"Se você tem uma missão Deus escreve na vocação"— Luiz Gasparetto

" A hipocrisia é a arma dos mercenários." — Alessandro de Oliveira Feitosa

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MINHAS PÉROLAS

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

MINHA FUNÇÃO UNIVERSAL CONTINUARÁ (Se não sou insubstituível, a responsabilidade é sua.)


Crônica

MINHA FUNÇÃO UNIVERSAL CONTINUARÁ (Se não sou insubstituível, a responsabilidade é sua.)


           Por Claudeci Ferreira de Andrade

       Já sofri três acidentes de moto! Aconteceram para Inimigos e amigos ficarem felizes ou infelizes respectivamente: A união faz a força ou a unânime tristeza, pois ainda não morri! Deus faz de mim o que Ele bem quer: cuida! Afinal, não pedi meu nascimento e nem estou pedindo minha morte! E Vai ser sempre assim até ao limite máximo. O outro acidente mais grave e anterior a esses, foi quando fui aprovado no concurso ao professorado do Estado de Goiás, 1998, o primeiro colocado em Língua Portuguesa para a região de Aparecida e Senador Canedo, foi reincidente, aprovado novamente no concurso municipal para professor de Senador Canedo, 2002. 
           Enquanto isso, a minha oração é: Deus me RESGUARDE dos meus amigos e admiradores. ("As coisas mais desagradáveis que os nossos piores inimigos nos dizem pela frente, não se comparam com as que os nossos amigos dizem de nós pelas costas" - Alfred de Musset).  E me dê força, luz, resistência, coragem, inteligência e sabedoria para eu  também ter a salvífica felicidade de cuidar dos meus inimigos, ou melhor fugir deles ileso. Não posso deixar este mundo sem sentir experimentalmente todas as sensações degradantes e não degradantes possíveis. Desculpem-me por eu ainda existir (Obrigado Descartes - Penso logo existo)! Meu poder se encerra unicamente no desejar profundo! Então, mova-me antes do tempo e será removido injustamente!
            Mas, chegará a vez, quando perceberá o tamanho do vazio que terá o Sistema Educacional sem mim, com toda segurança, a minha morte unirá o mundo em busca do equilíbrio no organismo até se revelar meu substituto. Quando morre uma célula, nasce outra no lugar dela automaticamente, é só uma questão de tempo, se assim não fora, fica apenas uma cicatriz feia, formada por células tronchas. Meu orgulho só lamenta porque ninguém é insubstituível. Tudo é vaidade!
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 07/10/2010
Código do texto: T2543103

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de Claudeci Ferreira de Andrade,http://claudeko-claudeko.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
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17/10/2010 12:48 - Graci
51 como eu, uma boa idéia! olha, seu pensamento tá valendo... Um abraço, Graci



12/10/2010 20:32 - Miralva Viana
Olá!Claudeko, Penso que é por aí. Nada acontece por acaso, tudo tem uma razão, uma finalidade. Abraços!



07/10/2010 15:03 - Renato Dieckson
Belo. Parabéns, Aplausos de pé deste humilde autor que vos escreve



07/10/2010 14:59 - Lucineide dos Reis
Provavelmente Deus tem um plano em sua vida?!



07/10/2010 14:40 - Su Lucena
ta aí uma verdade.




segunda-feira, 4 de outubro de 2010

RELAÇÕES SUBORDINADAS E A SÍNDROME DE BURNOUT NA ESCOLA (Doença gera doença!)


Crônica

 RELAÇÕES SUBORDINADAS E A SÍNDROME DE BURNOUT NA ESCOLA (Doença gera doença!)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

