Coleção 77 ("Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males." — Voltaire)
Por Claudeci Andrade
1 A hipocrisia social transforma o elogio em assédio conforme o rosto e o bolso de quem o diz, exaltando o belo e o rico enquanto silencia o feio e o pobre, que, como um peixe fora d’água, já não encontra lugar no mundo que adora a aparência.
2 Quando a autoridade do saber é desarmada pelo medo e pela impunidade, o professor, que deveria guiar; torna-se refém de um sistema onde a força cala o intelecto e a indisciplina vence a educação.
3 Na paternidade emprestada do padrasto, todo gesto é culpa: o afeto soa suspeito, a distância parece frieza, e só o perverso encontra lucro onde o amor é sempre mal interpretado.
4 Na selva social que despreza o saber, o professor sobrevive mascarado; não por vaidade, mas por instinto; disfarçando-se para resistir à violência e à indiferença de um mundo que o tornou espécie em extinção.
5 A religião, nascida do pacto entre o esperto e o ingênuo, corrompeu lar e escola, trocando o saber pela fé cega e provando, em dois milênios de preces, que multiplicar templos não é o mesmo que evoluir o homem.
6 Entre a fé que censura e a escola que silencia, o pensamento livre agoniza; e o professor, cercado por dogmas e diplomas, descobre que tanto o púlpito quanto a lousa servem ao mesmo senhor: o controle das mentes.
7 Quando tudo se torna fácil e gratuito, o caráter se atrofia; e a educação, privada do esforço que forma o espírito, colhe gerações fortes em direitos, mas fracas em vontade.
8 Na escola convertida em campo de tensão, onde mestres e alunos se temem, o silêncio do Dia do Professor revela não só a ingratidão dos outros, mas o fracasso da própria classe em merecer celebração.
9 Entre o amor livre e o matrimônio possessivo, o adultério nasce como fruto do egoísmo que confunde afeto com propriedade, enquanto a prostituição, assumida e regulada, revela-se menos pecaminosa que o amor enjaulado pelo cartório.
10 Nas redes sociais, entre os que pensam e os que apenas postam, a escrita revela o abismo entre o saber e o ruído; e ao bom leitor resta a solidão de compreender demais num mundo que lê de menos.
11 A humanidade caminha para o próprio fim não por catástrofe externa, mas por confusão interna; ao humanizar os animais e bestializar-se, perde o instinto de amar e prepara-se para devorar a si mesma.
12 Quem cospe no prato que o sustenta é capaz de envenenar o que oferece; por isso, até a caridade perde o gosto quando nasce de mãos impuras.
13 Na escola que teme o “decoreba”, o saber escapa como peixe escaldado; pois, sem a repetição que fixa, o aprendizado morre na primeira isca esquecida.
14 Na feira da fé, o dinheiro compra tanto o prazer quanto a salvação; e, ao fim, quem pagou por Deus ou por desejo descobre o mesmo saldo: o nada.
15 O professor que recusa ser fantoche dos indisciplinados torna-se inimigo dos medíocres; mas é melhor ser odiado pela verdade do que amado pela pedagogia do fracasso.
16 O elogio é o veneno mais doce: alimenta a vaidade dos fracos, testa a humildade dos fortes e, por isso, só o sábio desconfia quando o aplaudem.
17 Na escola que desconfia de quem ensina, até o sinal do Wi-Fi vira instrumento de controle; prova de que o medo do pensamento livre vale mais que a própria educação.
18 Na escola que pune a excelência e recompensa a submissão, o idealismo morre de fome; e só sobrevive quem troca o magistério pelo simples ofício de ganhar o pão.
19 A infelicidade não depende do tamanho do balde, mas do quanto falta para enchê-lo; sofre igual quem deseja muito e quem carece do pouco que lhe falta.
20 O amor não é o remédio das feridas, mas a recompensa de quem já aprendeu a curá-las sozinho.
Por Claudeci Andrade
1 A hipocrisia social transforma o elogio em assédio conforme o rosto e o bolso de quem o diz, exaltando o belo e o rico enquanto silencia o feio e o pobre, que, como um peixe fora d’água, já não encontra lugar no mundo que adora a aparência.
2 Quando a autoridade do saber é desarmada pelo medo e pela impunidade, o professor, que deveria guiar; torna-se refém de um sistema onde a força cala o intelecto e a indisciplina vence a educação.
3 Na paternidade emprestada do padrasto, todo gesto é culpa: o afeto soa suspeito, a distância parece frieza, e só o perverso encontra lucro onde o amor é sempre mal interpretado.
4 Na selva social que despreza o saber, o professor sobrevive mascarado; não por vaidade, mas por instinto; disfarçando-se para resistir à violência e à indiferença de um mundo que o tornou espécie em extinção.
5 A religião, nascida do pacto entre o esperto e o ingênuo, corrompeu lar e escola, trocando o saber pela fé cega e provando, em dois milênios de preces, que multiplicar templos não é o mesmo que evoluir o homem.
6 Entre a fé que censura e a escola que silencia, o pensamento livre agoniza; e o professor, cercado por dogmas e diplomas, descobre que tanto o púlpito quanto a lousa servem ao mesmo senhor: o controle das mentes.
7 Quando tudo se torna fácil e gratuito, o caráter se atrofia; e a educação, privada do esforço que forma o espírito, colhe gerações fortes em direitos, mas fracas em vontade.
8 Na escola convertida em campo de tensão, onde mestres e alunos se temem, o silêncio do Dia do Professor revela não só a ingratidão dos outros, mas o fracasso da própria classe em merecer celebração.
9 Entre o amor livre e o matrimônio possessivo, o adultério nasce como fruto do egoísmo que confunde afeto com propriedade, enquanto a prostituição, assumida e regulada, revela-se menos pecaminosa que o amor enjaulado pelo cartório.
10 Nas redes sociais, entre os que pensam e os que apenas postam, a escrita revela o abismo entre o saber e o ruído; e ao bom leitor resta a solidão de compreender demais num mundo que lê de menos.
11 A humanidade caminha para o próprio fim não por catástrofe externa, mas por confusão interna; ao humanizar os animais e bestializar-se, perde o instinto de amar e prepara-se para devorar a si mesma.
12 Quem cospe no prato que o sustenta é capaz de envenenar o que oferece; por isso, até a caridade perde o gosto quando nasce de mãos impuras.
13 Na escola que teme o “decoreba”, o saber escapa como peixe escaldado; pois, sem a repetição que fixa, o aprendizado morre na primeira isca esquecida.
14 Na feira da fé, o dinheiro compra tanto o prazer quanto a salvação; e, ao fim, quem pagou por Deus ou por desejo descobre o mesmo saldo: o nada.
15 O professor que recusa ser fantoche dos indisciplinados torna-se inimigo dos medíocres; mas é melhor ser odiado pela verdade do que amado pela pedagogia do fracasso.
16 O elogio é o veneno mais doce: alimenta a vaidade dos fracos, testa a humildade dos fortes e, por isso, só o sábio desconfia quando o aplaudem.
17 Na escola que desconfia de quem ensina, até o sinal do Wi-Fi vira instrumento de controle; prova de que o medo do pensamento livre vale mais que a própria educação.
18 Na escola que pune a excelência e recompensa a submissão, o idealismo morre de fome; e só sobrevive quem troca o magistério pelo simples ofício de ganhar o pão.
19 A infelicidade não depende do tamanho do balde, mas do quanto falta para enchê-lo; sofre igual quem deseja muito e quem carece do pouco que lhe falta.
20 O amor não é o remédio das feridas, mas a recompensa de quem já aprendeu a curá-las sozinho.


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