"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

ENTÃO, DEUS É PERFEITO? (O Deus de Maomé é o mesmo do, de Jesus? Islamismo é o mesmo que Cristianismo? Palestinos é o mesmo que Judeus? Alcorão Sagrado é o mesmo que Bíblia Sagrada?Ou do que está me falando?)




Crônica Filosófica

ENTÃO, DEUS É PERFEITO? (O Deus de Maomé é o mesmo do, de Jesus? Islamismo é o mesmo que Cristianismo? Palestinos é o mesmo que Judeus? Alcorão Sagrado é o mesmo que Bíblia Sagrada?Ou do que está me falando?)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Um organismo perfeito não perdoa células defeituosas, elimina-as.  Ainda  fanáticos me dizem que Deus perdoa, Perdoar é tolerar o defeituoso na esperança que lhe seja útil. Outros admitem que Ele perdoa, sim, mas não elimina as consequências. Que perdão é esse? A menos que esse Deus seja humano demais, ou seu conceito de perfeição não seja o da Bíblia ou do Alcorão! E o pior de tudo é quando dizem que Ele se submete a regras de barganhas para conceder-lhes níveis apurados de perdão (indulgências plenárias). "Perdoa a nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem tem nos ofendido" (...Assim como perdoamos... é um referencial podre!), acho que Cristo não pode ter ensinado isso. Como pode ter dito, então, sede perfeitos como é perfeito o vosso pai que está no Céu? Que se conforte os fanáticos na ilusão do céu e deem seus "jeitinhos brasileiros" para gozar de um paraíso perfeito como segunda, terceira, quarta... intenções! Ou como recompensa das 70 vezes 7 que perdoaram os irmãos, ou ainda por graça de quem se lhes perdoou. E até agora, se vangloriam, dizendo: Meu Deus não é um Deus de confusão! (I cor 14:33). Com+fusão (Com = condição de companhia/ Fusão = união total, combinação íntima). Ou as traduções da Bíblia e do Alcorão são outros textos, cada vez mais distantes do original? Onde está a palavra de Deus, senão nas "folhas" da natureza!?
           Quem é seu Deus? O meu é indefinível, inconceituável e sem sentimentos, não sei dEle, mas de uma coisa sei, não me pareço com Ele. Mas, Lhe sou útil, senão eu não estaria aqui. sinto-O e a pouca sensibilidade que é permitida a meus sentidos que nem sei traduzi-las, não está à venda. Portanto essa minha preocupação já é uma forma de senti-Lo, o que com certeza já lhe incomoda bastante. Então vou parar por aqui. Os que são imagem e semelhança de Deus o são para defendê-lo. Já meu Deus não se importa comigo, de forma particular e exclusiva, senão eu estaria em melhor condição que você. "Uma visita ao hospício mostra que a fé não prova nada." (Friedrich Nietzsche).
           Esse tal Deus cultuado pelas igrejas tão pelejadas é paradoxal demais para minha mente. Disseram-me que era tão onipresente que não podia está ausente; Tão onipotente que fez o livre-arbítrio do homem e não pode tocá-lo; Tão onisciente que não sabia que Lúcifer ia se rebelar. E Deus me livre dos adoradores de Deus perfeito que precisam defender seu Deus, maltratando portadores de livre-arbítrio dado por Deus.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 12/02/2010
Código do texto: T2084565

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

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06/03/2010 09:46 - Silvia Regina Costa Lima
Como vai, poeta?****Bom Dia! Vim te conhecer** Algumas questões só podem ser respondidas pelo próprio ser que questiona, pois, por mais que coloquemos algumas reflexões, nunca será a esperada por ele. Ela mora no âmago de cada ser.*** Como lidar como dogmas e credos é questão íntima, pessoal e intransferível... ***seu texto ficou muito reflexivo *****Há “Joana D’Arc” em meu poema/personagem de hoje **** Um beijo azul


03/03/2010 19:09 - Francismar Prestes Leal
Reflexão profunda, caro colega! Deus é perfeito, o homem... Abraços!