          O Coordenador pedagógico inspeciona os professores para dar um ar de seriedade ao sistema, vendo se eles estão favorecendo descaradamente os alunos. Será se os alunos acreditam mesmo nos favores dos professores? Por que quando o professor reprova o aluno, torna-se inimigo do coordenador e inimigo do aluno? E a maior loucura está no fato de que o professor não pode aprovar facilmente o aluno e nem pode reprovar facilmente o aluno! Quem entende isso facilmente? Podemos responsabilizar o coordenador pelo sucesso ou insucesso dos alunos? Indiretamente, sim, pois vivem dizendo dos professores: — "Vocês não têm moral com os alunos; Não tem domínio de classe, devem ser mais 'duros', instituindo a disciplina na classe". Na minha graduação, não estudei para dominar classe, porém sim dominar o conteúdo! Então, eu entro em desespero quando a coordenadora me aconselha a aplicar todo rigor das normas, mas, assim, os alunos frequentemente se sentem prejudicados e trazem seus pais enraivecidos a fim de pressionarem-na, que esta, por sua vez, contraditoriamente, defende os alunos, afinal os clientes não podem evadir-se, e, mais uma vez, repreende-me, ali mesmo na frente, aos olhos e nos olhos, entre todo mundo. Pois bem, fico humilhado por razão, quase sempre, fútil. Vai entender! É Burnout com certeza.
          A presente geração docente é a mais qualificada já visto e também a mais criticada. É fácil tachar todos os professores de revoltados, rebeldes e dignos das pressões de quem os lidera. Disse o Dwight Eisenhower, 4º presidente dos Estados Unidos: "Não se é líder batendo na cabeça das pessoas - isso é ataque, não é liderança." Por isso, os problemas da educação não se resolvem atribuindo culpa e massacrando os professores. O poder do líder precisa ser tornado eficaz na direção certa. Ser um bom professor envolve a clara convicção que está fazendo o certo. Obedecer a coordenadores orgulhosos e ditadores significa conflito com o mundo do crescimento e da prosperidade. Não vejo como conciliar as ideias de um professor que possui  boa formação e bem intencionado na aplicação de seu conhecimento, com o jogo de coordenador politiqueiro para manter-se no poder dentro do estabelecimento trabalhista. A pressão psicológica mata o professor, e, por tabela também, o opressor...!
          Talvez aliviasse um pouco, dando segurança a os coordenadores, se fossem escolhidos por critérios democráticos e não espúrios: amizade com o diretor, indicação de político apadrinhada e impossibilidades à sala de aula (doença). Se houvesse uma licenciatura na faculdade específica para formar coordenadores pedagógicos, talvez eles nos ensinassem como "dominar classe". Ou ainda, se houvesse eleição direta para coordenadores nas unidades escolares, eles não precisassem recorrer a comportamentos injustamente repressores, mantendo-se no cargo, pois seriam escolhidos pela maioria. Então se sentiriam à vontade em meio aos amigos. Doença gera doença! "Chefes ruins são geralmente verbalmente agressivos, narcisistas e podem até se tornar violentos. Frases típicas dos chefes ruins são: 'Aqui nada funciona se eu não estiver por perto!', 'Nós sempre fizemos assim!' ou 'Agradeça que você tem um emprego.' Claro que não é fácil para ninguém largar o emprego e começar tudo de novo, mas a motivação para trabalhar de quem se encontra em uma situação dessas desaparece totalmente." (https://www.linkedin.com/pulse/artigo-revela-que-um-chefe-ruim-pode-adoecer-os-ana-colombia)
           O que esperamos de um coordenador pedagógico não é que ele saiba profundamente todas as matérias para dizer como os professores devem ensiná-las, mas que nos conforte com a segurança de que estamos fazendo um bom trabalho. E se não que, pelo menos, seja-nos oferecido o modelo correto da forma mais convincente. Parceiros não são inimigos. "Sucesso é saber a diferença entre perseguir as pessoas e fazer com que as pessoas fiquem do seu lado."


Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 04/10/2010
Código do texto: T2536936

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sábado, 2 de outubro de 2010

(RE)PERDENDO O PROFESSOR (O que mais causa o Síndrome de Burnout em Professores?)




CRÔNICA

(RE)PERDENDO O PROFESSOR (O que mais causa o Síndrome de Burnout em Professores?)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

