"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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segunda-feira, 29 de junho de 2009

UMA ROSA QUASE ALGUÉM (Crianças reclamando de maus-tratos)




















Crônica

UMA ROSA QUASE ALGUÉM (Crianças reclamando de maus-tratos)

Claudeci Ferreira de Andrade


           Eu sou uma Rosa, daquelas feita com carinho. Não me considero artificial e apesar de nascida de uma gravidez planejada, levaram-me para ornamentar uma mesa que, bem à vista, no melhor local do salão, faria jus a apreciação de um conviva refinado. Afinal, era o aniversário do subsecretário de Educação. Uma celebridade! Então pensei que, naquele bem trabalhado arranjo, por horas, daria minha contribuição para somar às motivações de quem já está acostumado com fortes emoções.
Chegavam-se de dois em dois, quando não de três ou quatro; sentavam-se aqui e acolá nas mesas próximas, tão próximas que dava para ouvir elogios sem medida aos arranjos das outras rosas; no entanto, nenhum para mim. Não compreendia. Será que não tinha saído do jeito encomendado? Talvez, se eu fosse de outra cor! Mas, não era, fazer o quê! Oba, uma professora estava vindo em minha direção! Estava sem companhia. Era uma senhora loura, tinha os olhos claros, estava bem trajada; que perfume! Como gostaria que ela me acariciasse, só assim o cheiro de suas mãos passaria para minhas pétalas de tecido comum, então me aproximaria mais de uma posição social da qual é digna uma rosa de verdade. Por que estava sozinha? Comportamento estranho para uma festa de professores! Mas deixei que viesse; iria presenteá-la com minha maciez, e não havia melhor presente numa noite como aquela do que uma rosa para uma rosa. Com certeza queria minha companhia! — Se se sentar nesta mesa, vou fazê-la feliz com minha graciosidade — dizia eu em meu coração infantil.
Sentou-se finalmente, e olhava freneticamente para os lados. Tudo foi um sonho! Antes mesmo que eu pudesse ver o aniversariante, ou melhor, antes de começar a programação, senti suas mãos de súbito me agarrarem com força brutal e me enfiaram em sua bolsa surrada de couro áspero, sem dó, como se estivesse roubando alguma coisa. Não se importou em me deformar. Será que ela não gostou de meu aspecto? E o pior, os componentes da mesa vizinha viram e nem chamaram sua atenção. Será que ninguém se engraçou por mim? Ou sou mais uma vítima dos comportamentos de etiqueta!? Dos que veem e fazem de conta que não viram, dos que roubam e fazem de conta que não foram eles, dos que fingem que ensinam enquanto outros fingem que aprendem? Ai! Que dor! E não pude nem gritar.
Fui condenada ao regime do inferno, não pude nem ornamentar uma estante empoeirada, num lugar reservado de sua casa, porque ela achava que não era seguro. Por isso me eliminou no fogo do quintal deste mundo, para não deixar vestígio. Agora falo, como uma alma despetalada, a você que só me escuta: tenha cuidado com os que cobiçam suas virtudes sem medir consequências para usufruí-las, meu mal foi ser bela e acalentar objetivos nobres.
Encaminhamento de percepção
1– Como as motivações podem fabricar as emoções? Dê exemplos:
2– O autor insinua que a Rosa é uma criança em idade escolar, culpando o sistema educacional por seu fracasso social, como legitimar essa leitura?
3– Essa senhora de “fino trato” não correspondeu com as expectativas. Qual deveria ser seu comportamento enquanto professora?
4– Qual foi o pecado dessa bela rosa?
5– É normal alguém carregar um arranjo no final da festa. Por que se faria isso bem no início?
6-Faça uma ilustração para crônica que acabou de ler.
7– Em que parte do texto resvala no social?
(Claudeci Ferreira de Andrade, pós-graduado – Língua Portuguesa; professor – Gramática e Redação/Senador Canedo; funcionário público)
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 05/07/2009
Código do texto: T1683146

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (Autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
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O SÁBIO MEDO DE UM TOLO MEDO (O homem não tem poder sobre nada enquanto tem medo da morte. E quem não tem medo da morte possui tudo. Léon Tolstoi)















Crônica

O SÁBIO MEDO DE UM TOLO MEDO (O homem não tem poder sobre nada enquanto tem medo da morte. E quem não tem medo da morte possui tudo. Léon Tolstoi)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

