"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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segunda-feira, 17 de julho de 2023

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (68): O Algodãozinho Divino e a Sinfonia do Silêncio.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (68): O Algodãozinho Divino e a Sinfonia do Silêncio.

Por Claudeci Ferreira de Andrade
 

Era um domingo desses de sol radiante, daqueles que convidam à preguiça e ao "dolce far niente". Enquanto a cidade se entregava ao merecido descanso, eu me via mergulhado em um mar de inquietação, acompanhado pela sinfonia infernal que ecoava pelos alto-falantes da igreja vizinha.

Nesse dia sagrado, eu esperava encontrar a paz e a serenidade que tanto ansiava, mas, para minha surpresa, era confrontado com uma torrente de palavras vazias e ensurdecedoras. A verborreia eletrônica, como um tsunami sonoro, invadia o ar e preenchia cada canto da vizinhança.

Olhando ao meu redor, eu percebia que não estava sozinho nessa batalha contra a poluição sonora. Os imóveis ao redor da igreja, outrora abrigos de tranquilidade, agora se viam desvalorizados por esse intruso ruído que se infiltrava pelas janelas e se enraizava nas paredes.

Contudo, enquanto meus ouvidos clamavam por um refúgio, uma ideia peculiar tomou conta de minha mente. Eu me peguei imaginando se Deus, em sua infinita paciência, não estaria usando um algodãozinho celestial para não ouvir tamanha cacofonia. Talvez ele também precisasse de um momento de silêncio em meio ao caos, assim como nós, meros mortais.

E ali, naquele instante, a sinfonia do silêncio se fez presente em meu coração. Enquanto a verborragia ecoava, eu me entregava ao encanto do silêncio, deixando-me levar por suas melodias sutis e reflexivas. Afinal, era no vazio dos sons que encontrávamos espaço para ouvir nossa própria voz interior, para refletir sobre nossas inquietações e buscar respostas para nossos questionamentos mais profundos.

Enquanto as palavras desprovidas de sentido se perdiam no ar, o silêncio se revelava como um portal para a conexão com a essência divina, uma ponte para a introspecção e a paz interior. Era ali, na ausência de barulho, que a verdadeira comunhão com o divino se estabelecia.

Olhando para trás, vejo o contraste entre a cacofonia e o silêncio, entre a poluição sonora e a serenidade que tanto buscamos. E transmito aos leitores esta mensagem impactante: não permitam que a voracidade dos ruídos obscureça a importância do silêncio, do espaço para a reflexão e para o encontro consigo mesmos.

Pois é no silêncio que encontramos nossa verdadeira voz, onde nossos pensamentos ecoam com clareza e onde a divindade se revela em cada suspiro. Que possamos valorizar a sinfonia do silêncio em meio a um mundo barulhento, pois é nesse espaço que a alma encontra seu verdadeiro refúgio e se conecta com o sagrado que habita em todos nós.

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (67): O Poder do Barulho e a Voz do Silêncio.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (67): O Poder do Barulho e a Voz do Silêncio.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma tarde ensolarada, daquelas que parecem convidar ao descanso e à contemplação. Caminhando pelas ruas movimentadas da cidade, me deparei com uma cena curiosa e intrigante. Uma nova igreja havia surgido em um antigo prédio abandonado, trazendo consigo um turbilhão de cores e sons que contrastavam com a quietude ao seu redor.

A figura do novo pastor, ainda jovem e repleto de entusiasmo, destacava-se em meio ao cenário. Sua voz ressoava pelos alto-falantes instalados estrategicamente, ecoando pelas ruas adjacentes. Era como se quisesse alcançar cada canto da cidade com suas palavras, na esperança de encontrar ouvidos ávidos por um sentido maior.

Contudo, à medida que me aproximava, percebi que algo não se encaixava nesse quadro de fervor e alvoroço. O conhecimento e a profundidade dos conceitos religiosos pareciam se perder no burburinho, revelando um vácuo de compreensão que contrastava com o barulho ensurdecedor.

Não era incomum presenciar as pregações fervorosas, repletas de gritos e clamores desesperados. O novo pastor acreditava que quanto mais alto o som, maior seria o poder de convencimento. Como se o tom das palavras carregassem em si uma magia capaz de tocar os corações e iluminar as mentes.