         Fechou-se a porta da sala dos professores, era o momento reservado ao nosso recreio, mas de forma alguma foi pensando em desfrutar melhor, simplesmente aconteceria mais uma reunião daquelas... Foi a coordenadora que a fechou, como os alemães fechavam as câmaras de gás cheias com judeus a serem exterminados. Ali, ela nos acusava de matar aula dentro da sala de aula, e ainda ordenava aos professores passassem uma atividade paralela a fim de manter os alunos ocupados, enquanto os "lentes" vistassem os cadernos deles (Eles poderiam está lendo outras coisas, mas preferem ficar fora da sala sem fazer nada, mas nem eles e nem a coordenadora tem como alvo o bom emprego do tempo, visto que ela nunca quer mesmo é o aluno fora da sala, mesmo que estivessem ali lendo, fora da bagunça dos desocupados). Na pauta, constavam só dois itens apenas, isso parece pouco, porém foi gás suficiente para me deixar engasgado de forma a sentir necessidade de me desengasgar nesta crônica terapêutica (por isso ainda não morri de estresse). No momento, tampouco pude dizer algo, apesar dos estímulos e dos ânimos carregados, todos estavam cabisbaixos, eu também permaneci assim: cúmplices.
          Nem sei se falei ou só pensei com muita força, mas em uma unidade escolar que leva muito a sério o planejamento (anual, semanal e alternativo) dos professores, “marcando em cima”, jamais podia acontecer tal “lambança”. Como pode um professor esbaldar-se em planejar para depois nunca executar? Coerente seria se o professor matasse aula dentro da sala de aula quando ele não tivesse planejado nada! Talvez ela esteja insinuando isso! Ou o mestre está só fazendo pirraça? Será compensador investir num planejamento "desfuncional"? Pois, o exemplo que nos deu foi, como se estivesse vistando os nossos caderninhos de plano, e nos forçando uma atividade paralela em nosso recreio (reunião desnecessária)!
          “De acordo com a pesquisadora do Laboratório de Psicologia do Trabalho da UnB (Universidade de Brasília), Iône Vasques-Menezes, no caso do professor, a razão para a incidência da síndrome está ligada, sobretudo, à falta de reconhecimento. ‘A desvalorização do professor, seja ela por parte do sistema, dos alunos e da própria sociedade, é um dos maiores agentes para a ocorrência do Burnout’, explica. O Burnout em professores pode ser caracterizado por um estresse crônico produzido pelo contato com as demandas do ambiente acadêmico e suas problemáticas. Para a pesquisadora, especialmente aquelas que não dependem apenas da ação dos docentes para serem resolvidas. ‘Existem problemas que estão muito além da ação direta dos professores, principalmente onde há uma situação de degradação do sistema. Nestes casos, a sensação de impotência é mais acentuada’, revela.”  ( apud http://letrabydani.blogspot.com/2010/10/estresse-do-professor.html ). (11/06/2016).
          Copiei o trecho a seguir, isolado com aspas, do blog do Prof. Pedro: “Por que tantos professores escrevem sobre seus fracassos no trabalho docente e não comentam nada sobre seus sucessos? Por que as piores condutas viram notícia e as conquistas ficam escondidas? Por que tantas pessoas passam a vida criticando a educação em nosso país, e tão poucas procuram discutir alternativas para melhorá-la?
Talvez se deixarmos de ficar olhando o problema e nos concentrarmos em achar uma solução, o estresse diário diminua. É necessário analisar os erros, mas também é necessário comemorar os acertos do cotidiano, para que a vida possa ter sabor!”
          Será se esse professor Pedro (grego Pétros=pedra) está nos sugerindo o comportamento da ema, segundo a lenda: diante de qualquer dificuldade, ela corre e enterrar a cabeça em um buraco. Será se o professor acha que por fechar os olhos, não vendo o perigo, está isento dele! Assim, seriamos apenas "Emas" a morrer do "Síndrome de Burnout", por que ninguém nasceu para virar pedra!
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 02/10/2010
Código do texto: T2533312

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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

SEMANA DE PROVAS (O que prova a prova afinal?)




Crônica

SEMANA DE PROVAS (O que prova a prova afinal?)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