  Claudeci Ferreira de Andrade


             Com a barbárie do mundo, até a escola, em nossos dias, nos causa medo, a começar por alguns termos próprios de seu meio, como: Delegacia de Ensino, Grade Curricular, Chefe de Departamento, Parada Pedagógica, Ronda de inspetor; até a violência praticada a seu patrimônio e ameaças externas de invasão. Que tipo de segurança nos ensina um agente escolar amedrontado?
          Estávamos em três funcionários da Secretaria de Educação: eu, o professor Cláudio e o motorista. Saímos para fazer um trabalho de monitoramento ao Ensino Noturno, com um certo medo de não darmos conta das três visitas em tempo hábil; já passava das vinte e uma horas, e aquela ainda seria a segunda visita da noite, quando o motorista disse:
          — Pronto, chegamos!
           Pulamos para fora da Kômbi como quem não sentia nenhum tipo de medo e rapidamente estávamos batendo no portão. De repente, a cinquenta metros dali, alguém gritou de uma forma indistinguível; era o guarda motivado por um tolo medo, tentando fazer o seu melhor:
            — Quem são você?§ºª£%$#@!
          — Ele falou blá blá bláááaa? – Perguntou o Cláudio, com os olhos arregalados para mim.
          — Venha nos atender, rapaz. – Berrei com tal competência que fiz meu chefe franzir a testa.
          — Não, vão embora, senão chamo a polícia. – O guarda continuou impertinente, gritando de longe.
           Eu, com um sábio medo da situação agravar-se, sugeri ao Cláudio que apelasse para a sua autoridade, pois estávamos representando a Secretaria de Educação, embora parecêssemos sem...!
           Então, já nervoso, meu chefe, de forma um tanto mais desprezível, por não saber mais o que fazer, esbaforiu.   — Nós somos da Secretáriiiiiiiiiiiia.
           — Não tem ninguém da secretaria aqui, nããããããooo. – Insistiu o guarda no mesmo tom.
         — Então vem assinar nosso relatório aqui. – Ordenou o comissário da inspeção.
           Afinal de contas, simultaneamente  ao ouvir esse último apelo do Cláudio, o guarda, em fração de segundo, viu a possibilidade da secretaria referida por nós ser a Secretaria de Educação e não a secretaria da escola. À vista disso, deslocou-se, ainda meio precavido, à nossa direção. Apesar de ter se desculpado muito, deixou claro que o sábio medo de perder o emprego era maior do que o tolo medo de perder a vida. Por último gaguejou suas palavras finais:
          — Se fosse onze horas, eu não colocaria nem a minha cabeça aqui fora!
          Aquela foi uma noite proveitosa para mim. Ao chegar em casa, depois de contar o acontecido, como uma história de vida digna de ser escrita, finalizei à minha esposa, dizendo que tinha um sábio medo do tolo medo de amedrontar quem lesse um texto assim. Ela confortou-me, assegurando que todos os seres têm medo, mas só os sábios transformam sua coragem em medo, enquanto os tolos transformam o seu medo em coragem. Citou ainda o pensamento de Léon Tolstoi: "O homem não tem poder sobre nada enquanto tem medo da morte. E quem não tem medo da morte possui tudo."
         Então entendi que os sábios dignificam a morte temendo a vida, mas os tolos estragam a vida temendo a morte. Os sábios temem a luz por esta lhes negar as trevas, e os tolos temem as trevas por estas lhes negarem a luz. Portanto, o medo é uma condição intelectual ou emocional, virtude de quem sabe usufruí-lo. É uma condição intelectual para os evoluídos, aqueles que sempre reagem cantando, orando e encarando os problemas de frente, e, emocional para os retrógrados, aqueles que reagem falando sem parar, sem pensar e chorando muito quando a morte aparece para eles.

