"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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segunda-feira, 10 de julho de 2023

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (36): O Silêncio do Exemplo.

 


Crônicas

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (36): O Silêncio do Exemplo.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Há algo intrigante na maneira como a aparência do mal é prontamente compreendida como mal. É como se estivesse impregnada em nossa natureza a resistência a tudo que possa nos parecer sombrio ou negativo. Nós, seres humanos, tendemos a desconfiar, a afastar, a rejeitar o que não se encaixa no nosso padrão de bondade. E é nesse complexo jogo de percepções e julgamentos que surge a figura enigmática do Apóstolo Paulo.

Como cristão, o Apóstolo carregava consigo uma preocupação constante: que tipo de inspiração ele estava transmitindo aos outros? Ele compreendia que todos nós, consciente ou inconscientemente, lançamos sombras, influenciamos aqueles que nos cercam. Nessa perspectiva, Paulo afirmava categoricamente: "nenhum de nós vive para si mesmo". E ele tinha razão. Nossa existência está intrinsecamente ligada às vidas daqueles com quem interagimos, sejam eles conhecidos ou desconhecidos.

E foi nessa busca por lançar uma sombra benéfica que Paulo se viu diante de um dilema peculiar. Ele discorreu sobre o direito de um pregador receber sustento do Evangelho, algo considerado lícito e justo. No entanto, Paulo optou por não exercer esse direito. Por quê? Porque, em sua sabedoria, ele percebeu que a aparência do mal poderia ser evitada através dessa decisão.

Ao recusar receber pagamento por suas palavras e ensinamentos, o Apóstolo demonstrou uma consciência aguçada do impacto que suas ações poderiam ter na mensagem que transmitia. Ele compreendia que se aceitasse pagamento, poderia despertar a desconfiança e o desinteresse das pessoas. Ele temia que suas motivações fossem questionadas e que o trabalho divino fosse desacreditado pelos olhos astutos daqueles que esperavam encontrar interesses egoístas nas palavras dos pregadores.

Paulo, em sua postura íntegra e honesta, se recusou a explorar seus irmãos de fé. Ele sustentava-se por meio de sua própria profissão, habilidosamente fabricando tendas. A pregação do Evangelho era para ele uma missão cristã, nunca uma profissão. Ele deixou claro em suas palavras e atitudes que não buscava lucrar materialmente com seu ensino, mas sim sentir a necessidade urgente de compartilhar a mensagem de Cristo com o mundo.

E assim, ao longo da história, podemos encontrar exemplos semelhantes. Os escolhidos de Deus não eram desocupados, mas indivíduos com ocupações paralelas que se tornaram instrumentos divinos. Eles utilizaram seus dons e talentos dados por Deus para ajudar outros a encontrarem o caminho da salvação. Eles compreenderam que sua profissão secular era um trampolim para o trabalho missionário, uma forma de adorar a Deus, amar o próximo e fazer avançar a obra divina.

A lição que aprendemos com o silêncio do exemplo de Paulo é profunda. A maneira como vivemos nossas vidas e nos relacionamos com os outros define a qualidade do nosso caráter e a eficácia de nossa mensagem. "E, apesar de conhecerem a justa Lei de Deus, que declara dignos de morte todas as pessoas que praticam tais atos, não somente os continuam fazendo, mas ainda aprovam e defendem aqueles que também assim procedem." (Rm 1:2 BKJA).

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (35): O Apóstolo Paulo Evitava a Aparência do Mal.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (35): O Apóstolo Paulo Evitava a Aparência do Mal.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Quando nos deparamos com a figura do Apóstolo Paulo, somos impulsionados a refletir sobre sua conduta e seu modo de vida. Um homem cuja influência transcendeu séculos, suas palavras ecoam até os dias de hoje, despertando o interesse e a curiosidade de muitos. Porém, há uma característica peculiar desse apóstolo que merece nossa atenção: sua aversão à aparência do mal.

Paulo, em suas epístolas e ensinamentos, constantemente nos lembra que somos seres interdependentes, que nossas ações têm o poder de lançar sombras sobre aqueles que nos cercam. Ele nos instiga a questionar a qualidade da inspiração que transmitimos aos outros. Essa perspectiva nos convida a uma profunda reflexão sobre o impacto de nossas palavras e atos no mundo ao nosso redor.