           Esta semana é “a semana de provas”! Logo no início, senti-me acaçapado, pois já tinha avaliado meus alunos através de suas apresentações em grupos e vistado as atividades corriqueiras da disciplina, de acordo combinado com eles. Mas, não teve jeito, fui impostamente encaixado no horário especial de prova. Tive também de aplicar prova de outras disciplinas, ajudando os colegas, e, depois, ter de aplicar um exercício do livro, tentando preencher a hora reservada a mim. O mais deprimente foi assistir aos alunos, ao invés de fazerem a atividade de Língua Portuguesa, valendo um pontinho, estavam absortos, com o livro de história na mão, estudando para prova seguinte. O pior em aplicar a prova do colega é ser obrigado a corrigi-la! Já passei por isso na tal semana de prova!
           Tudo isso, levou-me a perguntar: os professores abriram mão da autonomia na conveniência de avaliar? Ou é essa a verdadeira autonomia? Também, não entendi quando foi decretado sobre as folhas de prova passarem primeiro pela inspeção da coordenadora! Quem melhor elabora uma prova convincente, a "gregos e troianos", senão o catedrático na disciplina? O que deve ser cogitado sobre a eficácia de uma avaliação, diz os grandes cientistas da educação, é mais o processo e menos o instrumento forjado para punir! Qual o limite da avaliação contínua, tão pensada nas escolas modernas, se apesar dela, o aluno ainda é submetido à tortura de ficar três horas sentado, tentando merecer de 30% a 60% da nota bimestral, necessária à promoção dele? Pois, afirmo desde já, a avaliação contínua — valorização de todo passo positivo do aluno — serve suficientemente e pedagogicamente para a aprovação do aluno dedicado, só ela basta para o observador formular conceitos justos e coerentes! Às vezes, fazemos distinções pedagógicas muito sutis, nos perdemos em meio a instrumentalização e nos arriscamos em aspectos fúteis das provas de "múltiplas escolhas", fingindo aferir níveis reais. Todavia, nada tem importância, no final, deve resultar na "progressão continuada"! Esta foi prevista na LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96, artigo 32, parágrafo segundo). “Respondendo a este desafio, tem sido defendida a necessidade de se substituir uma concepção de avaliação escolar punitiva e excludente por uma concepção de avaliação comprometida com o progresso e o desenvolvimento da aprendizagem.”  Observa a Professora Zilma é Chefe de Gabinete da Secretaria do Estado da Educação de São Paulo, Membro do Conselho Estadual de Educação, Professora dos Programas de Pós-graduação da FEUSP e da FFCLRP de Ribeirão Preto – USP.(http://www.moodle.ufba.br/mod/book/view.php?id=10032&chapterid=9145) - acessado em 29/05/2016. 
          Ou ainda, a tal autonomia dos professores tão defendida firma-se em pagar cópias de provas ao aluno e ver muitos deles amassá-las na sua frente? Ou ainda, depois guardá-las no armário, pois não tiveram tempo de corrigi-las embrulhados na burocracia, só restando inventar uma nota boa para enfeitar os índices tão desejados por coordenadores imp(r)udentes, garantindo-lhes a aparência de "bons carrascos"?  Na verdade, nem podemos devolver as provas corrigidas para os alunos, porque os que tiram nota baixa destrói a folha de prova e diz que o professor não devolveu a dele! O que significa nota boa no final. pois o professor tem de assumir a culpa, o aluno não vai fazer outra. E também, o que diagnostica uma prova, da qual o professor dá as questões e as respostas na véspera da aplicação? E este dito cuja ainda elogia os alunos que acertaram as questões de ontem!
          O que é mais proveitoso para o aluno: ter suas atividades diárias valorizadas com alguns décimos até formar uma nota satisfatória ou enfrentar a constante ameaça sobre isso ou aquilo vai cair na prova? Eu poderia enumerar algumas das poucas vantagens de ameaçá-lo diariamente com os conteúdos ministrados. Mas, compreendo também as consideráveis vantagens em formar a nota do aluno valorando as atividades diárias bem concluídas. Não estou aqui condenando completamente a avaliação, porém estou falando sobre a instrumentalização, quero método geradores de maiores notas aos mais dedicados, assíduos e os que se negam a colar. Porque os que colam, achando que suas respostas estão iguais as do colega que tirou nota maior, eles acusam o professor de ter julgado pela cara!
          Reservar uma semana de prova requer um horário especial e massantes lembretes, assim só "deixa o aluno apreensivo, fazendo-o sentir-se como alguém não aprovado, no sentido de recusado, deixado de fora, não apropriado, julgado, com sérios resultados negativos para a autoestima e futuras aprendizagens. A cobrança institucional esvazia o jovem do poder de concentração e criatividade". É valorizar demais uma prova escrita em detrimento das outras diagnosticações. 
          Essa semana institucional, não interpelada por aluno algum, bem pudera, pois força o sair mais cedo, o que deveria ser bom, assim os professores terão tempo de corrigir suas provas, na hora regular de trabalho. Mas, alguns coordenadores não gostam de vê-los folgados, determinam, na tal semana, que se tenham três aulas iniciais e só depois do recreio, seriam aplicadas as provas! Não sabem os organizadores que assim, forçam os alunos, que usam o trasporte escolar, a devolver uma prova de múltiplas escolhas às carreiras, sem lê-la direito. Não há como evitar, "jogam no bicho".
           Discute o professor do Departamento de Ciências Sociais, Universidade Estadual de Maringá (UEM); Editor da Revista Espaço Acadêmico e Revista Urutágua, Antonio Ozaí da Silva: “O que prova a prova afinal? Nada. Ela é um instrumento burocrático de controle que legitima o poder da instituição e, em decorrência, dos professores. Afinal, como controlar a turma sem a “prova”? E o pior é que parece não ter como romper com o esquema. Mesmo quem discorda, tem que “dar a nota”. Não obstante, é preciso avaliar. Como fazê-lo de uma maneira justa e que estimule a solidariedade e o aprendizado?” (https://antoniozai.wordpress.com/2007/11/21/o-que-prova-a-prova/) - acessado em 28/05/2016.
          Então, não me venha pedagogo algum apresentar a ideia na qual o professor deve encarar a prova como um indicador de qualidade; pois ela nada pode fazer pelo sucesso do aluno se ele não tiver uma afinada capacidade de memorização. E as inteligências múltiplas e outras competências não visadas por ela? E não me diga sobre o aluno que não faz prova não aprender nada! E o sistema pare também de exercer pressão ao professor para passar o aluno de série, mesmo sem mérito algum, pois por medo de ter de refazer diário de classe, faz do seu método de avaliação uma generosidade doentia ao invés de adotar critérios justos. Deus me perdoe!
          A semana de prova, quando é só provas, para uma coisa presta: os alunos saem mais cedo, ficam na porta da escola vulneráveis à violência da rua, esperando o transporte escolar até mais tarde; enquanto isso, brigam e tumultuam. O maior número de ocorrências vergonhosas da escola, refiro-me também às desavenças entre professores, ocorre exatamente na semana de provas! E "pelo andar da carruagem", por aqui, toda semana é de "provas". Estão até confundido prova substitutiva com "prostitutiva"! 
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 17/06/2009
Código do texto: T1652808