Encaminhamento de percepção:

  1-Em que momento o guarda mostrou-se tolo, e qual é a participação educativa de um guarda noturno na vida da escola?
 2-Explique o sentido do título: “Sábio medo de um tolo medo”;
 3-Com que segurança ensinará um professor amedrontado?
 4-Em que momento os dois professores demonstraram tolice?
 5-Se você fosse o guarda, qual seria sua atitude diante desse fato? Você se deixava levar por um sábio medo ou um tolo medo?
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 04/07/2009
Código do texto: T1681649


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A REVOLTA DO LIXO ( Todo profissional tem que se submeter a reciclagens)












CRÔNICA

A REVOLTA DO LIXO ( Todo profissional tem que se submeter a reciclagens)

Por Claudeci Ferreiera de Andrade

          Foi uma desilusão, assim como um golpe profundo em minha própria carne, ouvir de um professor que me parecia sábio, senhor das palavras e fluente orador: — “Se recicla lixo e não professor”! Esta foi a reação dele, após uma sugestão minha, feita a todos os presentes naquela reunião de planejamento na qual, com muito respeito e consideração, falei: — “sugiro a realização de um curso para nos reciclarmos ...” Eu tinha boa consciência do emprego da palavra “reciclar”, queria dizer apenas: atualização de conhecimentos, reaproveitamento de material usado, nesse caso, a nossa experiência.
          Depois, muito depois, a ferida ardeu novamente, como uma gastrite recidiva, ouvi de um coordenador pedagogo, em uma outra reunião de professores, a sua justificativa por não ter votado em um tal candidato a prefeito porque ouvira no discurso dele a proposta de reciclar a educação. Esse coordenador finalizou sua inútil indignação, dizendo: — “ele está pensando que somos lixo, pois eu não sou lixo”.
          Ontem voltei a pensar nisso ao retirar o lixo do meu escritório; foi difícil considerar o que era lixo e o que não era. Ali, estavam bons textos, porém desatualizados: Jornais, revistas e correspondências em geral que fizeram de mim o que sou hoje. Fiquei, muito tempo, olhando para aquele monte de lixo com a sensação de que eu estava rejeitando um pedaço de mim. Depois de tudo pronto, por último, amassei a folha que estava em minha mão, dei-lhe a forma de uma bola, era um rascunho qualquer. Lançei-a no monte de lixo, ela então rolou e se distanciou o máximo que podia, tomei-a novamente e repeti a ação por quatro vezes e obtive a mesma reação rebelde, pareceu-me que queria me dar uma lição! Decidi não queimá-la, larguei à sua vontade, assim como se faz com uma criança malcriada. Depois de tudo tinha ali cinza e lixo, considerando que cinza não é lixo; lixo era aquela parte, ou melhor, aquela bola de papel amassado que se recusou a sofrer o processo da combustão transformadora.
          Ausentei-me daquela cena um novo ser e com um novo conceito de reciclagem de professor: submetem-se, ao processo incendiário do saber, os que ainda têm algo a dar; lixo que não quer ser lixo não se recicla. Que valor tem a Salvação para quem não se reconhece corrompido? Somente alguém que esteve perdido pode saber o que significa ser achado!

Encaminhamento de percepção

 1- Segundo o texto, todo lixo é reciclável, sob a ação prurificadora e transformadora do fogo, mesmo que a intenção seja apenas produzir cinza. Justifique essa indispensável ação considerando o valor da cinza.
 2-No texto há uma preocupação a respeito do termo reciclagem.O que você acha desse preconceito morfológico e semântico em tempos de despreconceituação?
 3-Por que se ofenderia um professor, consciente da necessidade de aperfeiçoamento, por ser chamado para um curso de reciclagem?
 4-Qual é a relação da “bola de papel” com um profissional que se recusa ao processo da purificação daquilo que ainda lhe resta de bom, e o que se extrai de bom na revolta dela?
 5-Se você fosse fazer uma reciclagem de si mesmo como um todo (físico, mental e espiritual), o que constaria em sua lista de lixo rebelde?
 6- Sabemos que a reciclagem de papel, plástico, vidro, alumínio, etc., é importante para a natureza. Que benefício trará à natureza a reciclagem das pessoas no bom sentido?
 7-Faça uma ilustração para a crônica que acabou de ler.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 03/07/2009
Código do texto: T1681009

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ALIENADO DUMA ESCOLA QUALQUER ( Um trabalho competente ornamenta o prédio escolar)

