Ao mergulharmos nas páginas dos escritos paulinos, encontramos passagens que ressaltam a importância de evitar a aparência do mal. Paulo compreendia que, mesmo sem intenção, poderíamos influenciar negativamente aqueles que observam nossas vidas. Ele nos lembra, em Romanos 14:7, que nenhum de nós vive para si mesmo, destacando a inevitável interconexão entre os indivíduos.

Mas, por que Paulo atribuía tamanha importância a esse princípio? O apóstolo reconhecia que nossa conduta reflete não apenas nossa própria integridade, mas também a imagem do Evangelho que professamos. Ele compreendia que cada atitude, cada escolha, poderia fortalecer ou enfraquecer a mensagem que levamos ao mundo. Sua vida era um testemunho vivo de seu compromisso com a verdade e a retidão, buscando inspirar outros a seguirem o mesmo caminho.

Em um mundo onde as aparências muitas vezes enganam, Paulo nos desafia a ir além. Ele nos incita a viver de forma tão autêntica e íntegra que não restem dúvidas sobre nossas intenções. Seu exemplo nos motiva a sermos pessoas de caráter, cujas sombras lançadas sejam sinônimo de luz e esperança para aqueles que estão ao nosso redor.

Ao refletir sobre a postura do Apóstolo Paulo, somos confrontados com uma pergunta crucial: que tipo de sombra estamos lançando sobre as vidas daqueles que nos cercam? Será que estamos sendo conscientes em relação às influências que transmitimos? Paulo nos lembra que temos o poder de determinar a natureza dessa sombra, e essa responsabilidade é uma oportunidade para transmitir uma mensagem impactante aos outros.

Portanto, que possamos seguir o exemplo de Paulo, buscando evitar a aparência do mal em nossas palavras, ações e atitudes. Que possamos ser agentes de transformação, lançando sombras que inspirem, encorajem e iluminem o caminho daqueles que cruzam nosso caminho. Que a nossa vida seja um reflexo fiel do Evangelho que professamos, e que a mensagem que transmitimos seja uma verdadeira fonte de esperança para o mundo ao nosso redor.

Caro leitor, só lembrando que o apostolo Paulo recusava receber os dízimos para evitar a aparência do mal. “Se entre vocês semeamos coisas espirituais, seria demais colhermos de vocês coisas materiais? Se outros têm direito de ser sustentados por vocês, não o temos nós ainda mais? Mas nós nunca usamos desse direito. Pelo contrário, suportamos tudo para não colocar obstáculo algum ao evangelho de Cristo” (I Co. 9:11,12).

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (34): A Compra da Salvação: O Papel do Dízimo na Igreja.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (34): A Compra da Salvação: O Papel do Dízimo na Igreja.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Dar o dízimo é uma prática que muitos encaram como uma forma de entregar a própria vida. Afinal, o dinheiro se torna a representação simbólica da nossa existência. Partindo desse princípio, somos tentados a trocar a doação genuína de nossa vida pelo simples ato de dar o dízimo, pois é mais fácil e conveniente. Imaginem como é simples para aqueles que têm muito dinheiro entregar uma quantia considerável, ao invés de sair em missões de campo para o trabalho missionário! Assim, o homem se coloca como o seu próprio salvador, escolhendo onde e como empregar seus recursos.

Jesus desejava ardentemente salvar o "Jovem rico", mas esse jovem já tinha o seu próprio salvador: suas riquezas. O Mestre deixou bem claro o quão ineficaz era esse salvador material, quando recomendou que vendesse tudo o que tinha, doasse aos pobres e o acompanhasse em seu trabalho. É curioso observar que Jesus não o instruiu a doar sua fortuna à sua igreja. Será que Ele não acreditava que os benefícios chegariam aos necessitados por meio desse canal? Ou talvez o Mestre visse na descentralização a maneira ideal de lidar com a questão. Afinal, algo estava errado com o sistema religioso da época, pois, se não houvesse, Jesus teria fortalecido os cofres das igrejas daquela comunidade. E as igrejas de hoje...?

