia não cura nada — apenas aprofunda o próprio vazio e agrava o mal que deseja combater.”

3 “É minha primeira vez; pode segurar minha mão enquanto avanço para o desconhecido?”

4 “No mundo fabricante de ração, matam-se cães para que a carne os alimente, e o ciclo se sustenta sozinho.”

5 “O amor verdadeiro resiste às adversidades; por mais que fuja, o destino sempre o trará de volta.”

6 “Sem nada para oferecer, entreguei-te meu amor como último presente, forçado pela ausência de alternativas.”

7 “Perdoei por não ter coragem de me vingar, e assim o perdão tornou-se minha própria prisão silenciosa.”

8 “Falar é machismo, calar é culpa; nesse jogo, qualquer reação do homem se torna desumana.”

9 “O erudito diz amar o povo, mas ama apenas a si mesmo por meio dele.”

10 “Errar já aprisiona, mas confiar a outro imperfeito torna-se escravo em dobro de si mesmo.”

11 “O verdadeiro inimigo não é quem discorda, mas quem reage com revolta à palavra que busca apenas ser ouvida.”

12 “Sou árvore que sente o verde da vida em grama e mato, mas não sei como a ‘árvore de Natal’ brilha sem companhia.”

13 “Pais de suicidas sofrem e se humanizam; os de filhos que vivem, complacentes, talvez nunca enfrentem suas falhas.”

14 “Quem busca atalhos ignora as leis da terra e a paciência que a tragetória exige.”

15 “Fazer o bem a quem se despreza não é bondade, mas artifício para criar sujeição.”

16 “A beleza nas redes não é natural; surge quando a disputa social a consagra.”

17 “A mexida que exalta uma é insulto para outra; a insegurança transforma elogio em humilhação.”

18 “Deus criou o Diabo, e a igreja o mantém para que sua fé nunca fique vazia.”

19 “O homem, catador de lixo com livre-arbítrio, dá ao Diabo o abismo que ele mesmo criou.”

20 “A religião reprime o espírito e nega o prazer, enquanto o homem segue buscando o que é proibido nos detalhes que o Diabo habita.”

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domingo, 27 de setembro de 2020

O CORONAVÍRUS VEIO DE DEUS ("Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância." — Sócrates)

 


Crônica Filosófica

O CORONAVÍRUS VEIO DE DEUS ("Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância." — Sócrates)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Ontem, folheando meu diário de professor — aquele com anotações das aulas que ministrei por mais de uma década — deparei-me com uma reflexão antiga que, agora, em tempos de pandemia, ganhou contornos quase proféticos. Sorri com ironia. As páginas amareladas traziam os embates silenciosos que vivi no quadro negro da existência, muito antes de máscaras e álcool em gel se tornarem companheiros diários.



Era uma terça-feira de março quando entrei na sala do 2º ano para discutir Nietzsche e sua provocativa declaração sobre a morte de Deus. Mal posicionei meus livros sobre a mesa e lá estava Mateus, com sua Bíblia sublinhada e o semblante fechado, como quem aguardava o momento exato para o contra-ataque.



— "Professor, o senhor acredita em Deus?"



A pergunta, carregada como um fuzil, surgia sempre nas primeiras aulas. Era um ritual de demarcação de território, como animais que se preparam para o confronto.



"Estamos aqui para discutir filosofia, não minhas crenças pessoais", respondi diplomaticamente, como recomendava o manual invisível da laicidade escolar.



Era curioso: eu, bacharel em teologia e professor de filosofia, precisava navegar naquele mar minado com a cautela de quem transporta nitroglicerina. A ironia não me escapava. Conhecia mais sobre religião do que muitos daqueles jovens fervorosos, mas não podia expressar-me livremente, enquanto eles bradavam suas convicções como estandartes.



— "Mas a Bíblia diz que..." E assim começava o desfile de versículos memorados, recitados com a convicção de quem lança a última palavra sobre qualquer tema. O estudo crítico dava lugar ao dogma; a reflexão cedia espaço à repetição.



Observava, com certa melancolia, como aqueles mesmos alunos, tão veementes na defesa da fé, eram frequentemente os que menos se dedicavam aos estudos. Suas redações claudicavam em argumentação, seus trabalhos de pesquisa eram superficiais e suas notas refletiam mais fervor do que disciplina intelectual. Uma contradição curiosa: tão zelosos das palavras sagradas, tão negligentes com as palavras do conhecimento secular.



E o mais intrigante: aqueles que se autodenominavam "guardiões da moral" eram muitas vezes os primeiros a humilhar colegas, espalhar boatos e criar ambientes tóxicos nos corredores da escola. A compaixão, virtude central de qualquer religião digna desse nome, parecia ausente em seus atos, embora abundante em seus discursos.