CRÔNICA

ALIENADO DUMA ESCOLA QUALQUER ( Um trabalho competente ornamenta o prédio escolar)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          No tempo de meus avós, quando eles ainda estudavam, não era assim! Contavam-me que os alunos das escolinhas rurais prestavam sua lealdade ao programa de ensino (conteúdos adequados à realidade do aluno), bem como reverenciavam aos seus professores mais que à estrutura física do prédio escolar, pois quase sempre era precária. Mas hoje, tenho ouvido pais “moderninhos” dizerem: “meu filho é da escola fulano, ou beltrano, ou cicrano”. Esse esnobismo levou-me a concluir que é sempre um problema sério quando os pais se deixam atrair mais pela estrutura física e pela fachada da escola, ou seja, pelo prédio e sua localização, do que por um programa de ensino coerente e bons professores; ou quando são divididos em sua lealdade diante das obrigações reais da sociedade; ou quando estimulam seus filhos a se empenharem em competições por status e louvor da parte dos colegas, ao invés de estimularem-nos a participar de grupos de estudos para ajudar os que têm dificuldade, preferindo ainda a admiração e a adesão fúteis e tolas a tudo que entra na moda, ao invés do comportamento acadêmico necessário.
          O deus deste século, que é a presunção, cega de modo completo a mente dos adolescentes em relação ao que é de fato necessário. Claro está que se precisa de um pouco de vaidade e magnificência que se pode, como alunos diferenciados, adquirir. O poder de pensar alienadamente, a habilidade de zombar das grandes questões, o domínio dos neologismos e gírias – tudo deve ser adquirido. Mas, sobre tudo isso, deve estar a coerência plenamente revelada por alguém que frequenta uma escola de verdade, que prioriza os conteúdos adequados à sua realidade  ante às formas elitizadas.
          Falando em escola de verdade, a falsa é aquela que promove mais o uniforme e o luxo dos seus alunos, do que o saber para um viver de qualidade. Ela geralmente prefere estimular sua clientela a entregar a mensalidade em dia, do que a estimular ao bom senso. Nela, o amor ao reconhecimento corre em competição com o enfadar-se do conhecimento. É nesse processo que os professores são a medida da escola toda; são aqueles que desejam os aplausos dos alunos, o que não é necessariamente um erro. É parte de nossas necessidades básicas de aceitação. É claro que não devemos ser indiferentes a aprovação pessoal, mas essa deve estar subordinada à responsabilidade da realização competente do trabalho pedagógico. Fazer de nosso grande objetivo na vida agradar a alunos, por meramente agradá-los, ou garantir favores, ao invés do cumprimento do nobre dever, é indigno de nós como mestres, sendo também uma escolha fatal.
          Não é bom que ganhemos a concorrência com os colegas em nossos desejos egoístas. Existir para ser útil ao próximo, muitas vezes, requer que fechemos nossos olhos e ouvidos aos aplausos dos demais. Se queremos viver genuíno magistério, temos de nos haver com esta questão de autoestima. Todos nós ansiamos pela pobre opinião dos homens, desde que esta nos aprove. Por isso, a tentação de procurar honrarias da comunidade escolar está tão perto de todos nós, professores, pais e alunos, que deve merecer cuidadosa consideração.
          De todos os fatores que determinam nossa posição como professor, pais e alunos, o que realmente importa é a estima que alcançamos da parte do trabalho responsável e do comprometimento com o produzir.
 

Encaminhamento de percepção

 1-Você estudaria em uma escola só pela fama? Conceitue uma boa escola.
 2-Quem tem mais valor: um professor bem estabelecido na profissão ou um prédio bem estruturado e conservado?
 3-Como a presunção pode cegar a mente para o necessário?
 4-Quem deve ganhar na competição entre o amor ao reconhecimento e o transmitir com responsabilidade o conhecimento?
 5-Por que a tentação de procurar honra não deve ser ignorada?
 6-Até que ponto o professor coopera com o prestígio da escola?
 7- Faça uma ilustração para a crônica que acabou de ler.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 02/07/2009
Código do texto: T1678108


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TITUBEAR SEM CETEBEAR (Alguém quer comprar uma monografia e/ou um diploma ?)