Mas, eis a ironia dessa história: o verdadeiro poder de persuasão não estava no alarido, na gritaria que invadia os ouvidos dos fiéis. Ele residia na simplicidade das palavras sinceras, na conexão genuína que se estabelece entre o pregador e o ouvinte.

Enquanto o pastor buscava na estridência uma forma de transmitir sua mensagem, ele negligenciava o poder da escuta atenta, do silêncio que permite que as palavras ressoem em cada alma como um sussurro de verdade. Afinal, o que ficava gravado nos corações era a essência da mensagem, não a intensidade do som.

Aos poucos, a população despertava para essa dissonância entre o clamor desmedido e a falta de conteúdo substancial. Acreditavam que o fervor exacerbado era um substituto para a sabedoria, para o conhecimento que verdadeiramente alimenta a alma.

Olhando para trás, vejo os capítulos dessa história se desenrolarem, e uma mensagem impactante se revela diante de meus olhos. O poder não está no volume do som das palavras, mas sim na sua autenticidade e na capacidade de transformar vidas. É no silêncio que a verdade ressoa mais claramente, permitindo que os corações se abram para a compreensão e a busca por uma conexão mais profunda.

Que possamos aprender com essa lição, valorizando não apenas a intensidade das vozes que nos rodeiam, mas também a qualidade das mensagens que nos são transmitidas. Pois é no encontro entre o silêncio e a palavra que encontramos a essência da comunhão verdadeira e da transformação interior.

domingo, 16 de julho de 2023

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (66): Ressignificando a Igreja de Jesus: Além da Religião Institucionalizada.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (66): Ressignificando a Igreja de Jesus: Além da Religião Institucionalizada.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Em meio às reflexões sobre a fundação do Cristianismo, deparei-me com afirmações que clamam pela certeza de que Jesus teria estabelecido uma religião. Permitam-me mergulhar nas águas do questionamento e compartilhar meu olhar crítico sobre o assunto.

É inegável que Jesus formou uma comunidade de seguidores, discípulos e apóstolos. No entanto, seria justo afirmar que essa comunidade se transformou instantaneamente em uma religião institucionalizada? Acredito que essa narrativa merece ser investigada mais a fundo.

A declaração atribuída a Jesus, sobre edificar sua Igreja sobre Pedro, pode ser abordada com perspectivas diversas. O teólogo David Bentley Hart destaca que o termo "pedra" nesse contexto pode ter diferentes interpretações. Seria uma metáfora para a fé ou uma alusão à pessoa de Pedro? A ambiguidade dessas palavras nos convida a questionar uma visão unidimensional.

Quanto ao mandamento de "ide e ensinai todas as nações", devemos considerar sua amplitude e significado. Será que Jesus estava estabelecendo uma religião ou, como propõe o teólogo Michael Hardin, ele estava convidando seus seguidores a vivenciar um amor incondicional que transcende as fronteiras institucionais? Talvez seja hora de refletir além das estruturas e abraçar a essência da mensagem de Jesus.

A promessa da vinda do Espírito Santo pode ser interpretada além dos limites do Cristianismo. O teólogo John Polkinghorne sugere que o Espírito Santo é uma presença divina que atua em toda a humanidade, não se restringindo a uma única religião. Essa perspectiva amplia nossos horizontes e nos desafia a reconhecer a diversidade e a pluralidade das experiências espirituais.

Nessa jornada de questionamentos, convido-os a contemplar a possibilidade de que Jesus não tenha fundado uma religião institucionalizada, mas tenha deixado um legado de amor, compaixão e transformação pessoal. Ao nos libertarmos das amarras dogmáticas, abrimos espaço para uma espiritualidade autêntica que transcende os limites de qualquer estrutura religiosa. Que possamos explorar esses caminhos de reflexão com olhos críticos e corações abertos.

Professores são piores do que traficantes – Por Ivan Santana

Professores são piores do que traficantes – Por Ivan Santana

Foto: Pexels/Max Fischer


Professores são piores do que traficantes!

Por muito tempo cheiravam giz, continuam consumindo livros, injetam conhecimento, sabedoria. Ficam tão viciados na droga da educação, que mesmo quando estão se divertindo, não conseguem falar de outra coisa. Que vício terrível!

O salário mal dá pra pagar o tempo que passam planejando fugir da droga da ignorância, se aperfeiçoando, pesquisando, buscando metodologias… São tão absurdamente traficantes, que não dormem, somando as notas da boca, planejando aulas pra iniciar os menores no crime do conhecimento, da dignidade.