Talvez possamos fazer uma analogia com o sistema religioso atual, onde a cada esquina encontramos igrejas imponentes, com pastores bem nutridos e uma realidade mundial marcada pela miséria em todas as suas formas. Agora temos a certeza de que, no incidente do "Jovem rico", Jesus propôs a descentralização econômica. No entanto, até hoje, não compreendemos por que persiste a prática de centralizar os recursos financeiros nas igrejas, em benefício dos intermediários que negociam a "salvação" e a honra dos fiéis em nome de Deus. É espantoso como eles conduzem suas modernas igrejas em uma disputa para mostrar quem é o melhor na arrecadação! Até mesmo os apóstolos se envergonhariam se lessem um texto opressor como o que se encontra no manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia (mencionei esta denominação porque a conheço bem, de lá saí) .

Segundo esse manual, os trabalhadores da Associação ou Missão, os anciãos e outros oficiais da igreja, bem como os diretores das instituições, devem reconhecer a importância de dar um bom exemplo ao entregar o dízimo. Qualquer pessoa que não esteja de acordo com essa norma da igreja não deve ser mantida em seu cargo, seja como oficial local ou como membro da organização. Mais adiante, nas páginas 200 e 201 desse mesmo manual, nos deparamos com uma abominação semelhante, fruto da sagacidade de Lúcifer. Diz o texto: "Nenhum membro deve ser excluído do rol da igreja por incapacidade de contribuir financeiramente para qualquer uma das causas da igreja, ou por deixar de fazê-lo...". Sim, os membros inadimplente com os dízimos não são excluídos, mas apenas destituídos dos cargos de liderança.

Meu caro leitor, se a igreja leva ao céu, o dízimo compra a salvação!

domingo, 9 de julho de 2023

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (33): A Viúva Pobre e a Sabedoria Divina.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (33): A Viúva Pobre e a Sabedoria Divina.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Um dilema ancestral permeia as mentes dos crentes: até que ponto a generosidade material pode ser um caminho para a salvação? O ser humano, em sua busca incansável por méritos, se vê tentado a acreditar que pode conquistar favores divinos por meio de sacrifícios financeiros. É como se pudesse comprar a própria redenção, em uma transação tão sutil quanto perigosa.

Nesse jogo de expectativas, surge a crença de que o investimento financeiro em Deus automaticamente gera retribuição divina na forma de prosperidade. O fiel se coloca em uma posição de poder, exigindo que Deus cumpra suas obrigações em troca de sua suposta generosidade. Mas será que um pobre, que doa pouco, é menos honrado? Jesus já nos deu a resposta ao elogiar o exemplo da viúva pobre.

Envolvido pela névoa do tempo, volto-me para as palavras proferidas por Jesus. Ele não está interessado nos dízimos opulentos que circulam nos dias atuais, mas sim na contribuição humilde de uma viúva com duas modestas moedas. Aquela doação modesta fortaleceu a igreja, que se tornara um obstáculo para a disseminação positiva de Seu Evangelho.

O que Jesus exaltou naquela viúva não foram suas posses externas, mas sim os atributos internos que ela personificava. Da mesma forma que Ele valorizava a ingenuidade e a inocência das crianças, a fragilidade, a insignificância social, a dependência e, acima de tudo, a humildade eram características que Ele exaltava. Afinal, o Reino de Deus se baseia em valores e princípios que não se alinham com as apreciações deste mundo.

Nesse universo transcendental, Cristo salva indivíduos e não denominações. A verdade suprema é que Deus considera apenas o indivíduo, não se importando com as estruturas eclesiásticas. A igreja, por sua vez, é apenas uma expressão social, um reflexo da comunhão entre seres individuais.

Hoje, diante desse quadro, minha mente se enche de reflexões. Será que estamos seguindo os passos de Jesus ao valorizar a verdadeira devoção? Ou estamos presos em rituais e obrigações vazias? A resposta está na escolha de viver a humildade, a simplicidade e a entrega verdadeira. É necessário despir-se do orgulho que nos faz exigir retribuições divinas por nossos atos externos.

Assim, concluo essa crônica com a certeza de que Jesus nos deixou um caminho claro. Ele nos chama para olhar além dos dízimos e investimentos materiais, para abraçar a essência da fé verdadeira. Que possamos, como indivíduos, buscar a humildade em nossa jornada espiritual, reconhecendo que a comunhão com Deus transcende as formalidades institucionais. Que assim possamos trilhar o caminho da verdadeira devoção, encontrando a redenção em cada gesto de amor e compaixão que dedicamos.