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15/09/2015 11:07 - Fran Oliveira [não autenticado]
Uma visão pequena, embora o texto seja bem amplo. A semana de avaliação, horários estabelecidos, disciplina, rigor e outros elementos que envolvem o momento da avaliação depende muito dos profissionais envolvidos, de como são trabalhados. Absurdo algumas partes do texto, visão alienada da realidade. Perplexo! Considero este tipo de depoimento, típico de professor que não gosta do que faz, que não quer ter trabalho, que se esconde atras do "oba, oba"!!!


18/06/2009 10:31 - Kênia Ribeiro
O principal objetivo da escola de hoje é ensinar o aluno a ser avaliado, o conhecimento e as habilidades ficaram em segundo e terceiro planos.O importante é preparar o aluno para ser testado, não para se realizar como ser humano. O lema agora é: "seja um bom fazedor de prova!A qualquer custo consiga uma boa nota e você terá sucesso!" Triste realidade...


17/06/2009 19:08 - Jô Costa
Excelente reflexão. Avaliar vai além de medir conhecimentos por escores, mas infelizmente nosso sistema de ensino pede notas e acabamos, como professores, nos escravizando ao sistema que criticamos.



segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ESPINHOS NA PELE (Entre o berço e caixão, este recorte prepara-te para o quê?)


Crônica

ESPINHOS NA PELE (Entre o berço e caixão, este recorte prepara-te para o quê?)

