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domingo, 9 de julho de 2023

ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (33): A Viúva Pobre e a Sabedoria Divina.

 


ANTOLOGIA DE CRÔNICAS REFLEXIVAS À LUZ DA SÃ CONSCIÊNCIA — Crônica (33): A Viúva Pobre e a Sabedoria Divina.

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Um dilema ancestral permeia as mentes dos crentes: até que ponto a generosidade material pode ser um caminho para a salvação? O ser humano, em sua busca incansável por méritos, se vê tentado a acreditar que pode conquistar favores divinos por meio de sacrifícios financeiros. É como se pudesse comprar a própria redenção, em uma transação tão sutil quanto perigosa.

Nesse jogo de expectativas, surge a crença de que o investimento financeiro em Deus automaticamente gera retribuição divina na forma de prosperidade. O fiel se coloca em uma posição de poder, exigindo que Deus cumpra suas obrigações em troca de sua suposta generosidade. Mas será que um pobre, que doa pouco, é menos honrado? Jesus já nos deu a resposta ao elogiar o exemplo da viúva pobre.

Envolvido pela névoa do tempo, volto-me para as palavras proferidas por Jesus. Ele não está interessado nos dízimos opulentos que circulam nos dias atuais, mas sim na contribuição humilde de uma viúva com duas modestas moedas. Aquela doação modesta fortaleceu a igreja, que se tornara um obstáculo para a disseminação positiva de Seu Evangelho.

O que Jesus exaltou naquela viúva não foram suas posses externas, mas sim os atributos internos que ela personificava. Da mesma forma que Ele valorizava a ingenuidade e a inocência das crianças, a fragilidade, a insignificância social, a dependência e, acima de tudo, a humildade eram características que Ele exaltava. Afinal, o Reino de Deus se baseia em valores e princípios que não se alinham com as apreciações deste mundo.

Nesse universo transcendental, Cristo salva indivíduos e não denominações. A verdade suprema é que Deus considera apenas o indivíduo, não se importando com as estruturas eclesiásticas. A igreja, por sua vez, é apenas uma expressão social, um reflexo da comunhão entre seres individuais.

Hoje, diante desse quadro, minha mente se enche de reflexões. Será que estamos seguindo os passos de Jesus ao valorizar a verdadeira devoção? Ou estamos presos em rituais e obrigações vazias? A resposta está na escolha de viver a humildade, a simplicidade e a entrega verdadeira. É necessário despir-se do orgulho que nos faz exigir retribuições divinas por nossos atos externos.

Assim, concluo essa crônica com a certeza de que Jesus nos deixou um caminho claro. Ele nos chama para olhar além dos dízimos e investimentos materiais, para abraçar a essência da fé verdadeira. Que possamos, como indivíduos, buscar a humildade em nossa jornada espiritual, reconhecendo que a comunhão com Deus transcende as formalidades institucionais. Que assim possamos trilhar o caminho da verdadeira devoção, encontrando a redenção em cada gesto de amor e compaixão que dedicamos.

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