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (32): Além do Dízimo, em Busca da Verdadeira Devoção.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (32): Além do Dízimo, em Busca da Verdadeira Devoção.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A luz dourada do sol atravessava as frestas das janelas, pintando o chão com raios de esperança. Em meio a esse cenário encantador, encontrei-me imerso em um diálogo transcendental, uma troca de palavras entre Jesus e os fariseus. Naquelas conversas, o Mestre revelava a distância que separava aquelas almas das virtudes cristãs, aprisionadas pelo fardo opressor do dízimo.

As notas suaves da melodia se elevavam em minha mente enquanto eu me entregava à atmosfera mística daquele encontro divino. Jesus, com sabedoria e compaixão, apontava que o ato de dizimar não deveria ser uma máscara que ocultasse a essência da justiça, da misericórdia e da fidelidade. Estas últimas, Ele exigia com veemência, mas a prática do dízimo em si não era uma imposição.

Na escala de valores de Jesus, as virtudes supremas eram alicerces sólidos que sustentavam a caminhada espiritual. Justiça, misericórdia e fidelidade eram as pedras fundamentais que deveriam guiar os passos dos crentes, superando a superficialidade do cumprimento meramente ritualístico.

Mas, uma pergunta inquietante ecoava em minha mente: se o pagamento do dízimo era considerado uma prova de fidelidade, por que Jesus exigia essa fidelidade dos bons dizimistas, os fariseus? A resposta se revelava nas entrelinhas, na profundidade dos versículos do evangelho de Mateus. A prática dos fariseus não era uma demonstração de devoção genuína, mas uma maneira de agradar aos homens e esconder seus próprios pecados. Em outras palavras, o dízimo não mais satisfazia a Deus; Ele não precisava de dinheiro, mas sim de corações desprendidos e abnegados.

Na quietude do meu ser, compreendi que nada me convencia, a mim e a outros iluminados, de que uma taxa estipulada em 10% continuasse a embaraçar nossos passos e a ser um obstáculo ao verdadeiro cristianismo. Esse ônus financeiro, muitas vezes, bloqueava o avanço espiritual, impedindo-nos de prestar um serviço cada vez mais honroso a Deus.

Em um mundo onde multidões de homens de fé nos observam a partir de suas tribunas pessoais, é imperativo que nos desfaçamos de tudo o que nos torna vagarosos, de tudo o que nos atrasa. Em especial, devemos libertar-nos dos pecados que se enroscam em nossos pés, ameaçando-nos com quedas dolorosas. Corramos, pois, com perseverança na jornada especial que Deus traçou diante de nós.

No horizonte da minha alma, vislumbro um chamado à verdadeira devoção. Um chamado que transcende as obrigações financeiras e se aprofunda na essência do amor e da entrega. Afinal, é o olhar firme em Jesus, nosso Libertador.

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (31): A Essência da Generosidade.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (31): A Essência da Generosidade.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Era um dia ensolarado, com o calor do sol acariciando gentilmente minha pele. Enquanto caminhava pelas ruas movimentadas, pensamentos profundos permeavam minha mente. E foi então que me deparei com uma passagem intrigante, um diálogo registrado nas palavras sagradas, que ecoavam em minha alma como um chamado.

A figura icônica de Jesus emergia diante de mim, não como um mestre suave e tranquilo, mas como alguém que confrontava a hipocrisia e as aparências vazias. Foi a única vez em que Ele abordou o tema do dízimo, um momento singular que antecedeu o momento em que o véu do templo se rasgou, rompendo barreiras e transformando o curso da história.

Naquele instante, Jesus direcionava Suas palavras aos Fariseus, aqueles que se escondiam por trás das máscaras do legalismo e do formalismo das cerimônias. Sua repreensão era impetuosa, ressoando como trovões nos corações daqueles que buscavam ostentar sua piedade externamente. "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!" Suas palavras penetravam fundo, desafiando a falsa devoção que negligenciava os princípios mais essenciais da Lei.