12/02/2010 23:57 - Só Edvar
Essa historia,ou estoria da muito pano pra manga.muito bom seu texto.abraços.



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

DE MORTE MARCADA (E, não pedi para nascer! )









        




Crônica Filosófica

DE MORTE MARCADA (E, não pedi para nascer! )

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Claudeci Ferreira de Andrade
         

           Sou um curioso da numerologia, estudo há muito tempo o relógio da vida e a sua relação com o ritmo processual da morte na indicação do números, pesquisando sobre o meu próprio nascimento e na história dos que já morreram, e as eventualidades do desenrolar do cotidiano, descobri que aos 56 anos, eu estou atravessando uma curvatura de minha vida. É a idade (trevo do caminho) mais difícil de minha vida! Preciso de muito cuidado e torcer para nada pior possa me acontecer. Estou me cuidando mais e me precavendo para a travessia de 2015. Se Deus tiver misericórdia de mim, a outra curva só acontecerá aos 74 anos, outra marcante, aos 92 anos e finalmente o fim. Eu não quero deixar meus amigos que tanto me ensinaram ser bom e ao meus inimigos competente que me ensinaram as maldades requintadas que usei e uso contra eles mesmos. Minhas desculpas a todos se não sou útil o suficiente, é minha intenção sê-lo! Espero que o Espírito de yehoshua dê-me a oportunidade de consertar o que ainda não consegui!
            Todos têm seu dia certo para morrer, não acredito em cura definitiva ou ressurreição. Se alguém foi curado, digamos que esse alguém apenas atenuou seu sofrimento, mas morrerá exatamente quando tiver que morrer. Já dizia o poeta e astrólogo romano do século I d.C. Marcus Manilius: "Começamos a morrer no momento em que nascemos, e o fim é o desfecho do início."Ou se fosse realmente possível a cura definitiva nenhum médico morreria ou adoeceria, ou ainda seria possível ao homem manipular os planos de Deus? Ou as determinações de Deus são todas condicionais? Se as respostas forem positivas e se assim for realmente, as condições e possibilidades dos acontecimentos tornam-se Deus! Ficar velho é prova maior de que células não ressuscitam, não se curam e não postegam a vida, morrem sempre na idade programada, nascem outras no lugar, mas com potencial menor. Nem a lagartixa que regenera o rabo é eterna. Uns têm que morrer para outros viverem! Tanto o nascer como o morrer está cronometrado pelo relógio do Eterno. Que vantagem tem alguém ressuscitar para morrer novamente? Isso é insano! Por isso uma pessoa aliviada do câncer, não estará livre dele. Como Deus poderia transgredir suas próprias leis?
           Agora estão falando de transplante de cabeça, certamente perceberão que a reencarnação por metade será possível ou o espírito e o corpo não é o que a religião prega: "corpo templo do Espírito Santo"! http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2015/05/medico-diz-ser-possivel-realizar-1-transplante-de-cabeca-em-dois-anos.html (acessado em 02/10/2015).
            Um cientista russo injetou-se com uma bactéria que sobreviveu durante 3,5 milhões de anos no permafrost, o gelo eterno da Sibéria. Anatoli Brouchkov, de 58 anos, trabalha com mais energia e não se constipa há 2 anos. O que ele não entendeu é que a eternidade vem do macro para o micro, não o contrário. O "Bacillus F" estava viva nos restos do cérebro congelado de um mamute, mas o mamute estava morto. 
          Jonathan Swift está repleto de razão quando diz que "quando um verdadeiro gênio se mostra ao mundo, reconhece-se logo da seguinte maneira: todos os idiotas se juntam e conspiram contra ele". YHWH, entrego minha vida a Teus cuidados! Escolha, ô Deus, para mim, uma morte que me é digna, pois não pedi para nascer! Contudo faça-se a Tua vontade, quando bem entender. "Quando chegar a hora de morrer não quero perder nem um segundo: morre-se apenas uma vez."(A. Amurri). Mt.6:27. "Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar algum tempo à jornada da sua vida?"           
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 07/02/2010
Código do texto: T2074999

