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segunda-feira, 17 de julho de 2023

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (67): O Poder do Barulho e a Voz do Silêncio.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (67): O Poder do Barulho e a Voz do Silêncio.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era uma tarde ensolarada, daquelas que parecem convidar ao descanso e à contemplação. Caminhando pelas ruas movimentadas da cidade, me deparei com uma cena curiosa e intrigante. Uma nova igreja havia surgido em um antigo prédio abandonado, trazendo consigo um turbilhão de cores e sons que contrastavam com a quietude ao seu redor.

A figura do novo pastor, ainda jovem e repleto de entusiasmo, destacava-se em meio ao cenário. Sua voz ressoava pelos alto-falantes instalados estrategicamente, ecoando pelas ruas adjacentes. Era como se quisesse alcançar cada canto da cidade com suas palavras, na esperança de encontrar ouvidos ávidos por um sentido maior.

Contudo, à medida que me aproximava, percebi que algo não se encaixava nesse quadro de fervor e alvoroço. O conhecimento e a profundidade dos conceitos religiosos pareciam se perder no burburinho, revelando um vácuo de compreensão que contrastava com o barulho ensurdecedor.

Não era incomum presenciar as pregações fervorosas, repletas de gritos e clamores desesperados. O novo pastor acreditava que quanto mais alto o som, maior seria o poder de convencimento. Como se o tom das palavras carregassem em si uma magia capaz de tocar os corações e iluminar as mentes.

Mas, eis a ironia dessa história: o verdadeiro poder de persuasão não estava no alarido, na gritaria que invadia os ouvidos dos fiéis. Ele residia na simplicidade das palavras sinceras, na conexão genuína que se estabelece entre o pregador e o ouvinte.

Enquanto o pastor buscava na estridência uma forma de transmitir sua mensagem, ele negligenciava o poder da escuta atenta, do silêncio que permite que as palavras ressoem em cada alma como um sussurro de verdade. Afinal, o que ficava gravado nos corações era a essência da mensagem, não a intensidade do som.

Aos poucos, a população despertava para essa dissonância entre o clamor desmedido e a falta de conteúdo substancial. Acreditavam que o fervor exacerbado era um substituto para a sabedoria, para o conhecimento que verdadeiramente alimenta a alma.

Olhando para trás, vejo os capítulos dessa história se desenrolarem, e uma mensagem impactante se revela diante de meus olhos. O poder não está no volume do som das palavras, mas sim na sua autenticidade e na capacidade de transformar vidas. É no silêncio que a verdade ressoa mais claramente, permitindo que os corações se abram para a compreensão e a busca por uma conexão mais profunda.

Que possamos aprender com essa lição, valorizando não apenas a intensidade das vozes que nos rodeiam, mas também a qualidade das mensagens que nos são transmitidas. Pois é no encontro entre o silêncio e a palavra que encontramos a essência da comunhão verdadeira e da transformação interior.

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