Claudeci Ferreira de Andrade



TITUBEAR SEM CETEBEAR (Alguém quer comprar um diploma ou uma monografia?)

segunda-feira, 29 de junho de 2009
Claudeci Ferreira de Andrade
          A difusão galopante das tais escolas abertas, escolas que vão até você, e as que oferecem cursos a distância, tem preocupado a bons educadores. É muito grande o número dos que sentem perplexidade e angústia diante dessa “moda”, disseminada, com segurança tecnológica e muita intransigência, por educadores das mais variadas linhas pedagógicas, de que essa onipresença virtual salvará a educação.
          Alguns educadores iludidos de que estão completos, acostumados a comprar módulos e provas respondidas, por fim, somaram em seus salários os 30% por “titularidade” fácil. Contudo, agora esses viciados em “novas tecnologias educacionais” alarmam-se quando um outro tipo de educador levanta dúvida sobre o verdadeiro sentido da educação e da escola moderna!
          Logo, a minha reação como educador zeloso e compreensivo é aceitável. Confesso que senti uma espécie de crise profissional quando descobri que uma coluna do edifício de minhas convicções pedagógicas abalou-se: a mais velha. É verdade que, se eu tivesse a coragem de ir até o fim, acabaria, muitas vezes, por verificar que, substituída essa coluna por outra mais nova, o edifício ficaria perfeito e mais suntuoso. Por outro lado, se alguns se regozijam com a velha coluna, outros, igualmente, sentem profundo alívio ao descobrirem que o método tradicional fatídico não era parte essencial da pedagogia ideal: a coluna já estava quebrada, ameaçando ruir todo o edifício das boas convicções pedagógicas; poder removê-la, já havia pensado. Mas, também penso que educação não se faz com experiências isoladas; faz-se, construindo-a sobre as grandes verdades fundamentais bem apreendidas, interpretando-se por elas todas as demais afirmações bem sucedidas e todos os fracassos.
          O que aprendo com meus colegas, dentro da Secretaria de Educação, é que eles são mais “generosos”, muito mais prontos a tratar com “amor” e “bondade” os seus “clientes”. Porém, são eles feitores da educação ideal quando repassam gratuitamente o disquete com as provas dos cursos do Ceteb (Centro de Ensino Tecnológico de Brasília) respondidas!? Quando fomentam uma aceleração para recuperar o tempo perdido dos pobres coitados que, por motivos cruéis da existência, não estudaram no tempo próprio!? Quando compõem comissão avaliativa para classificação daqueles que “perderam” seus documentos escolares ou reclassificação dos que se mostraram evoluídos demais para a série em que estão!? Quando se graduam num curso de regime parcelado para se adequarem à urgente exigência da LDBEN, garantindo assim o vínculo empregatício na educação pública!?
          Quisera eu ser sábio e ser discriminado merecidamente, do que não saber nada e sofrer com a certeza de que não sei nada. Só os cultos e intelectuais merecem o sofrimento da discriminação, porque a maioria é "sem miolos", portanto, (massa)crante.

Encaminhamento de percepção

 1-Quais as diferenças qualitativas surtidas nos cursistas destes tipos de regime: presencial, parcelado e a distância?
 2-Você compraria uma monografia de conclusão de graduação pela internet? Justifique.
 3-Que mal há em ser tradicional ou moderno em se tratando de Pedagogia?
 4-O que faz titubear o narrador entre os dois adjetivos zeloso e compreensivo?
 5- "O narrador queria saber muito e ter a discriminação reservada aos sábios, do que parecer sábio e sofrer com a certeza de que não sabe nada". Comente:
 6-Faça uma ilustração para a crônica que acabou de ler.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 01/07/2009
Código do texto: T1676342

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DEMOCRACIA EDUCACIONAL (Assim se faz autonomia?)









A EDUCAÇÃO É O CELEIRO EXCLUSIVO DA MULHER! DE ONDE VEM A DEMOCRACIA?

Crônica

DEMOCRACIA EDUCACIONAL (Assim se faz autonomia?)