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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Aluno, Cliente de Professor




Crônica

Aluno, Cliente de Professor

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Claudeci Ferreira de Andrade
         Não sei se sou só mais um diabo no inferno ou se sou apenas um anjo do bem sem o paraíso. Acostumado com essa temperatura do sexto ao nono grau; hoje, logo no início do dia, recebi uns elogios exagerados, senti-me feliz, mas como alegria de pobre dura pouco, não posso me esquecer das precauções dos infernos. Contudo, crivado de "setas malignas", o que não tem nada que ver com o ser incompetente ou não, mas logo depois, já no final da tarde, chamei a atenção de um aluno do 8º ano, com cuidado e jeito; ele me ameaçou de denunciar à Secretaria de Educação! Quem ensinou para ele que os próprios do sistema não são unidos? Ficou claro que ele queria o direito de perturbar a aula e criar confusão na escola, pelo que entendi, ele alimentava a esperança de prevalecer, pois não se acanhou em assumir essa postura em público. Queria aparecer de qualquer forma. Fez tudo para afastar a atenção dos colegas da aula e conseguiu.
         Até eu um homem maduro, ou melhor, "podre"já! Não me mostrei disposto a pôr fim à minha condição de bancarrota diante da classe, naquela ocasião. Fingi que não estava acontecendo nada e continuei tentando ensinar alguma coisa boa naquela aula. Qualquer professor, de alguns anos de experiência,  faria o mesmo, porque este aluno veio treinado das séries anteriores, fizeram dele o que ele é agora, e em tantos outros aplicou a mesma fórmula e funcionou, deixando os atores da educação afastados do centro de si mesmo e do seus esforços próprios para retornar aos objetivos nobres do ensinar fácil.
          O poder repousa no aluno, sim, não em nós mesmos. O poder envolve o usufruto dos "favores obrigatórios"; mas, é mais do que assentimento a conteúdos didáticos. O poder estabelece-se no aluno em estar presente na escola, produzindo ou não, estando presente é o que importa e é louvado por isso. Ai de mim, se esse aluno deixasse de frequentar as aulas por minha causa. Mas, isso dói muito porque ele na aula, muitas vezes, também está ausente! Ainda me recuso fazer de mim mesmo aquilo que eles podem fazer.  — não é pessoal – justificou ele – é que não gosto de Português.
         Parafraseando Rudyard Kipling, eu diria que o professor mais idiota do mundo pode disciplinar um sábio aluno. Mas, é preciso um professor extremamente sábio para disciplinar um aluno idiota. A autoridade dos professores consiste em nos tornarmos inteiramente ausentes de nós mesmos e levar-nos de volta à autodesconfiança, induzindo-nos a total dependência dos alunos. Somos um com eles. Para não dizer definitivamente: o cliente sempre tem razão!


Claudeko
Encaminhamento de Percepção


1) "A alegria de pobre dura pouco". Nesse caso o narrador disse que a ameça do aluno entristeceu seu dia. O que mais no colégio acaba com a alegria das pessoas?
2) É normal as pessoas fingirem que não foram ofendidas para evitar maiores problemas relacionais. Essa atitude é própria de que tipo de pessoa? E por quê?
3) Que tipo de poder o aluno tem e qual seria a atitude que promove o verdadeiro poder? E o poder do Professor?
4) Explique o parafraseado ao pensamento de Rudyarde.
5) Faça um paralelo para explicar melhor como o aluno se assemelha a cliente. E por que o cliente sempre tem razão?
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 02/02/2010
Código do texto: T2065967


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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

IMPORTA VIVER



PENSAMENTO

IMPORTA VIVER

"Deus me deu o dom da fala para eu defender minha vida, mas sempre tenho que permanecer calado para sobreviver."
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 27/01/2010
Código do texto: T2054943