Sim, são piores do que traficantes! Traficantes do amor, da paciência, da empatia… Eles levam soco na cara dos seus próprios aprendizes, e se fazem passeata defendendo o seu crime, o de ter a profissão reconhecida, apanham da polícia, como apanharam no Paraná. São quase sempre condenados à prisões precárias, sem ventilação adequada, sem infraestrutura, sem segurança, e muitas vezes colocam dinheiro do próprio bolso, pra conseguir promover melhorias nas instalações, nos projetos que executam, pra que os seus aprendizes dominem o morro, as periferias, o mundo…

Carregam armas pesadas: Machado, Dostoievski, Guimarães, Milton Santos, Lima Barreto… A sua droga é tão pesada, que, os que a consomem conseguem viajar pra Grécia antiga, pra Idade Média, para todos os continentes, sem sair do lugar. Dizem que química, matemática, português, são as suas armas mais odiadas, mas ensinam como manuseá-las.

Professor é pior do que traficante mesmo! Estão sempre no front, enfrentando o caveirão do sistema, pra defender o futuro de pessoas que não são parentes, filhos, sobrinhos, e que um dia, possivelmente, nunca mais os verá, mas que sairão viciados na droga dos seus ensinamentos, que não doutrinam, mas libertam.

https://blogdoeloiltoncajuhy.com.br/site/professores-sao-piores-do-que-traficantes-por-ivan-santana/

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (65): A Religião como um Mistério que Transcende Definições.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (65): A Religião como um Mistério que Transcende Definições.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma noite estrelada, em que a brisa suave acariciava meu rosto enquanto eu vagava pelos caminhos da reflexão. Enquanto mergulhava na profundidade dos pensamentos, deparei-me com a essência da religião, um conceito tão vasto e multifacetado que desafia qualquer tentativa de definição precisa.

A religião, como um rio majestoso que percorre as terras da humanidade, carrega consigo a crença em algo além do palpável, uma mente superior que é causa, fim e lei universal. É nessa busca pela conexão com o divino que encontramos a crença, a devoção e a piedade, envolvendo-nos em um universo de possibilidades metafísicas e filosóficas.

Mas, a religião é muito mais do que conceitos abstratos e teorias intelectuais. Ela se manifesta naquilo que vivemos e sentimos, nos princípios que nos guiam e nas ações que realizamos. É a expressão tangível daquilo que nos toca no âmago da alma, revelando-se como uma fonte inesgotável de renovação e transformação.

Nessa jornada espiritual, somos impulsionados a encontrar um propósito maior, a buscar uma conformidade com os princípios do Evangelho que transcendem as palavras impressas nas páginas sagradas. É um chamado para uma tendência reformista, um movimento missionário e redentor que nos convida a olhar para além das aparências e descobrir a essência que pulsa em cada ser humano.

Porém, a religião não é apenas um refúgio para os solitários ou um abrigo para os desamparados. É também o empenho apaixonado por uma causa maior, um movimento que se ergue em defesa de ideias e princípios nobres. É a força que impulsiona comunidades inteiras a se unirem em prol do bem, transcendendo barreiras e diferenças em busca da harmonia e do amor verdadeiro.

Nas páginas do Dicionário Houaiss, encontramos um breve verbete que tenta aprisionar o significado da religião. Mas é além das palavras impressas que reside o verdadeiro mistério, o chamado para uma vivência autêntica e profunda. É na experiência individual e coletiva que encontramos a essência da religião, aquela que transcende definições e revela um poder transformador.

Jesus não fundou uma religião, mas sim um relacionamento com Deus. Ele disse que não precisamos seguir regras para nos aproximarmos de Deus, mas que podemos simplesmente crer nele e amar nossos semelhantes. A religião pode ser uma ferramenta poderosa para o bem, mas também pode ser usada para o mal. Quando a religião é usada para amar e servir os outros, ela se torna algo bom. Jesus queria que as pessoas tivessem um relacionamento com Deus e que se amassem uns aos outros.

Portanto, caro leitor, convido-o a deixar de lado as limitações das palavras e adentrar no vasto universo da religião com mente aberta e coração receptivo. Abraçar a jornada em busca do sagrado, deixando-se guiar pelos princípios que ressoam em sua alma. Pois é na vivência autêntica da religião que encontramos a verdadeira comunhão com algo maior, transcendente.