 Por Claudeci Ferreira de Andrade


           Neste mês, consta no calendário escolar mais um “Sábado Letivo”, um bom dia para acontecer aquele encontro de professores para ajustarem o currículo de estudo da modalidade supletivo, já há muito planejado. Só uma coisinha faltava para os integrantes da equipe organizadora: como fazer para que, na capacitação, obtivessem a presença de todos os professores já convidados. Então, idealizaram uma manobra para compensar o dia trabalhado dos que comparecerem: via ofício, comunicaram que ganhariam dois sábados letivos posteriormente se tão-somente contribuíssem nas atividades dos dois períodos do tal sábado - matutino e vespertino – e a lista de frequência correria no final da tarde como parte da artimanha.
           Assim aconteceu, foi de surpreender a presença deles no turno matutino, ali estavam 70% dos professores esperados. Essa aquiescência deveu-se puramente à estratégia técnica, ou ao café-da-manhã, ou ao almoço? Para você que está achando essa pergunta descabida e inconveniente, explique-me a razão dos só 30% que assinaram na folha de frequência, levando ainda em conta, os que chegaram só depois do almoço! Porém, os gazeteadores não contavam com o implacável “corte de ponto” que veio depois como consequência da “improdutividade”. Então, justificaram-se, os que se achavam injustiçados, um após o outro:
           — Me disseram que o café-da-manhã era pão, leite, toddy, pão-de-queijo, salgados e bolos! Mas, me enganaram, foi apenas refrigerante com pão e margarina, então para não ser gorado também no almoço, saí mais cedo quando a cabeça já queria doer.
           — Olha, para mim coisa abominável é a atitude de vocês, também professores, mas, viabilizando nosso prejuízo. É como a tempestade, arrancando árvores e fazendo erosão! É o pobre explorando o pobre! É o perdoado de uma grande dívida cobrando ao seu devedor de pouca coisa!
           — Estou insatisfeito por pensar em perder meu ponto, pois não tenho justificativa alguma, apenas fiz minha proposta de Geografia e achei ser isso o suficiente, porém falei com o professor Fulano no Carrefour, e ele me falou que tem um grupo dos ameaçados que vai entrar com um processo na justiça se for consumado o “corte”. Tomem cuidados!
           — Perguntei para o coordenador da sala em que participei, ele me falou que não tinha lista de presença! Nem para me explicar que não tinha uma lista ali, mas tinha uma geral que passaria no final da tarde. Por isso, fui embora sem assiná-la, já que não poderia estar ali naquela manhã por causa doutro compromisso.
           Aquele que classificava as falas disse ironicamente:
           — Nada como uma boa declaração para reparar!
           Concluí, todos nós vemos o que queremos, e, nesse particular, digo que a próxima convocação terá mais força, e a reunião será levada mais a sério sem ser preciso colhermos evasivas. Isso é democracia educacional e autonomia escolar. Se funcionar é o que importa, questionar é um mero detalhe, e por aqui, as mudanças acontecem muito lentamente.

Encaminhamento de percepção

1- O que motivou a ironia daquele que classificava as justificativas dos gazeteadores?
2- Defina melhor Democracia Educacional e Autonomia Escolar.
3- Trace o perfil psicológico de cada um dos entrevistados por sua justificativa.
4- Que características deve ter a reunião sabatina para caracterizar-se um “Sábado Letivo”?
5- Qual das justificativas lhe parece mais mentirosa? Justifique.
6- Em que momento o narrador se inclui na equipe organizadora?
7- Faça sua ilustração para a crônica que acabou de ler.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 30/06/2009
Código do texto: T1675159


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domingo, 28 de junho de 2009

“É PRECISO DEMITIR MAUS PROFESSORES”





domingo, 28 de junho de 2009

“É PRECISO DEMITIR MAUS PROFESSORES”
por Claudeci Ferreira de Andrade
          
O Professor da Universidade de Stanford e integrante da Academia Nacional para Educação dos Estados Unidos, Eric Hanushek, falando sobre o tema: A importância do investimento em educação para o desenvolvimento econômico de um país. disse: "Estaríamos melhor se nos livrássemos dos professores particularmente ruins". http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,e-preciso-demitir-maus-professores,392313,0.shtm (acessado em 13/04/2013).
         O professor palestrante atribuiu toda culpa das mazelas do ensino ao professor ruim! Mas, quem é o bom? Eu que sempre achei que todo problema da baixa qualidade da educação estava no aluno, sua falta de interesse, porque os conhecimentos não atingiam seu fim último, ou seja, “batiam fofo”, mas, fui obrigado a me conformar, olhando a frase de efeito adotada pelas Secretarias Municipais para a Educação: O "Só ensina quem aprende”. É uma frustrada expectativa! Porque, por aqui têm muitos que não aprenderam e estão a ensinar! Será que o fato de ver o quanto o professor é ruim põe fim nos problemas da educação? Não sei!
         Refletindo um pouco mais, pensei em alguns critérios, baseando-me na necessidade do dia-a-dia, tentando me avaliar se sou ou não um desses ruins: Câncer da educação. Mas, tenho um curso de licenciatura na área em que estou atuando e a domino! Não estou vivendo separado da leitura, leio mais que apenas o livro adotado para dar minhas aulinhas! Conduzo a minha sala de forma a dar uma boa impressão para o colega que está sempre de plantão me vigiando e, por insegurança, comparando-se a divulgar sua falta de domínio de classe! Não enrolo minha aula com frivolidade, fingindo ser amigo demais de alunos, falando de minha vida pessoal e segredos fúteis o tempo todo! Não estou mais ensinando palavras cruzadas para os alunos, utilizando jornais, dando brecha para a escola me criticar de malandro! Não falo tudo o que ocupa meu cérebro: tolices, banalidades, imagens ilusórias da vida! Então...
         Concluí que me pareço muito com poucos! Então mereço o salário que ganho! O Professor Eric (método norte-amerino) sugere que se aumente o salário só dos bons professores. Que seja assim, pelo que estão as autoridades esperando? E nós professores pelo que estamos esperando? Será que temos demais o que já disse Millôr Fernandes: "Capacidade de saber cada vez mais sobre cada vez menos, até saber tudo sobre nada." O que falta em nós para desocuparmos o lugar?
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 29/06/2009
Código do texto: T1673229