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13/02/2010 13:17 - Luena dos Reis
Namastê! E que Deus Perfeito é esse que me dá a fala para depois me "obrigar" a escolher entre ficar calada ou ter de morrer para ser livre? Acredito na Liberdade do Espirito e no meu Eu Divino como parcela microscópia do Universo em todas as suas dimensões. Não acredito no Deus dos homens cristãos e afins. Acredito na Divindade do Homem mas não acredito em deuses perfeitos apenas em deuses. Obrigada pelo seu recanto me dar espaço para este alívio. Bem haja

30/01/2010 14:15 - Graci
Pois não é que eu também faço isso!...rsrsrs

28/01/2010 00:03 - Míriam Diniz
Alô, Claudeko... Como tens passado, nobre professor? Saudade... Já se começa tudo outra vez e o salário óóóóóóó...(risos) Pois é, o silencio as vezes responde bem. Mas... Grande abraço, garoto. Pouco temos nos visitado. Vamos corrigir? Beijos...

27/01/2010 22:06 - yepsy
É sempre assim... Enfim viver ainda é o melhor remédio. Abraço

27/01/2010 21:58 - Peixinha
As vezes é melhor se manter em silêncio pois assim ficamos protegidos... Abraço e uma boa noite !


domingo, 24 de janeiro de 2010

O QUE SE PROCURA NO SISTEMA...(Abuso de Poder ou Inteligência múltipla?)




Crônica

O QUE SE PROCURA NO SISTEMA...(Abuso de Poder ou Inteligência múltipla?)

Claudeci Ferreira de Andrade


         Eu gostaria de acreditar perfeitamente, a partir de minhas experiências dentro do sistema educacional, num destes pensadores, e se possível, nos dois: Salomão disse: “Infeliz o líder de um povo pobre”; do outro lado disse Luís de Camões: “O fraco rei faz fraca a forte gente”. E me pergunto cruelmente que critério é comumente utilizado para remanejar o funcionalismo da educação! 
O povo atrapalha o líder ou o líder atrapalha o povo?
         Quando eu exercia uma função na dupla pedagógica (inspeção e orientação escolar) para a região de Senador Canedo, eu vivia confortavelmente, não queria largar o "osso"; mas, fui arbitrariamente (re)movido para a sala de aula, depois de quatro anos de trabalho e aprendizagem, com a alegação que não era pedagogo e o trabalho estava deixando a desejar. Até aí, estava conformado; para mim, Salomão estava com a razão (o povo atrapalha o líder). Mas, não custou muito, tomei conhecimento do currículo da colega que foi convocada para me substituir, e também, dos critérios de seleção, então, que, diga-se de passagem, é meramente politicagem (o líder atrapalha o povo)! Debati-me nisso, porém estou endoidecido na certeza de que Luís de Camões leu a radiografia pedagógica do presente sistema educacional brasileiro. Porém, agora já não pergunto mais se o povo atrapalha os líderes ou os líderes atrapalham o povo! Melhorei minha pergunta: Será que é o povo que atrapalha o povo ou os líderes atrapalham os líderes? Isso é, no caso de ter "muito cacique para pouco índio".
         Então, Justamente destituído de "aconchavação" política, também não fui convidado pelo município para exercer a tutoria do curso: “Progestão”, uma vez que fiz um bom trabalho no Programa de Capacitação a Distância e Continuada para os Grupos Gestores das Unidades Escolares Estaduais de Goiás, no município, primeira etapa; quero dizer: uma experiência sem saldo considerado, pois não me serviu por garantia de permanência.
         Ao contrário, recebi, assim meio de urgência, um convite para ser modulado este ano no Laboratório de Informática da Unidade em que já trabalho, mas temi as anuências políticas. Aturdido pelas muitas vozes de cemitério, fico, por enquanto, com o lugar comum do povo: “gato escaldado tem medo de água fria”.
                Quantas vezes, eu quis entender por que vários mestres e doutores academicamente credenciados e concursados são chefiados, no meio educacional, por pessoas apenas graduadas ou não.  Ruy Barbosa analisando esse fenômeno, no mundo político, disse: "Há tantos burros mandando em homens de inteligência, que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma ciência". Cito também, oportunamente, o desabafo bem direcionado de Giggio: “Quem sabe faz, quem não sabe vira chefe”. 

