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domingo, 10 de novembro de 2024

A Escola das Ausências ("Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda." — Paulo Freire)

 

A Escola das Ausências ("Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda." — Paulo Freire)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

O que acontece quando a escola, em vez de ser um espaço de transformação, se torna uma prisão disfarçada? Quando a sala de aula deixa de ser um local de troca de ideias e passa a ser o lugar onde alunos e professores apenas cumprem uma carga horária, marcando o tempo em silêncio, esperando pela hora de ir embora? Esse é o cenário que tenho vivido, em que a educação, que deveria ser uma janela aberta para o futuro, se fechou em um ciclo de apatia e desinteresse.

Deixo uma pergunta simples no ar: por que o professor vai para a escola? Não falo da resposta convencional, aquela que enche os olhos e dá dignidade ao trabalho, como "para ensinar" ou "para fazer a diferença". Não. Falo da pergunta que me chega todos os dias, não com a curiosidade de quem deseja aprender, mas com um tom de estranhamento, como se minha presença fosse algo incomum, algo surpreendente: "Por que o senhor veio hoje?"

A questão não está na indagação em si, mas no vazio que ela carrega. Na indiferença que, aos poucos, vai corroendo o significado da minha presença e, mais doloroso ainda, o significado da própria educação. Aparentemente, minha ida à escola tornou-se apenas uma formalidade, como o simples ato de abrir a porta pela manhã, sem que se perceba o que há por trás disso. A educação já não é mais vista como algo precioso, mas como uma obrigação sem sentido. E essa indiferença não vem apenas dos alunos, mas também dos colegas de trabalho. Na sala dos professores, as risadas alheias e as piadas sobre quem faltou ou quem vai faltar refletem um desejo silencioso pela ausência do outro. A escola, que deveria ser um espaço de união, tornou-se um lugar de desconexão, onde a ausência de alguém é mais desejada que sua presença constante.

Dizer que isso reflete uma "crise existencial" pode soar exagerado, mas, sinceramente, não vejo outra maneira de descrevê-lo. A crise não é apenas pedagógica, é, acima de tudo, humana. Vivemos em um sistema que, ao tentar ser eficiente e produtivo, esquece que a educação é, antes de mais nada, uma troca, uma convivência, um exercício de humanidade. A cada dia que passa, parece que o esforço de ensinar se perde em um jogo de aparências, onde cada um finge estar no lugar certo, mas, no fundo, todos querem estar em outro lugar. O professor finge ensinar, o aluno finge aprender, e todos esperam apenas que o tempo passe rápido.

A verdade, dolorosa, é que o sistema educacional perdeu o rumo. O compromisso com a educação, com o desenvolvimento do indivíduo, foi substituído por uma rotina fria que não leva a lugar algum. O que deveria ser um espaço de crescimento e reflexão se transformou em uma máquina de marcar presença, onde todos cumprem seus papéis sem sentido, aguardando o momento de escapar.

O pior de tudo é que ninguém parece disposto a mudar. Todos se acostumaram com a inércia, com a apatia. Os alunos, imersos em sua indiferença, não percebem que o tempo que passam na escola é o tempo mais precioso de suas vidas. Os professores, cansados e desiludidos, já não sabem mais como reacender a chama que os fez escolher essa profissão. A escola, que já foi um local de sonho e construção de futuro, se tornou um espaço de conformismo e cansaço.

E assim seguimos. O que posso fazer, senão continuar? Mas, ao escrever estas palavras, não posso deixar de questionar: será que algum dia esse ciclo de desilusão será quebrado? Ou vamos todos, professores e alunos, continuar aceitando que a educação se resuma a um jogo de marcação de pontos, onde ninguém se importa realmente com o que está sendo ensinado ou aprendido? Talvez a resposta esteja em cada um de nós, na nossa capacidade de nos revoltarmos contra a indiferença e o vazio que tomaram conta desse lugar.

Por fim, a única verdade que posso afirmar é: não podemos nos contentar com menos do que o real propósito da educação. Ela precisa voltar a ser um espaço de humanidade, de reflexão e, principalmente, de transformação.


Com base na profunda reflexão do professor sobre sua experiência em sala de aula, proponho as seguintes questões para estimular um debate rico e crítico:


Qual a principal crítica do autor ao sistema educacional atual?

