Coleção 70 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)
Por Claudeci Andrade
1 O caráter humano é uma obra em constante formação, moldada pelas experiências vividas; por isso, todo julgamento requer o conhecimento da trajetória completa do indivíduo; pois, como lembra Augusto Cury, tanto a glória quanto a crítica são breves passageiras do tempo.
2 A repressão e a indiferença, ao silenciarem o indivíduo e dissolverem sua identidade, transformam-se em formas sutis de violência social que conduzem à autodestruição e corroem, em silêncio, os próprios alicerces da democracia.
3 A celebração do Dia das Crianças na escola, antecipada em razão do feriado, revela-se uma homenagem implícita ao professor, cuja dedicação e organização tornam possível cada instante de alegria que antecede o descanso.
4 A expansão do ensino a distância e das cotas, ao ampliar o acesso ao diploma de Pedagogia, acabou diluindo o prestígio antes atribuído ao curso, gerando uma percepção de excesso de coordenadores e expondo, sobretudo após a pandemia, o esvaziamento burocrático de uma função que perdeu sua essência educativa.
5 Emprestar um bem valioso que não se poderia doar é arriscar a amizade, pois a obrigação da devolução esbarra tanto na falta do objeto quando mais se precisa dele quanto na tendência do invejoso de tomar posse do que recebeu sem custo.
6 O indivíduo obcecado por se colocar à frente dos outros adquire o hábito irracional de se inserir em qualquer fila, mesmo sem compreender seu propósito, pois a mera sensação de vantagem ou o mínimo "lucro" já justificam sua compulsão de superar os demais.
7 O comportamento de um indivíduo em uma fila revela, em gestos e esperas, o verdadeiro reflexo de seu caráter e o grau de internalização das normas que regem a convivência social.
8 O início das aulas, ao obrigar o indivíduo a despertar na escuridão da madrugada, perturba seu ciclo natural mais profundamente que o simples ajuste do Horário de Verão.
9 O poder, por sua natureza corruptora, inclina o indivíduo a renunciar ao sacrifício por causas nobres, de modo que apenas a cobiça consegue impulsioná-lo a buscar incessantemente tal poder, mesmo ao custo da própria destruição.
10 A intimidade confere uma liberdade de expressão intensa que, muitas vezes, se transforma em desrespeito, ao passo que os revoltados, que clamam por liberdade, exprimem sua insatisfação oprimindo e negando a liberdade dos outros.
11 Alunos carentes de atenção, acostumados à impulsividade, revelam um súbito descontrole ao surgir o professor, como uma bexiga prestes a explodir, transformando a desordem em uma expressão caótica de liberdade e anseio por reconhecimento.
12 Embora recuse ser uma “mentira ambulante”, o indivíduo reconhece-se como ator social, desempenhando papéis apenas quando apropriado, consciente de que sua verdadeira identidade permanece oculta e intocável, como um “desconhecido”.
13 A capacidade de reconhecer um mau caráter diminui à medida que a pessoa se assemelha a nós, pois a identificação gera uma barreira que obscurece tanto suas falhas quanto as nossas próprias, enquanto a diferença permite uma avaliação mais objetiva.
14 A leitura deve visar a compreensão e o aprendizado, não a caça a erros, pois é ao buscar interpretar corretamente o texto que se promove o verdadeiro crescimento intelectual.
15 Os sábios não podem permanecer em silêncio, pois sua voz é vital para instruir; cabe-lhes ensinar os tolos a se calarem, garantindo que a sabedoria e o discernimento dominem o discurso público.
16 Assim como os pescadores atraem os peixes maiores com iscas extraídas de exemplares menores ou dos próprios grandes, um bom salário seduz pela promessa de segurança e conforto, lembrando que toda conquista exige, inevitavelmente, o preço do esforço correspondente.
17 A escola, ao recorrer à manipulação em vez de cultivar interesse genuíno, cria uma armadilha que se autossabota, pois ninguém se dedica ao que não percebe como útil ou prazeroso.
18 A escola, ao repetir estratégias desgastadas, vê o interesse dos alunos evaporar como caça que evita a armadilha, e paradoxalmente, ao rejeitar a memorização, produz conteúdos desconectados da vida real, cujo aprendizado se dissolve ao faltar significado duradouro.
19 O ensino verdadeiro não nasce de estratagemas, mas do interesse que surge quando o aprendizado responde a necessidades reais; por isso, a escola deveria inverter sua lógica e começar ouvindo seus alunos, construindo o saber a partir do que tem sentido em suas vidas, e não impondo conteúdos alheios à sua realidade.
20 Compreender verdadeiramente alguém exige ouvir além das palavras; perceber os silêncios, as pausas e o que permanece oculto, pois muitos não conseguem nomear seus próprios anseios e medos; cabe, então, ao interlocutor sensível decifrar essa linguagem invisível que raramente se torna palavra.