http://discussao.giggio.net/2007/11/burrice-e-uma-ciencia/ (acessado em 13/09/2015).
                Todavia, mesmo acontecendo tudo isso, o sistema tem uma desconcertante maneira de se tronar incompreensível, jogando a culpa em nós, os liderados. E paradoxalmente, assim, ele não deixa de se mostrar sempre preocupado conosco. Afinal, é através dele que ganhamos nossa sobrevivência.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 24/01/2010
Código do texto: T2047888


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sábado, 16 de janeiro de 2010

O LIVRO DIDÁTICO (A leitura expande a vida, o orgulho nos amarra.)














Folha de São Paulo, Ilustrada, 26.05.10









Crônica

O LIVRO DIDÁTICO (A leitura expande a vida, o orgulho nos amarra.)

sábado, 16 de janeiro de 2010
Claudeci Ferreira de Andrade

         Escolhi o livro didático, um dos personagens principais da escola, sem consciência pesada, para falar bem dele. "O livro didático exerce mais influência sobre os professores do que qualquer outro material desse campo semântico. Claro que há alguns professores que lecionam sem segurar um livro didático, mas esses profissionais são raros. É também questionável se esses profissionais ministram aulas melhores. Um livro didático moderno é o resultado de muita cooperação e experiência profissional de autores, editores, ilustradores, entre outros profissionais" - Maria Augusta Rocha Porto (UFS). Ele é fiel. Depois de portar um conteúdo submetido ao crivo de oficiais, não tem como mudar, vai para a mão dos alunos e professores, dizendo sempre as mesmas coisas. Se professores e alunos fugirem dos temas, afinal, não será porque o livro nos haja cortado de sua relação de amor, separando-nos de sua misericórdia; será porque nós nos afastamos dele, de suas páginas repletas de ilustrações bem relacionadas com os conteúdos. O livro é sempre afirmativo em suas informações. A certeza de um livro sempre presente e fiel pode nos separar de nós mesmos, levando-nos aos saberes extras!
         O livro é verídico, tudo é comprovado numa vasta bibliografia. Por isso mesmo, nos conformamos que reproduzindo seus saberes também somos verdadeiros. O livro é permanente e sempre útil, portanto nós também o guardamos para mais tarde, visto que não irá sair dali, estará sempre a nossa disposição. O livro é justo em dar a todos igualmente que recorrerem o mesmo tanto: o máximo de si.
         Não devemos crer nas mentiras de invejosos que não sabem fazer do livro didático uma boa ferramenta de trabalho em classe. Dizem que o livro engessa o professor, tornando-o preguiçoso; desmotiva o aluno. Eu me alegraria saber de onde tiraram as “Xeroxes” que levaram para a classe no dia daquela aula especial e inovadora! Não podemos suportar o famoso irresponsável: “o autor desconhecido" ou “o sem autor”. Se o livro pensasse, não só pensaria o pior a nosso respeito por causa de nossos erros de relacionamento, mas se entristecia quando nos degradássemos intelectualmente. Não podemos encontrar forças para sermos melhores se não irmos aos livros resolver todas as nossas dúvidas e falhas. Não vamos enganar a nós mesmo dizendo: Eu não uso o livro didático, eu sou o melhor, e pirateando!
         É o amor ao livro que nos dá poder, a hipocrisia nos destrói. A leitura expande a vida, o orgulho nos amarra. O meu apego ao livro didático é baseado na fé de que seus conteúdos são exatamente os que a escola quer que eu ensine. Afinal foram entregues à sociedade para esse fim!
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 16/01/2010
Código do texto: T2032821


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17/01/2010 19:26 - ALEXANDRE MOHOR
Um livro deveria ser a ligação da escola com a casa, o trabalho, o parque. Uma conexão.