Quantas vezes fui chamado à diretoria após uma aula sobre existencialismo ou teoria da evolução? Perdi a conta. "Professor, os pais do Mateus estão preocupados com o conteúdo das suas aulas", dizia o diretor, sem nunca ter assistido a uma delas. E assim minha reputação ganhava arranhões, não pelo que eu dizia, mas pelo que presumiam que eu pudesse dizer.



E então veio o silêncio. Aquele março de 2020, que se estendeu por meses, por anos. As salas vazias, os corredores silenciosos, a escola hibernando enquanto um vírus invisível reescrevia nossa história coletiva.



Foi nesse silêncio que comecei a refletir sobre os versos de Raul Seixas que tanto gostava de citar nas aulas: "Buliram muito com o planeta / E o planeta como um cachorro eu vejo / Se ele já não aguenta mais as pulgas / Se livra delas num sacolejo". A metáfora ganhou cores vívidas e assustadoras.



O mundo agora discutia se o vírus era castigo divino ou fenômeno natural, se representava purificação ou calamidade. Enquanto isso, na solidão do meu apartamento, eu observava como aquele microscópico pedaço de proteína havia conseguido o que anos de filosofia não conseguiram: silenciar as certezas absolutas.



Nas aulas online que se seguiram, notei uma mudança sutil. Os mesmos alunos que outrora ostentavam certezas agora faziam perguntas. O vírus, que tirava o fôlego dos corpos, parecia ter, paradoxalmente, devolvido o fôlego ao pensamento.



— "Professor, por que Deus permitiria isso?" — perguntou Mateus em uma videochamada, a Bíblia ainda ao seu lado, mas o tom já não era de desafio, e sim de genuína inquietação.



— "Talvez essa seja a pergunta mais honesta que podemos fazer" — respondi. — "E talvez a filosofia não exista para dar respostas, mas para nos ensinar a viver com as perguntas."



Não sei se foi o isolamento, a proximidade da morte ou simplesmente o tempo amadurecendo consciências, mas nossas discussões ganharam profundidade. A dúvida, antes vista como inimiga da fé, tornava-se sua companheira necessária. O questionamento deixava de ser ameaça para ser caminho.



Hoje, olhando para trás, para aqueles embates em sala de aula e para a transformação silenciosa que a pandemia operou, compreendo que talvez o "novo normal" não seja apenas sobre máscaras e distanciamento, mas sobre uma forma mais humilde de habitar nossas certezas.



Talvez Isaías 45:7 esteja certo ao dizer que Deus faz tanto a paz quanto o mal — não porque seja caprichoso, mas porque a vida é tecida de contrastes, e é no escuro que aprendemos a valorizar a luz.



O vírus, esse professor implacável, nos ensinou que nossas convicções mais sólidas podem ser dissolvidas pelo invisível. E que talvez a verdadeira sabedoria não esteja em ter todas as respostas, mas em aprender a viver com dignidade na presença das perguntas que nunca serão plenamente respondidas.



Fecho meu diário de professor, agora com novas anotações. A escola já não é a mesma. Eu não sou o mesmo. E, curiosamente, agradeço por isso.



Aqui estão 5 questões discursivas baseadas no texto, explorando as ideias principais e provocando reflexões sociológicas:


1. Laicidade e liberdade de expressão no ambiente escolar: O texto aborda a tensão entre a laicidade escolar e a liberdade de expressão dos alunos, especialmente em relação a questões religiosas. Como a sociologia pode analisar essa tensão e os desafios de conciliar diferentes visões de mundo no ambiente escolar?

2. O papel da religião na construção de identidades e conflitos: O texto mostra como a religião pode ser usada como instrumento de demarcação de território e conflito entre alunos e professores. Como a sociologia pode analisar o papel da religião na construção de identidades e na geração de conflitos no ambiente escolar e na sociedade em geral?

3. A relação entre fé, conhecimento e comportamento: O texto critica a contradição entre a veemência na defesa da fé e a negligência com o conhecimento secular, além da ausência de compaixão nos atos dos "guardiões da moral". Como a sociologia pode analisar a relação entre fé, conhecimento e comportamento, e como essa relação se manifesta no ambiente escolar?

4. O impacto da pandemia na relação entre fé e razão: O texto descreve como a pandemia transformou as certezas absolutas em perguntas, e como a dúvida se tornou companheira da fé. Como a sociologia pode analisar o impacto de eventos traumáticos, como a pandemia, na relação entre fé e razão e na busca por sentido?

5. O "novo normal" e a busca por humildade nas certezas: O texto conclui que o "novo normal" não é apenas sobre máscaras, mas sobre uma forma mais humilde de habitar as certezas. Como a sociologia pode analisar a construção social das certezas e a importância da humildade e do diálogo na construção de uma sociedade mais tolerante e plural?

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