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sábado, 27 de junho de 2009

PERGUNTAS PARA RELIGIOSOS (Uma sã consciência tem "luz", se não, RECEBA)


Texto

Perguntas para Religiosos

*Se o céu só será possível mediante os mérito de Jesus, o Cristo; então tem mais dignidade quem, por méritos próprios, conquista o inferno?
*Qual o pecado que tem no mundo e não se encontra na igreja?
*Qual o benefício espiritual que a igreja oferece que não se recebe em quaisquer outros lugares do mundo?
*Por que os membros convertidos de uma igreja gostam de contar como eram "carga torta" antes de ir para a igreja?
*Se um anjo, enviado de Deus, entrasse em uma igreja qualquer e dissesse a todos ali que continuassem se abstendo dos prazeres do mundo, mas que ninguém iria para o céu, na próxima reunião, teria adorador algum naquele lugar?
*Onde está a eficácia da fé, se é possível abusar dela?
*Como não me considerar filho de Deus se não tem como Deus deixar de ser o Pai gerador de todas as coisas?
*Se quanto mais se peca, requer maior Graça, então o segredo para viver na Graça é viver pecando?
*Por que nas igrejas evangélicas falam mais no Diabo que em Deus, promovem mais o medo que a gratidão, falam mais em pecado(dinheiro, sexo etc.) que nos Dons de Deus para o homem(caridade, perdão etc.)?
*A adoração a Deus (música gospel, oração, imagens e filmes) tende a uma humanização dEle. Precisamos de um deus mais humano?
*Dizer que a igreja é a casa de Deus não seria subestimar demais a Onipresença Divina?
*Que espécie de divindade pretende ser o pastor evangélico se propondo pleitear ("colocar Deus na parede"), intercedendo pelas pessoa perante Deus?
*O que o ser humano tem para dizer a Deus, em oração, que Ele não saiba? ("ganhar no grito"  já é chacota sobre crente!).
*A evangelização com a promessa de prosperidade socioeconômica, não seria uma "hipocritização"?
*Se a Bíblia é a regra infalível de fé para a igreja, e diz que "quem é amigo do mundo não é amigo de Deus", por que as igrejas promovem o Natal, Páscoa, Dia internacional da Mulher e outras festividades mundanas, incentivando à amizade com o mundo?
* Por que os crentes atacam com ameças e baixarias comprometendo a reputação de quem ataca suas crenças? Por que os crentes precisam defender seu Deus? Quem é o Deus de quem?
* Onde há muita riqueza, razoavelmente distribuída, e mecanismos de proteção social, a religião vai mal, onde há muita pobreza, insegurança  concentração de renda e competição desenfreada, a religião vai bem. Por que a força da religião é, portanto, inversamente proporcional ao bem-estar da sociedade?
*Por que as pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas?
*Por que os intelectuais universais (Sigmund Freud, Albert Einstein, Steven Weinberg (físico), Arthur Schopenhauer, Karl Marx, Anatole France, Thomas Hobbes, Stendhal etc.) todos trataram da religião com desprezo?
*Se querem ir para o Céu, por que não querem morrer, sendo esta a única condição de ir para lá?
*Se Deus se retira do homem pecador, como poderá continuar onipresente?
Claudeko
Enviado por Claudeko em 16/05/2009
Reeditado em 08/04/2012
Código do texto: T1597688


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