Por Claudeci Andrade
1 O caráter humano é uma obra em constante formação, moldada pelas experiências vividas; por isso, todo julgamento requer o conhecimento da trajetória completa do indivíduo; pois, como lembra Augusto Cury, tanto a glória quanto a crítica são breves passageiras do tempo.
2 A repressão e a indiferença, ao silenciarem o indivíduo e dissolverem sua identidade, transformam-se em formas sutis de violência social que conduzem à autodestruição e corroem, em silêncio, os próprios alicerces da democracia.
3 A celebração do Dia das Crianças na escola, antecipada em razão do feriado, revela-se uma homenagem implícita ao professor, cuja dedicação e organização tornam possível cada instante de alegria que antecede o descanso.
4 A expansão do ensino a distância e das cotas, ao ampliar o acesso ao diploma de Pedagogia, acabou diluindo o prestígio antes atribuído ao curso, gerando uma percepção de excesso de coordenadores e expondo, sobretudo após a pandemia, o esvaziamento burocrático de uma função que perdeu sua essência educativa.
5 Emprestar um bem valioso que não se poderia doar é arriscar a amizade, pois a obrigação da devolução esbarra tanto na falta do objeto quando mais se precisa dele quanto na tendência do invejoso de tomar posse do que recebeu sem custo.
6 O indivíduo obcecado por se colocar à frente dos outros adquire o hábito irracional de se inserir em qualquer fila, mesmo sem compreender seu propósito, pois a mera sensação de vantagem ou o mínimo "lucro" já justificam sua compulsão de superar os demais.
7 O comportamento de um indivíduo em uma fila revela, em gestos e esperas, o verdadeiro reflexo de seu caráter e o grau de internalização das normas que regem a convivência social.
8 O início das aulas, ao obrigar o indivíduo a despertar na escuridão da madrugada, perturba seu ciclo natural mais profundamente que o simples ajuste do Horário de Verão.
9 O poder, por sua natureza corruptora, inclina o indivíduo a renunciar ao sacrifício por causas nobres, de modo que apenas a cobiça consegue impulsioná-lo a buscar incessantemente tal poder, mesmo ao custo da própria destruição.
10 A intimidade confere uma liberdade de expressão intensa que, muitas vezes, se transforma em desrespeito, ao passo que os revoltados, que clamam por liberdade, exprimem sua insatisfação oprimindo e negando a liberdade dos outros.
11 Alunos carentes de atenção, acostumados à impulsividade, revelam um súbito descontrole ao surgir o professor, como uma bexiga prestes a explodir, transformando a desordem em uma expressão caótica de liberdade e anseio por reconhecimento.
12 Embora recuse ser uma “mentira ambulante”, o indivíduo reconhece-se como ator social, desempenhando papéis apenas quando apropriado, consciente de que sua verdadeira identidade permanece oculta e intocável, como um “desconhecido”.
13 A capacidade de reconhecer um mau caráter diminui à medida que a pessoa se assemelha a nós, pois a identificação gera uma barreira que obscurece tanto suas falhas quanto as nossas próprias, enquanto a diferença permite uma avaliação mais objetiva.
14 A leitura deve visar a compreensão e o aprendizado, não a caça a erros, pois é ao buscar interpretar corretamente o texto que se promove o verdadeiro crescimento intelectual.
15 Os sábios não podem permanecer em silêncio, pois sua voz é vital para instruir; cabe-lhes ensinar os tolos a se calarem, garantindo que a sabedoria e o discernimento dominem o discurso público.
16 Assim como os pescadores atraem os peixes maiores com iscas extraídas de exemplares menores ou dos próprios grandes, um bom salário seduz pela promessa de segurança e conforto, lembrando que toda conquista exige, inevitavelmente, o preço do esforço correspondente.
17 A escola, ao recorrer à manipulação em vez de cultivar interesse genuíno, cria uma armadilha que se autossabota, pois ninguém se dedica ao que não percebe como útil ou prazeroso.
18 A escola, ao repetir estratégias desgastadas, vê o interesse dos alunos evaporar como caça que evita a armadilha, e paradoxalmente, ao rejeitar a memorização, produz conteúdos desconectados da vida real, cujo aprendizado se dissolve ao faltar significado duradouro.
19 O ensino verdadeiro não nasce de estratagemas, mas do interesse que surge quando o aprendizado responde a necessidades reais; por isso, a escola deveria inverter sua lógica e começar ouvindo seus alunos, construindo o saber a partir do que tem sentido em suas vidas, e não impondo conteúdos alheios à sua realidade.
20 Compreender verdadeiramente alguém exige ouvir além das palavras; perceber os silêncios, as pausas e o que permanece oculto, pois muitos não conseguem nomear seus próprios anseios e medos; cabe, então, ao interlocutor sensível decifrar essa linguagem invisível que raramente se torna palavra.

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