Essa questão direciona os alunos a identificar os pontos centrais da insatisfação do professor com a educação.


Como a falta de engajamento dos alunos e professores afeta a qualidade do ensino e aprendizagem?

A pergunta incentiva os alunos a refletir sobre o impacto da apatia e da indiferença no processo educativo.


Qual a relação entre a educação e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária?

Essa questão conecta a experiência individual do professor com questões mais amplas sobre o papel da educação na sociedade.


Quais os desafios para transformar a escola em um espaço mais significativo e motivador para alunos e professores?

A pergunta estimula os alunos a pensar em soluções e propostas para melhorar a educação.


Como a tecnologia e as novas formas de aprendizagem podem contribuir para revitalizar a educação?

Essa questão abre espaço para uma discussão sobre o futuro da educação e o papel das novas tecnologias no processo de ensino e aprendizagem.


Observações:

Abordagem interdisciplinar: As questões incentivam os alunos a relacionar os conceitos sociológicos com conhecimentos de outras áreas, como psicologia, filosofia e pedagogia.

Crítica e reflexão: As perguntas estimulam os alunos a pensar criticamente sobre as informações apresentadas no texto e a construir suas próprias opiniões sobre o tema.

Diálogo e debate: As questões podem ser utilizadas como ponto de partida para debates em sala de aula, promovendo o respeito às diferentes perspectivas e a construção de um conhecimento coletivo.

Ao trabalhar com essas questões, é importante que o professor crie um ambiente seguro e acolhedor para que os alunos possam expressar suas ideias e opiniões de forma livre e respeitosa. A partir desse debate, é possível construir um projeto coletivo para transformar a escola em um espaço mais humano e significativo para todos.

sábado, 9 de novembro de 2024

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VII(19) "Respeito Mútuo e Empatia: Pilares de uma Sexualidade Inclusiva"

 

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VII(19) "Respeito Mútuo e Empatia: Pilares de uma Sexualidade Inclusiva"

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A complexidade da sexualidade humana demanda uma compreensão que transcenda interpretações literais de textos religiosos e visões conservadoras tradicionais. Como afirma o sociólogo Anthony Giddens, "a sexualidade é uma construção social historicamente contingente", evidenciando a necessidade de uma abordagem mais abrangente e contextualizada.

A evolução do pensamento sobre relações humanas sugere um caminho de maior compreensão e empatia. Enquanto textos antigos prescreviam que "adúlteros deveriam ser apedrejados" (Levítico 20:10), encontramos uma perspectiva mais compassiva no ensinamento "Aquele que estiver sem pecado que atire a primeira pedra" (João 8:7). Esta transformação ressoa com o pensamento do filósofo Slavoj Žižek, para quem "a verdadeira moralidade é a capacidade de ouvir e entender o outro".

A questão da autonomia feminina emerge como elemento central neste debate. Chimamanda Ngozi Adichie sintetiza esta perspectiva ao afirmar que "Ninguém é dono de ninguém". Complementarmente, Judith Butler propõe uma "ética do prazer" que celebra a sexualidade consensual, distanciando-se de visões punitivas baseadas em conceitos de pecado.

Quanto às desarmonias conjugais, incluindo o adultério, estas merecem uma abordagem mais nuançada, fundamentada na compreensão de Paulo sobre amor e paciência (1 Coríntios 13:4). Alain de Botton reforça esta visão ao lembrar que "o amor verdadeiro é um ato de generosidade e compreensão".

A evolução espiritual contemporânea, portanto, reside não em dogmas punitivos, mas na construção de uma ética secular baseada no respeito mútuo, na empatia e na celebração da diversidade de experiências humanas. Esta abordagem permite uma compreensão mais profunda e genuína das relações humanas em toda sua complexidade.

Com base no texto apresentado, proponho as seguintes questões para estimular a reflexão e o debate sobre os temas da sexualidade, moralidade e construção social:

Qual a principal crítica do texto às interpretações literais de textos religiosos sobre a sexualidade?

Essa questão incentiva os alunos a identificar os argumentos centrais do texto contra a perspectiva de que a moralidade sexual deve ser baseada exclusivamente em dogmas religiosos.