Por Claudeci Ferreira de Andrade

         Professor, nunca ouses deslizar mesmo quando pensas, estás falando só às paredes, pois inclusive, elas têm ouvidos! Há na minoria o teu observador, sempre o orgulhoso, arrogante, prepotente e despótico, querendo te provar que és indigno do posto!  Ele é um inútil e luta a fim de te reduzir à medida dele. Jamais significa o fim quando erras, só porque o livro do professor já vem respondido e não tiveste tempo em conferir as respostas do mesmo. Os erros ensinam mais aos errantes, aliás os erros são fatais só para quem se nega aprender com eles. Veneno ou remédio, depende da dose e da frequência! Eles te induzem a acerta na próxima vez!
          Atrasam-te as experiências da vida se cada momento vindouro é inédito? Pelo contrário, entre o berço e caixão, este recorte no tempo, é teu espaço de exploração. Prepara-te, todo instante, objetivando o novo, sê criativo. Se "Tudo que se vê não é Igual ao que a gente viu há um segundo" (Lulu Santos). Tu tampouco és uma pessoa perfeita, só por que tuas experiências sempre estarão com a data de validade vencida? Iludes-te! Depois da morte, olhando daqui, tudo é mais volátil ainda, ou melhor, é desconhecido, intato. Agora só fazes o dever. Nunca temas, pois qualquer fórmula aplicada, para te resguardar do fim, é estacionamento, é regressão, fazendo frente ao pouco da vida estante! O certo é seguires o caminho novo à luz do momento ("quem não arrisca não petisca"). O combustível da vida está nos erros. Quando tu erras é porque acertaste muito: felicidade igual por etapas vencidas. O especialista é aquele que já errou em todos os pontos perante sua carreira.
           Vejas, os mandacarus, os quais plantei, ao longo do caminho, têm flores, porque se tornaram parte da natureza! Mas, também, produzem espinhos grossos, fortes e pontiagudos, muito mais ainda, é bem verdade, ferirão outros, pois me furaram primeiro. Foram preparados e ganharam resistência, todavia de jeito nenhum estarei mais ali, quiçá estivesse, para eu te mostrar minha dor educativa. Todavia a dor dos ferimentos dos espinheiros também espinhados, dessa nem tomarei parte mais, jamais desta distância. Outrossim, dói mais agora a dor das furadas dos espinhos plantados pelos outros, tais quais os encontro em meu caminho! Porém, ainda assim, é bom por não ter o sabor de suicídio, pelo contrário, estimulam-me o caminhar fazendo curvas, desviando-me de quase todos, eles são muitos. Assim como caminhar é viver, prossigo, a dor impulsiona o movimento, é o importante.
Claudeko
Publicado no Recanto das Letras em 27/09/2010
Código do texto: T2523534

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sábado, 25 de setembro de 2010

PROFESSOR IMATURO ("...a única solução apaziguadora será o suicídio ?")








CRÔNICA

PROFESSOR IMATURO ("...a única solução apaziguadora será o suicídio ?")

Por Claudeci Ferreira de Andrade

Não há um só dia em que o retorno para casa não venha acompanhado de cansaço físico e, sobretudo, de exaustão emocional. A alma parece carregar o peso de um dever inacabado — a sensação constante de transgressão ou, mais precisamente, de inadequação. É o incômodo de sentir-se um professor imaturo, ferido pelo desrespeito e pelo descumprimento de acordos no ambiente escolar. O anseio é por um tempo em que já não seja necessário defender-se, justificar obrigações ou mendigar aceitação e reconhecimento; um tempo em que o conhecimento e a competência bastem por si. Talvez a paz chegue apenas quando o silêncio substituir a reclamação e o incômodo cessar. O caminho até lá, contudo, ainda é incerto.

Que ofício é este em que se espera amor e se recebe escárnio? A sala de aula tornou-se um campo de embates incessantes, onde todas as relações — com alunos, colegas, coordenadores, diretores, pais e funcionários — são atravessadas pela tensão. Jamais a categoria esteve tão exposta à insegurança e à fragilidade emocional. Pequenas futilidades do cotidiano, como a interrupção de uma aula para cobrar a formatação de um “simulado”, ferem tanto quanto o assédio moral e o ambiente desumano que consomem lentamente os docentes. Não é de espantar que muitos, acuados pela burocracia e pela solidão, cheguem à trágica decisão de pôr fim à própria vida. Casos como os de L.V.C., Jailton Graciliano, Paulo Lesbão e Jucélia Almeida ilustram o desespero e a desesperança — o “assassinato” simbólico promovido pela negligência institucional. O número de suicídios entre aqueles que dependem da escola para viver é alarmante, embora permaneça oculto sob o silêncio das estatísticas, enquanto a mídia volta seus olhos apenas aos “professores do mal” que se tornam manchete por atos de violência.