O vento soprava suavemente, trazendo consigo as palavras de Jesus, que ecoavam em minha mente como um chamado à reflexão. Ele mencionou o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, ressaltando como era fácil cumprir rituais externos, e negligenciar os aspectos mais importantes da vida espiritual: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Essas eram as obrigações fundamentais, que não podiam ser desconsideradas, mas que muitas vezes eram eclipsadas pela mera formalidade.

Envolto pela narrativa, mergulhei nas entrelinhas do texto sagrado, buscando compreender a mensagem profunda que se escondia ali. O Novo Testamento não prescreve claramente o dízimo para os crentes, pois as palavras de Jesus eram um desafio direcionado aos Fariseus, não uma norma a ser seguida por todos. No entanto, há uma verdade que ressoa: a alegria deve habitar no coração do contribuinte, independente da forma como se manifesta.

Fui transportado para os primeiros dias da comunidade cristã, registrados no livro de Atos, onde a generosidade florescia como uma flor exuberante. Ali, não se tratava apenas do dízimo, mas de uma entrega total. Os cristãos não davam apenas uma parte, eles ofereciam tudo. O espírito de partilha e amor transbordava em cada gesto, em cada ato de generosidade, construindo uma comunidade unida pela fé e pelo compromisso mútuo.

Hoje, enquanto olho ao meu redor, vejo um mundo sedento de generosidade. Somos chamados a olhar para além das obrigações formais e nos conectarmos com a essência do ensinamento de Jesus.

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (30): A Supremacia do Sacrifício de Jesus.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (30): A Supremacia do Sacrifício de Jesus.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

A luz do sol esmaecia no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e rosa. O ambiente estava imbuído de uma atmosfera serena e contemplativa, enquanto eu me encontrava imerso nas palavras que ecoavam em minha mente. "Essa diferença também faz de Jesus a garantia de um acordo melhor", sussurrei para mim mesmo, tentando compreender a grandiosidade do que estava por vir.

A ideia se entrelaçava nas páginas do Novo Testamento, revelando uma perspectiva única sobre o sacerdócio. Uma diferença profunda emergia, levando-me a contemplar o destino dos outros sacerdotes, que se sucediam em uma dança passageira. A efemeridade de suas vidas os impedia de concluir sua obra, deixando um vácuo na história da fé.

No entanto, entre as páginas sagradas, surge uma figura majestosa e eterna. Jesus, o próprio Filho de Deus, transcende as limitações do tempo e do espaço. Seu sacerdócio, imortal e inabalável, não passa para nenhum outro. Ele é a promessa cumprida, o elo entre o divino e o humano, o único sacrifício que verdadeiramente redime.

As palavras ressoam em meu peito, ecoando como uma melodia divina: "Temos de mostrar que Jesus é o único sacrifício, o único sacerdote, único juiz e rei." O poder dessas palavras me envolve, transportando-me para um passado distante, quando Jesus caminhava entre as multidões, emanando amor e compaixão.

Contudo, algo que me impressiona profundamente é a postura de Jesus diante da Comunidade Universal dos Fiéis. Ele, com toda a sua autoridade e autonomia, não reivindica o dízimo. Não busca enriquecer-se com as oferendas dos fiéis, nem exige contribuições para sustentar Sua causa. Ele é desprovido de interesse material, submetendo-se até mesmo às Suas próprias criaturas.

Essa reflexão me leva a questionar a essência do dízimo e sua relevância no contexto do sacrifício supremo de Jesus. Nenhum ponto da história sagrada da vida de Cristo indica apoio ao dízimo. Pelo contrário, Ele se entregou às dores e provações humanas, enfrentou humilhações e morreu em uma cruz, como um homem materialmente pobre.

Permita-me transmitir uma mensagem que ecoa em meu coração com fervor: o verdadeiro significado do sacrifício de Jesus transcende qualquer prática terrena. É uma jornada de renúncia, amor e redenção. Ele nos ensina a olhar para além das riquezas materiais e direcionar nossa devoção para a busca da justiça, compaixão e paz.

É hora de despir-nos das correntes do materialismo e abraçar a verdade que emana da vida e obra de Jesus. Encontremos nele a inspiração para uma vida de entrega, serviço e amor ao próximo. Somente assim seremos verdadeiros discípulos, testemunhas vivas da grandiosidade do sacrifício que nos liberta.