Como os autores citados no texto contribuem para uma compreensão mais abrangente e humanizada da sexualidade?

A pergunta direciona os alunos a relacionar as ideias de diferentes autores e a construir uma visão mais complexa sobre o tema.

De acordo com o texto, qual o papel da autonomia individual na construção de uma sexualidade saudável e respeitosa?

Essa questão leva os alunos a considerar a importância da liberdade individual e do consentimento nas relações sexuais.

Como a evolução do pensamento sobre a sexualidade se relaciona com a construção de uma ética mais inclusiva e compassiva?

A pergunta incentiva os alunos a refletir sobre a relação entre o desenvolvimento histórico do pensamento sobre sexualidade e a construção de uma moralidade mais humana.

Quais os desafios para a construção de uma sociedade que valorize a diversidade sexual e promova relações mais saudáveis e consensuais?

Essa questão abre espaço para uma discussão mais ampla sobre os obstáculos que impedem a construção de uma sociedade mais justa e igualitária em relação à sexualidade.

Observações:

Abordagem interdisciplinar: As questões incentivam os alunos a relacionar os conceitos sociológicos com conhecimentos de outras áreas, como filosofia, teologia e história.

Crítica e reflexão: As perguntas estimulam os alunos a pensar criticamente sobre as informações apresentadas no texto e a construir suas próprias opiniões sobre o tema.

Diálogo e debate: As questões podem ser utilizadas como ponto de partida para debates em sala de aula, promovendo o respeito às diferentes perspectivas e a construção de um conhecimento coletivo.

Ao trabalhar com essas questões, é importante que o professor crie um ambiente seguro e acolhedor para que os alunos possam expressar suas ideias e opiniões de forma livre e respeitosa.

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VII(18) “A Evolução do Amor e da Sexualidade: Uma Perspectiva Contemporânea”

 

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VII(18) “A Evolução do Amor e da Sexualidade: Uma Perspectiva Contemporânea”

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A visão moralista e antiquada sobre o amor e o sexo, fundamentada em interpretações religiosas ultrapassadas, é questionada no texto. A necessidade de refletir sobre essa abordagem é evidente, considerando as mudanças sociais e culturais que ocorreram desde a formulação dessas ideias. Como Michel Foucault observou, "a sexualidade é uma construção social historicamente contingente" (FOUCAULT, 1976).

A ideia de que o sexo fora do casamento é pecaminoso e que o amor verdadeiro só pode existir dentro de um contexto matrimonial é limitada e descontextualizada. Hoje, entendemos que o amor e o sexo são experiências humanas complexas que podem existir em diferentes formas e contextos. Como está escrito em 1 Coríntios 13:4-7, "O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."

Em vez de demonizar o sexo e a luxúria, deveríamos adotar uma "ética do prazer", como proposto por filósofos como Gilles Deleuze. Ele argumenta que "o prazer não é uma noção simples, mas um conceito a ser construído" (DELEUZE, 1983).

A abordagem dos religiosos fanáticos em relação às mulheres é problemática e sexista. As mulheres não devem ser culpabilizadas por expressarem sua sexualidade de maneira livre e autônoma. Como está escrito em Gálatas 3:28, "Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus." Mulher que veste minissaia está pedindo para ser estuprada?

Em vez de propagar o medo e a repressão sexual, devemos promover uma educação sexual aberta e inclusiva, que valorize o respeito mútuo, o consentimento e a igualdade de gênero.

O psicanalista Jacques Lacan desconstruiu a ideia de um "amor verdadeiro" transcendental, afirmando que "o amor é dar o que não se tem" (LACAN, 1977). Portanto, reduzir o amor a um compromisso de "propriedade" sobre o outro é uma falácia. Como Simone de Beauvoir escreveu, "ninguém é dono de ninguém" (BEAUVOIR, 1949) em um relacionamento saudável.

Portanto, é hora de deixarmos para trás os preconceitos e tabus em relação ao sexo e ao amor, e abraçarmos uma visão mais progressista e inclusiva, que respeite a diversidade e a individualidade de cada pessoa. O amor não é exclusivo do casamento, e o sexo não é uma fonte de pecado e ruína, mas sim uma expressão saudável e natural da experiência humana.