17/01/2010 12:31 - Antonia Zilma
Fico feliz cada vez que encontro, quem externa gosto pelos livros didáticos.O livro ilumina a vida, ajuda a ver mais amplamente o mundo.Parabéns, pelo texto...Inteligentíssimo!Abraços.

sábado, 9 de janeiro de 2010

FORTE NA MULTIDÃO, DISSIMULADO NA SOLIDÃO



CRÔNICA

FORTE NA MULTIDÃO, DISSIMULADO NA SOLIDÃO

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          Não existe professor bom para aluno ruim, descobri essa verdade muito tarde na vida. No final do quarto bimestre deste ano, obediente como sempre ao regimento escolar que dá aos alunos o direito de receber suas notas e trabalhos devidamente corrigidos, inclusive apontando o critério de correção, então sentei à mesa de professor e comecei a chamar de um a um para informar-lhes de sua média. Ali, eu apenas estava senão reforçando o que eles já sabiam, pois controlavam, o tempo todo, o que mais lhes interessavam naquele momento eram as bravatas e agradecimentos à moda de sua educação familiar.
          Naquele ritual macabro, eram crescentes as agressões verbais à figura impassível do professor e abundantes as comparações humilhantes entre eles ("bullying" total). Os que não fizeram nada para merecer a nota que precisavam, eram os agressores mais acirrados que motivavam os outros, até mesmo os que tinham o suficiente para ser promovido praguejavam-me por notas melhores.  A cena arremetia à situação de um animalzinho indefeso, acuado por muitos cães ferozes, dependurado em um galho seco de uma pequena árvore, a vítima prestes a cair nas garras das feras transtornadas, treme.
                Depois do “conselho de classe”, muitos daqueles desrespeitadores de nota insuficiente, também, em outras disciplinas e que para ter o direito de participar da recuperação especial, foram ajudados por voto de professor sensível demais ou medroso demais, alguém teria que ajudá-los. Mas, que ovelhas dóceis, pós conselho, quando me abordavam em particular ao pedir um trabalho extra para se livrarem da reprovação definitiva! O interessante é que vinham de um a um, disfarçando-se de estudante, como se houvesse uma amizade respeitosa e confidencial. (O fraco tem força na multidão, o dissimulado na solidão – Claudeko)!
                Como diz a Bíblia: “Quem ajuda o tolo terá que ajudá-lo novamente", eu acrescentaria: em meio as mesmas circunstâncias. É assim em todo o final dos anos, mas ainda não me acostumei com tantas ameaças, agressões, denúncias e acusações de pais e alunos reprovados. Que castiguem o conselho pelo menos, diluindo a minha culpa, e não guarde tudo para a entrega de boletins.
           Será se o Conselho de Classe só serviria para empurrar alunos incompetentes sem condições de avançar nos estudos com suas próprias "pernas"? Um professor, que dá aula em escolas estaduais há oito anos e não quis se identificar, confessou-me que sempre recebe as mesmas orientações.
— "Tem que dar nota para o aluno, tem que empurrar o aluno, porque se segurar, não vai adiantar nada. Alguns diretores disseram que a vida ensina" - disse-me desatinado.
           Então eu pergunto: um pai bem intencionado não poderia assistir a um conselho de classe colaborativamente? 
                Por que a escola mascara tanto a vontade exagerada de promover o aluno, e finge que o elevado número de aprovação é espontâneo? Fui obrigado a facilitar demais para derrubar o índice de reprovação naquela classe, para zero por cento, afinal minha disciplina é filosofia: “não reprova”.
                O animalzinho indefeso caiu na boca das feras, "quebraram meu galho". Entrei em férias mais cedo. Ironicamente confortante! ""Perigo e prazer dão no mesmo galho."
(Provérbio Escocês). A força do alunado é aprovada,derrubando o professor.Promissora didática dos que exploram vantagens!A fonte de felicidade de uns,a desgraça de outros.

Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 06/12/2009
Código do texto: T1963059

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