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (64): O Véu da Fé Corrompida.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (64): O Véu da Fé Corrompida.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma tarde ensolarada quando me deparei com uma cena que despertou minha curiosidade e indignação. No coração da cidade, cercada por prédios imponentes, uma multidão se aglomerava diante de uma construção que se autodenominava "igreja". Os cânticos fervorosos ecoavam pelos arredores, atraindo os fiéis como mariposas hipnotizadas pela chama de uma vela.

Movido pela inquietação, decidi adentrar aquele lugar sagrado, buscando compreender a essência que o impulsionava. Mas ao cruzar o portal, fui envolvido por um ambiente em que a devoção estava longe de ser o ponto central. Ali, testemunhei uma teia de enganos e interesses escusos, onde os princípios religiosos eram meras peças descartáveis.

Esses supostos "religiosos", desprovidos de valores éticos e verdadeira vocação religiosa, revelavam uma habilidade surpreendente em disfarçar sua avidez comercial. Eram como comerciantes inescrupulosos, negociando a fé como se fosse uma mercadoria qualquer. Os fundamentos deixados pelo Filho de Deus, os pilares que sustentam a crença cristã, pareciam não fazer parte de seu universo deturpado. Eu estava na congregação dos "colportores".

Em vez de transmitirem esperança e conforto espiritual, esses indivíduos transformavam a religião em um balcão de negócios. Era como se os altares sagrados tivessem se tornado vitrines de produtos (livros, revistas e jogos bíblicos), onde a fé era medida em cifras e os fiéis, meros consumidores. Essa perversão dos princípios religiosos era um golpe doloroso em minha alma, uma ferida aberta que clamava por justiça.

À medida que a cronologia dos acontecimentos se desdobrava diante de meus olhos, percebia a urgência de romper com o véu do engano e resgatar a verdadeira essência da fé. O despertar dessa consciência era como um raio de luz penetrando nas sombras, iluminando as almas que ansiavam por um encontro genuíno com o Divino.

E assim, caro leitor, somos convocados a questionar, a rejeitar o domínio da mercantilização religiosa e a buscar uma conexão profunda com o sagrado. Pois é somente através dessa jornada íntima, desprovida de interesses egoístas, que encontraremos a verdadeira paz e realização.

Que a reflexão aqui apresentada nos inspire a resgatar a essência da religiosidade, a reconstruir os alicerces abalados pela ganância e a reavivar a chama da verdadeira devoção. Que possamos discernir entre aqueles que se escondem atrás de máscaras e aqueles que genuinamente compartilham a luz divina com amor e integridade.

Pois a fé, quando vivida com autenticidade, é capaz de mover montanhas, de transformar corações e de conduzir-nos a um encontro transcendental com Deus. Que essa mensagem ecoe em nossas almas e nos impulsione à caminhada proposta.

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (63): O Despertar da Fé: Uma Jornada Perigosa.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (63): O Despertar da Fé: Uma Jornada Perigosa.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma manhã de domingo, daquelas em que o sol parece abraçar a cidade e a brisa suave sopra trazendo consigo o cheiro do café fresco. Enquanto caminhava pelas ruas movimentadas, observava atentamente as fachadas coloridas das novas "igrejas evangélicas" que brotavam como flores silvestres em um jardim desordenado. Intrigado, decidi adentrar nesse mundo desconhecido, mergulhar nas águas turbulentas dessas congregações modernas.

Ao cruzar o portal daquela primeira igreja, percebi que suas estruturas estavam enraizadas na facilidade e na conveniência. Depois de entrar em outras quatro, na mesma rua, percebi que todas eram como armadilhas atrativas para os menos esclarecidos, aqueles que não ousam questionar, mas que estão dispostos a aceitar qualquer palavra que lhes seja dita. Ali, a busca pelo conhecimento era deixada de lado, e a ignorância era celebrada como virtude.

Aquelas novas denominações pareciam não ter compromisso com a verdadeira felicidade e o bem-estar do ser humano. Eram como marionetes manipuladas por interesses obscuros, dançando conforme a música de falsas promessas. Eu me perguntava se essas pessoas sequer tinham conhecimento de que as várias vertentes da religião cristã surgiram de dissidências filosóficas respeitáveis, que motivaram movimentos de diversidade dentro da comunidade religiosa no século XVI. Afinal, esses caminhos foram trilhados não pela mera vontade daqueles que completaram um curso por correspondência.