Com base no texto, proponho as seguintes questões para estimular a reflexão e o debate sobre o tema da sexualidade:


Qual a principal crítica do texto às visões tradicionais sobre a sexualidade, especialmente as baseadas em interpretações religiosas?


Essa questão incentiva os alunos a identificar os argumentos centrais do texto contra as perspectivas mais conservadoras e moralistas sobre a sexualidade.


Como o texto relaciona a construção social da sexualidade com as mudanças históricas e culturais?


A pergunta direciona os alunos a refletir sobre a influência do contexto social e histórico na forma como entendemos e vivenciamos a sexualidade.


De acordo com o texto, qual a importância de uma educação sexual que promova o respeito mútuo e o consentimento?


Essa questão leva os alunos a considerar o papel da educação sexual na construção de relações saudáveis e igualitárias.


Como os conceitos de amor e prazer são abordados no texto, e como eles se relacionam com a sexualidade?


A pergunta incentiva os alunos a pensar sobre a complexidade do amor e do prazer, e como esses conceitos são influenciados por fatores sociais e culturais.


Quais são os principais desafios para a construção de uma sociedade que valorize a diversidade sexual e promova relações saudáveis?


Essa questão abre espaço para uma discussão mais ampla sobre os obstáculos que impedem a construção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa em relação à sexualidade.

domingo, 3 de novembro de 2024

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VII(17) “Desmistificando a Sexualidade: Uma Perspectiva Teológica e Humanista”

 

ANTIFARISEU — Ensaio Teológico VII(17) “Desmistificando a Sexualidade: Uma Perspectiva Teológica e Humanista”

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A sexualidade, tema frequentemente abordado através de uma lente moralista e puritana por fanáticos religiosos, revela-se muito mais complexa e diversificada do que sugerem as metáforas bíblicas e a condenação da luxúria. Michel Foucault, filósofo contemporâneo, sintetiza essa complexidade ao afirmar: "A sexualidade é um domínio extremamente densamente transferido de significado e de valor".

Superando a interpretação tradicional que estabelece uma dicotomia simplista entre virtude e pecado, encontramos na carta de Paulo aos Coríntios uma perspectiva mais nuançada: "Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não deixarei que nada me domine" (1 Coríntios 6:12). Esta passagem sugere que a sexualidade, componente natural e saudável da experiência humana, pode e deve ser vivida de maneira consensual e responsável.

A noção prejudicial de que desejos sexuais devem ser reprimidos e controlados frequentemente resulta em culpa desnecessária e repressão emocional. Por isso, torna-se fundamental uma educação sexual que promova autonomia e respeito mútuo, capacitando indivíduos para decisões conscientes sobre sua sexualidade. Neste contexto, o filósofo Slavoj Žižek oferece uma reflexão pertinente: "A verdadeira liberdade não é uma liberdade de escolha feita de uma abundância de opções, mas uma liberdade de formular a própria escolha".

Em lugar da demonização da sexualidade fora do casamento, é necessário reconhecer e valorizar a diversidade de experiências e perspectivas, fomentando um diálogo aberto e inclusivo. Este diálogo deve abranger aspectos essenciais como consentimento, saúde sexual e afirmação da identidade.

O ensinamento de Jesus, "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Marcos 12:31), fundamenta uma abordagem mais humanista e empática das questões relacionadas à sexualidade, reconhecendo a legitimidade das experiências individuais e respeitando a diversidade de escolhas e orientações sexuais. Assim, construímos um ambiente verdadeiramente inclusivo e respeitoso, onde cada indivíduo possa expressar sua sexualidade de maneira autêntica e saudável.


Com base no texto, elabore respostas completas e abrangentes para as seguintes questões:


Qual a principal crítica do texto às interpretações tradicionais sobre sexualidade, especialmente aquelas baseadas em algumas interpretações religiosas?


De acordo com o texto, como a Bíblia pode ser interpretada no contexto das questões sobre sexualidade na contemporaneidade?


Qual a importância de uma educação sexual que promova autonomia e respeito mútuo?

Como a filosofia contemporânea contribui para a compreensão da sexualidade e das relações humanas?


Qual a visão do texto sobre a construção de uma sociedade que valorize a diversidade sexual e promova relações saudáveis?