A cada dia, o professor sente que morre um pouco, sufocado pela necessidade de silenciar sua voz interior na tentativa de escapar das perturbações. O lixo emocional se acumula, gerando uma consciência entorpecida que busca alívio na apatia. O desejo é por repouso — diante dos homens e de Deus — ou, quem sabe, por aceitação social em troca do próprio respeito. O risco desse “suicídio em prestações” é o de manchar o orgulho e corroer a dignidade. Talvez por isso, mesmo após anos de magistério, persista uma certa imaturidade: a ilusão de que é possível consertar os outros e, nesse processo, acabar desmantelando a si mesmo. A dura lição é que não se pode exigir dos outros amor constante nem favores sustentados por regras morais, pois cada um busca o próprio interesse — e o do professor raramente está entre eles.

Nesse cenário hostil, o verdadeiro professor maduro não é o dominador, o grosseiro ou o carrasco — figuras que, paradoxalmente, hoje parecem as mais bem-sucedidas e admiradas. O professor maduro assemelha-se antes ao Bom Samaritano contemporâneo: veste uma camiseta simples, carrega provas não corrigidas e caminha exausto pelos corredores. Não cura com azeite e vinho, mas tenta estancar hemorragias emocionais com palavras de incentivo, bilhetes improvisados ou o simples gesto de ouvir em silêncio. Em vez de uma hospedaria, oferece seu tempo e sua saúde mental. É ignorado, alvo de zombarias, mas insiste em estender a mão.

Ser “bom” nesse ofício é resistir com ternura quando tudo ensina a endurecer. A salvação da educação talvez resida na persistência dos poucos que ainda agem com compaixão, apesar de tudo. A história prova que os homens de fé e amor não temeram o esquecimento, pois a verdadeira bondade é sempre procurada. Resta a esperança de que o mal não continue vencendo o bem — basta ser bom, mesmo que a bondade pareça fraqueza.


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O texto levanta questões cruciais sobre as relações de poder, a burocracia e a crise de identidade na profissão.

Abaixo, seguem 5 questões discursivas e simples, elaboradas para estimular sua análise sociológica sobre as ideias apresentadas:


1 - Vocação e Realidade Profissional: O texto descreve um contraste entre o que se espera da profissão docente (ideal de "amor" e vocação) e o que se recebe ("escárnio" e "tensão"). De uma perspectiva sociológica, como essa dissociação entre o ideal e a realidade do trabalho pode ser analisada, e quais são as consequências para o indivíduo que vivencia o chamado "mal-estar docente"?

2 - A Escola como Instituição de Conflito: A escola é retratada como um ambiente de relações tensas e conflituosas entre todos os atores (alunos, professores, direção, pais). Analise o papel da instituição escolar, considerando sua estrutura e as relações de poder internas, na criação ou manutenção desse clima de insegurança e desrespeito generalizado.

3 - Burocracia e Violência Simbólica: O narrador menciona que "futilidades" burocráticas e o assédio moral corroem o professor, associando isso a desfechos trágicos ("assassinato simbólico"). Explique como a sobrecarga burocrática e o assédio, mesmo que não sejam violência física, podem ser interpretados como manifestações de violência estrutural ou simbólica que minam a dignidade do docente.

4 - Modelos de Sucesso e Autoridade: O texto contrapõe o professor "immaturo" (sensível e esgotado) à figura do "carrasco" (grosseiro, dominador), sugerindo que este último é, paradoxalmente, percebido como o mais "bem-sucedido" hoje. Como a crise de autoridade tradicional do professor pode ter levado à valorização de modelos de conduta mais agressivos em um ambiente de competição e desrespeito?

5 - Resistência e a Figura do "Bom Samaritano": O professor "Bom Samaritano" é apresentado como um modelo de resistência que age com compaixão ("ternura") em um ambiente hostil. Discuta a afirmação de que "ser 'bom' nesse ofício é resistir com ternura quando tudo ensina a endurecer", analisando se a persistência da compaixão pode ser vista como uma forma de resistência individual contra a desumanização do trabalho, em oposição a uma solução estrutural para o problema da educação.

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