A medida que me aprofundava nesse universo paralelo, testemunhava um espetáculo de ilusões e enganos. Os líderes carismáticos, sedutores em suas palavras, manipulavam as mentes e corações dos fiéis em busca de poder e riqueza. As escrituras sagradas, tão cheias de sabedoria e profundidade, eram relegadas a meros adereços decorativos, enquanto a ganância reinava soberana nos altares.

Em meio a essa jornada perigosa, escolhi uma: A IASD, então me vi envolvido em uma batalha interna entre o fascínio e o desencanto. Por um lado, a emoção da adesão cega, a sensação de pertencimento a algo maior. Por outro, a decepção diante do vazio, da superficialidade e da ausência de um verdadeiro propósito espiritual.

Hoje, olhando para trás, com a bagagem de experiências vividas, percebo que a fé não pode ser moldada pela conveniência. Ela é uma busca constante, uma jornada que exige questionamentos, reflexões e um compromisso genuíno com a verdade. Devemos lembrar que o crescimento desordenado dessas "igrejas evangélicas" é um reflexo de nossa sociedade, onde a ignorância e a falta de discernimento são exploradas em nome de interesses egoístas.

Que possamos resgatar o verdadeiro significado da religiosidade, enraizada no conhecimento, na empatia e no respeito pelo próximo.

sábado, 15 de julho de 2023

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (62): O Lado Oculto da Devoção: Um Jogo de Interesses.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (62): O Lado Oculto da Devoção: Um Jogo de Interesses.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma tarde abafada, em que o sol parecia lançar suas últimas faíscas de calor antes de se esconder por trás do horizonte. Sentado à minha mesa, folheando papéis e tomando um gole de café, deparei-me com um artigo intrigante que prometia revelar os bastidores da vida dos pastores. "Não, meus amigos", pensei, "não é apenas uma questão de fé e devoção, há algo mais obscuro nesse enredo".

Segundo as palavras impressas naquelas linhas, a motivação para abraçar o caminho pastoral era, essencialmente, financeira. Um emprego com segurança e vitalício, um ganho fácil, como se o salário do pastor fosse um trunfo bem guardado nas mangas da vida. Afinal, o valor a ser recebido dependia do tamanho da igreja, ou até mesmo da classe social que a frequentava. Além do salário, vantagens como moradia e ajuda para combustível eram concedidas, como se um contrato benevolente selasse esse acordo.

Enquanto meus dedos percorriam aquelas palavras, uma sensação de desconforto tomou conta de mim. Aquela busca espiritual, que deveria ser alimentada por um propósito nobre, parecia ser contaminada por interesses mundanos. A devoção ao Divino era eclipsada pela necessidade de se "ajeitar na vida", de obter benefícios materiais com relativa facilidade.

De forma irônica, alguns desses pastores pediam discrição pública sobre o tema salarial. Como se um véu de segredo encobrisse as cifras e o modo como o dinheiro fluía nessa empreitada religiosa. "As pessoas ignorantes da comunidade podem não entender", afirmavam com sutileza, como se fosse um enigma indecifrável destinado apenas a uma elite esclarecida.

Refleti sobre a essência da religiosidade e do compromisso espiritual. A mensagem que emergia daquelas palavras era avassaladora: havia um jogo de interesses por trás do véu sagrado. As chamas da fé, outrora incandescentes, pareciam ofuscadas por sombras de interesse pessoal. Era como se os pilares da devoção estivessem prestes a ruir sob o peso da ganância e da ilusão de uma vida confortável.

Enquanto observava a tinta se espalhar nas páginas do jornal, senti uma tristeza profunda. Não podemos permitir que nossa devoção seja corrompida por interesses mesquinhos. A religião, em sua essência, deve ser uma busca sincera pela conexão com o divino, um farol que ilumina nosso caminho em meio às sombras do mundo.

Que possamos refletir sobre o verdadeiro propósito de nossa devoção, sobre a necessidade de transcender as amarras do egoísmo e da busca por vantagens pessoais. Que nossa fé seja um elo genuíno com algo maior do que nós mesmos, uma chama que arde em nossos corações e nos impulsiona, cada vez mais, a sermos melhores.

Que a luz da verdade possa dissipar as sombras do interesse no conforto material.